A vitória dos Cadetes

J. V. Stálin

24 de julho de 1917


Primeira publicação: “Rabótchi i Soldat” (“O Operário e o Soldado”), n.° 2. 24 de julho de 1917. Editorial.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 136-138.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
HTML: Fernando Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.


capa

O vaivém dos ministros, ao que parece, ainda não terminou. O comércio entre os cadetes e Kerenski ainda continua. As “combinações” sucedem-se às “combinações”.

Os cadetes entrarão certamente para o governo, visto como tudo sucede conforme suas ordens. É provável que Tchernov fique; Tsereteli, ao que parece, “não o querem” mais. Tsereteli “servia” para desarmar os operários. Uma vez desarmados os operários, seu papel terminou. “O Mouro terminou sua obra: agora pode ir-se embora”.(1) Avkséntiev substituí-lo-á.

Mas por certo não se trata aqui de pessoas. Tchernov, Tsereteli ou qualquer outro da mesma laia, não será talvez a mesma coisa? Quem ignora que esses zimmerwaldianos de meia tigela serviram à causa do imperialismo não menos que os Henderson e os Thomas?(2)

Como disse, aqui não se trata de pessoas.

Trata-se do fato que em todo esse alarido, nessa caça às pastas, etc., em cuja base está a luta pelo poder, levou vantagem a linha dos cadetes, a linha da contrarrevolução na política interna e da “guerra até ao fim” na política externa.

A questão estava pois nestes termos:

Uma terceira solução não existe, e os mencheviques e os social-revolucionários que procuravam o terceiro caminho deviam inevitavelmente fracassar.

Os cadetes, desse ponto de vista, mostraram-se mais sensatos.

O Riétch escreve que é necessário “que o poder rompa resolutamente com as tendências perniciosas do zimmerwaldismo e do socialismo ‘utópico’”.

Em outros termos: a guerra sem reservas, a guerra até ao fim.

“É preciso tirar a conclusão última”, diz Nekrássov na conhecida conferência: ou tomais o poder (ele se dirige ao Soviet), ou dais a outros a possibilidade de tomá-lo.

Em outros termos: ou a revolução ou a contrarrevolução.

Os mencheviques e os social-revolucionários repeliram o caminho revolucionário, o que significa que deviam inevitavelmente ficar ao sabor dos cadetes, ao sabor da contrarrevolução.

Uma vez que marchar com os cadetes significa a segurança do empréstimo interno.

Uma vez que marchar com os cadetes significa obter a amizade do capital aliado, isto é, garantir o empréstimo externo.

E os fundos são tão necessários, dado o esfacelamento existente no interior e sobretudo na frente...

Aqui está toda a essência da “crise”.

Aqui está todo o significado da vitória dos cadetes. O futuro próximo dirá se essa vitória durará por muito tempo.


Notas de fim de tomo:

(1) Palavras de Mulei-Hassan, mouro de Túnis, uma das personagens da tragédia de Friedrich Schiller: "A Conjuração de Fiesco em Gênova", ato III, cena IV. (retornar ao texto)

(2) Arthur Henderson, dirigente do partido trabalhista inglês. Durante a primeira guerra mundial Henderson assumiu uma posição social-chovinista e entrou para o governo de Lloyd George.
Albert Thomas, dirigente do partido socialista francês, social-chovinista, foi ministro durante a primeira guerra mundial. (retornar ao texto)

Inclusão: 18/02/2024