MIA > Stálin > Imprensa Proletária > Revista Problemas nº 32 > Novidades
Permití-me que eu passe agora, camaradas, ao problema da construção do socialismo na URSS, em nosso país.
Trotski declarou em seus discursos que o maior erro de Stálin é constituído pela teoria da possibilidade da construção do socialismo num único país, em nosso país. Conclui-se, dessa forma, que não se trata da teoria de Lênin a respeito da possibilidade da construção do socialismo em nosso país, mas de uma outra teoria, que ninguém conhece, a "teoria" de Stálin. Julgo que Trotski se traçou como objetivo travar luta contra a teoria de Lênin, mas como é tarefa arriscada travar uma luta aberta contra Lênin, ele então se decidiu a travar esta luta sob o aspecto de luta contra a "teoria" de Stálin. Trotski deseja, com isto, facilitar a sua luta contra o leninismo, mascarando esta luta com a sua crítica da "teoria" de Stálin. Tentarei demonstrar a seguir que a questão se apresenta justamente de maneira que o nome de Stálin aparece aí sem qualquer motivo, que não se pode falar de qualquer "teoria" de Stálin, que Stálin nunca pretendeu apresentar algo de novo em matéria de teoria mas sempre se esforçou no sentido de facilitar o triunfo completo do leninismo em nosso Partido, apesar dos esforços revisionistas de Trotski. Observemos, por enquanto, que a declaração de Trotski relativamente à "teoria" de Stálin é uma manobra, um estratagema, um covarde e infeliz estratagema que visa mascarar a sua luta contra a teoria leninista da vitória do socialismo em países considerados isoladamente, luta que teve início em 1915 e que se prolonga até os nossos dias. Que os camaradas julguem se esse método de Trotski é um indício de polêmica honrada. Os conhecidos trabalhos programáticos do camarada Lênin constituem o ponto de partida das resoluções de nosso Partido quanto à questão da possibilidade da construção do socialismo em nosso país. Lênin afirma, nesses trabalhos, que é possível a vitória do socialismo em países isolados nas condições do imperialismo, que está assegurada a vitória da ditadura do proletariado na questão da solução do problema econômico desta ditadura e que nós, os proletários da URSS, possuímos tudo o que é necessário e suficiente para a construção de uma sociedade socialista completa.
Fiz, há pouco, uma citação de conhecido artigo de Lênin onde ele pela primeira vez colocou a questão da possibilidade da vitória do socialismo em países considerados isoladamente e, em vista disso, não a repetirei aqui. Esse artigo foi escrito em 1915. Afirma-se, nesse artigo que são possíveis a vitória do socialismo em países isolados, a tomada do poder pelo proletariado, a expropriação dos capitalistas e a organização da produção socialista. Sabe-se que Trotski mesmo então, no próprio ano de 1915, se manifestou, pela imprensa, contra esse artigo de Lênin, chamando de "estreiteza nacional" a teoria leninista do socialismo num único país.
Pergunta-se: onde se vê aqui uma "teoria" de Stálin?
Citei mais adiante, em meu informe, um trecho da conhecida obra de Lênin "A Economia e a Política na Época da Ditadura do Proletariado", onde se afirma, de maneira clara e precisa, que é necessário considerar-se assegurada a vitória do proletariado da URSS no sentido da solução do problema econômico da ditadura do proletariado. Essa obra foi escrita em 1919. Eis o trecho em questão:
"Por mais que mintam e caluniem os burgueses de todos os países e seus auxiliares abertos e encobertos (os "socialistas" da II Internacional), um fato permanece fora de qualquer dúvida: do ponto de vista do problema econômico fundamental da ditadura do proletariado, acha-se entre nós assegurada a vitória do comunismo sobre o capitalismo. A burguesia de todo o mundo se enfurece e perde a cabeça nas suas manifestações contra o bolchevismo, organiza expedições militares, conspirações, etc., contra os bolcheviques, precisamente porque compreende perfeitamente a inevitabilidade de nossa vitória na reorganização da economia social, (se ela não conseguir nos esmagar pela força das armas). Mas por esse meio ela não conseguirá esmagar-nos". (O grifo é meu — J. St.)(54)
Vemos que Lênin se manifesta aqui claramente sobre a possibilidade da vitória do proletariado na URSS na questão da reorganização da economia social, na questão da solução do problema econômico da ditadura do proletariado.
Sabe-se que Trotski e a oposição em seu conjunto não estão de acordo com as teses fundamentais apresentadas nesta citação.
Pergunta-se: onde se vê aqui uma "teoria" de Stálin?
Fiz, finalmente, uma citação do conhecido folheto de Lênin, "Sobre a Cooperação", escrito em 1923. Afirma-se nessa citação:
"Na realidade, todos os grandes meios de produção em poder do Estado, e o poder estatal em mãos do proletariado; a aliança deste proletariado com os muitos milhões de pequenos e muito pequenos camponeses; a garantia da direção do proletariado sobre o campesinato, etc., — acaso isso não é tudo o que necessitamos para que com a cooperação, nada mais do que com a cooperação, que anteriormente desprezáramos como mercantilista e que agora, na vigência da NEP, continuamos a desprezar de certo modo, acaso isto não é tudo o que necessitamos para a construção de uma sociedade socialista completa? Isso não é ainda a construção de uma sociedade socialista, mas é tudo o que é necessário e suficiente para essa construção". (O grifo é meu — J. St.).(55).
Vemos que essa citação não deixa nenhuma dúvida a respeito da possibilidade da construção do socialismo em nosso pais.
Vemos que nesta citação acham-se enumerados os fatores principais para a construção de uma economia socialista em nosso país: o poder proletário, a grande produção nas mãos do poder proletário, a aliança entre o proletariado e o campesinato, a direção do proletariado nessa aliança e a cooperação.
Recentemente, na XV Conferência do PC (b) da URSS, Trotski tentou contrapor a esta citação uma outra citação tirada das obras de Lênin, onde se afirma que "o comunismo é o Poder Soviético mais a eletrificação de todo o país"(56). Mas contrapor estas citações uma à outra — significa adulterar o sentido fundamental do folheto de Lênin "Sobre a Cooperação". Acaso a eletrificação não é uma parte constituinte da grande produção e acaso ela é possível em nosso país em geral sem a grande produção concentrada nas mãos do poder proletário? Não é claro que as palavras de Lênin no folheto "Sobre a Cooperação" a respeito da grande produção, como um dos fatores da construção do socialismo, inclui também a eletrificação?
É sabido que a oposição trava uma luta de maneira mais ou menos clara e no mais das vezes de maneira dissimulada contra as
teses fundamentais expostas neste trecho do folheto de Lênin "Sobre
a Cooperação".
Pergunta-se: mas, onde se vê aqui uma "teoria" de Stalin?
Tais são as teses básicas do leninismo quanto à questão da construção do socialismo em nosso pais.
O Partido afirma que estas teses do leninismo contradizem as conhecidas teses de Trotski e do bloco oposicionista no sentido de que "é impossível a construção do socialismo dentro dos limites nacionais de um país", que "a teoria do socialismo em um único pais é a justificação teórica da estreiteza nacional" e que "sem um apoio estatal direto do proletariado europeu a classe operária da Rússia não poderá manter-se no poder". (Trotski).
O Partido afirma que estas teses do bloco oposicionista constituem uma manifestação do desvio social-democrata em nosso Partido.
O Partido afirma que a fórmula de Trotski relativamente ao "apoio estatal direto do proletariado europeu" é uma fórmula de rompimento completo com o leninismo. Isso porque, o que significa colocar a construção do socialismo em nosso país na dependência do "apoio estatal direto do proletariado europeu"? O que se deve fazer se o proletariado europeu não conseguir tomar o poder nos próximos anos? Pode a nossa revolução ficar à reboque dos acontecimentos, na expectativa da vitória da revolução no Ocidente por tempo indeterminado? Pode-se contar com que a burguesia de nosso país concorde em aguardar a vitória da revolução no Ocidente, abandonando o seu trabalho e a sua luta contra os elementos socialistas de nossa economia? Acaso não decorre desta fórmula de Trotski a perspectiva de um abandono gradual de suas posições aos elementos capitalistas de nossa economia e depois a perspectiva do afastamento de nosso Partido do poder, em caso de atraso de uma revolução vitoriosa no Ocidente?
Não é claro que temos aqui diante de nós duas linhas inteiramente diversas, das quais uma é a linha do Partido e do leninismo, e a outra — a linha da oposição e do trotskismo?
Perguntei a Trotski, em meu informe, e continuo a perguntar-lhe: acaso não é verdade que a teoria de Lênin sobre a possibilidade da vitória do socialismo em países considerados isoladamente foi qualificada por Trotski, em 1915, como teoria da "estreiteza nacional"? Mas não obtive resposta. Por que? Acaso a personificação do silêncio é sinal de coragem na polêmica?
Perguntei mais adiante a Trotski e continuo a perguntar-lhe: acaso não é verdade que ele repetiu a acusação de "estreiteza nacional" contra a teoria da construção do socialismo ainda muito recentemente, em setembro de 1926, no seu conhecido documento endereçado à oposição? Mas também desta vez não obtive resposta. Por que?
Não será por que a personificação do silêncio constitui também um gênero de manobra peculiar a Trotski?
Qual a conclusão que se tira de tudo isso?
Primeiro, que Trotski se mantém nas suas velhas posições de luta contra o leninismo na questão fundamental da construção do socialismo em nosso país.
Segundo, que Trotski não teve a coragem de se manifestar francamente contra o leninismo, tentando dissimular essa sua luta com a crítica a uma inexistente "teoria" de Stálin.
Passemos a outro "manobrista", a Kamenev. Ele, pelo que se vê, se deixou contagiar pela doença de Trotski e se pôs também a manobrar. Mas a sua manobra é mais estúpida do que a de Trotski. Se Trotski tentou culpar apenas Stálin, Kamenev por sua vez lançou acusações a todo o Partido, declarando que ele, isto é, o Partido, "substitui a perspectiva revolucionária internacional pela perspectiva nacional-reformista". Cada qual escolha o que quiser: o nosso Partido, ao que se constata, substitui a perspectiva revolucionária internacional por uma perspectiva nacional-reformista. Mas uma vez que o nosso Partido é o Partido de Lênin, uma vez que ele nas suas resoluções relativas à questão da construção do socialismo se apóia integralmente e completamente nas conhecidas teses de Lênin, então chega-se à conclusão de que a teoria leninista da construção do socialismo é uma teoria do nacional-reformismo. Lênin é um "nacional-reformista" — essa é a estupidez que Kamenev nos apresenta.
Possui o nosso Partido quaisquer resoluções relativas à questão da construção do socialismo em nosso país? Sim, possui, e até resoluções muito precisas. Quando o Partido aprovou essas resoluções? Foram aprovadas em abril de 1925 na XIV Conferência de nosso Partido. Faço referência à conhecida resolução da XIV Conferência sobre o trabalho do Comitê Executivo da Internacional Comunista e a construção socialista em nosso país. Trata-se de uma resolução leninista? Sim, trata-se de uma resolução leninista, uma vez que isso nos podem garantir pessoas tão competentes, como Zinoviev, que apresentou um informe à XIV Conferência em defesa desta resolução, e Kamenev que ocupava a presidência da referida conferência e que votou a favor desta resolução.
Portanto, por que Kamenev e Zinoviev não se esforçaram então no sentido de surpreender o Partido em contradições, em divergência em relação às resoluções da XIV conferência quanto à questão da construção do socialismo em nosso país, cuja resolução foi aprovada, como se sabe, por unanimidade?
Ao que nos parece, é muito simples: o Partido aprovou uma resolução especial relativa à questão da construção do socialismo em nosso país, Kamenev e Zinoviev votaram em favor da mesma e agora ambos acusam o Partido de nacional-reformismo — por que eles não argumentam contra um documento do Partido tão importante como as resoluções da XIV Conferência que trata da construção do socialismo em nosso país e que é, evidentemente, leninista do princípio ao fim?
Prestastes atenção ao fato de que a oposição em geral, e Kamenev em particular, passaram pela resolução da XIV Conferência como gato por brasas? (Risos). Qual é a origem desse medo que eles têm à resolução da XIV Conferência, aprovada segundo o informe de Zinoviev e justificada com a ativa participação de Kamenev? Por que Kamenev e Zinoviev têm medo até mesmo de mencionar de passagem esta resolução? Será que ela, esta resolução, não trata da construção do socialismo em nosso país? Será que a questão da construção do socialismo não constitui a questão fundamental em litígio na nossa discussão?
De que se trata, então?
Trata-se de que Kamenev e Zinoviev, que se manifestaram, em 1925, a favor da resolução da XIV Conferência, repudiaram-na posteriormente e repudiaram, portanto, o leninismo, passaram-se para o campo do trotskismo, e hoje temem tocar nessa resolução, ainda que de passagem, temendo que sejam desmascarados. O que nos diz essa resolução? Eis um trecho desta resolução:
"A vitória do socialismo é perfeitamente possível (mas não no sentido de uma vitória definitiva) num único país". (O grifo é meu — J. St).
E mais adiante:
"... A existência de dois sistemas sociais diretamente opostos provoca a ameaça constante do bloqueio capitalista, de outras formas de pressão econômica, a intervenção armada e a restauração. A única garantia de uma vitória definitiva do socialismo, isto é, garantia contra a restauração, está, por conseguinte, na revolução socialista vitoriosa numa série de países. Disto não se conclui, de forma alguma, que seja impossível a construção de uma sociedade totalmente socialista num país tão atrasado, como a Rússia, sem o "auxílio estatal" (O grifo é meu — J. St.) (Trotski) de países mais desenvolvidos no sentido técnico e econômico. É parte constituinte da teoria trotskista da revolução permanente a afirmação de que um "autêntico surto da economia socialista na Rússia só se tornará possível após a vitória do proletariado nos países mais importantes da Europa" (Trotski, 1922) — afirmação que condena o proletariado da URSS a se manter, no momento atual, numa passividade fatalista. O camarada Lênin escreveu contra "teorias" desse gênero: "É extremamente ridículo o argumento de que lançam mão e que aprenderam de cor por ocasião do desenvolvimento da social-democracia da Europa Ocidental e que consiste em que ainda não progredimos o suficiente para alcançarmos o socialismo e que entre nós não há, segundo a expressão de diferentes categorias desses "sábios" senhores, as premissas econômicas objetivas para o socialismo" (Notas sobre Sukanov)". (Resoluções da XIV Conferência do P. C. (b) da Rússia "Sobre as Tarefas da Internacional Comunista e do PC (b) da Rússia em relação ao pleno ampliado do Comitê Executivo da Internacional Comunista")(57).
Vemos que as resoluções da XIV Conferência constituem uma exposição exata das teses fundamentais do leninismo sobre a questão da possibilidade da construção do socialismo em nosso país.
Vemos pela resolução que o trotskismo é qualificado de contraposição ao leninismo e uma série de teses da resolução parte da negação franca das bases do trotskismo.
Vemos que a resolução reflete inteiramente as questões que surgem novamente agora em relação ao problema da construção de uma sociedade socialista em nosso país.
Todos vós sabeis que meu informe foi organizado na base das diretivas apresentadas por esta resolução.
Deveis vos lembrar de que eu mencionei especialmente, em meu informe, as resoluções da XIV Conferência que acusam Kamenev e Zinoviev e acusei Kamenev e Zinoviev de infração a essa resolução e de se afastarem dessa resolução.
Por que, portanto, Kamenev e Zinoviev não tentaram destruir essa acusação?
Qual é o segredo dessa sua atitude?
O segredo está em que Kamenev e Zinoviev já de há muito repudiaram essa resolução e, ao repudiá-la — passaram-se para o campo do trotskismo.
Porque uma das duas:
Ou a resolução da XIV Conferência não é leninista — e então Kamenev e Zinoviev, já que votaram a favor desta resolução, não eram leninistas;
Ou esta resolução é leninista — e então Kamenev e Zinoviev, após haverem repudiado esta resolução, deixaram de ser leninistas.
Alguns oradores afirmaram aqui (inclusive, ao que parece, Rizie) que não foram Kamenev e Zinoviev que se passaram para o trotskismo, mas, pelo contrário, foi Trotski quem se aproximou de Zinoviev e Kamenev. Tudo isso são disparates, camaradas. O fato de Kamenev e Zinoviev repudiarem a resolução da XIV Conferência constitui um testemunho direto de que foram precisamente Kamenev e Zinoviev que se passaram para o campo do trotskismo.
Assim sendo:
Quem repudiou a linha leninista na questão da construção do socialismo na URSS, formulada na resolução da XIV Conferência do PC (b) da Rússia?
Conclui-se que foram Kamenev e Zinoviev.
Quem "substituiu a perspectiva revolucionária internacional" pelo trotskismo?
Conclui-se que foram Kamenev e Zinoviev.
Se hoje Kamenev faz alarde ao se referir ao "nacional-reformismo" de nosso Partido é porque tenta com isso desviar a atenção dos camaradas em relação à sua apostasia e procura descarregar nos ombros dos outros a sua própria responsabilidade.
Eis porque a "manobra" de Kamenev em relação ao "nacional-reformismo" de nosso Partido é um estratagema, estratagema inábil e estúpido que visa, com a sua gritaria sobre o "nacional-reformismo" de nosso Partido, mascarar o seu repúdio à resolução da XIV Conferência, o seu repúdio ao leninismo e a sua passagem para o campo do trotskismo.
AFIRMEI no meu informe que a base política do socialismo já se acha criada entre nós, isto é, a ditadura do proletariado. Afirmei que ainda falta muito para criarmos a base econômica do socialismo e ainda é necessário que a criemos. Afirmei, mais adiante, que em vista disso a questão se apresenta da seguinte maneira: temos a possibilidade de construir, com as nossas próprias forças, a base econômica do socialismo em nosso país? Afirmei, finalmente, que, se traduzirmos esse problema para a linguagem de classe, ele assumirá então o seguinte aspecto: temos ou não temos a possibilidade de superar, com as nossas próprias forças, a nossa burguesia soviética?
Trotski afirma em seu discurso que, ao falar sobre a superação da burguesia da URSS eu tinha em mente a sua superação política. Evidentemente que isto não é verdade. Trata-se de uma manifestação da paixão que Trotski tem pelo fraccionismo. Pela leitura do meu informe torna-se evidente que, ao falar sobre a superação da burguesia da URSS, eu queria me referir à sua superação no sentido econômico, uma vez que politicamente ela já foi superada.
O que significa superar economicamente a burguesia da URSS? Ou, em outras palavras: o que significa criar a base econômica do socialismo na URSS?
"Criar a base econômica do socialismo — significa ligar estreitamente a agricultura à indústria socialista numa única e indivisível economia, submeter a agricultura à direção da indústria socialista, organizar as relações entre a cidade e o campo na base da troca de produtos da agricultura e da indústria, fechar e liquidar todos os canais com a ajuda dos quais se originam as classes e se origina, em primeiro lugar, o capital e criar, finalmente, condições de produção e de distribuição que conduzam imediata e diretamente à supressão das classes" (Vide informe de Stálin ao VII pleno ampliado do Comitê Executivo da Internacional Comunista).
Foi assim que eu defendi, em meu informe, a essência da base econômica do socialismo na URSS.
Esta definição constitui uma exposição exata da definição da "essência econômica" e da "base econômica" do socialismo apresentada por Lênin no seu conhecido esboço: "O Imposto em Espécie"(58). Se essa definição é justa e se podemos contar com a possibilidade da construção da base econômica do socialismo em nosso país — eis em que se encontra atualmente a questão básica de nossas divergências.
Trotski não se referiu nem de leve a esta questão. Ele simplesmente evitou-a, considerando, evidentemente, que seria mais sensato silenciar a respeito.
Para se constatar que estamos construindo e podemos construir a base econômica do socialismo, basta citar os seguintes fatos:
a) a nossa produção socializada é uma produção unificada em grande escala, enquanto que a produção não nacionalizada é, em nosso país, uma produção em pequena escala e dispersa, sabendo-se que é um fato indiscutível a superioridade da grande produção, além do mais unificada, sobre a pequena produção;
b) a nossa produção socializada já dirige e começa a submeter a si a pequena produção, quer se trate da pequena produção urbana ou da pequena produção agrícola;
c) na frente da luta dos elementos socialistas de nossa economia contra os elementos capitalistas, é inegável a superioridade de forças dos primeiros em relação aos segundos, sendo que aqueles progridem ininterrupamente e superam os elementos capitalistas de nossa economia tanto no setor da produção como no setor da circulação.
Já não falo de outros fatores que conduzem à vitória dos elementos socialistas de nossa economia sobre os elementos capitalistas.
Que motivos há para se supor que o processo de superação dos elementos capitalistas de nossa economia não continuará também doravante?
Trotski afirmou em seu discurso:
"Stalin diz que estamos realizando a construção do socialismo, isto é, estamos conseguindo a supressão das classes e do Estado, isto é, estamos superando a nossa burguesia. Sim, camaradas, mas o Estado precisa de um exército para se defender dos inimigos externos". (Esta citação é feita na base do texto colhido pela taquigrafia — J. St.).
O que significa isso? Qual é o sentido desta citação? Desta citação só se pode tirar uma conclusão: uma vez que a construção da base econômica do socialismo significa a supressão das classes e do Estado e uma vez que necessitamos, não obstante, de um exército para a defesa da pátria socialista, sendo que é impossível existir um exército sem o Estado (como o pensa Trotski) — então chega-se à conclusão de que não podemos construir a base econômica do socialismo até que desapareça a necessidade da defesa armada da pátria socialista.
Trata-se, camaradas, de uma miscelânea de todos os conceitos. Isso porque aqui se entende, por Estado, somente o aparelho de defesa armada da sociedade socialista, o que é absurdo, porque o Estado é, em primeiro lugar, a arma de uma classe contra as demais classes e torna-se compreensível por si mesmo que, assim que desaparecerem as classes também não poderá haver Estado. Porque o exército de defesa da sociedade socialista não se concebe aqui sem a existência do Estado, o que além do mais é absurdo, uma vez que teoricamente pode-se admitir perfeitamente uma tal situação da sociedade em que não haja classes, nem Estado, mas o povo armado que defende a sua sociedade sem classes dos inimigos externos. A sociologia nos apresenta muito exemplos de sociedades, na história da humanidade que não tinham classes, não tinham Estado mas se defendiam, desta ou daquela forma, dos seus inimigos externos. O mesmo se pode dizer da futura sociedade sem classes que, não possuindo classes nem Estado, pode contudo possuir uma milícia socialista indispensável para a sua defesa em face dos seus inimigos externos. Considero pouco provável que as coisas possam chegar entre nós a uma tal situação, uma vez que não há nenhuma dúvida de que os êxitos da construção socialista em nosso país e, tanto mais, a vitória do socialismo e a supressão das classes — são fatos de tão grande significação histórica e mundial que não podem deixar de provocar um poderoso impulso dos proletários dos países capitalistas no sentido do socialismo e que não podem deixar de provocar explosões revolucionárias nos outros países. Mas teoricamente é perfeitamente admissível uma tal condição da sociedade em que seja concebível a existência de uma milícia socialista sem a existência das classes e do Estado.
Esta questão, aliás, se acha esclarecida, até um certo ponto, no programa de nosso Partido. Eis o que o mesmo afirma a respeito:
"O Exército Vermelho, como arma da ditadura do proletariado, precisa de ter um caráter nitidamente de classe, isto é, formar-se exclusivamente do proletariado e das camadas semi-proletárias do campesinato que lhe são próximas. É somente em consequência da supressão das classes que um exército de classe desse tipo se transforma em milícia socialista de todo o povo". (O grifo é meu — J. St.) (Vide Programa do PC (b) da URSS)(59).
Trotski, evidentemente, se esqueceu deste ponto de nosso programa.
Trotski falou, em seu discurso, da dependência de nossa economia nacional em relação à economia capitalista mundial e afirmou que "do comunismo de guerra isolado passamos cada vez mais à união orgânica com a economia mundial".
Conclui-se, assim, que nossa economia nacional, com a sua luta entre os elementos capitalistas e socialistas, une-se organicamente à economia capitalista mundial. Falo sobre a economia capitalista mundial, uma vez que não existe outra economia mundial no momento atual.
Isto não é verdade, camaradas. É evidentemente um absurdo. Trata-se de uma manifestação da tendência fraccionista de Trotski.
Ninguém nega que existe uma dependência de nossa economia nacional em relação à economia capitalista mundial. Ninguém negou ou nega este fato, assim como ninguém nega o fato de que existe uma dependência de cada país e cada economia nacional, inclusive a economia nacional americana, em relação à economia capitalista mundial. Mas essa dependência é recíproca. Não apenas a nossa economia dependas países capitalistas, mas também os países capitalistas dependem de nossa economia, de nosso petróleo, de nosso trigo, de nossa madeira, finalmente, de nosso imenso mercado. A "Standard Oil", digamos nos abre créditos. Dispomos também de créditos entre os capitalistas alemães. Mas não é por nossos belos olhos que esses créditos nos são concedidos, mas pelo lato de que os países capitalistas necessitam de nosso petróleo, de nosso trigo e de nosso mercado para escoamento de parte do equipamento que fabricam. Não se pode esquecer o fato de que o nosso país representa uma sexta parte do mundo, representa um imenso mercado de escoamento e os países capitalistas não podem dispensar determinadas ligações com o nosso mercado. Tudo isso representa a dependência dos países capitalistas em relação à nossa economia. Essa dependência é recíproca.
Isso significa que a dependência de nossa economia nacional em relação aos países capitalistas exclui a possibilidade da construção da economia socialista em nosso país? Sem dúvida que não significa isso. Apresentar a economia socialista como absolutamente fechada e absolutamente independente em relação às economias nacionais que a circundam — significa afirmar uma estupidez. Pode-se afirmar que a economia socialista não terá absolutamente nenhuma exportação e importação, não importará os produtos que faltam ao país e, em consequência disto, exportará os seus produtos? Não, não se pode afirmá-lo. E o que representa a exportação e a importação? É a expressão da dependência de determinados países em relação a outros. É uma expressão de dependência recíproca.
O mesmo se aplica aos países capitalistas de nossa época. Não se pode citar qualquer país que não possua exportação e importação. Consideremos a América, que é o pais mais rico entre todos os países do mundo. Pode-se afirmar que os atuais países capitalistas, digamos, a Inglaterra ou a América, sejam países absolutamente independentes? Não, não se pode afirmá-lo. E por que? Porque dependem da exportação e da importação, dependem da matéria prima de outros países (a América se acha em dependência, por exemplo, da borracha e outras espécies de matéria prima), dependem dos mercados de escoamento, onde colocam as suas máquinas e outras espécies de mercadorias manufaturadas.
Isso significa que se não há países absolutamente independentes, então por isso mesmo se exclui a independência das economias nacionais isoladas? Não, não quer dizer isso. O nosso país depende de outros países da mesma forma que outros países dependem de nossa economia nacional mas isso ainda não significa que nosso pais perdeu, por isso mesmo, ou perde a sua independência, que não pode defender a sua independência e que deva se transformar num parafuso da economia capitalista internacional. É preciso distinguir entre a dependência de uns países em relação a outros e a independência econômica desses países. A negação da independência absoluta das unidades econômicas nacionais isoladas ainda não significa e não pode significar a negação da independência econômica destas unidades.
Mas Trotski não fala apenas da dependência de nossa economia nacional. Ele transforma esta dependência na união orgânica econômica com a economia capitalista mundial. Mas o que quer dizer a união orgânica de nossa economia nacional com a economia capitalista mundial? Quer dizer a sua transformação em apêndice do capitalismo mundial. Mas será que nosso país é um apêndice do capitalismo mundial? Sem dúvida que não! Trata-se de uma estupidez, camaradas. Isso não é sério.
Se isso fosse verdade não teríamos então qualquer possibilidade de defender a nossa economia socialista, o nosso monopólio do comércio exterior, o nosso transporte nacionalizado, o nosso crédito nacionalizado e a nossa direção planificada da economia.
Se isso fosse verdade então já teríamos enveredado pelo caminho da degeneração de nossa indústria socialista em indústria capitalista comum.
Se isso fosse verdade não teríamos êxitos na frente da luta dos elementos socialistas de nossa economia contra os elementos capitalistas.
Trotski afirmou, em seu discurso, que "na realidade nós nos encontraremos sempre sob o controle da economia mundial".
Conclui-se, dessa forma, que a nossa economia nacional se desenvolverá sob o controle da economia capitalista mundial, uma vez que não existe atualmente no mundo outra economia mundial, além da capitalista.
Isso é verdade? Não, não o é. Trata-se de um sonho dos tubarões capitalistas que nunca será realizado.
O que é o controle da economia capitalista mundial? O controle na boca dos capitalistas não é uma palavra sem sentido. O controle na boca dos capitalistas é algo real.
O controle capitalista significa, em primeiro lugar, o controle financeiro. Mas acaso os nossos bancos não estão nacionalizados e acaso eles trabalham sob a direção dos bancos capitalistas europeus? O controle financeiro significa a implantação em nosso país de filiais dos grandes bancos capitalistas e significa a formação dos chamados bancos "anônimos". Mas por acaso, há bancos dessa espécie entre nós? Sem dúvida que não! E não somente não há mas também nunca os haverá enquanto viver o Poder Soviético.
O controle capitalista significa o controle sobre a nossa indústria, a desnacionalização de nossa indústria socialista e a desnacionalização de nosso transporte. Mas acaso a nossa indústria não se acha nacionalizada e acaso ela não progride justamente como indústria nacionalizada? Acaso se pretende desnacionalizar uma que seja das empresas nacionalizadas?
No que me diz respeito, não conheço as propostas que Trotski possa ter para apresentar ao Comissariado para as Concessões. (Risos). Mas não se pode duvidar de que não haverá lugar no nosso país para a existência de desnacionalizadores, enquanto viver o Poder Soviético.
O controle capitalista significa o direito de dispor de nosso mercado e significa a liquidação do monopólio do comércio exterior. Sei que os capitalistas do Ocidente deram com o nariz na porta por mais de uma vez ao tentarem romper a couraça do monopólio do comércio exterior. Sabe-se que o monopólio do comércio exterior é o escudo e a muralha de nossa jovem indústria socialista. Mas será que os capitalistas já puderam conseguir êxitos na questão da liquidação do monopólio do comércio exterior? Acaso é difícil compreender que enquanto existir o Poder Soviético o monopólio do comércio exterior será mantido e progredirá apesar de todos os obstáculos.
O controle capitalista significa, finalmente, o controle político, o aniquilamento da independência política de nosso país, a adaptação das leis do país aos interesses e gostos da economia capitalista internacional. Mas acaso o nosso país não é um país politicamente independente? Acaso as nossas leis não são ditadas pelos interesses do proletariado e das massas trabalhadoras de nosso país? Por que não se citam os fatos, um que seja, que demonstrem a perda da independência política de nosso país? Que tentem fazê-lo.
É isso o que significa o controle capitalista, se, está claro, queremos nos referir ao controle real e não tagarelar à toa a propósito de um controle qualquer, sem eficiência.
Se se trata desse controle capitalista real — e só pode se tratar desse controle, uma vez que apenas maus literatos podem se entregar à uma conversa fiada a propósito de um controle qualquer, ineficiente — então devo declarar que não há e nunca haverá entre nós um controle dessa espécie enquanto viver o nosso proletariado e enquanto existir entre nós um Poder Soviético. (Aplausos).
Trotski afirmou em seu discurso:
"Trata-se de construir um Estado socialista isolado dentro do cerco da economia capitalista mundial. Isso só poderá ser conseguido se as forças produtivas desse Estado isolado forem mais poderosas do que as forças produtivas do capitalismo uma vez que somente considerando-se a perspectiva não de um ano ou de dez anos, mas de meio século e até mesmo de um século é que se pode consolidar o Estado e a nova forma social cujas forças produtivas sejam mais poderosas do que as forças produtivas do velho sistema social" (Vide o texto taquigrafado do discurso de Trotski perante o VII Pleno Ampliado da Comissão Executiva da Internacional Comunista).
Conclui-se, assim, que serão necessários uns cinquenta ou mesmo cem anos para que o sistema socialista de economia demonstre na prática a sua superioridade, em relação ao sistema capitalista de economia, do ponto de vista do desenvolvimento das forças produtivas.
Isso não é verdade, camaradas. Trata-se de uma miscelânea de todos os conceitos e perspectivas.
Para que o sistema feudal de economia demonstrasse a sua superioridade em relação ao sistema escravagista de economia foram necessários, ao que parece, cerca de duzentos anos, se não menos. E não poderia ser de outra forma, uma vez que o ritmo de desenvolvimento era então extremamente lento e a técnica de produção era mais do que primitiva.
Para que o sistema burguês de economia demonstrasse a sua superioridade em relação ao sistema feudal de economia foram necessários cerca de cem anos ou menos. Já no seio da sociedade feudal o sistema burguês de economia demonstrou que ele era superior, muito superior ao sistema feudal de economia. As diferenças de prazo aqui se explicam pelo ritmo mais rápido de desenvolvimento e pelo maior desenvolvimento da técnica do sistema burguês de economia.
Desde então a técnica atingiu êxitos sem precedentes e o ritmo de desenvolvimento se tornou verdadeiramente assombroso. Pergunta-se: que base tem Trotski para supor que o sistema socialista de economia exige, para demonstrar sua superioridade sobre o sistema capitalista de economia, cerca de cem anos?
Acaso o fato de que à frente de nossa produção não se encontrarão parasitas, mas os próprios produtores — acaso este fato não constitui o mais poderoso fator de que o sistema socialista de economia terá todas as probabilidades para fazer avançar a economia a passos de gigante e demonstrar a sua superioridade sobre o sistema capitalista de economia num prazo mais curto?
Acaso não é fato que a economia socialista é a economia mais unificada e concentrada e que a economia socialista é dirigida por um plano, acaso esse fato não demonstra que a economia socialista terá todos os elementos positivos para demonstrar a sua superioridade, em prazo relativamente curto, sobre o sistema capitalista de economia, dilacerado pelas contradições internas e minado pelas crises? Não se torna claro, depois de tudo isso, que operar aqui com uma perspectiva de cinquenta a cem anos — significa padecer de uma fé supersticiosa de pequeno-burguês timorato no todo-poderoso sistema capitalista de economia? (Vozes: "Muito bem!")
E que conclusões tiramos daí? Essas conclusões são duas.
Primeiro. Nas suas réplicas sobre a questão da construção do socialismo em nosso país Trotski abandonou a sua velha base de polêmica e passou-se para uma nova base. Anteriormente a oposição replicava partindo do ponto de vista das contradições internas, do ponto de vista das contradições entre o proletariado e o campesinato, considerando essas contradições insuperáveis. Agora Trotski frisa as contradições externas, as contradições existentes entre a nossa economia nacional e a economia capitalista mundial, considerando estas contradições insuperáveis. Se anteriormente Trotski julgava que as maiores dificuldades para a construção socialista em nosso país eram representadas pelas contradições entre o proletariado e o campesinato, agora ele muda de frente, passa-se para uma nova base de crítica à posição do Partido e afirma que o maior obstáculo para a construção socialista se encontra nas contradições entre o nosso sistema de economia e a economia capitalista mundial. Com isso ele reconheceu na realidade a inconsistência dos velhos argumentos da oposição.
Segundo. Verifica-se que o recuo de Trotski é um recuo para o labirinto, para o pântano. Trotski, na realidade, recuou direta e abertamente em direção à Sukanov. No que consistem, em essência, os "novos" argumentos de Trotski? Consistem em que, em vista de nosso atraso econômico nós ainda não alcançamos o socialismo e que não há entre nós premissas objetivas para a construção de uma economia socialista e que a nossa economia nacional em vista disso, se transforma e deve se transformar em apêndice da economia capitalista mundial, numa unidade econômica sob o controle do capitalismo mundial.
Mas isto é sukanovismo, sukanovismo claro e sem nenhum disfarce.
A oposição resvalou até o menchevique Sukanov, até sua posição de completa negação de possibilidade de uma construção socialista vitoriosa em nosso país.
QUE construímos o socialismo em aliança com o campesinato, isso, ao que parece, é um fato que a nossa oposição não se decide a negar. Construímos realmente o socialismo em aliança com o proletariado mundial — isso a oposição quer pôr em dúvida. Alguns oposicionistas afirmam até mesmo que o nosso Partido subestima a significação dessa aliança. E um deles, Kamenev, chegou mesmo a tal extremo que se pôs a acusar o Partido de nacional-reformismo e de substituir a perspectiva revolucionária internacional pela perspectiva nacional-reformista.
Trata-se de uma estupidez, camaradas. Uma rematada estupidez. Somente os loucos podem negar a grandiosa significação da aliança dos proletários de nosso país com os proletários de todos os demais países na tarefa da construção do socialismo. Somente os loucos podem acusar o nosso Partido de subestimar a questão da aliança dos proletários de todos os países. É somente em aliança com o proletariado mundial que se pode construir o socialismo em nosso país.
Toda a questão está em se compreender o sentido dessa aliança.
Quando os proletários da URSS tomaram o poder em Outubro de 1917 — isso representou uma ajuda aos proletários de todos os países e isso representou uma aliança com os mesmos.
Quando os proletários da Alemanha iniciaram a revolução em 1918 — isso representou uma ajuda aos proletários de todos os países e particularmente aos proletários da URSS e isso representou uma aliança com o proletariado da URSS.
Quando os proletários da Europa Ocidental faziam fracassar as tentativas de intervenção na URSS, não transportavam armamento para os generais contra-revolucionários, organizavam comitês de ação e minavam as retaguardas de seus capitalistas — isso representou uma ajuda aos proletários da URSS, isso representou uma aliança dos proletários da Europa Ocidental com os proletários da URSS. Sem uma tal simpatia e sem esse apoio da parte dos proletários dos países capitalistas não teríamos ganho a guerra civil.
Quando os proletários dos países capitalistas enviam a nós toda uma série de delegações, observam a nossa construção e depois fazem propaganda sobre os êxitos de nossa construção por toda a Europa operária — isso representa uma ajuda aos proletários da URSS, representa um grande apoio aos proletários da URSS, representa a aliança com os proletários da URSS e um freio a uma possível intervenção imperialista em nosso país. Sem esse apoio e sem esse freio não teríamos hoje uma "trégua" e sem essa 'trégua" não teríamos um grande trabalho de construção do socialismo em nosso país.
Quando os proletários da URSS fortalecem a sua ditadura, liquidam a desorganização econômica, desenvolvem um trabalho de construção e conseguem êxitos na tarefa da construção do socialismo — então isso representa uma grande ajuda aos proletários de todos os paises, sua luta contra o capitalismo e sua luta pelo poder, isto porque a existência da República Soviética, a sua firmeza e seus êxitos na frente da construção socialista constituem o mais grandioso fator da revolução mundial que encoraja os proletários de todos os países na sua luta contra o capitalismo. Não há nenhuma dúvida de que para o aniquilamento da República Soviética se alinharia a mais negra e feroz reação de todos os países capitalistas.
A força de nossa revolução e a força do movimento revolucionário dos países capitalistas está neste apoio recíproco e nesta aliança dos proletários de todos os paises.
Tais são as diversas formas da aliança dos proletários da URSS com o proletariado mundial.
O erro da oposição está em que ela não compreende ou não reconhece estas formas de aliança. A desgraça da oposição esta em que ela reconhece apenas uma forma de aliança, a forma que se manifesta no "apoio estatal direto" ao proletariado da URSS pelos proletários da Europa Ocidental, isto é, uma forma que infelizmente ainda não é aplicada e, ao mesmo tempo, a oposição coloca em completa dependência desse apoio futuro o destino da construção socialista na URSS.
A oposição pensa que somente reconhecendo uma tal forma de apoio é que o Partido pode manter uma "perspectiva revolucionária internacional''. Mas eu já afirmei que em caso de demora da revolução mundial uma tal posição só pode conduzir a incessantes concessões de nossa parte aos elementos capitalistas de nossa economia, e, no final das contas, a capitulação e à derrota.
Conclui-se, dessa forma, que o apoio estatal direto do proletariado da Europa proposto pela oposição como a única forma de aliança com o proletariado mundial, constitui, no caso de demora de revolução mundial, uma máscara para o capitulacionismo.
A "perspectiva revolucionária internacional" de Kamenev como máscara do capitulacionismo — eis, evidentemente, o sentido em que se orienta Kamenev.
Por isso não pode deixar de causar admiração a ousadia com que Kamenev se manifestou aqui ao acusar o nosso Partido de nacional-reformismo.
De onde surgiu — não se pode empregar um qualificativo mais suave — essa ousadia de Kamenev que nunca se distinguiu entre nós nem pelo revolucionarismo nem pelo internacionalismo?
De onde surgiu essa ousadia de Kamenev que sempre foi entre nós um bolchevique entre mencheviques e um menchevique entre bolcheviques? (Risos).
Onde conseguiu essa ousadia Kamenev que Lênin, com toda razão, chamava em sua época de "fura-greve" da Revolução de Outubro?
Kamenev deseja saber se o proletariado da URSS é internacionalista. Devo declarar que o proletariado da URSS não necessita de um atestado do "fura-greve" da Revolução de Outubro.
Desejais saber da medida do internacionalismo do proletariado da URSS? Perguntai aos operários ingleses, perguntai aos operários alemães (tempestuosos aplausos), perguntai aos operários chineses — e eles vos dirão do internacionalismo do proletariado da URSS.
ASSIM podemos considerar provado que a oposição se mantém no ponto de vista da negação direta da possibilidade da construção vitoriosa do socialismo em nosso país.
Mas a negativa da possibilidade de uma construção vitoriosa do socialismo conduz à perspectiva da degeneração do Partido e a perspectiva da degeneração conduz, por sua vez, ao afastamento do poder e à questão da formação de um outro Partido.
Trotski fingiu que não pode tratar dessa questão com seriedade Trata-se de um subterfúgio.
Não pode haver dúvida de que se não podemos construir o socialismo e a revolução demora a surgir nos outros países, ao mesmo tempo em que, entre nós, aumenta o capital assim como aumenta a "ligação orgânica" de nossa economia nacional com a economia capitalista mundial — então, do ponto de vista da oposição, só se pode chegar a duas conclusões:
a)ou nos mantemos no poder e realizamos uma política de democracia burguesa, participamos de um governo burguês e praticamos, por conseguinte, o "mileranismo";
b) ou nos afastamos do poder afim de evitar a nossa degeneração e formamos, ao lado do Partido oficial, um novo Partido, o que particularmente a nossa oposição, em essência, se esforçava e ainda continua a se esforçar para consegui-lo.
A teoria de dois Partidos ou a teoria de um novo Partido é o resultado direto da negação da possibilidade da construção vitoriosa do socialismo, o resultado direto da perspectiva da degeneração.
Tanto esta quanto aquela conclusão conduzem ao capitulacionismo e ao derrotismo.
Como se apresentava a questão na época da guerra civil? A questão se apresentava da seguinte maneira: se não soubéssemos organizar um exército e fazer frente ao inimigo, a ditadura do proletariado cairia e perderíamos o poder. A guerra se apresentava, então, em primeiro plano.
Como se apresenta a questão agora, quando terminou a guerra civil e as tarefas da construção econômica se colocaram em primeiro plano? Atualmente questão se apresenta da seguinte maneira: se não podemos construir uma economia socialista, então a ditadura do proletariado, ao fazer concessões cada vez mais sérias à burguesia, deverá degenerar e se arrastar à reboque da democracia burguesa.
Podem os comunistas concordar em pôr em prática uma política burguesa com ditadura do proletariado que se degenera?
Não, não podem não devem.
Daí solução: afastarmo-nos do poder e criarmos um novo Partido depois de termos aberto caminho à restauração do capitalismo.
O capitulacionismo, como resultado natural posição atual do bloco oposicionista — essa é conclusão.
continua>>>Notas:
(54) Idem, tomo XXIV, pg. 510. (retornar ao texto)
(55) V. I. Lênin— "Obras Escogidas", tomo IV, pg. 700, Editorial Problemas, B. Aires. (retornar ao texto)
(56) V. I. Lênin — Obras, tomo XXVI, pg. 46, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)
(57) "O P. C (b) da URSS nas Resoluções e Decisões dos Congressos, Conferências e Plenos do C.C., pgs. 25-31, edição russa, 1941, Moscou. (retornar ao texto)
(58) Refere-se ao "Plano e Sumário do folheto "O Imposto em Espécie". (retornar ao texto)
(59) "O PC (b) da URSS nas Resoluções e Decisões dos Congressos, Conferências e Plenos do CC, parte I, pgs. 281-295, ediçáo russa, Moscou. (retornar ao texto)
Inclusão | 12/11/2008 |