Resumo da História do Partido do Trabalho da Albânia


Capítulo VII - Novas Dificuldades no Caminho da Unidade. O Grupo dos «Jovens»


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Precisamente quando a unidade dos grupos e a criação de um único Partido Comunista era uma necessidade indispensável, apresentaram-se novas dificuldades para atingir este propósito. Uma facção, que tinha começado a formar-se no seio do Grupo Comunista de Korcha antes da ocupação do país, começou a aparecer como um grupo independente a partir de Fevereiro de 1940. Mais tarde tomou o nome de «Grupo dos Jovens». O nascimento deste grupo foi favorecido pela cisão e outras fraquezas do movimento comunista, factores que criaram um terreno favorável para a actividade dos elementos anti-marxistas.

À cabeça deste grupo estavam Anastas Lula e Sadlk Prente, elementos com ideias acentuadamente trotskistas e anarquistas. Aproveitando a falta de vinculações fortes entre o Grupo de Korcha e as suas organizações de Tirana, Anastas Lula e Sadik Prente conseguiram convencer os elementos recrutados por eles de que a direcção do Grupo de Korcha não era capaz de dirigir o movimento comunista e de que os seus pontos de vista ideológicos e a sua linha política eram errados. Seguidamente conseguiram aumentar as fileiras da sua facção com intelectuais de origem burguesa e pequeno-burguesa que encontrando-se até certo ponto sób a influência dos chefes do Grupo de Shkodra( tinham feito seus os pontos de vista antimarxistas. O Grupo dos «Jovens» criou as suas organizações nas principais cidades do país e também em Korcha onde aproveitaram a dissolução das células e o estado de desorganização e desânimo de uma parte dos comunistas.

O Grupo dos «Jovens» começou a violar abertamente as resoluções conjuntas do «Comité Central». Os dirigentes do grupo de Shkodra, pensando que estes fracionistas actuavam segundo as orientações do Grupo de Korcha — no qual formalmente figuravam — acusaram este grupo de falta de sinceridade e de traição, utilizando isto como pretexto para abandonar o «Comité Central» e provocar a sua dissolução.

Assim se rompeu o acordo de Outono de 1939... O Grupo dos «Jovens» declarou guerra aberta ao Grupo de Korcha e estabeleceu contactos com o Grupo de Shkodra.

As outras pequenas organizações comunistas integraram-se gradualmente num dos três principais grupos comunistas.

A direcção do grupo dos «Jovens» formulou uma plataforma ideológica e política antimarxista. Nela dizia-se que na Albânia não havia proletariado, nem existia a luta de classes, pelo que não havia base para fundar o Partido Comunista, e que o campesinato era conservador reaccionário e não podia ser aliado da classe operária. Essa plataforma tinha assimilado a teoria trotskista sobre a educação e preservação dos quadros. Considerava muito prejudicial trabalhar e vincular-se com as massas porque se expunham os quadros (...) Os chefes do Grupo dos «Jovens» e alguns dos seus seguidores degeneraram numa seita anarquista (...).

Ao mesmo tempo foi criada a organização do Grupo «Zjani» (Fogo) no país, o que aumentou ainda mais a confusão originada pela fundação do Grupo dos «Jovens».

O trotskista Andrea Zisi, depois de ter impedido por todos os meios, em nome do «PCA» aos jovens antifascistas albaneses que estavam em Atenas, voltarem para o país para lutar de armas na mão contra a agressão italiana, regressou à Albânia para sabotar o movimento comunista e antifascista. Fundou em Korcha um «CC» e em Tirana e Vlora «Comités Regionais». Todo o trabalho deste grupo consistia na educação dos seus membros.

Andrea Zisi inventou uma nova «teoria» segundo a qual ,a fortaleza fascista devia tomar-se por dentro e por conseguinte os comunistas, em lugar de lutar abertamente contra os invasores, deviam introduzir-se no seu aparelho político e administrativo (...).

A proposta de enviar comunistas à guerrilha, formulada em conversações entre Enver Hoxha e Muslim Peza (chefe de um agrupamento guerrilheiro patriótico contra os invasores italianos foi aceite por este grupo com agrado.

A chegada dos comunistas à montanha para organizar e impulsionar o movimento de libertação nacional, dava início a uma nova época na sua actividade. Os comunistas tomaram a iniciativa de esforçarem-se na organização do movimento armado antifascista também nas outras regiões do país (...).

Por seu lado a organização do Grupo de Korcha em Tirana tinha desenvolvido grande actividade nas fileiras dos comunistas e entre as células dos nacionalistas patriotas, estabelecendo filmes contactos com eles. Enver Hoxha animado pelo ardente desejo de conseguir quanto antes a unidade dos comunistas albaneses num só partido, não se deixou vencer pelas novas dificuldades que se tinham deparado pela actividade fraccionista do Grupo dos «Jovens» e do Grupo Zjani. Soube encontrar também uma linguagem comum com os mais destacados activistas do grupo Shkodra, Vasil Shanto e Quemil Stafa. Gradualmente, a organização de Tirana, encabeçada por Enver Hoxha converteu-se num autêntico centro da organização para todo o movimento comunista e antifascista da Albânia. A esta organização incorporaram-se os comunistas mais firmes dos diversos grupos do país, constituindo a base do Partido Comunista que rapidamente estaria fundado (...).

«Sentiu-se mais que nunca, sobretudo na base, o grande dano causado ao movimento comunista pela luta estéril entre os grupos e a necessidade imperiosa de pôr fim a esta luta e criar as condições favoráveis para a unidade do movimento na Albânia». (Resolução da Reunião dos Grupos Comunistas).

A luta contra o fascismo que asseguraria a unidade dos comunistas, rapidamente adquiriu grandes proporções. Os melhores militantes de todos os grupos estabeleceram contactos para coordenar as suas acções de combate contra o ocupante e os traidores do interior. Os dirigentes do Grupo de Shkodra, que tinham declarado que se lançariam na luta armada quando a União Soviética entrasse na 2.ª Guerra Mundial, tão pouco podiam opôr aos desejos de lutar dos comunistas de base, depois da agressão hitleriana contra a União Soviética. Nessa altura, o principal papel no Grupo Comunista de Shkodra era desempenhado por Stafa e Vasil Shanto que estavam unidos a Enver Hoxha. A linha de luta antifascista de libertação nacional predominava já neste grupo. Entre as orientações dadas aos militantes do grupo dizia-se

«Como homens dignos da pátria, penetrai nas massas, captai a sua simpatia, trabalhai com eles e preparai-as para a luta armada nacional». (Directiva do Grupo de Shkodra aos seus membros).

A linha política comum aproximou o Grupo de Shkodra do de Korcha e tornou possível concluir, em Agosto de 1941, um acordo de colaboração e organização conjunta de uma série de actividades antifascistas. Mais tarde com base neste acordo uniu-se também o Grupo dos «Jovens» sem que o Grupo Zjani respondesse ao convite de colaboração (...).

A luta dos comunistas albaneses criou por fim as condições para a fundação do seu partido. No seio dos grupos comunistas tinha aumentado o número de quadros revolucionários profissionais, que souberam superar as contradições do grupo, aceitar resolutamente a linha de luta intransigente contra as agressões fascistas e os traidores do país e lutar por alcançar a unidade do movimento comunista albanês sobre esta base. Estes quadros com a sua perserverante luta prepararam ideologicamente e organizaram a fundação do Partido Comunista Albanês.

A luta antifascista dos comunistas dos diversos grupos tinha arrancado até à raiz o sectarismo e o espírito de grupo que haviam predominado até então. Esta luta e sua ideologia comum foram o factor decisivo para que em 1941 os grupos conseguissem o acordo para convocar uma reunião dos representantes de todos eles, reunião que resultaria na dissolução dos mesmos e na fundação do Partido Comunista da Albânia.


Inclusão 22/05/2014