A política do partido de Léon Blum na França demonstra, mais uma vez, que os reformistas são incapazes de aprender qualquer coisa com as trágicas lições da História. A social-democracia francesa copia servilmente a política da social-democracia alemã e caminha para a mesma catástrofe. Durante dezenas de anos, a II Internacional cresceu nos limites da democracia burguesa, tornando-se parte inseparável dela e com ela apodrecendo.
A III Internacional entrou no caminho do reformismo na época em que a crise do capitalismo havia definitivamente colocado na ordem do dia a revolução proletária. A política atual da Internacional Comunista na Espanha e na China – política de servilismo diante da burguesia “democrática” e “nacional” – demonstra que esta também não é capaz de aprender coisa alguma ou de mudar. A burocracia, que se tornou uma força reacionária na URSS, não pode ter papel revolucionário algum na área mundial.
O anarcossindicalismo conheceu, no geral, uma evolução do mesmo gênero. Na França, a burocracia de Leon Jouhaux tornou-se, há muito, uma agência da burguesia na classe operária. Na Espanha, o anarcossindicalismo sacudiu seu revolucionarismo de fachada desde que a revolução começou e transformou-se na quinta roda do carro da democracia burguesa.
As organizações intermediárias centristas que se agrupam em torno do Birô de Londres são só apêndices de “esquerda” da social-democracia ou da Internacional Comunista. Mostraram sua completa incapacidade para se orientarem numa situação histórica e tirar delas conclusões revolucionárias. Seu ponto culminante foi alcançado pelo POUM espanhol que, nas condições da revolução, se encontrou absolutamente incapacitado de ter uma política revolucionária.
As trágicas derrotas sofridas pelo proletariado mundial durante uma longa série de anos levaram as organizações oficiais a um conservadorismo ainda maior e conduziram paralelamente os “revolucionários” pequeno-burgueses decepcionados a procurar “novos caminhos”. Como sempre, em épocas de reação e de declínio, aparecem em todas as partes curandeiros e charlatães. Querem revisar toda a marcha do pensamento revolucionário. Em lugar de aprender com o passado, eles o “renegam”. Uns descobrem a inconsistência do marxismo, outros proclamam a falência do bolchevismo. Uns fazem recair sobre a doutrina revolucionária a responsabilidade dos erros e dos crimes daqueles que a traíram, outros maldizem a medicina porque não assegura uma cura imediata e miraculosa. Os mais audazes prometem descobrir uma panaceia e, na espera, recomendam suspender a luta de classes. Numerosos profetas da nova moral dispõem-se a reanimar o movimento operário com a ajuda de uma homeopatia ética. A maioria desses apóstolos conseguiu tornar a si mesmos inválidos moralmente antes mesmo de descer ao campo de batalha. Assim, sob a aparência de novos caminhos, só se propõe ao proletariado velhas receitas enterradas há muito tempo nos arquivos do socialismo pré-marxista.
A IV Internacional declara guerra implacável às burocracias da II e III Internacional, da Internacional de Amsterdã e da Internacional Anarcossindicalista, da mesma maneira que a seus satélites centristas, ao reformismo sem reformas, ao democratismo aliado à GPU, ao pacifismo sem paz, ao anarquismo a serviço da burguesia, aos “revolucionários” que temem mortalmente a revolução. Todas essas organizações não são a garantia do futuro, mas sobrevivências em estado de putrefação do passado. A época das guerras e revoluções não deixará delas pedra sobre pedra.
A IV Internacional não procura nem inventa nenhuma panaceia. Ela mantém-se inteiramente no terreno do marxismo, única doutrina revolucionária que permite compreender o que existe, descobrir as causas das derrotas e preparar conscientemente a vitória. A IV Internacional continua a tradição do bolchevismo, que mostrou pela primeira vez ao proletariado como conquistar o poder. A IV Internacional afasta os curandeiros, os charlatães e os inoportunos professores de moral. Numa sociedade fundamentada sobre a exploração, a moral suprema é a moral da revolução socialista. Bons são os métodos e os meios que elevam a consciência de classe dos operários, sua confiança em suas próprias forças, sua disposição à abnegação na luta. Inadmissíveis são os métodos que inspiram nos oprimidos o medo e a docilidade diante dos opressores, sufocam o espírito de protesto e revolta e substituem a vontade das massas pela vontade dos líderes, a persuasão pela pressão, a análise da realidade pela demagogia e a falsificação. Eis por que a social-democracia, que prostituiu o marxismo, e o stalinismo, antítese do bolchevismo, são os inimigos mortais da revolução proletária e de sua moral.
Olhar a realidade de frente; não procurar a linha de menor resistência; chamar as coisas pelo seu nome; dizer a verdade às massas por mais amarga que seja; não temer obstáculos; ser rigoroso tanto nas pequenas quanto nas grandes coisas; apoiar-se sobre a lógica da luta de classes; ousar quando chegar a hora da ação. Tais são as regras da IV Internacional. Ela mostrou que sabe nadar contra a corrente. A próxima onda histórica irá conduzi-la a seu cume.