É A Iugoslávia Um País Socialista?

Comentário sobre a Carta Aberta do CC do PCUS (III)

Redação do Renmin Ribao e a redação da revista Hongqi

26 de setembro de 1963


Fonte: A Carta Chinesa, 1ª edição, dezembro de 2003, Núcleo de Estudos do Marxismo-leninismo-maoismo (NEMLM), coleção “Marxismo contra revisionismo”.

Tradução: O NEMLM, responsável pela edição desta obra, traduziu-a da versão em espanhol publicada por Edições do Povo, Pequim.


Este não só é um problema de como julgar a natureza do Estado da Iugoslávia, mas também de quê caminho devem tomar os países socialistas: levar a revolução socialista até o fim, pelo caminho da Revolução de Outubro, ou restaurar o capitalismo, pelo caminho da Iugoslávia. Este problema se refere também a como apreciar a camarilha de Tito: é um partido irmão e uma força antiimperialista ou um renegado do movimento comunista internacional e lacaio do imperialismo.

Sobre esta questão, existe uma fundamental diferença de opiniões entre os dirigentes do PCUS, de um lado, e nós e todos os marxistas-leninistas do mundo do outro.

Os marxistas-leninistas do mundo sustentam que a Iugoslávia não é um país socialista. A camarilha dirigente da Liga dos Comunistas da Iugoslávia traíram o marxismo-leninismo e o povo iugoslavo; é renegado do movimento comunista internacional e lacaio do imperialismo.

A direção do PCUS, em troca, sustenta que a Iugoslávia é um país socialista e que a Liga dos Comunistas da Iugoslávia se baseia no marxismo-leninismo e é um dos partidos irmãos e uma força antiimperialista.

Em sua carta aberta de 14 de julho, o CC do PCUS declara que a Iugoslávia é um “país socialista” e a camarilha de Tito, um dos “partidos irmãos que se encontram no timão da direção do Estado”.

Em sua recente visita à Iugoslávia, o camarada Kruchov pronunciou uma quantidade de discursos em que revelou com maior clareza ainda os verdadeiros pontos de vista dos dirigentes do PCUS, tirando definitivamente a folha de parreira com que vinham cobrindo-se a respeito desta questão.

No julgamento de Kruchov, Iugoslávia não só é um país socialista, mas também um país socialista “avançado”; ali não existe “palavrório sobre a revolução”, e sim “edificação concreta do socialismo” e o “desenvolvimento” da Iugoslávia fez uma “contribuição concreta ao movimento operário revolucionário internacional em seu conjunto”,(1) tudo o que Kruchov mais inveja e deseja emular.

No julgamento de Kruchov, a direção do PCUS e a camarilha de Tito são “não somente irmãos de classe”, e sim “irmãos ligados... pela unidade dos objetivos que temos por diante”, e a direção do PCUS é um “aliado seguro e leal”(2) da camarilha de Tito.

Kruchov acredita ter descoberto na camarilha de Tito o verdadeiro “marxismo-leninismo”. O CC do PCUS dizia em sua carta aberta que “entre o PCUS e a LCY (Liga dos Comunistas da Iugoslávia) seguem existindo divergências sobre uma série de questões ideológicas de princípio”. Estas não são senão palavras hipócritas. Atualmente, Kruchov diz à camarilha de Tito: “Nós temos uma e a mesma ideologia, e nos guiamos pela mesma teoria” e nos baseamos no “marxismo-leninismo”.(3)

Já faz tempo que Kruchov lançou aos quatro ventos a Declaração de 1960.

A Declaração diz:

“Os partidos comunistas condenaram unanimemente a variedade iugoslava do oportunismo internacional, expressão concentrada das ‘teorias’ dos revisionistas contemporâneo.”

“Traindo o marxismo-leninismo e declarando-o caduco”, diz a Declaração, “os dirigentes da Liga dos Comunistas da Iugoslávia contrapuseram seu programa revisionista e anti-leninista à Declaração de 1957; contrapuseram a Liga dos Comunistas da Iugoslávia a todo o movimento comunista internacional.”

Eles se colocaram, estabelece a Declaração, “numa situação dependente da chamada ‘ajuda’ dos imperialistas norte-americano e os demais e criaram assim o perigo de que se vejam reduzidas a nada as conquistas revolucionárias alcançadas pelo povo iugoslavo em sua heróica luta.”

“Os revisionistas iugoslavos realizam um trabalho de sapa contra o campo socialista e o movimento comunista mundial”, diz a Declaração, e acrescenta: “... desenvolvem atividades prejudiciais à unidade de todas as forças e Estados amantes da paz.”

A Declaração é absolutamente clara, mas os dirigentes do PCUS se atrevem a afirmar: “de acordo com a Declaração de 1960, consideramos a Iugoslávia um país socialista”(4). Como podem dizer semelhante coisa!

Cabe perguntar:

Pode ser socialista um país que se guia pelas “teorias” do revisionismo contemporâneo, uma variedade do oportunismo internacional, como diz a Declaração de 1960?

Pode ser socialista um país que traiu o marxismo-leninismo e que se contrapôs a todo o movimento comunista internacional, como diz a Declaração de 1960?

Pode ser socialista um país que realiza um trabalho de sapa contra o campo socialista e o movimento comunista internacional, como diz a Declaração de 1960?

Pode ser socialista um país que desenvolve atividades prejudiciais à unidade de todas as forças e Estados amantes da paz, como diz a Declaração de 1960?

Pode ser socialista um país foi cevado com milhões de dólares pelos países imperialistas, com os EUA à cabeça?

Que coisa tão inaudita!

Ao que parece, o camarada Togliatti fala um pouco mais claro que o camarada Kruchov. Togliatti afirma sem rodeios que a posição adotada na Declaração de 1960 a respeito da camarilha de Tito é “errônea”(5). Já que Kruchov se esforça tanto em reabilitar a camarilha de Tito, deve ser um pouco mais franco; não é necessário que finja defender a Declaração de 1960.

São erradas e devem ser repudiadas as conclusões da Declaração de 1960 sobre a Iugoslávia? Togliatti contesta que são erradas e devem ser repudiadas. De fato Kruchov também afirma que são errôneas e devem ser repudiadas. Nós dizemos que não são errôneas e de nenhuma maneira devem ser repudiadas. Todos os partidos irmãos que aderem ao marxismo-leninismo e defendem a declaração de 1960 também dizem que não são errôneas e de nenhuma maneira devem ser repudiadas.

Os dirigentes do PCUS consideram que ao proceder assim, nos aferramos a “fórmulas mortas” e à “lei bestial do mundo capitalista”(6)e procuramos “ ‘excomungar’ a Iugoslávia do socialismo”(7). Considera, ademais, que quem diga que a Iugoslávia não é um país socialista, procede “a despeito da realidade” e incorre no erro de “subjetivismo”(8), e que em troca, ao fechar seus olhos diante dos fatos e afirmar que a Iugoslávia é um país socialista, eles “partem das leis objetivas, da doutrina do marxismo-leninismo” e chegam a conclusões baseadas numa “profunda análise da realidade”.(9)

Qual é a realidade da Iugoslávia? Que conclusões se devem tirar se se parte das leis objetivas e da doutrina do marxismo-leninismo e se faz uma análise profunda da realidade da Iugoslávia?

Detenhamo-nos na continuação neste problema.

O desenvolvimento do capitalismo privado nas cidades da Iugoslávia

Um dos argumentos a que Kruchov recorre para afirmar que a Iugoslávia é um país socialista, consiste em que nesse país não existem capital privado, nem empresas privadas nem capitalistas.

Isto é verdade? Não.

A verdade é que na Iugoslávia existem capital privado e empresas privadas em grande quantidade e que se desenvolvem com rapidez.

A julgar pela situação geral registrada nos países socialistas, não é estranho perceber que, durante um período considerável depois que o proletariado tomou o Poder, existam na economia nacional, diversos setores, incluído entre eles o capitalismo privado. O problema reside em quê política adota o Poder estatal para com o capitalismo privado: a política de utilizá-lo, limitá-lo, transformá-lo e eliminá-lo ou a de conivência, apoio e estímulo. Eis aqui um importante critério para julgar se um país se desenvolve na direção socialista ou capitalista.

Em relação a este problema, a camarilha de Tito vai contra o socialismo. As reformas sociais que a Iugoslávia introduziu nos começos do pós-guerra não foram de fundo. E desde sua traição aberta, a política que a camarilha de Tito vem seguindo não é a de transformar e eliminar o capital privado e as empresas privadas, mas sim a de fomentá-los e desenvolvê-los.

Os regulamentos promulgados pela camarilha de Tito em 1953 estabelecem que os “grupos de cidadãos” têm direito a “fundar empresas” e “contratar mão de obra”. Nesse mesmo ano se promulgou um decreto estabelecendo que os indivíduos privados têm direito a comprar bens de raiz pertencentes a estabelecimentos econômicos estatais.

Em 1956, através de sua política de impostos e outras medidas, a camarilha de Tito começou a estimular as autoridades locais a fomentar o capital privado.

Em 1961, a camarilha de Tito decretou que os indivíduos privados têm direito a adquirir divisas.

Em 1963, a camarilha de Tito consagrou na Constituição a política de desenvolver o capital privado. Esta nova Constituição dispõe que todo indivíduo privado da Iugoslávia pode fundar empresas e contratar mão de obra.

Graças ao apoio da camarilha de Tito, as empresas e o capital privados nas cidades iugoslavas começaram a crescer como brotos de bambu depois de uma chuva primaveril.

Segundo o “Manual estatístico da República Popular Federal da Iugoslávia de 1963”, documento oficial editado em Belgrado, funcionam nas cidades desse país mais de 115.000 “empresas artesanais” privadas. Porém, na realidade, os proprietários de muitas destas empresas privadas não são “artesãos”, e sim capitalistas privados típicos.

Como a camarilha de Tito admitiu, se bem a lei não permite aos proprietários privados contratar mais de cinco operários, há os que empregam dez ou vinte vezes essa quantidade e até os que empregam “quinhentos ou seiscentos operários”(10). A circulação anual de algumas empresas privadas ultrapassa os 100 milhões de dinares.(11)

O jornal iugoslavo Politika revelou em 7 de dezembro de 1961 que em muitos casos estes proprietários privados na realidade são “grandes empresários”. “É difícil precisar que amplitude alcança a rede destes proprietários e de quantos operários dispõem. Segundo a lei, eles têm direito a contratar cinco operários que lhes ajudem em seu trabalho. Mas, como dizem os que conhecem a intimidade deste assunto, estes cinco homens resultam ser cinco contratantes, que, por sua vez, têm seus próprios ‘subcontratantes’.” “Em regra geral, estes contratantes já não trabalham, e sim ditam ordens, elaboram planos, vão de automóvel de uma empresa a outra e celebram contratos.”

Pelos lucros que obtêm esses empresários, também se vê que são cem por cento capitalistas. O Svet, jornal iugoslavo, informou em 8 de dezembro de 1961 que “os lucros líquidos de certos artesãos alcançam mensalmente um milhão de dinares”. O Vecherni Novosti de Belgrado disse em 20 de dezembro de 1961 que nessa cidade “... 116 proprietários privados obtiveram no ano passado um lucro superior a 10 milhões de dinares cada um.” Alguns empresários “obtiveram uma renda de cerca de 70 milhões de dinares” em um ano, o que equivale a cerca de 100 mil dólares norte-americanos segundo a taxa oficial de câmbio.

Nas cidades iugoslavas existem não só empresas industriais privadas, estabelecimentos privados de serviços, comércio privado, estabelecimentos privados dedicados à compra e venda de casas e ao transporte, mas também agiotas conhecidos com o nome de “banqueiros privados”. Estes agiotas operam abertamente e inclusive anunciam seu negócio nos jornais: “Se oferece em empréstimo 300.000 dinares a três meses de prazo, para reembolsar 400.000 dinares. Exige-se garantia hipotecária.”(12)

Todos estes são fatos indiscutíveis.

Queremos perguntar àqueles que tratam de reabilitar a camarilha de Tito: se não enganam intencionalmente as pessoas, como podem afirmar que na Iugoslávia não existem capital privado, nem empresas privadas capitalistas?

O capitalismo desborda no campo da Iugoslávia

Agora lancemos uma olhada à situação das zonas rurais da Iugoslávia.

Já deixaram de existir ali capitalistas, como afirma Kruchov?

Não, os fatos dizem exatamente o contrário.

O desbordamento do capitalismo na Iugoslávia se observa com maior evidência ainda no campo.

O marxismo-leninismo nos ensina que a economia individual, a economia dos pequenos produtores, a cada dia e hora engendra capitalismo e que só a coletivização pode conduzir a agricultura ao caminho do socialismo.

Stálin assinalou:

“Lênin disse que, enquanto no país predomine a fazenda camponesa individual, que engendra capitalistas e capitalismo, existirá o perigo de restauração do capitalismo. Se compreende que, enquanto exista este perigo, não se possa falar seriamente da vitória da edificação socialista em nosso país.”(13)

Em relação a este problema, a camarilha de Tito adotou uma linha diametralmente contrária ao socialismo.

É certo que na Iugoslávia se realizou uma reforma agrária e se organizaram um número de cooperativas camponesas no período inicial do pós-guerra. Porém a economia dos camponeses ricos no fundamental, ficou intacta.

Em 1951, a camarilha de Tito declarou publicamente o abandono do caminho da coletivização da agricultura e começou a dissolver as cooperativas camponesas. Em sua traição à causa socialista, este é um grave passo dado pela camarilha de Tito. O número de tais cooperativas diminuiu de mais de 6.900 em 1950 a algo mais de 1.200 em fins de 1953, e a 147 em 1960. O campo da Iugoslávia está submerso em um vasto oceano de economia individual.

A camarilha de Tito declarou publicamente que a coletivização não é viável na Iugoslávia. Difamou de forma venenosa a coletivização, dizendo que “é o mesmo que a expropriação”(14), e que é um caminho que “mantém a servidão e a pobreza dos camponeses durante o maior tempo possível”(15). Advoga pela idéia absurda de que é necessário “assentar o desenvolvimento da agricultura na livre concorrência das forças econômicas”(16)

A partir de 1953, enquanto dissolvia numerosas cooperativas camponesas, a camarilha de Tito promulgou uma série de leis e decretos para estimular o desenvolvimento do capitalismo no campo, outorgando a liberdade de compra e venda e arrendamento de terras e de contratação de mão de obra, abolindo o estoque planificado dos produtos agrícolas e substituindo-o pelo comércio livre nesse terreno.

Devido a esta política, as forças capitalistas se difundiram rapidamente nas zonas rurais, intensificando-se dia a dia a polarização. Isto constitui um aspecto importante dos esforços da camarilha de Tito para restaurar o capitalismo.

A polarização no campo se revela antes de mais nada na mudança que se operou na propriedade agrária. O ex-secretário de agricultura e silvicultura da Iugoslávia, S. Komar, reconheceu que em 1959, as famílias camponesas pobres com menos de cinco hectares de terra cada uma, que constituíam 70 por cento do total das famílias camponesas, possuíam somente 43 por cento da terra cultivável privada; que as famílias camponesas ricas com mais de oito hectares de terra cada uma, que representavam somente 13 por cento do total das famílias camponesas, possuíam 33 por cento do total de terra cultivável privada, e que cada ano, aproximadamente 10 por cento das famílias camponesas compra ou vende terras.(17) A maioria das famílias que têm de vender suas terras, são famílias camponesas pobres.

O verdadeiro quadro da concentração de terra é muito mais grave do que demonstram os dados acima citados. Como o revelou em 19 de julho de 1963 o diário Borba, porta-voz da camarilha de Tito, numa só região existem “milhares de famílias camponesas que possuem muito mais de dez hectares de terra cada uma, o máximo fixado pela lei”. Na comuna de Bijelinha, “se revelou que quinhentas famílias camponesas possuem cada uma de dez a trinta hectares de terra”. Semelhantes fenômenos não são tão isolados.

A polarização no campo também se manifesta no agudo contraste na propriedade dos animais de tração e ferramentas. 55 por cento das 308.000 famílias camponesas da província de Vojvodina, principal zona produtora de grãos, não têm animais de tração. As famílias camponesas com menos de dois hectares de terra cada uma, que constituem 40,7 por cento do total das famílias camponesas desta zona, possuem somente 4,4 por cento do total de arados, com uma média de um arado por cada vinte famílias. Por outro lado, os camponeses ricos não só têm grande quantidade de arados e carros de tração animal, como também mais de 1.300 tratores e muitas outras máquinas agrícolas.(18)

A polarização no campo também se manifesta no desenvolvimento das formas de exploração capitalista tais como o trabalho assalariado.

Em 7 de fevereiro de 1958, o semanário Komunist da Iugoslávia revelou que em 1956, na Sérvia, 52 por cento das famílias camponesas com mais de oito hectares de terra cada uma, empregaram trabalhadores assalariados.

Em 1962, S Komar disse que nos últimos anos alguns chefes de família camponeses “se tornam cada vez mais poderosos. Seus rendimentos não provêem de seu próprio trabalho, e sim do comércio ilícito, da elaboração de seus próprios produtos assim como também dos de outros, da adulteração ilegal de vinhos, da posse de terras que excedem do máximo de dez hectares, que obtêm mediante a compra de terras, ou, como é mais freqüente, mediante o arrendamento, a repartição fictícia da terra, a apropriação ou ocultação de terras públicas, da aquisição de tratores mediante a especulação e da exploração de seus vizinhos pobres através do cultivo a máquina das terras destes.”(19)

O Borba de 30 de agosto de 1962 disse: “Estes chamados bons produtores” são “arrendatários de terras alheias, empregadores de força de trabalho e comerciantes experimentados”. “Eles não são produtores, são empresários. Alguns deles nunca pegam na enxada durante todo o ano. Contratam mão de obra, ... só inspecionam o trabalho no campo e se dedicam ao comércio.

No campo da Iugoslávia reina a arbitrariedade dos agiotas, que emprestam com juros que freqüentemente chegam a mais de 100 por cento ao ano. Ademais, ali atuam pessoas que se absorve de mão de obra e, aproveitando-se da difícil situação do desempregado, praticam uma exploração intermediária.

Privados da terra e outros meios de produção, grande número de camponeses empobrecidos têm que viver da venda de sua força de trabalho. Segundo cifras do Politika de 20 de agosto de 1962, em todo o país, cerca de 70 por cento dos rendimentos em dinheiro das famílias camponesas com menos de dois hectares de terra cada uma, em 1961, provinha da venda de sua força de trabalho. Esses camponeses, vítimas de todo tipo de exploração, levam uma vida miserável.

Os fatos demonstram que no campo da Iugoslávia predominam as classes exploradoras.

Para justificar que a Iugoslávia é um país socialista, a carta aberta do Comitê Central do PCUS afirma que o “setor socialista” na agricultura iugoslava aumentou de 6 a 15 por cento.

Porém, desgraçadamente, inclusive essas porcentagens lastimáveis não são do setor socialista.

Por este “setor socialista” de 15 por cento, a direção do PCUS não pode senão referir-se a organizações tais como as “fazendas de propriedade social” e as “cooperativas agrícolas de tipo geral”, promovidas pela camarilha de Tito. Porém, essas “fazendas de propriedade social” na essência são granjas capitalistas, e as “cooperativas agrícolas de tipo geral” são organizações econômicas capitalistas dedicadas fundamentalmente a atividades comerciais. Elas não afetam a propriedade privada da terra; mais ainda, sua função principal é fomentar o desenvolvimento da economia dos camponeses ricos.

Em Problemas da Agricultura na Iugoslávia, livro publicado em Belgrado, se diz que as cooperativas, “a julgar como estão organizadas e como funcionam hoje, não significam em absoluto a reconstrução socialista da agricultura e do campo. Funcionam melhor para o desenvolvimento e a ajuda aos elementos capitalistas, que para a criação de bases socialistas no campo. Há casos em que estas cooperativas são associações de kulaks.”

A camarilha de Tito outorgou às “cooperativas agrícolas de tipo geral” o monopólio da compra de produtos agrícolas dos camponeses. Em suas atividades comerciais, essas chamadas “cooperativas” fazem uso deste privilégio e aproveitam a livre flutuação dos preços dos produtos agrícolas para operações especulativas em ampla escala, explorando com isso os camponeses. Em 1958, a Iugoslávia teve uma colheita pobre; as “cooperativas” e outros organismos comerciais aproveitaram a oportunidade para elevar o preço de venda dos produtos agrícolas. Em 1959 a colheita foi algo melhor, e estas “cooperativas”, rompendo os contratos com os camponeses, reduziram o volume de aquisição, sem importar-lhes que as espigas apodrecessem nos campos.

As “cooperativas agrícolas de tipo geral” e as “fazendas de propriedade social” contratam e exploram um grande número de operários permanentes e temporários. Segundo os dados do “Anuário Estatístico da República Popular Federal da Iugoslávia” de 1962, o número de trabalhadores permanentes contratados pelas cooperativas foi de mais de cem mil em 1961, sem contar o grande número de operário temporários. Como revelou o Rad da Iugoslávia de primeiro de dezembro de 1962, os operários assalariados “são submetidos freqüentemente à exploração mais torpe (a jornada chega até a 15 horas), e seus rendimentos pessoais geralmente são muito baixos.”

Daqui se deduz que estas organizações agrícolas que se apresentam como “setor socialista” não são senão organizações de caráter capitalista.

Expropriar os camponeses empobrecidos e desenvolver granjas capitalistas, esta é a política básica da camarilha de Tito em relação à agricultura. Em 1955 Tito disse:

“Nós não abandonamos a idéia de que chegará o dia em que se unifiquem de um modo ou de outro as pequenas explorações na Iugoslávia ... Nos EUA isto já se realizou. Devemos encontrar soluções semelhantes.”

A fim de seguir o caminho do capitalismo, a camarilha de Tito elaborou em 1959 a “Lei da Utilização das Terras Cultiváveis”, segundo a qual, se os camponeses individuais não cultivavam suas propriedades de acordo com as exigências estabelecidas, suas terras seriam colocadas sob uma “administração obrigatória” das “cooperativas agrícolas de tipo geral” ou das “fazendas de propriedade social”. Isto significa de fato desenvolver as granjas capitalistas mediante a expropriação dos camponeses empobrecidos e a anexação de suas terras pela força. Este é o típico caminho capitalista de desenvolvimento da agricultura.

Ao falar da passagem da pequena economia camponesa a uma economia de grande produção agrícola Stálin disse: “Estes são os dois caminhos: o caminho capitalista e o caminho socialista; o caminho para diante, para o socialismo, e o caminho para trás, para o capitalismo.”

Existe um terceiro caminho, ao lado do caminho socialista e do caminho capitalista? Stálin disse:

“O chamado terceiro caminho é, na realidade, o segundo caminho, o caminho do retorno ao capitalismo.” “Com efeito, que significa voltar à fazenda individual e restabelecer o kulak? Significa restabelecer o jugo do kulak, significa restabelecer a exploração dos camponeses pelos kulaks e dar poder a estes últimos. Porém, se concebe restabelecer o kulak e manter ao mesmo tempo o Poder Soviético? Não, isto seria impossível. A restauração do kulak conduziria à criação de um poder kulak e à liquidação do Poder Soviético; por conseguinte, conduziria à formação de um governo burguês. E a formação de um governo burguês levaria por sua vez, à restauração dos latifundiários e capitalistas, à restauração do capitalismo.”(20)

A agricultura da Iugoslávia durante os últimos dez anos e tem marchado precisamente por este caminho de restauração do capitalismo.

Todos estes são fatos irrefutáveis.

Queremos perguntar aos que tentam reabilitar a camarilha de Tito: Se vocês não tentam enganar as pessoas, como podem afirmar que na Iugoslávia não há capitalistas?

A degeneração da economia de propriedade socialista de todo o povo em economia capitalista

A restauração do capitalismo na Iugoslávia se manifesta não só na ampla difusão do capital privado nas cidades e do capitalismo no campo. Ainda mais importante é o fato de que tenham degenerado as empresas “públicas”, que jogam um papel decisivo na economia iugoslava.

A economia da “auto-administração operária” da camarilha de Tito é de capitalismo estatal de um tipo especial. Não se trata de um capitalismo de Estado nas condições da ditadura do proletariado, e sim de um capitalismo de Estado nas condições em que a camarilha de Tito fez degenerar a ditadura do proletariado em ditadura burguesa burocrático-compradora. Os meios de produção das empresas sob “auto-administração operária” não pertencem a um ou mais capitalistas privados, e sim, na realidade, pertencem à nova burguesia burocrática e compradora da Iugoslávia, que inclui os burocratas e diretores e é representada pela camarilha de Tito. Usurpando o nome do Estado, dependendo do imperialismo norte-americano e disfarçando-se com a capa do “socialismo”, esta burguesia se apropriou pela força dos bens que pertenciam ao povo trabalhador. A chamada “auto-administração operária” é, na realidade, um sistema de exploração cruel sob o domínio do capital burocrático e comprador.

A partir de 1950, a camarilha de Tito promulgou uma série de leis e decretos que instituem a chamada “auto-administração operária” nas fábricas, nas minas, nas empresas de comunicações, transporte, comércio, agricultura, silvicultura e serviços públicos, assim como em outras empresas estatais. O conteúdo principal de semelhante “auto-administração operária” consiste em entregar as empresas estatais aos supostos “coletivos de trabalho” para que as administrem por sua própria conta, isto é, elas mesmas comprem as matérias primas, determinem as variedades, o volume e os preços de seus produtos, vendam seus produtos ao mercado, determinem sua escala de salários e a distribuição de uma parte de suas utilidades. As leis iugoslavas também estabelecem que as próprias empresas econômicas têm direito a comprar, vender ou arrendar bens de raiz.

A camarilha de Tito apresenta a propriedade das empresas sob “auto-administração operária” como uma “forma mais elevada de propriedade socialista”. Afirma que só com a “auto-administração operária” se pode “construir verdadeiramente o socialismo”.

Isto é puro engano.

Todos os que possuem algum conhecimento de marxismo sabem que, do ponto de vista teórico, a “auto-administração operária”, “as fábricas para os operários” e outras consignas semelhantes nunca foram consignas dos marxistas, e sim dos anarco-sindicalistas, dos socialistas burgueses e dos velhos oportunistas e revisionistas.

As chamadas “teorias” da “auto-administração operária” e das “fábricas para os operários” são diametralmente opostas às teses fundamentais do marxismo sobre o socialismo. Foram refutadas definitivamente há muito pelos clássicos do marxismo.

Marx e Engels assinalavam no Manifesto Comunista:

“O proletariado se valerá de sua dominação política para ir arrancando gradualmente à burguesia todo o capital, para centralizar todos os instrumentos de produção em mãos do Estado.”

Engels fazia ver no Anti-Dühring que “o proletariado toma em suas mãos o Poder do Estado e começa por converter os meios de produção em propriedade do Estado”.

O proletariado que tomou o Poder deve concentrar os meios de produção nas mãos do Estado de ditadura do proletariado. Este é um dos princípios fundamentais do socialismo.

Nos primeiros anos do Poder soviético depois da Revolução de Outubro, quando havia os que advogavam pela entrega das empresas industriais aos “produtores” para que “organizem a produção” de forma direta, Lênin criticou em termos severos este ponto de vista, assinalando que, em essência, ia dirigido contra a ditadura do proletariado.

Lênin assinalava agudamente:

“Toda ação de legalizar, de forma direta ou indireta, a propriedade dos operários de fábricas isoladas ou de profissões isoladas sobre sua produção, ou seu direito a debilitar ou estorvar as ordens do Poder estatal, é uma grande tergiversação dos princípios fundamentais do Poder soviético e a renúncia completa ao socialismo”(21).

Como se vê, a chamada “auto-administração operária” não tem nada a ver com o socialismo.

Na realidade, a “auto-administração operária”, preconizada pela camarilha de Tito, não é realmente uma “auto-administração” dos operários, e sim uma cortina de fumaça para enganar as pessoas.

As empresas onde se implantou a “auto-administração operária”, se acham de fato nas mãos da nova burguesia burocrática e compradora representada pela camarilha de Tito. Esta camarilha mantém sob seu controle tanto as finanças como o pessoal destas empresas e lhes arrebata a maior parte de seus rendimentos.

Através dos bancos, a camarilha de Tito controla todo o sistema de crédito do país, os fundos para os investimentos e o capital circulante das empresas, e supervisiona suas atividades financeiras.

A camarilha de Tito se apropria dos rendimentos destas empresas por meios como a arrecadação de impostos e a cobrança de juros. Segundo os dados do “Informe do trabalho do Conselho Executivo Federal da Iugoslávia para 1961”, esta camarilha se apoderou por semelhantes meios de cerca de três quartos dos ingressos líquidos das empresas.

A camarilha de Tito se apropria dos frutos do trabalho do povo e os destina principalmente a satisfazer as extravagantes necessidades desta camarilha burocrática, para manter seu domínio reacionário, para fortalecer o aparato de repressão contra os trabalhadores e para pagar tributos ao imperialismo na forma de amortização da dívida externa e do pagamento de seus juros.

Ademais, a camarilha de Tito controla as empresas mediante seus diretores. Nominalmente, os diretores são eleitos pelas empresas mediante concursos, porém de fato são designados por esta camarilha. São agentes da burguesia burocrática e compradora nas empresas.

As relações entre os diretores e os operários nas empresas sob “auto-administração operária” são, na realidade, relações entre os contratantes e os contratados, entre os exploradores e os explorados.

Tal como estão as coisas, os diretores têm direito a decidir os planos de produção e a orientação da administração destas empresas, a dispor dos meios de produção, a determinar a distribuição dos rendimentos, a contratar ou despedir operários e a revogar as resoluções dos “conselhos operários” ou dos “comitês administrativos”.

Numerosos materiais publicados na imprensa iugoslava demonstram que o “conselho operário” não é senão uma pura formalidade, uma espécie de “máquina de votação”, e que na empresa “todo o poder está nas mãos do diretor”.

O fato de que os diretores tenham sob seu controle e à sua disposição os meios de produção e controlem e determinem a distribuição dos rendimentos das empresas, lhes permite apropriar-se dos frutos do trabalho dos operários utilizando seus distintos privilégios.

A própria camarilha de Tito admite que nestas empresas existe uma grande diferença entre os diretores e os operários não só no que se refere aos salários, mas também à parte dos lucros distribuída. Em algumas empresas, os diretores e os empregados superiores recebem em bonificações quarenta vezes mais do que recebem os operários por este mesmo título. “Em certas empresas, a soma total dos prêmios que recebe o grupo de dirigentes é igual ao total dos salários de todo o coletivo.”(22)

Ainda mais, os diretores das empresas aproveitam seus privilégios para fazer uma grande quantidade de dinheiro com diversos subterfúgios. A extorsão, o desfalque e o roubo constituem uma fonte ainda maior de seus ingressos.

As amplas massas de operários levam uma vida miserável. Os operários não têm nenhuma garantia contra o desemprego. Numerosos operários ficam parados devido ao fechamento de empresas. Segundo as estatísticas oficiais, o número de parados forçados em fevereiro de 1963 subiu a 339.000 pessoas, o que supõe aproximadamente dez por cento do total dos que têm ocupação. Todos os anos emigra um grande número de operários.

O jornal iugoslavo Politika reconheceu em 25 de setembro de 1961 que “existe um grande abismo entre certos operários e empregados, e que os primeiros vêem os segundos como ‘burocratas’ que ‘comem’ seus salários.”

Estes fatos demonstram que nas empresas iugoslavas sob a chamada “auto-administração operária”, se formou um novo grupo social que, constituindo uma minoria, se apropria dos frutos do trabalho da maioria, grupo que forma uma parte importante da nova burguesia burocrática e compradora que surgiu na Iugoslávia.

Com a promoção da chamada “auto-administração operária”, a camarilha de Tito apartou completamente as empresas que eram propriedade de todo o povo, do caminho da economia socialista.

Isto se manifesta principalmente nos seguintes aspectos:

Primeiro, a supressão do plano econômico único do Estado.

Segundo, a utilização dos lucros como meio principal para estimular a atividade administrativa das empresas. Estas podem adotar a seu gosto quaisquer medidas para aumentar seus rendimentos e lucros. Em outras palavras, a produção das empresas sob “auto-administração operária” não se propõe de modo algum a satisfazer as necessidades das sociedade, e sim ir à caça de lucros, o mesmo que ocorre com as empresas capitalistas.

Terceiro, a aplicação da política de estimular a livre concorrência capitalista. Tito disse aos diretores das empresas que “concorrência em nosso país será benéfica para nossa gente simples, para os consumidores”. A camarilha de Tito também declara abertamente que ela permite “a concorrência, a caça de lucros, a especulação e outros fenômenos semelhantes”, porque estes fenômenos “exercem uma influência positiva no desenvolvimento da iniciativa dos produtores, seus coletivos e comunas, etc.”(23)

Quarto, a utilização do crédito dos bancos como importante alavanca para apoiar a livre concorrência capitalista. As instituições de crédito e bancárias do regime de Tito se valem de propostas públicas para outorgar empréstimos. O empréstimo é conseguido por quem esteja em condições de amortizá-lo, de pagar uma maior porcentagem de juros e de reembolsá-lo no tempo mais curto. Semelhante prática, segundo suas próprias palavras, significa “utilizar a concorrência como um método habitual para a distribuição de créditos de investimento”.(24)

Quinto, as relações entre as empresas não são relações socialistas de ajuda mútua e coordenação sob um plano único do Estado, e sim relações capitalistas de concorrência e eliminação recíprocas no mercado livre.

Tudo isto destrói a economia planificada socialista em seus fundamentos:

Lênin disse:

“Sem uma organização estatal planificada que submeta a dezenas de milhões de pessoas à mais estrita observância de uma norma única na produção e distribuição de produtos, o socialismo é inconcebível.”(25)

Lênin disse também:

“... sem uma contabilidade e um controle muito amplos e exercidos pelo Estado sobre a produção e distribuição de produtos, o poder dos trabalhadores, a liberdade dos trabalhadores não pode sustentar-se e o retorno ao jugo do capitalismo é ineludível.”(26)

Sob o rótulo da “auto-administração operária”, todos os departamentos econômicos e empresas na Iugoslávia se encontram amarrados numa feroz concorrência capitalista. É muito freqüente que, com o propósito de prejudicar a seus rivais no mercado e obter lucros, as empresas sob “auto-administração operária” recorram à mentira, à especulação e ao ágio, inflem os preços, recorram à malversação e ao suborno, ocultem os segredos técnicos, disputem entre si o pessoal técnico e inclusive ataquem umas às outras na imprensa ou pelo rádio.

A furiosa concorrência entre as empresas da Iugoslávia não só se desenvolve no mercado interno, como também no comércio exterior. Segundo a imprensa iugoslava, muito freqüentemente 20 ou 30 representantes de distintas empresas iugoslavas do comércio exterior chegam ao mesmo mercado estrangeiro, onde competem entre si e arrebatam umas às outras a seus clientes. “Por motivos egoístas”, estas empresas do comercio exterior se esforçam por “conseguir benefícios a todo custo, por todos os meios”.

Como resultado desta feroz concorrência, reina um tremendo caos no mercado iugoslavo. Os preços variam consideravelmente não só em diferentes cidades ou regiões, mas também em distintas lojas de uma mesma região; o mesmo ocorre inclusive com as mercadorias do mesmo tipo adquiridas de uma mesma entidade produtora. A fim de manter preços altos, algumas empresas não titubeiam em destruir grandes quantidades de produtos agrícolas.

Como resultado desta feroz concorrência, grande número de empresas na Iugoslávia quebraram. Segundo os dados proporcionados pelo Boletim Oficial da República Popular Federal da Iugoslávia, nos últimos anos, quebraram 500 ou 600 empresas por ano. Tudo isto prova que a economia “pública” da Iugoslávia não se rege pelas leis da economia planificada socialista, e sim pelas leis da concorrência capitalista e da anarquia na produção. As empresas sob “auto-administração operária” de que fala a camarilha de Tito, não são de caráter socialista, e sim de caráter capitalista.

Queremos perguntar aos que procuram reabilitar à camarilha de Tito: se não enganam intencionalmente as pessoas, como podem apresentar como economia socialista, a economia de capitalismo de Estado sob o controle da burguesia burocrática e compradora?

Uma dependência do imperialismo norte-americano

O processo da restauração do capitalismo na Iugoslávia está entrelaçado com o processo da subordinação da camarilha de Tito ao imperialismo norte-americano e da degeneração da Iugoslávia numa dependência deste.

Com sua traição ao marxismo-leninismo, a camarilha de Tito empreendeu o caminho ignominioso de vender a soberania nacional e viver da esmola do imperialismo norte-americano.

Segundo estatísticas incompletas, desde o término da Segunda Guerra Mundial até janeiro de 1963, os Estados Unidos e outros países imperialistas deram à camarilha de Tito, a título das diversas “ajudas”, uns 5,46 bilhões de dólares norte-americanos, dos quais mais de 60 por cento, ou seja, uns 3,5 bilhões, corresponde à “ajuda” dos EUA A maior parte desta ajuda norte-americana se deu depois de 1950.

A ajuda norte-americana foi o sustento das finanças e da economia da Iugoslávia. Segundo dados oficiais, se calcula que os empréstimos que a camarilha Tito obteve em 1961 dos EUA e das organizações financeiras internacionais controladas pelos EUA ascenderam a mais de 346 milhões de dólares, soma que equivale a 47,4 por cento do recursos orçamentário federal da Iugoslávia desse ano. Se se inclui a ajuda de outros países ocidentais, a soma total de ajuda que a camarilha de Tito recebeu de países ocidentais em 1961, ou seja mais de 493 milhões de dólares, equivale a 67,6 por cento deste recurso orçamentário.

Afim de obter a ajuda norte-americana, a camarilha de Tito concluiu com os EUA uma série de tratados traidores.

Segundo as notas sobre a conclusão do “Acordo acerca da Ajuda Mútua na Defesa”, que se trocaram entre a Iugoslávia e os EUA em 1951, os funcionários governamentais norte-americanos têm a “liberdade” de observar e inspecionar “sem limites” a recepção e distribuição na Iugoslávia dos materiais da ajuda militar norte-americana e têm “pleno acesso às facilidades de comunicação e informação”, e a Iugoslávia deve proporcionar matérias primas estratégicas aos EUA

O “Acordo sobre a Assistência Militar”, firmado entre a Iugoslávia e os EUA em 1951, estipula que a Iugoslávia deve “fazer sua máxima contribuição... ao desenvolvimento e manutenção das forças defensivas do mundo livre” e estar disposta a proporcionar tropas às Nações Unidas. Conforme este Acordo, a missão militar enviada pelos EUA pode inspecionar diretamente o treinamento das tropas iugoslavas.

O “Acordo de Cooperação Econômica”, firmado entre a Iugoslávia e os EUA em 1952, estabelece que a Iugoslávia deve empregar a ajuda norte-americana na “promoção dos fundamentais direitos humanos individuais, as liberdades e as instituições democráticas”, em outros termos, na promoção do regime capitalista.

A Iugoslávia concluiu, em 1954, o Tratado de Aliança, Cooperação Política e Ajuda Mútua com a Grécia e a Turquia, ambos membros da OTAN. O Tratado estipula uma coordenação militar e diplomática entre os três países, convertendo assim a Iugoslávia em um membro virtual deste bloco militar controlado pelos EUA

Depois de 1954, a Iugoslávia concluiu com os EUA uma série de acordos nos quais vende sua soberania. Assinaram, tão somente no período de 1957 a 1962, mais de cinqüenta de tais acordos.

Devido à conclusão desses tratados e acordos e a que a camarilha de Tito converteu a Iugoslávia numa dependência do imperialismo norte-americano, os EUA gozam dos seguintes direitos nesse país:

  1. controlar seus assuntos militares;

  2. controlar seus assuntos estrangeiros;

  3. intervir em seus assuntos internos;

  4. manipular e inspecionar suas finanças;

  5. controlar seu comércio exterior;

  6. saquear seus recursos estratégicos, e

  7. recolher informações militares e econômicas.

Desta maneira, a independência e a soberania da Iugoslávia foram vendidas em leilão pela camarilha de Tito.

A fim de conseguir a ajuda norte-americana, ao lado da venda da soberania nacional numa série de tratados desiguais com os EUA, a camarilha de Tito tomou sucessivas medidas na política interna e externa que se adaptam às necessidades do capital monopolista ocidental de penetrar na Iugoslávia.

Desde 1950 a camarilha de Tito aboliu o monopólio estatal do comércio exterior. A “Lei sobre as Atividades de Comércio Exterior”, promulgada em 1953, permite que as empresas conduzam de forma independente o comércio exterior e façam transações diretas com empresas monopolistas do Ocidente.

O regime de Tito efetuou em 1961 uma nova “reforma” no regime de divisas e de comércio exterior. O conteúdo principal desta reforma consistiu em afrouxar ainda mais as restrições sobre as exportações e importações. Se declarou “plena liberdade” de importação de importantes produtos semi-elaborados e certos artigos de consumo e se afrouxaram em diferente grau as restrições para a importação de outros artigos Foram eliminadas todas as limitações para a outorga de divisas necessárias para os artigos de livre importação.

É sabido de todos que o monopólio estatal do comércio exterior é um princípio básico do socialismo.

Lênin dizia que o proletariado industrial “não está em absoluto em condições de restaurar nossa indústria e fazer da Rússia um país industrial, sem proteção da indústria, proteção que se alcança exclusivamente mediante o monopólio do comércio exterior e de nenhuma maneira mediante a política aduaneira.”(27)

Stálin dizia que “o monopólio do comércio exterior figura entre as bases imutáveis da plataforma do Governo Soviético”, e que a supressão do monopólio do comércio exterior “significaria a renúncia à industrialização do país”; “significaria a inundação da URSS com mercadorias dos países capitalistas”; “significaria a transformação de nosso país, de país soberano, em semi-colônia”.(28)

A abolição do monopólio estatal do comércio exterior pelo regime de Tito significa escancarar as portas ao capital monopolista imperialista.

Quais são as conseqüência econômicas do fato de que a camarilha de Tito receba grande quantidade de ajuda norte-americana e mantenha escancaradas as portas ao imperialismo?

Primeiro, a Iugoslávia se converteu em um mercado do dumping do imperialismo.

Enormes quantidades de produtos industriais e agrícolas de países imperialistas inundaram o mercado iugoslavo. Em seu afã de buscar lucros, os capitalistas compradores iugoslavos, que se enriqueceram servindo ao capital monopolista estrangeiro, importam constantemente mercadorias que se podem produzir no país e que estão inclusive armazenadas em grandes quantidades. O jornal Politika de 25 de julho de 1961 reconheceu que a indústria iugoslava “se encontra sob os golpes da concorrência constante e muito complexa da indústria estrangeira, o que se observa a cada passo”.

Segundo, a Iugoslávia se converteu numa esfera dos investimentos do imperialismo.

Muitas empresas industriais iugoslavas se construíram com a “ajuda” dos EUA ou de outros países imperialistas. O capital monopolista privado de muitos países estrangeiros penetrou diretamente na Iugoslávia. Papié, diretor geral do Banco de Investimentos da Iugoslávia, disse que no período de 1952 a 1956, “a parte do capital estrangeiro alcançou 32,5 por cento do total dos investimentos econômicos.” O Secretário de Estado dos EUA, Rusk, disse em 5 de fevereiro de 1962, que os fundos iugoslavos “provêm principalmente do Ocidente”.

Terceiro, a Iugoslávia se converteu numa base de matérias primas para o imperialismo.

Já desde 1951, em virtude do “Acordo sobre a Assistência Militar” norte-americano-iugoslavo, a camarilha de Tito proporcionou constantemente aos EUA grande quantidade de matérias primas estratégicas. Segundo os dados do “Anuário Estatístico da República Popular Federal da Iugoslávia” de 1961, a partir de 1957 se enviou aos EUA mais ou menos a metade dos produtos minerais importantes que a Iugoslávia exporta, tais como magnésio, chumbo, zinco e antimônio.

Quarto, as empresas industriais da Iugoslávia se converteram em montadoras das empresas monopolistas ocidentais.

Muitas indústrias importantes da Iugoslávia produzem sob licença de países ocidentais e dependem da importação de materiais, peças, reposições e produtos semi-elaborados. Sua produção se encontra sob o controle do capital monopolista ocidental.

Na realidade, muitos produtos industriais da Iugoslávia são montadas à base de peças pré-fabricadas importadas e são vendidos como produção nacional só agregando-lhe marcas iugoslavas. O Vesnik u sredu de 25 de abril de 1962 escrevia: “algumas de nossas empresas industriais começaram a converter-se em um tipo especial de organizações comerciais, que em lugar de produzir, se dedicam à montagem e não fazem senão colocar sua marca nos produtos alheios”.

Em tais circunstâncias, a Iugoslávia se converteu numa parte do mercado mundial do capital monopolista ocidental. Nas esferas financeiras e econômicas, a Iugoslávia se uniu inseparavelmente ao mercado mundial capitalista e degenerou numa dependência do imperialismo, especialmente do imperialismo norte-americano.

Quando um país socialista vende sua independência e soberania, e se converte num apêndice do imperialismo, isto conduz inevitavelmente à restauração do regime capitalista nesse país.

O chamado caminho particular de construir o “socialismo” coma ajuda norte-americana, que a camarilha de Tito apregoa, não é senão o caminho de converter, de acordo com as necessidades do imperialismo, o regime socialista em regime capitalista e degenerar de país independente em semi-colônia.

E Kruchov insiste em que esta dependência do imperialismo norte-americano está “construindo o socialismo”. Isto é realmente uma conversa fiada. Às falsas marcas do socialismo que criticaram Marx, Engels e Lênin se acrescentou uma variedade: “socialismo” que leva a marca da ajuda norte-americana. Talvez seja esta uma “grande contribuição” de Tito e Kruchov em seu “desenvolvimento criador do marxismo-leninismo”.

Destacamento especial contrarrevolucionário do imperialismo norte-americano

A julgar pelo papel contra-revolucionário que desempenha a camarilha de Tito nas relações internacionais e por sua política exterior reacionária, a Iugoslávia não é, nem minimamente, um país socialista.

Na arena internacional, a camarilha de Tito serve de destacamento especial do imperialismo norte-americano para socavar a revolução mundial.

Com seu exemplo de restauração do capitalismo na Iugoslávia, a camarilha de Tito ajuda o imperialismo norte-americano a realizar a política de “evolução pacífica” nos países socialistas.

Sob o rótulo de país socialista, a camarilha de Tito se opõe freneticamente ao campo socialista, o mina e serve de destacamento de assalto na campanha anti-China.

Sob a cobertura do “não alinhamento” e a “coexistência ativa”, a camarilha de Tito tenta destruir o movimento de libertação nacional na Ásia, África e América Latina, prestando com isso um serviço ao neocolonialismo norte-americano.

A camarilha de Tito faz o que está a seu alcance para embelezar o imperialismo norte-americano e paralisar os povos do mundo em suas lutas contra a política imperialista de agressão e de guerra.

Sob o rótulo da luta contra o “stalinismo”, a camarilha de Tito vende por todas as partes o veneno revisionista e se opõe à revolução de todos os povos do mundo.

Em toda uma série de importantes acontecimentos internacionais produzidos nos últimos dez anos e tanto, a camarilha de Tito desempenhou invariavelmente o papel de lacaio do imperialismo norte-americano.

  1. A revolução da Grécia. Em 10 de julho de 1949, Tito fechou a fronteira iugoslavo-grega às guerrilhas populares gregas. Ao mesmo tempo, permitiu às tropas monarco-fascistas da Grécia passar pelo território iugoslavo para atacar as guerrilhas pelas costas. Deste modo, a camarilha de Tito ajudou o imperialismo norte-americano e inglês a estrangular a revolução popular grega.

  2. A guerra da Coréia. Em 6 de setembro de 1950, Kardelj, então ministro de Assuntos Estrangeiros, fez uma declaração em que caluniou descaradamente a justa guerra do povo coreano de resistência contra a agressão e defendeu o imperialismo norte-americano. Em sua intervenção em 1o de dezembro do mesmo ano, numa sessão do Conselho de Segurança da ONU, o representante da camarilha de Tito atacou a China, acusando-a de “intervenção ativa na guerra da Coréia”. Ademais, a camarilha de Tito votou na ONU a favor do “embargo” contra a China e a Coréia.

  3. A guerra de libertação do povo vietnamita. Em abril de 1954, nas vésperas da Conferência de Genebra sobre a questão Indochina, a camarilha de Tito não poupou esforços em difamar a justa luta do povo vietnamita, afirmando que Moscou e Pequim o utilizavam “como uma carta em sua política de guerra fria no pós-guerra”(29) Alegou que a grande batalha travada pelo povo vietnamita para libertar Dien Bien Phu “não era um gesto de boa vontade”(30).

  4. As atividades subversivas contra a Albânia. Desde muito tempo, a camarilha de Tito vem realizando atividades subversivas e provocações armadas contra a Albânia socialista. Fabricou quatro casos de alta traição em 1944, 1948, 1956 e 1960, sucessivamente. Entre 1948 e 1958, a camarilha de Tito levou a cabo mais de 470 provocações armadas na fronteira albano-iugoslava. Em 1960, a camarilha de Tito e os reacionários gregos projetaram um ataque armado contra a Albânia em coordenação com a VI Frota norte-americana no Mediterrâneo.

  5. A rebelião contra-revolucionária na Hungria. A camarilha de Tito desempenhou o papel ignominioso de intervencionista e provocador na rebelião contrarrevolucionária da Hungria, que teve lugar em outubro de 1956. Depois do estalar da rebelião, Tito tornou pública uma carta em apoio às medidas contrarrevolucionárias do traidor Nagy. Em 3 de novembro, a camarilha de Tito disse a Nagy que se exilasse na Embaixada iugoslava na Hungria. Em seu discurso de 11 de novembro, Tito caracterizou a rebelião contrarrevolucionária como resistência dos “progressistas” e declarou insolentemente que o problema consistia em se triunfaria o “rumo da Iugoslávia” ou o “rumo stalinista”.

  6. Os acontecimentos do Oriente Médio. Em 1958, o imperialismo norte-americano enviou suas tropas para ocupar o Líbano e o imperialismo britânico enviou as suas para ocupar a Jordânia, o que levantou em todo o mundo uma gigantesca onda de protestos; os povos exigiram a retirada imediata das tropas dos EUA e da Grã-Bretanha. Na sessão de emergência da Assembléia Geral da ONU em que se discutiu a situação do Oriente Médio, Kocha Popovich, Secretário de Estado para Assuntos Estrangeiros da Iugoslávia, disse que “não se trata de insistir em censurar ou aprovar as ações empreendidas pelos EUA e Inglaterra”. Advogou pela intervenção da ONU, uma organização sob controle do imperialismo norte-americano.

  7. Os acontecimentos do Estreito de Taiwan. No outono de 1958, o Exército Popular de Libertação da China canhoneou Quemoy com o fim de revidar as provocações do imperialismo norte-americano no Estreito de Taiwan e castigar a pandilha de Chiang Kai-shek, lacaio do imperialismo norte-americano. A camarilha de Tito qualificou caluniosamente a justa luta da China de “um perigo para o mundo inteiro”(31) e de “prejudicial à paz”(32).

  8. O incidente do avião U-2. Em 1960, os EUA enviaram um avião espião U-2 para incursionar na União Soviética e torpedearam a conferência de cúpula dos chefes de governo das quatro potências, que devia realizar-se em Paris. Em 17 de maio do mesmo ano Tito fez uma declaração em que atacou a correta posição adotada então pelo Governo soviético, dizendo que com isso havia criado “disputas de tão grandes proporções”.

  9. A luta patriótica do povo japonês contra o imperialismo norte-americano. Em junho de 1960, o povo japonês desatou uma justa luta patriótica sem precedentes contra o imperialismo norte-americano. Porém a camarilha de Tito defendeu o imperialismo norte-americano alegando que a ocupação do Japão pelo EUA “promoveu a democratização da vida política do Japão”(33). Posteriormente, atacou a afirmação de Asanuma Yinejiro, ex-presidente do Partido Socialista Japonês, de que “o imperialismo norte-americano é o inimigo comum dos povos japonês e chinês”, e o acusou de “defender uma linha extremista”(34).

  10. A luta do povo da Indonésia. A camarilha de Tito tentou minar a luta do povo indonésio contra o imperialismo. Realizou vis atividades com o propósito de obstruir o estabelecimento de um gabinete “NASAKOM” na Indonésia, isto é, um governo de unidade nacional com a participação dos nacionalistas, dos setores religiosos e os comunistas.

  11. Os acontecimentos do Congo. No verão de 1960, quando o imperialismo norte-americano levou a cabo uma agressão armada contra o Congo sob a bandeira da ONU, a camarilha de Tito não só votou na ONU a favor do imperialismo norte-americano, como, segundo os desejos deste, enviou um grupo de pilotos ao Congo para participar diretamente na repressão sangrenta do povo congolês.

  12. A questão do Laos. Quando o imperialismo norte-americano intensificou em janeiro de 1961 sua intervenção no Laos, a camarilha de Tito propagou que os EUA “estão realmente interessados na paz e na neutralização do Laos”(35). Quando em maio de 1963 o imperialismo norte-americano fabricou assassinatos políticos e conflitos armados no Laos, a camarilha de Tito acusou então as forças patrióticas laosianas de “lançar toda a culpa nos EUA”(36).

  13. O programa norte-americano de “Aliança para o Progresso”. Em agosto de 1961, os EUA impuseram aos países latino-americanos o chamado programa de “Aliança para o Progresso”, que é um novo instrumento do imperialismo norte-americano para escravizar os povos latino-americanos. Este programa de agressão encontrou uma forte oposição dos povos latino-americanos; porém a camarilha de Tito o glorificou, dizendo que “concorda em grande medida com as exigências dos países latino-americanos”(37).

  14. O conflito fronteiriço sino-hindu. Desde que os reacionários hindus criaram em 1959 a tensão na fronteira sino-hindu, a camarilha de Tito apoiou consequentemente o expansionismo, a agressão e as atividades provocativas dos reacionários hindus contra a China. Difundiu abertamente a idéia de que “a fronteira foi demarcada já nos começos do presente século na forma da conhecida Linha McMahon”(38); fez todo o possível para confundir a verdade e a falsidade, dizendo caluniosamente que “a China permitia revisar arbitrariamente e pela força a fronteira com a Índia”(39) e que “cometeu agressão”(40) contra a Índia.

  15. A revolução de Cuba e a crise do Caribe. A camarilha de Tito fez numerosos comentário em que ataca Cuba, dizendo que esse país “crê somente na revolução”(41) e que a revolução cubana “é mais uma exceção no caminho da revolução que um modelo”(42). Durante a crise do Caribe no outono de 1962, a camarilha de Tito tratou de justificar a agressão dos imperialistas norte-americanos dizendo que “as dificuldades começaram quando a revolução cubana feriu de morte as companhias norte-americanas”(43) e que “é compreensível que os EUA se tivessem irritado com o estabelecimento de bases de foguetes em Cuba, sua vizinha tão próxima.”(44)

De tudo isto se observa com facilidade como nos últimos dez anos e tanto, a camarilha de Tito se opôs freneticamente aos países socialistas, tentou minar o movimento de libertação nacional, caluniou a luta revolucionária dos povos do mundo contra o imperialismo e serviu ativamente ao imperialismo, sobretudo ao imperialismo norte-americano.

Kruchov falou repetidamente de “coincidência” e “unanimidade”(45) entre a direção do PCUS e a camarilha de Tito em suas posições a respeito dos problemas internacionais. Pois bem, quiséramos perguntar se existe coincidência ou unanimidade entre os crimes contra-revolucionários da camarilha de Tito e as atividades de vocês. Se vocês têm valor, façam o favor de responder.

A degeneração da ditadura do proletariado em ditadura da burguesia

A expansão do capitalismo nas cidades e no campo da Iugoslávia, a degeneração da economia de propriedade de todo o povo em economia de capitalismo estatal e a transformação da Iugoslávia em uma dependência do imperialismo norte-americano se devem, em última instância, à degeneração do Partido e do Poder desse país.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Partido Comunista e o povo da Iugoslávia lutaram heroicamente contra os agressores fascistas da Alemanha e da Itália, derrotaram o domínio reacionário do imperialismo e de seus lacaios na Iugoslávia e estabeleceram o Poder democrático popular de ditadura do proletariado.

Pouco depois, o grupo dirigente do Partido Comunista da Iugoslávia renegou o marxismo-leninismo e empreendeu o caminho do revisionista, o que conduziu à degeneração gradual do Partido e do Poder estatal da Iugoslávia.

O Partido Comunista da Iugoslávia teve uma gloriosa tradição de lutas revolucionárias. A traição da camarilha de Tito tropeçou, antes de mais nada, com uma forte resistência no seio do Partido. Afim de aplastar esta resistência, a camarilha de Tito, valendo-se de seu poder, “depurou” o Partido e expulsou de suas filas um grande número de comunistas fiéis ao marxismo-leninismo. Só no período compreendido entre 1948 e 1952 expulsou mais de duzentos mil membros do Partido, ou seja a metade do número total original dos membros do Partido Comunista da Iugoslávia. Prendeu e assassinou um grande número de marxistas-leninistas, quadros e outros revolucionários da Iugoslávia, acusando-os de “elementos do Cominform”. Mais de 30.000 comunistas e ativistas revolucionários foram presos e jogados no cárcere. Ao mesmo tempo, a camarilha de Tito escancarou as portas aos contra-revolucionários, aos elementos burgueses, aos elementos anti-socialistas de toda marca e aos arrivistas que tentavam conseguir altas posições e enriquecer-se com ajuda de uma carteira de partido. Em novembro de 1952, a camarilha de Tito declarou que “o nome ‘Partido’ fica fora de uso”. Mudou o nome do Partido Comunista da Iugoslávia para o de Liga dos Comunistas da Iugoslávia. Contra a vontade de todos os honrados comunistas iugoslavos, mudou a natureza do Partido Comunista de Iugoslávia como destacamento de vanguarda do proletariado e na realidade transformou a LCY em um instrumento para manter seu regime ditatorial.

Em todo país socialista, o Poder está sob a direção do partido comunista. Se o partido comunista degenera em partido burguês, o Poder degenera indubitavelmente de ditadura do proletariado em ditadura da burguesia.

O Poder da ditadura do proletariado na Iugoslávia foi o fruto de longa luta heróica do povo iugoslavo. Entretanto, com a traição da camarilha de Tito, este Poder mudou de natureza.

A camarilha de Tito declarou: “Os meios da ditadura revolucionária do proletariado, ou seja, os meios do sistema estatal socialista, se tornam cada vez menos necessários”(46).

Porém, já não existe nenhuma ditadura na Iugoslávia? Sim, existe. É verdade que desapareceu a ditadura do proletariado; porém a ditadura da burguesia não só existe, como é a mais bárbara ditadura fascista.

O regime de Tito estabeleceu muitos cárceres e campos de concentração fascistas, onde milhares e milhares de revolucionários morreram de tortura desumanas. Ao mesmo tempo, indultou um grande número de contra-revolucionários e traidores da guerra antifascista. Em sua resposta dada em 7 de janeiro de 1951 a um correspondente da United Press, Tito admitiu que na Iugoslávia haviam sido indultados onze mil presos políticos. Em 13 de março de 1962, foram indultados outros 150 mil contra-revolucionários exilados no estrangeiro. Com efeito se suprimiu a ditadura contra estes inimigos do povo, e lhes foi dada a “democracia”. Por muito melosas que sejam as palavras da camarilha de Tito, sua chamada “democracia” é uma democracia só para um pequeno número de velhos e novos elementos burgueses, enquanto para as amplas massas do povo trabalhador, não é senão uma ditadura de cabo a rabo. A camarilha de Tito transformou a máquina estatal revolucionária, estabelecida em um tempo na Iugoslávia para reprimir as classes exploradoras, que constituem a minoria, em uma máquina estatal para reprimir o proletariado e as amplas massas do povo trabalhador.

A degeneração do Poder estatal na Iugoslávia não se operou através da derrubada do antigo Poder pela violência e do estabelecimento de um novo, e sim mediante a “evolução pacífica”. Na aparência, permanecem no Poder, as mesmas pessoas da camarilha de Tito, porém, na essência, estas já deixaram de representar os interesses dos operários, dos camponeses e demais trabalhadores, e sim representam os do imperialismo e da velha e nova burguesia da Iugoslávia.

Aproveitando o Poder estatal e controlando as bases da economia nacional, a camarilha de Tito explora ao máximo o povo trabalhador da Iugoslávia e formou uma burguesia burocrática na Iugoslávia. Como esta burguesia burocrática depende do imperialismo norte-americano, tem um forte caráter comprador e é também uma verdadeira burguesia compradora. O Poder controlado pela camarilha de Tito é o Poder de ditadura da burguesia burocrática e compradora.

Os fatos antes mencionados, demonstram, de diversos ângulos, que a política aplicada pelo regime de Tito é uma política encaminhada a restaurar e desenvolver o capitalismo, ou seja, fazer retornar a Iugoslávia à situação de semi-colônia ou de país dependente.

A degeneração do Poder estatal na Iugoslávia conduziu à destruição do sistema econômico do socialismo e à restauração do sistema econômico do capitalismo. Quando se formou gradualmente uma nova burguesia burocrática e compradora, com o restabelecimento do sistema econômico capitalista em uma nova forma, esta exige a intensificação da ditadura da burguesia e um maior desenvolvimento do sistema político correspondente a seu sistema econômico capitalista, com o objetivo de consolidar seu domínio.

Assim se produziu na Iugoslávia, passo a passo, a degeneração do Partido e do Poder, até a restauração do capitalismo em todo seu sistema econômico-social. Este processo de degeneração já leva quinze anos. Este é o quadro de como um país socialista “evolui pacificamente” para país capitalista.

A camarilha de Tito manteve seu domínio na Iugoslávia com o apoio do imperialismo norte-americano e da máquina estatal da ditadura da burguesia burocrática e compradora, subornando a um grupo da aristocracia operária e apoiando-se nos kulaks do campo. Ao mesmo tempo, recorreu a todos os meios enganosos para cobrir seu rosto reacionário e ocultar a verdade do povo. Porém, sua política reacionária é extremamente impopular. A degeneração do país socialista em país capitalista, a transformação de país independente em semi-colônia ou dependência do imperialismo, vão contra os interesses básicos do povo iugoslavo e não pode menos que encontrar a oposição de todos os honrados comunistas e da imensa maioria do povo da Iugoslávia.

Simpatizamos profundamente com o povo e os comunistas da Iugoslávia por sua atual situação. Ainda que a camarilha de Tito possa fazer e desfazer a seu gosto por um tempo, estamos convencidos de que todo o grupo governante que esteja contra o povo, não terá um bom fim, por muito violentas que sejam as medidas de repressão e por muito astutas que sejam as artimanhas a que recorra. Portanto, a camarilha de Tito não é uma exceção. As vítimas do engano se desenganarão gradualmente. O povo e os comunistas da Iugoslávia, que têm uma história gloriosa, não se submeterão para sempre à camarilha do renegado Tito. O futuro do povo iugoslavo é brilhante.

A posição de princípio do PCCh sobre o problema da Iugoslávia

A carta aberta do Comitê Central do PCUS afirma que por um tempo, “aos dirigentes do PCCh não lhes surgiam nenhum tipo de dúvidas a respeito do caráter do regime socialista da Iugoslávia”, e que agora os dirigentes chineses “mudaram bruscamente de posição a respeito do problema iugoslavo”.

É verdade que a Iugoslávia foi um país socialista e que por algum tempo avançou pelo caminho socialista.

Porém pouco depois, por causa da traição da camarilha de Tito, o sistema social da Iugoslávia foi degenerando passo a passo.

Em 1954, quando Kruchov propôs o melhoramento das relações com a Iugoslávia, acedemos tratá-la como a um país irmão socialista afim de fazê-la voltar ao caminho socialista e de continuar observando como se desenvolveria a camarilha de Tito.

Ainda naquele tempo, não depositamos esperanças excessivas na camarilha de Tito. Em sua carta ao Comitê Central do PCUS, de 10 de junho de 1954, o Comitê Central do PCCh assinalou que se devia ter em conta o fato de que os dirigentes da Iugoslávia haviam ido já bastante longe em suas relações com o imperialismo, e que era possível que eles rechaçassem os esforços por ganhá-los e se negassem a voltar ao caminho socialista; “porém inclusive se isto ocorresse, não causaria nenhum dano político ao campo da paz, da democracia e do socialismo, e sim ao contrário, demonstraria ainda mais a hipocrisia dos dirigentes iugoslavos perante os povos da Iugoslávia e do mundo inteiro”.

Desafortunadamente, nossa predição resultou certa! A camarilha de Tito na verdade rechaçou categoricamente nossos esforços para ganhá-la e foi cada vez mais longe no caminho do revisionismo.

Depois de negar-se a assinar a Declaração de 1957, a camarilha de Tito planteou em 1958 seu programa de ponta a ponta revisionista, desfraldando a bandeira do revisionismo contemporâneo em contraposição à Declaração de 1957, que é o programa comum reconhecido pelos partidos comunistas e operários. Na Iugoslávia se consumou passo a passo o processo da restauração do capitalismo, e na arena internacional, a camarilha de Tito trabalhou cada vez mais zelosamente como destacamento especial contra-revolucionário do imperialismo norte-americano.

Nestas circunstâncias, para todos os partidos marxistas-leninistas, o problema de como tratar a camarilha de Tito deixou já de ser problema de tratar um partido irmão ou um país irmão, nem o de ganhá-la, e sim o de desmascarar esta camarilha traidora e lutar contra ela de maneira resoluta e cabal. A este respeito, se chegou já a uma clara conclusão na Declaração de 1960.

A carta aberta do CC do PCUS eludiu deliberadamente toda uma série de fatos importantes posteriores à Conferência dos partidos irmãos de novembro de 1957 e as conclusões unânimes da Conferência dos partidos irmãos de 1960, e justificou a posição errônea da direção do PCUS citando uma frase sobre a Iugoslávia do editorial do Renmin Ribao de 12 setembro de 1957. Isto é totalmente inútil.

Os fatos comprovaram que nossa posição a respeito da camarilha de Tito corresponde à realidade, é uma posição de princípio e concorda com os acordos comuns da Conferência dos partidos irmãos de 1960. Em troca, os dirigentes do PCUS tentaram reabilitar de mil maneiras a camarilha de Tito, o que demonstra precisamente que eles traíram o marxismo-leninismo e abandonaram a Declaração de 1960, ajudam o imperialismo norte-americano e seus lacaios e enganam os povos da Iugoslávia e de todo o mundo.

Será que Tito "eliminou seus erros" ou Kruchov tem a Tito como seu mestre?

Kruchov disse que os dirigentes iugoslavos eliminaram muito do que consideravam errôneo. Entretanto, a camarilha de Tito não admite que cometeu erros, nem muito menos os elimina. A camarilha de Tito declarou que “não há necessidade”(47) de emendar erros e que “seria justamente uma perda de tempo”(48), “seria simplesmente supérfluo e ridículo”(49) esperar que o fizera.

Quais são, depois de tudo, os fatos? A camarilha de Tito mudou seu programa revisionista? Não. Aceitou as Declarações de 1957 e de 1960? Não. Mudou sua política revisionista tanto interna como externa? Tampouco.

A nova Constituição aprovada em abril de 1963 pela Assembléia Popular Federal da Iugoslávia demonstra com toda clareza, que a camarilha de Tito não mudou no mais mínimo sua posição revisionista. A Constituição é a encarnação legal do programa totalmente revisionista da camarilha de Tito. Em seu informe sobre o projeto da nova Constituição, Kardelj disse que era “a concretização legal-política e em matéria de organização” dos conceitos do programa da Liga dos Comunistas da Iugoslávia.

Kruchov confraterniza tão carinhosamente com a camarilha de Tito, não porque esta tenha corrigido alguns de seus erros, e sim porque Kruchov segue as pegadas de Tito.

Vejamos os seguintes fatos:

  1. Ao combater Stálin, Tito se opõe ao marxismo-leninismo desde seus fundamentos. Ao negar por completo Stálin, Kruchov faz o mesmo.

  2. Tanto Tito como Kruchov negam os princípios fundamentais do marxismo-leninismo, atacam os comunistas chineses e os demais comunistas que persistem no marxismo-leninismo, pintando-os de “dogmáticos” e descrevem sua revisão do marxismo-leninismo como “um desenvolvimento criador” do mesmo.

  3. Tanto Tito como Kruchov exaltam aos cabecilhas do imperialismo norte-americano. Tito afirmou que Eisenhower era “um homem que se empenha em defender a paz”(50),e que os esforços de Kennedy “contribuem para o melhoramento das relações internacionais e a solução pacífica dos problemas urgentes do mundo”(51). Kruchov disse que Eisenhower “deseja com sinceridade a paz”(52) e que Kennedy “mostra uma solicitude pela preservação da paz”(53).

  4. Tanto Tito como Kruchov propagam crescentemente o terror da guerra nuclear visando intimidar os povos do mundo e fazer-lhes abandonar a luta revolucionária. Tito diz que uma guerra nuclear, quando se desate, conduzirá “à liquidação da humanidade”(54). Kruchov disse que se estala semelhante guerra, “destruiremos nossa arca de Noé – o globo terrestre”(55).

  5. Tanto Tito como Kruchov propagam que se pode tornar realidade um chamado mundo sem armas, sem exércitos e sem guerras, enquanto ainda existe o imperialismo.

  6. A camarilha de Tito proclama que a “coexistência pacífica ativa” é a “pedra angular”(56) da política

externa da Iugoslávia. Kruchov declara que a “coexistência pacífica” é a “linha geral da política externa” da

União Soviética. (57)

  1. Tanto Tito como Kruchov proclamam que aumentou a possibilidade da “transição pacífica do capitalismo ao socialismo”. A camarilha de Tito diz que “a humanidade, irrefreavelmente e por diversas vias, entra profundamente na era do socialismo”(58). Kruchov afirma que se pode substituir o caminho da Revolução de Outubro pelo “caminho parlamentar”.

  2. Tito preconiza a realização da “integração política e econômica”(59) do mundo mediante a “emulação pacífica”. Kruchov também preconiza a realização da “colaboração geral” com o imperialismo através da “emulação econômica pacífica”.

  3. A camarilha de Tito sabota em todas as frentes o movimento de libertação nacional e as guerras de libertação nacional. Igualmente, Kruchov se opõe ao movimento de libertação nacional e às guerras de libertação nacional sob o pretexto de que “toda ‘guerra local’, por muito pequena que seja, pode servir de chispa que incendeie a conflagração de uma guerra mundial”(60).

  4. A camarilha de Tito repudia a ditadura do proletariado. Kruchov também a repudia sob a consigna do “Estado de todo o povo”.

  5. A camarilha de Tito nega que o Partido Comunista deve ser o destacamento de vanguarda da classe operária. Kruchov diz também que o PCUS “se converteu em um partido de todo o povo”(61).

  6. Tito faz pose de “não alinhamento” e se opõe ao campo socialista. Kruchov diz que os “blocos e expressões semelhantes são fenômenos passageiros”(62). Ambos querem liquidar o campo socialista.

E assim sucessivamente.

Destes fatos só se pode tirar a seguinte conclusão: tanto em política externa como em política interna, Kruchov tem de fato a Tito como seu mestre e, seguindo os passos deste, desliza pelo caminho do revisionismo.

Kruchov renegou o marxismo-leninismo, rasgou a Declaração de 1960 e fez causa comum com a camarilha do renegado Tito; isto vai totalmente contra os interesses da União Soviética, do povo soviético e dos povos de todo o mundo. O grande povo soviético, que tem uma gloriosa tradição revolucionária, e a maioria esmagadora dos membros e quadros em diversos níveis do PCUS jamais lhe permitirão proceder desse modo.

O grande povo soviético e os membros do PCUS não consentirão de nenhum modo que Kruchov, em confabulação com a camarilha de Tito, se oponha aos partidos irmãos que persistem no marxismo-leninismo.

O grande povo soviético e os membros do PCUS não consentirão jamais que Kruchov, em confabulação com a camarilha de Tito e em aliança com o imperialismo, se oponha a países irmãos como a China e a Albânia socialistas e abale o campo socialista.

O grande povo soviético e os membros do PCUS não consentirão de modo algum que Kruchov, em confabulação com a camarilha de Tito e em aliança com os reacionários de todos os países, se oponha aos povos do mundo e à revolução.

O grande povo soviético e os membros do PCUS não consentirão jamais que Kruchov, seguindo o exemplo do revisionismo da Iugoslávia, mude a natureza do Partido e do Estado e abra o caminho à restauração do capitalismo.

Kruchov fez aparecer nuvens escuras sobre o céu da União Soviética, primeiro país socialista do mundo. Entretanto, isto não é mais que um episódio na história do PCUS e da União Soviética. As pessoas enganadas e confundidas por um tempo, despertarão gradualmente ao final. A história comprovou e seguirá comprovando que quem quer que tente fazer retroceder o povo soviético em seu avanço será aplastado pelas rodas da história, como o grilo da fábula que procurou deter uma carroça com suas patas. Não dará certo.

Uma breve conclusão

A restauração do capitalismo na Iugoslávia proporciona uma nova lição histórica ao movimento comunista internacional.

Esta lição nos ensina que, tomado o Poder pela classe operária, existe ainda uma luta entre a burguesia e o proletariado, existe uma luta entre os dois caminhos, o capitalista e o socialista, uma luta de “quem vencerá a quem”, e existe o perigo da restauração do capitalismo. A Iugoslávia oferece um exemplo típico desta restauração.

Esta lição nos ensina que é possível que antes de tomar o Poder um partido da classe operária caia sob o controle da aristocracia operária, degenere em um partido burguês e se converta em um lacaio do imperialismo; e também é possível que depois de tomado o Poder este partido caia sob o controle dos novos elementos burgueses, degenere em um partido burguês e se converta em um lacaio do imperialismo. A Liga dos Comunistas da Iugoslávia é um exemplo típico de tal degeneração.

Esta lição nos ensina que a restauração do capitalismo em um país socialista pode se realizar, não necessariamente mediante um golpe de Estado contra-revolucionário ou uma invasão armada imperialista, mas através da degeneração do grupo dirigente deste país. A maneira mais fácil de tomar uma fortaleza é tomá-la por dentro. A Iugoslávia proporciona um caso típico neste sentido.

Esta lição nos ensina que o revisionismo é produto da política do imperialismo. O velho revisionismo surgiu como produto da política imperialista de comprar e dar asas à aristocracia operária. O revisionismo contemporâneo surgiu da mesma maneira. Agora, o imperialismo estendeu esta política aos países socialistas, comprando a todo custo seus grupos dirigentes, para realizar através deles a política de “evolução pacífica”, que tanto anseia. O imperialismo norte-americano considera a Iugoslávia como uma “mula madrinha”, porque esse país estabeleceu um exemplo a este respeito.

A restauração do capitalismo na Iugoslávia pode contribuir para clarear a vista de todos os marxistas-leninistas do mundo e fazer as pessoas verem com maior clareza a necessidade e urgência da luta contra o revisionismo contemporâneo.

Ao que parece, enquanto exista o imperialismo no mundo, não poderá dizer-se que já se eliminou o perigo da restauração do capitalismo nos países socialistas.

Os dirigentes do PCUS proclamam pomposamente que eliminaram em seu país o perigo da restauração do capitalismo e estão construindo o comunismo. Se isto fosse certo, seria, certamente, muito alentador. Porém o que vemos é que eles estão imitando a Iugoslávia em todo os sentidos e tomaram um caminho perigoso ao extremo. Isto nos preocupa e dói profundamente.

Com nosso ardente amor à União Soviética e ao grande PCUS, quiséramos exortar com toda sinceridade aos dirigentes desse Partido: Camaradas e amigos! Não sigam o caminho da Iugoslávia! Voltem atrás sem demora ou será demasiado tarde!

 


Notas de rodapé:

(1) Kruchov, Discurso na reunião de massas em Velenje, Iugoslávia, 30 de agosto de 1963. (retornar ao texto)

(2) Kruchov, Discurso numa reunião numa fábrica em Rakovica, Iugoslávia, 21 de agosto de 1963. (retornar ao texto)

(3) Kruchov, Entrevista com os correspondentes estrangeiros em Brioni, Iugoslávia, 28 de agosto de 1963, como informou Tanjug. (retornar ao texto)

(4) Pela vitória do marxismo-leninismo criativo e contra a revisão de orientação do movimento comunista internacional”, artigo da Redação de Kommunist (URSS), N.º 11, 1963.

(5) Togliatti, “Deixe-nos levar a discussão a seu limite real”. L’Unità (Itália), 10 de janeiro de 1963. (retornar ao texto)

(6) Kruchov, Informe perante à Sessão do Soviete Supremo da URSS, dezembro de 1962. (retornar ao texto)

(7) “Carta aberta do Comitê Central do PCUS às organizações do Partido, a todos os comunistas da União Soviética”, 14 de julho de 1963 (retornar ao texto)

(8) Ibid (retornar ao texto)

(9) Kruchov, informe perante a Sessão do Soviet Supremo da URSS, dezembro de 1962 (retornar ao texto)

(10) M. Todorovich, “A luta em duas frentes”, Nasha Stvarnost (Iugoslávia), março, 1954. (retornar ao texto)

(11) Vesnik u sredu (Iugoslávia), 27 de dezembro de 1961. (retornar ao texto)

(12) Vesnik u sredu(Iugoslávia), 6 de dezembro de 1961. (retornar ao texto)

(13) Stálin, “Os estoques de cereais e as perspectivas do desenvolvimento da agricultura”, Obras, t. XI. (retornar ao texto)

(14) Eduard Kardelj, Discurso de inauguração do Nono Pleno do Quarto Comitê Federal da Aliança Socialista dos Trabalhadores da Iugoslávia, 5 de maio de 1959. (retornar ao texto)

(15) Vladimir Bakarié, Discurso perante o VI Congresso da Liga dos Comunistas da Iugoslávia. (retornar ao texto)

(16) Eduard Kardelj, “Acerca de alguns problemas de nossa política nas aldeias”, Komunist (Iugoslávia), n.º 4, 1953. (retornar ao texto)

(17) Slavko Komar, “Alguns problemas relacionados com o campo e as famílias camponesas”, Socialismo (Iugoslávia), N.º 5, 1962. (retornar ao texto)

(18) Index (Iugoslávia), N.º 2, 1962. (retornar ao texto)

(19) Slavko Komar, “Alguns problemas relacionados com o campo e as famílias camponesas”, Socialismo (Iugoslávia), N.º 5, 1962. (retornar ao texto)

(20) Stálin, “Discurso pronunciado no Primeiro Congresso dos kolkosianos de choque da URSS”, Obras, t. XIII. (retornar ao texto)

(21) Lênin, Sobre a Democracia e o Caráter Socialista do Poder Soviético. (retornar ao texto)

(22) “Carta aberta do Comitê Central da LCY a todas suas organizações e dirigentes em todos os níveis”, 17 de fevereiro de 1958. (retornar ao texto)

(23) Vladimir Bakarié, Informe ao Quarto Congresso da Liga dos Comunistas da Croácia, 7 de abril de 1959. (retornar ao texto)

(24) Augustin Papié, “Financiamentos de investimento na Iugoslávia”, Anuário de Economia Coletiva, Abril-Novembro, 1959, Belgrado. (retornar ao texto)

(25) Lênin, “Acerca do infantilismo ‘esquerdista’ e do espírito pequeno-burguês”, Obras Completas, t. XXVII. (retornar ao texto)

(26) Lênin, “As tarefas imediatas do Poder soviético”, Obras Completas, t. XXVII. (retornar ao texto)

(27) Lênin, “Sobre o monopólio do comércio exterior”, Obras Completas, t. XXXIII. (retornar ao texto)

(28) Stálin, “Entrevista com a primeira delegação de operários norte-americanos”, Obras, t. X. (retornar ao texto)

(29) Borba (Iugoslávia), 23 de abril de 1954. (retornar ao texto)

(30) Borba (Iugoslávia), 8 de maio de 1954. (retornar ao texto)

(31) Slobodni Dom (Iugoslávia), 4 de setembro de 1958. (retornar ao texto)

(32) Slobodni Procevalec (Iugoslávia), 9 de setembro de 1958. (retornar ao texto)

(33) Komunist (Iugoslávia), 2 de junho de 1960. (retornar ao texto)

(34) Boletín Político Exterior (Iugoslávia), 1.º de fevereiro de 1962. (retornar ao texto)

(35) Borba (Iugoslávia), 13 de janeiro de 1961. (retornar ao texto)

(36) Politika (Iugoslávia), 5 de maio de 1963. (retornar ao texto)

(37) Komunist (Iugoslávia), 17 de agosto de 1961. (retornar ao texto)

(38) Rad (Iugoslávia), 12 de setembro de 1959. (retornar ao texto)

(39) Borba (Iugoslávia), 26 de dezembro de 1960. (retornar ao texto)

(40) Politika (Iugoslávia), 3 de setembro de 1959. (retornar ao texto)

(41) A Rebelião de Cuba, novembro de 1962, Belgrado. (retornar ao texto)

(42) Politika (Iugoslávia), 1.º de janeiro de 1963. (retornar ao texto)

(43) Komunist (Iugoslávia), 13 de setembro de 1962. (retornar ao texto)

(44) Politika (Iugoslávia), 13 de novembro de 1962. (retornar ao texto)

(45) Kruchov, Discurso numa reunião de massas em Split, Iugoslávia, 24 de agosto de 1963. (retornar ao texto)

(46) Kardelj, “A nova Constituição da Iugoslávia socialista”, Borba (Iugoslávia), 29 de setembro de 1962. (retornar ao texto)

(47) Tito, Discurso na estação ferroviária de Belgrado, 20 de dezembro de 1962. (retornar ao texto)

(48) Tito, Discurso no VII Congresso da Liga dos Comunistas da Iugoslávia, abril de 1958. (retornar ao texto)

(49) Tito, Discurso na estação ferroviária de Belgrado, 20 de dezembro de 1962.. (retornar ao texto)

(50) Conversação de Tito com um comentaristas do New York Times, 28 de fevereiro de 1958. (retornar ao texto)

(51) Tito, Mensagem de felicitação a Kennedy, Borba (Iugoslávia), 21 de janeiro de 1961. (retornar ao texto)

(52) Kruchov, Discurso perante a Sessão do Soviete Supremo da URSS, maio de 1960. (retornar ao texto)

(53) Kruchov, Carta a Kennedy, 27 de outubro de 1962. (retornar ao texto)

(54) Tito, Informe perante a Sessão da Assembléia Popular Federal da Iugoslávia, 19 de abril de 1958. (retornar ao texto)

(55) Kruchov, Discurso na reunião da Associação Austríaco-soviética, 2 de julho de 1960. (retornar ao texto)

(56) Kocha Popovich, Informe da política externa perante a Sessão da Assembléia Popular Federal da Iugoslávia, Borba (Iugoslávia), 27 de fevereiro de 1957. (retornar ao texto)

(57) Kruchov, “Discurso de resumo da discussão”, feito no XX Congresso do Partido, fevereiro de 1956. (retornar ao texto)

(58) Programa da Liga dos Comunistas da Iugoslávia. (retornar ao texto)

(59) Tito, Respostas às perguntas do correspondente do Washington Post, D. Pearson, Borba (Iugoslávia), 12 de agosto de 1962. (retornar ao texto)

(60) Kruchov, Discurso na conferência de imprensa em Viena, 8 de julho de 1960. (retornar ao texto)

(61) Kruchov, “Acerca do Programa do PCUS”, informe perante o XXII Congresso do PCUS, outubro de 1961. (retornar ao texto)

(62) Kruchov, Entrevista com os correspondentes estrangeiros em Brioni, Iugoslávia, 28 de agosto de 1963. (retornar ao texto)

 

Inclusão: 29/05/2023