Primeira publicação: “Rabótchi Put” (“O Caminho Operário”), n.° 32. 10 de outubro de 1917. Artigo não assinado.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 357-359.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
HTML: Fernando Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Há alguns meses Kornílov, enquanto projetava a supressão dos soviets e organizava a ditadura militar, decidia concomitantemente criar o Antiparlamento “democrático”.
Com que fim?
Com o fim de mascarar através do Antiparlamento a natureza contrarrevolucionária da sua aventura e enganar o povo sobre as verdadeiras finalidades das “reformas” kornilovistas.
Após a “liquidação” da revolta de Kornílov, Kerenski e os cadetes, Tchernov e os industriais moscovitas, organizando uma “nova” ditadura de coalizão da burguesia, decidiram ao mesmo tempo dar vida ao Antiparlamento de Kornílov.
Talvez para lutar contra os soviets? Talvez para desmascarar a aventura de Kerenski que se distingue bem pouco da de Kornílov? Avkséntiev assegura que o Antiparlamento foi criado para “salvar a pátria”. Tchernov “desenvolve” a afirmação de Avkséntiev, assegurando que o Antiparlamento tem por objetivo “salvar o Pais e a república”. Mas Kornílov também pensava em salvar o país e a república” instaurando a ditadura militar e mascarando-a com o Antiparlamento. Em que se distingue a “salvação” propugnada por Avkséntiev e por Tchernov da propugnada por Kornílov?
Com que fim portanto foi criado o chamado Antiparlamento, esse atual aborto kornilovista?
Ouçamos um dos primeiros artífices do Antiparlamento, o senhor Adjemov, membro do Comitê Central do partido cadete, ex-membro do comitê provisório da Duma de Estado, atualmente membro do Antiparlamento. Ouvi-lo-emos porque é mais sincero que os outros:
“A primeira tarefa do Antiparlamento deve ser a de dar uma base segura ao governo, de dar-lhe o poder que agora certamente não possui.”
Mas por que o governo precisa desse “poder”? Contra quem esse poder deve ser dirigido?
Ouça-se mais ainda:
“A questão principal — disse Adjemov — consiste em saber se o Antiparlamento conseguirá passar pela prova, se estará em condições de dar a devida resposta aos Soviets dos Deputados Operários e Soldados. É fora de dúvida que Soviet e Antiparlamento são órgãos contrapostos, e, sem dúvida, dentro de dois meses essas mesmas organizações contrapor-se-ão de novo na Assembleia Constituinte. Se o Antiparlamento passar no exame, então poder-se-á organizar bem o trabalho” (vide o “Dién” de domingo).
Eis de que se trata! Eis algo de sincero e, se quiserdes, de honesto!
O Antiparlamento confere o “poder” ao governo para “dar uma resposta aos soviets”, uma vez que o Antiparlamento, e somente ele, pode ser “contraposto” aos soviets.
Agora saberemos que o Antiparlamento foi criado não para “salvar o país”, mas para lutar contra os soviets. Agora saberemos que os mencheviques e os social-revolucionários, trânsfugas da democracia, refugiaram-se no Antiparlamento não para “salvar a revolução”, mas para ajudar a burguesia na luta contra os soviets. Não é por acaso que eles travam uma luta desesperada contra o Congresso dos Soviets.
“Se o Antiparlamento passar na prova, então se poderá organizar bem o trabalho”, espera o senhor Adjemov.
Os operários e os soldados tomarão todas as medidas para que o aborto kornilovista não “ passe na prova” e o seu sujo “trabalho” reacionário não “se organize” bem.