Primeira publicação: "Rabótchi Put", (“O Caminho Operário”) n.° 28. 5 de outubro de 1917. Editorial.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 351-353.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
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Enquanto os tagarelas conciliadores deitam discursos sobre o Antiparlamento e seus companheiros de viagem arremetem contra os bolcheviques que, segundo eles, sabotariam a Assembleia Constituinte, os agentes da contrarrevolução já estão medindo suas forças para fazê-la realmente fracassar.
Há cerca de uma semana os chefes dos “cossacos do Don” propuseram o adiamento das eleições para a Assembleia Constituinte porque “a população não está preparada.”
Dois dias após essa declaração o Dién, íntimo colaborador do Riétch, jornal dos cadetes, deixava escapar que “a onda de desordens no campo... pode tornar necessário o adiamento das eleições para a Assembleia Constituinte.”
E ontem chegou pelo telégrafo a notícia de que as “personalidades públicas” de Moscou, as mesmas que agora dirigem o governo provisório, “julgam também que é impossível” realizar as eleições para a Assembleia Constituinte.
“N. N. Lavrov, membro da Duma de Estado, declarou que atualmente, por considerações técnicas e políticas, é impossível realizar as eleições, com a anarquia que reina no país. E Kuzmín-Karavaiev acrescentou que o governo não está preparado para a Assembleia Constituinte, que não foi elaborado nenhum projeto de lei.”
Evidentemente a burguesia não quer que se realizem as eleições para a Assembleia Constituinte.
Agora, no momento em que a burguesia reforçou suas posições no governo provisório, criando para si uma máscara “democrática” com o Antiparlamento contrarrevolucionário, é evidente que ela se considera bastante forte para “adiar” mais uma vez a Assembleia Constituinte.
Que podem opor a esse perigo os senhores conciliadores do Izvéstia e do Dielo Naroda?
Que podem opor ao governo provisório, se este “ouvindo a voz do país” e seguindo as pegadas das “personalidades públicas”, adiar as eleições para a Assembleia Constituinte?
Talvez o famoso Antiparlamento? Mas o Antiparlamento, criado segundo os planos de Kornílov e destinado a esconder as chagas do governo de Kerenski, foi criado justamente para substituir a Assembleia Constituinte no caso de que esta fosse adiada. Que contribuição pode trazer esse aborto kornilovista à luta pela Assembleia Constituinte?
Talvez o decrépito Comitê Executivo Central? Mas de que autoridade pode gozar esse organismo desligado das massas, que prefere lançar-se ora contra os ferroviários ora contra os soviets?
Talvez a “grande revolução russa” sobre a qual perora de maneira tão desagradavelmente falsa o Dielo Naroda? Mas os próprios sabichões do Dielo Naroda dizem que a revolução é incompatível com a Assembleia Constituinte (“ou a revolução, ou a Assembleia Constituinte!”). Que força podem ter as frases vazias sobre a “potência da revolução” na luta pela Assembleia Constituinte?
Onde está pois a força que poderá ser oposta às tentativas contrarrevolucionárias da burguesia?
Essa força está na revolução russa que se desenvolve. Os conciliadores não acreditam nela. Mas isso não impede essa força de crescer, conquistando o campo e varrendo as bases do poder dos latifundiários.
Os mencheviques e os social-revolucionários, lutando contra o Congresso dos Soviets(1) e reforçando o Antiparlamento kornilovista, ajudam a burguesia a sabotar a Assembleia Constituinte. Mas saibam eles que seguindo esse caminho deverão ajustar contas com a revolução que está se desenvolvendo.
Notas de fim de tomo:
(1) O II Congresso dos Soviets dos Deputados Operários o Soldados de Toda a Rússia instalou-se em Petrogrado a 25 de outubro de 1917 com a participação dos delegados dos Soviets dos Deputados Camponeses dos distritos e das governadorias. O Congresso realizou ao todo duas sessões, a 25 e a 26 de outubro. A fração mais numerosa era a bolchevique, composta de 390 delegados. Os mencheviques, os social-revolucionários de direita e os adeptos do Bund, não querendo reconhecer a revolução socialista, abandonaram o Congresso logo após sua instalação. O II Congresso dos Soviets declarou a passagem do poder aos Soviets e constituiu o primeiro governo soviético, o Conselho dos Comissários do Povo. Lênin foi eleito Presidente do Conselho e Stálin Comissário do Povo para os Assuntos das Nacionalidades. (retornar ao texto)