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No começo deste século, o tsarismo era o regime mais retrógrado e mais opressor da Europa. Tratava-se de um poder feudal, medieval, absoluto, que reinava sobre uma população essencialmente camponesa e analfabeta. O campesinato russo vivia no obscurantismo e na miséria mais sombria, em estado crónico de fome. De tempos a tempos explodiam grandes epidemias e revoltas da fome.
Entre 1800 e 1854, o país tinha conhecido 35 anos de escassez; entre 1891 e 1910 houve 13 anos de más colheitas e três anos de fomes.
O camponês trabalhava em pequenas parcelas de terra que eram redistribuídas regularmente e diminuíam de ano para ano. Frequentemente eram estreitas faixas separadas umas das outras por distâncias consideráveis. Um terço das famílias não possuía arados de ferro, um quarto não tinha cavalos nem vacas para trabalhar a terra. A ceifa fazia-se à foice. Em comparação com a França e a Bélgica, a maioria dos camponeses russos vivia em 1900 como no século XIV.(1)
No decurso dos cinco primeiros anos do século XX, houve centenas de revoltas camponesas na parte europeia da Rússia. Castelos e edifícios foram incendiados, proprietários fundiários foram assassinados. Eram sempre lutas locais e a polícia e o exército esmagavam-nas sem piedade. Em 1902, eclodiram em Khárkov e Poltava lutas com uma envergadura que se aproximava da insurreição. No movimento participaram 180 aldeias, 80 domínios senhoriais foram atacados. Comentando as insurreições de Sarátov e Balachov, o comandante militar da região observou:
«Com uma espantosa violência, os camponeses queimaram e destruíram tudo; não ficou um tijolo no lugar. Foi tudo pilhado — o trigo, os armazéns, o mobiliário, os utensílios domésticos, os animais, as chapas de ferro dos telhados — numa palavra, tudo o que podia ser transportado; e o que restou foi atirado às chamas».(2)
Este campesinato miserável e crédulo foi lançado na I Guerra Mundial, durante a qual o tsar, que continuava a ser adorado como um semideus pela maioria dos camponeses, tentou conquistar novos territórios, principalmente em direcção ao Mediterrâneo. Na Rússia, a I Guerra Mundial fez dois milhões e 500 mil mortos, sobretudo entre os camponeses recrutados no exército. À miséria permanente juntaram-se as destruições da guerra e as inúmeras mortes.
Mas nesta Rússia feudal, haviam-se implantado novas forças produtivas desde o final do século XIX. Grandes empresas, caminhos-de-ferro e bancos pertencentes essencialmente ao capital estrangeiro. Explorada de forma feroz, fortemente concentrada, a classe operária, sob o impulso do partido bolchevique, tornou-se a força dirigente no combate antitsarista.
No começo de 1917, a reivindicação principal de todas as forças revolucionárias era o fim da guerra criminosa. Os bolcheviques lançaram duas palavras de ordem dirigidas aos camponeses: paz imediata e distribuição da terra. O velho sistema retrógrado do tsarismo, completamente minado, desabou bruscamente em Fevereiro de 1917 e os partidos que propugnavam um regime burguês mais moderno apoderaram-se das rédeas do poder. Os seus dirigentes estavam sobretudo ligados às burguesias inglesa e francesa que dominavam a coligação anti-alemã.
Logo que o governo burguês foi constituído, para ele entraram, uns após outros, representantes de diferentes partidos «socializantes». A 27 de Fevereiro de 1917, Kérenski era o único «socialista» entre os 11 ministros do novo regime.(3) A 29 de Abril, os socialistas-revolucionários, os mencheviques, os socialistas-populistas e os trabalhistas decidiram entrar para governo.(4) Estas quatro formações pertenciam, grosso modo, ao movimento social-democrata europeu.
A 5 de Maio, Kérenski tornou-se ministro da Guerra e da Marinha. Nas suas memórias, resumiu o programa de todos os seus amigos «socialistas» desta forma:
«Nenhum exército do mundo pode dar-se ao luxo de se questionar sobre o objectivo do combate. Devemos dizer-lhes a verdade simples: “Deveis sacrificar-vos pela salvação da pátria”».(5)
E efectivamente os socialistas enviaram os camponeses e os operários para a carnificina, sacrificarem-se pelos proprietários fundiários e pelo capital. De novo, centenas de milhares de homens foram abatidos.
Neste contexto, os bolcheviques responderam às aspirações profundas das massas operárias e camponesas, organizando a insurreição de 25 de Outubro sob as palavras de ordem: «A terra aos camponeses», «Paz imediata» e «Nacionalização dos bancos e das grandes empresas». A grande Revolução de Outubro, a primeira revolução socialista, foi vitoriosa.
Sobre este fundo histórico, iremos descrever brevemente certos episódios da vida do jovem Stáline, entre 1900 e 1917, que nos permitem compreender melhor o papel que veio a desempenhar mais tarde.
Retomámos alguns elementos da vida de Stáline da obra Stáline, Homem da História, escrita por Ian Grey, que é em nosso entender a sua melhor biografia redigida por um não comunista.(6)
Ióssif Vissariónovich Djugachvíli nasceu em 21 de Dezembro de 1879, em Gori, na Geórgia. Seu pai, Vissárion, sapateiro de ofício, vinha de uma família de camponeses servos. Sua mãe, Ekaterina Gueórguievna Gueládze, era também filha de servos. Os pais de Stáline, pobres e analfabetos, pertenciam ao povo simples. Stáline foi um dos raros dirigentes bolcheviques de origens modestas. Toda a sua vida, esforçou-se por escrever e falar de forma compreensível para os trabalhadores simples.
Durante os cinco anos de escola primária, em Gori, Ióssif Djugachvíli sobressaiu pela sua inteligência e memória excepcional. Quando terminou, em 1894, foi recomendado como «melhor aluno» para entrar no Seminário de Tiblíssi, a mais importante instituição de ensino superior na Geórgia, que era também um centro de oposição ao tsarismo. Em 1893, haviam sido expulsos 87 estudantes por participarem numa greve liderada por Ketskhovéli.(7)
Stáline tinha 15 anos e estava no segundo ano do seminário quando entrou em contacto com círculos marxistas clandestinos. Frequenta uma livraria que pertencia a um certo Chelidze, onde jovens radicais iam ler obras progressistas. Em 1897, o assistente supervisor escreveu uma nota, onde dizia que tinha apanhado Djugachvíli a ler A Evolução Literária das Nações, de Letourneau, que anteriormente o apanhara a ler Os Trabalhadores do Mar e mais tarde Noventa e Três, de Victor Hugo, num total de 13 vezes com livros proibidos.(8)
Em 1897, com 18 anos, Djugachvíli entrou na primeira organização socialista da Geórgia, dirigida por Jordánia, Tchkheídze e Tseretéli, que se tornaram três conhecidos mencheviques. No ano seguinte, Stáline dirigiu um círculo de estudo para operários. Neste momento, Stáline já tinha lido as obras de Plekhánov e os primeiros escritos de Lénine.
Em 1899 foi expulso do Seminário. Assim começava a sua carreira de revolucionário profissional.(9) Na juventude, Stáline deu provas de grande inteligência e possuía uma memória rara; mediante os seus próprios esforços tinha adquirido conhecimentos políticos muito amplos, lendo abundantemente. Para desvalorizar a sua obra, quase todos os autores burgueses reproduzem as invenções de Trótski, que escreveu:
«O alcance dos pontos de vista políticos de Stáline é extremamente limitado. O seu nível teórico é bastante primitivo. Pela sua formação de espírito, este empírico obstinado tem falta de imaginação criadora».(10)
No 1.º de Maio de 1900, Stáline toma a palavra numa concentração ilegal de 500 operários, reunidos nas montanhas em redor de Tiflis. Sob os retratos de Marx e Engels, escutam discursos em georgiano, em russo e em arménio. Durante os três meses seguintes, eclodem greves nas fábricas e nos caminhos-de-ferro de Tiflis. Stáline é um dos seus principais organizadores. No início de 1901, Stáline difunde o primeiro número do jornal clandestino Iskra (Faísca), publicado por Lénine em Leipzig.
No 1.0 de Maio de 1901, dois mil operários organizam pela primeira vez uma manifestação pública em Tiflis, a polícia intervém violentamente. No Iskra, Lénine escreveu que este acontecimento teve importância histórica para todo o Cáucaso.(11) No mesmo ano, Stáline, Ketskhovéli e Krássine lideram a ala radical da social-democracia na Geórgia. Encontram uma impressora, reimprimem o Iskra e produzem o primeiro jornal clandestino georgiano, Brdzola (A Luta). No primeiro número, defendem a unidade supranacional do partido e atacam os «moderados», defensores de um partido geor-giano independente, associado ao partido russo.(12)
Em Novembro de 1901, Stáline é eleito para o primeiro Comité do Partido Operário Social-Democrata Russo e enviado para Batumi, cidade onde metade da população é turca. Em Fevereiro de 1902, já tinha organizado 11 círculos clandestinos nas principais empresas da cidade. A 27 de Fevereiro, seis mil operários da refinaria de petróleo participam numa marcha pela cidade. O exército abre fogo, matando 15 manifestantes. São efectuadas 500 prisões.(13)
Um mês mais tarde, Stáline é detido e fica preso até Abril de 1903, depois é condenado a três anos na Sibéria. Foge e retorna a Tiflis em Fevereiro de 1904.(14)
Durante a sua permanência na Sibéria, Stáline escreveu a um amigo em Leipzig para que lhe enviasse cópias da «Carta a um camarada sobre as nossas tarefas de organização», e exprimiu-lhe o seu apoio às posições de Lénine. Após o Congresso de Agosto de 1903, o Partido divide-se em bolcheviques e mencheviques e os delegados georgianos alinham com estes últimos. Stáline, que tinha lido Que Fazer?, apoia os bolcheviques sem hesitação.
«Era uma decisão que exigia convicção e coragem. Lénine e os bolcheviques tinham pouco apoio na Transcaucásia», escreveu Ian Grey.(15)
Em 1905, o chefe dos mencheviques georgianos, Jordánia, publicou uma crítica às teses bolcheviques defendidas por Stáline, o que sublinha o lugar importante que este último tinha passado a ocupar no movimento revolucionário georgiano. No mesmo ano, em «A insurreição armada e nossa táctica», Stáline defende, contra os mencheviques, a necessidade da luta armada para derrubar o tsarismo.(16)
Stáline tinha 26 anos quando pela primeira vez se encontrou com Lénine, na Finlândia. Foi em Dezembro de 1905, por ocasião da Conferência bolchevique.(17)
Entre 1905 e 1908, o Cáucaso é o palco de uma intensa actividade revolucionária. Durante esse período, a polícia regista 1150 «actos terroristas». Stáline desempenha aqui um grande papel. Em 1907-1908, dirige com Ordjonikídze e Vorochílov, secretário do Sindicato do Petróleo, uma luta legal de grande envergadura dos 50 mil trabalhadores da indústria petrolífera em Baku. Obtêm o direito de eleger representantes dos trabalhadores, que se reúnem em conferência para discutir uma convenção colectiva sobre salários e condições de trabalho. Lénine saudou esta luta travada num momento em que a maior parte das células revolucionárias na Rússia havia cessado toda a actividade.(18)
Em Março de 1908, Stáline foi preso pela segunda vez e condenado a dez anos de exílio. Todavia, em Junho de 1909, evade-se e regressa a Baku, onde encontra o Partido em crise e a publicação do jornal suspensa.
Três semanas após o seu regresso, Stáline relança a edição e num artigo critica
«os órgãos editados no estrangeiro, afastados da realidade russa, sem capacidade para unificar o trabalho do Partido».
Stáline defende a manutenção do Partido na clandestinidade, exige a criação de um comité de coordenação no interior da Rússia e a publicação de um jornal nacional para informar, encorajar e restabelecer a linha do Partido. Pressentindo um novo impulso do movimento operário, insiste nestas propostas no início de 1910.(19)
Em Março de 1910, em plena preparação de uma greve geral da indústria petrolífera, é preso pela terceira vez e reenviado para a Sibéria, onde é condenado a cinco anos de exílio. Em Fevereiro de 1912 volta a fugir e regressa a Baku.(20)
É então que toma conhecimento de que os bolcheviques tinham criado o seu Partido independente na Conferência de Praga e que fora constituída uma comissão russa, da qual ele fazia parte.
A 22 de Abril de 1912, em São Petersburgo, publica a primeira edição do jornal bolchevique Pravda. No mesmo dia é preso pela quarta vez, com o secretário de redacção, Mólotov. Haviam sido denunciados por Malinóvski, um agente provocador eleito para o Comité Central. Chernomazov, que substituiu Mólotov como secretário, era também um agente da Polícia. Após mais três anos de exílio na Sibéria, Stáline evade-se novamente e retoma a direcção do Pravda.
Convencido da necessidade de uma ruptura com os mencheviques, apresenta uma opinião sobre a táctica diferente da de Lénine. Considera que é necessário defender a linha dos bolcheviques evitando um ataque frontal aos mencheviques, uma vez que os operários aspiravam à unidade. Sob sua direcção, o Pravda atinge em breve a tiragem recorde de 80 mil exemplares.(21)
No final de 1912, Lénine convoca Stáline e outros responsáveis a Varsóvia para lhes transmitir a sua linha de ruptura imediata com os mencheviques, enviando depois Stáline para Viena para escrever a obra O Marxismo e a Questão Nacional. Nela, Stáline ataca a «autonomia cultural-nacional» no seio do Partido, considerando-a como a via do separatismo e da subordinação do socialismo ao nacionalismo. Defende a unidade das diferentes nacionalidades no seio de um só Partido centralizado.
De regresso a São Petersburgo, Malinóvski provoca a sua quinta prisão. É então desterrado para uma das regiões mais inacessíveis da Sibéria, onde se vê forçado a permanecer cinco anos.(22)
Só após a Revolução de Fevereiro de 1917 Stáline consegue regressar a São Petersburgo, onde é eleito para o Presidium do bureau russo e retoma a direcção do Pravda. Em Abril de 1917, na Conferência do Partido, ocupa a terceira posição em número de votos para o Comité Central. No mês de Julho, quando o Pravda é fechado pelo governo provisório e vários dirigentes bolcheviques são presos, Lénine refugia-se na Finlândia e Stáline dirige o Partido. Em Agosto, apresenta o relatório do Comité Central ao VI Congresso, cuja linha política é aprovada pela quase unanimidade dos 267 delegados, salvo quatro abstenções. Stáline declara:
«Não está excluída a possibilidade de que seja precisamente a Rússia a franquear o caminho para o socialismo. (...) É necessário rejeitar a ideia caduca de que só a Europa nos pode mostrar o caminho».(23)
No momento da insurreição de 25 de Outubro, Stáline integra o centro revolucionário militar, que compreendia cinco membros do Comité Central. Kámenev e Zinóviev opõem-se publicamente à tomada do poder pelo partido bolchevique; Ríkov, Noguíne, Lunachárski e Miliútine apoiaram-nos. Mas é Stáline que faz rejeitar a proposta de Lénine de expulsar Kámenev e Zinóviev do Partido. Após a revolução, os mesmos «bolcheviques de direita» exigem um governo de coligação com os mencheviques e os socialistas revolucionários. Ameaçados de novo de expulsão, recuam.(24)
Stáline tornou-se o primeiro comissário do povo para os Assuntos das Nacionalidades. Compreendendo rapidamente que a burguesia internacional apoiava as burguesias locais das minorias nacionais, Stáline escreveu:
«O direito à autodeterminação é um direito, não da burguesia, mas das massas trabalhadoras de uma determinada nação. O princípio da autodeterminação deve ser utilizado como um meio de luta para o socialismo, deve ser subordinado aos princípios do socialismo».(25)
Assim, podemos concluir que entre 1901 e 1917, desde as origens de partido bolchevique até à vitória da Revolução de Outubro, Stáline foi um partidário consequente da linha elaborada por Lénine. Nenhum outro dirigente se podia gabar de uma actividade tão constante e variada. Stáline seguiu Lénine desde o início, quando este contava com um número limitado de correligionários entre os intelectuais socialistas. Contrariamente à maior parte dos outros dirigentes bolcheviques, Stáline esteve em contacto permanente com a realidade russa e com os militantes no interior. Conhecia-os por ter estado com eles na luta legal e na clandestinidade, nas prisões e na Sibéria. Stáline tinha amplas competências, tendo dirigido a luta armada no Cáucaso, assim como as lutas clandestinas; organizou lutas sindicais, editou jornais clandestinos e legais, dirigiu o trabalho legal e parlamentar e conhecia tanto as minorias nacionais como o povo russo.
Trótski esforçou-se para obscurecer sistematicamente o passado revolucionário de Stáline e quase todos os autores burgueses retomam as suas maledicências. Trótski declara:
«Stáline é a mais eminente mediocridade do nosso Partido».(26)
Mas quando Trótski fala de «nosso Partido», trata-se de mais um embuste: ele nunca pertenceu ao partido bolchevique que Lénine, Zinóviev, Stáline, Sverdlov e outros forjaram entre 1903 e 1917. Trótski entrou para o Partido em Julho de 1917.
«Para os assuntos correntes, Lénine recorria a Stáline, Zinóviev ou a Kámenev. Eu não prestava para formar comissões. Na prática, Lénine tinha necessidade de adjuntos dóceis; nesse papel, eu não valia nada», escreveu também Tróstki.(27)
Isto não diz nada verdadeiramente sobre Stáline, mas tudo sobre Trótski, que vemos aqui atribuir a Lénine a sua própria concepção aristocrática e bonapartista do Partido, com um chefe rodeado de adjuntos dóceis que tratam dos assuntos correntes!
A revolução teve lugar a 25 de Outubro [7 de Novembro] de 1917. Logo no dia seguinte, os «socialistas» apresentam à votação no Soviete de Deputados Camponeses uma moção que constituiu o primeiro apelo à contra-revolução.
«Camaradas camponeses, todas as liberdades conquistadas ao preço do sangue dos vossos filhos correm actualmente um grave perigo. Um novo golpe mortal foi desferido sobre o nosso exército, que defende a pátria e a Revolução contra a derrota exterior. Os bolcheviques dividem as forças dos trabalhadores. O golpe desferido contra o exército é o primeiro e o pior dos crimes cometidos pelo partido bolchevique. Em segundo lugar, este partido deflagrou a guerra civil e usurpou o poder pela violência. Os bolcheviques não trarão a paz, mas a escravidão».(28)
Assim, no dia seguinte à Revolução de Outubro, os «socialistas» não só se pronunciam pelo prosseguimento da guerra imperialista como, desde logo, acusam os bolcheviques de provocarem a guerra civil e imporem a violência e a escravidão!
Imediatamente, as forças da burguesia, as antigas forças tsaristas, todas as forças reaccionárias procuram reagrupar-se e organizar-se atrás da «vanguarda» socialista. Insurreições antibolcheviques têm lugar a partir de 1918. No início desse ano, Plekhánov, eminente chefe do partido menchevique, formou a União pela Ressurreição da Rússia com socialistas-revolucionários e socialistas-populistas, bem como com chefes do partido burguês dos kadetes. Kérenski escreveu:
«Consideravamos que se devia formar um governo nacional, fundado nos mais amplos princípios democráticos, que era necessário reconstituir uma frente com a Alemanha, em cooperação com os aliados ocidentais da Rússia».(29)
A 20 de Junho de 1918, Kérenski desloca-se a Londres, em nome dessa União, para negociar com os aliados. Ao primeiro-ministro Lloyd George declarou:
«O objectivo do governo em formação é prosseguir na guerra ao lado dos aliados, libertar a Rússia da tirania bolchevique e reinstaurar o sistema democrático».
Assim, há mais de 70 anos, a burguesia belicista russa já utilizava o termo «democracia» para encobrir a sua bárbara dominação. Em nome da União, Kérenski pede uma «intervenção» dos aliados na Rússia. Pouco depois, um directório instalou-se na Sibéria com a participação dos socialistas-revolucionários, dos socialistas-populistas, do partido burguês dos kadetes e dos generais tsaristas Alekséiev e Bóldirev. Os governos inglês e francês estiveram prestes a reconhecê-lo como governo legítimo, antes de decidirem jogar a carta do general tsarista Koltchak.(30)
Assim se reagruparam as forças que tinham defendido a reacção tsarista e a burguesia durante a Guerra Civil na Rússia: as tropas tsaristas e todas as forças da burguesia — dos kadetes aos socialistas — uniram-se com as tropas intervencionistas estrangeiras.
Em 1918, a Guerra Civil provoca devastação por toda a parte. Mesmo em Petrogrado e Moscovo, a segurança das pessoas e bens não estava de forma alguma assegurada. A frota inglesa mantinha um bloqueio com o apoio dos outros países imperialistas, impedindo a entrada de alimentos, vestuário, medicamentos, anestésicos. Os exércitos ingleses, franceses, japoneses, italianos e americanos desembarcaram em Múrmansk e Arkhánguelsk, a Norte, em Vladivostok, no Extremo-Oriente, em Batúmi e Odessa, no Sul. Apoiaram as tropas tsaristas de Dénikine, de Koltchak, de Iudénitch e de Vránguel que operavam no conjunto do território. Tropas de antigos prisioneiros checoslovacos controlavam a maior parte da Sibéria. Os exércitos alemães e polacos assolavam a região ocidental e ocupavam a Ucrânia.(31)
De 1918 a 1921, a guerra civil fez nove milhões de mortos, essencialmente vítimas da fome. Esses nove milhões de mortos deveram-se, sobretudo, às intervenções militares estrangeiras e aos bloqueios organizados pelas potências ocidentais. Mas, perfidamente, a direita classificá-los-á sob a rubrica de «vítimas do bolchevismo».
É surpreendente que o partido bolchevique — que contava com apenas 33 mil membros em 1917 — tenha conseguido mobilizar forças populares de uma tal amplitude, que conseguiram derrotar as forças superiores da burguesia e do antigo regime tsarista, apoiadas pelos «socialistas» e reforçadas pelos exércitos estrangeiros intervencionistas. Isso quer dizer que, sem uma mobilização exaustiva das massas camponesas e operárias, sem a sua tenacidade e firme vontade de liberdade, jamais os bolcheviques teriam podido obter a vitória final.
É de sublinhar que após o começo da guerra civil, os mencheviques denunciaram a «ditadura bolchevique», o «regime arbitrário, terrorista», a «nova aristocracia» bolchevique. Estamos em 1918 e não há ainda «stalinismo» no ar! «A ditadura de uma nova aristocracia»—é nestes termos que a social-democracia atacou desde o início o regime socialista que Lénine acabava de instaurar.
Plekhánov desenvolveu a base teórica dessas acusações, afirmando que os bolcheviques seguiam uma política «objectivamente reaccionária», ao arrepio da história, uma utopia reaccionária que consistia em introduzir o socialismo num país que não estava maduro. Plekhánov fala de «anarquismo camponês» tradicional. Todavia, no momento da intervenção estrangeira, Plekhánov foi um dos raros dirigentes mencheviques a se lhe opor.(32)
A convergência dos dirigentes socialistas com a burguesia baseava-se em dois argumentos. O primeiro: é impossível «impor» o socialismo num país atrasado. O segundo: uma vez que, apesar disso, os bolcheviques querem impor «à força» o socialismo, trarão consigo a tirania e a ditadura e constituirão uma nova aristocracia acima das massas.
Estas primeiras «análises», feitas pelos contra-revolucionários sociais-democratas, lutando de armas nas mãos contra o socialismo, merecem ser registadas: mais tarde, tais ataques caluniosos contra o leninismo serão simplesmente amplificados contra o «stalinismo».
Debrucemo-nos por um instante sobre o papel desempenhado por Stáline durante a Guerra Civil. Numerosas publicações burguesas colocam Trótski, o «criador e organizador do Exército Vermelho», em pé de igualdade com Lénine, como os dois artesãos da vitória militar dos bolcheviques. A contribuição de Stáline no combate contra os exércitos brancos é a maior parte das vezes negligenciada. No entanto, nos anos 1918-1920, Stáline dirigiu pessoalmente o combate militar em várias frentes decisivas. A intervenção de Zinóviev, de Kámenev ou de Bukhárine foi nula no domínio militar.
Em Novembro de 1917, o Comité Central criou um comité restrito para os assuntos urgentes composto por Lénine, Stáline, Sverdlov e Trótski. Nessa altura, Pestovski, o adjunto de Stáline, escreveu:
«A longo do dia, Lénine chamou Stáline numerosas vezes. Stáline passou a maior parte do tempo com Lénine.»(33)
Em Dezembro de 1917, com o objectivo de salvar o poder soviético a qualquer custo, Lénine e Stáline insistiram em aceitar as condições humilhantes impostas pelos alemães durante as negociações de paz com a Alemanha. Consideravam que, de qualquer modo, o exército russo estava incapaz de combater. Bukhárine e Trótski queriam recusar as condições e declarar a «guerra revolucionária». Para Lénine, isso seria cair na armadilha da burguesia, que pregava o ultranacionalismo com o objectivo de fazer cair o poder bolchevique. Durante as negociações com os alemães, Trótski declarou:
«Nós retirar-nos-emos da guerra, mas recusamo-nos a assinar o tratado de paz».
Stáline notou que não havia sinais de uma revolução iminente na Alemanha e que o gesto espectacular de Trótski não era uma política aceitável. Os alemães retomaram efectivamente a ofensiva e os bolcheviques seriam obrigados a assinar em breve condições de paz ainda piores. Neste processo o Partido esteve perto da catástrofe.(34)
Em Janeiro de 1918, o general tsarista Alekséiev conduziu um exército de voluntários para a Ucrânia e para a região do Don. Em Fevereiro, o exército alemão ocupou a Ucrânia para «garantir a sua independência». Em Maio de 1918, 30 mil soldados checoslovacos ocuparam uma grande parte da Sibéria. Durante o Verão, sob o impulso de Winston Churchill, a Inglaterra, a França, os Estados Unidos, a Itália e o Japão intervieram militarmente contra os bolcheviques.
Trótski tornou-se comissário do povo para a Defesa em Março de 1918. A sua tarefa foi formar um novo exército de operários e camponeses, dirigidos por 40 mil oficiais do antigo exército tsarista.(35)
Em Junho de 1918, o Cáucaso do Norte, única região cerealífera importante nas mãos dos bolcheviques, estava sob ameaça do exército de Krassnov. Stáline é enviado para Tsaritsine, a futura Stalingrado, para assegurar o aprovisionamento de cereais. Encontrou ali um caos geral.
«Por mim, sem formalidades, expulsaria estes comandantes do exército e estes comissários que estão a arruinar a situação», escreveu a Lénine, reivindicando autoridade militar sobre a região.
A 19 de Julho, Stáline é nomeado presidente do Conselho de Guerra da Frente Sul. Mais tarde, Stáline entra em conflito com o antigo general de artilharia tsarista Sítine, que Trótski nomeara comandante da Frente Sul, e com o comandante-chefe Vátsetis, igualmente antigo coronel tsarista. Tsaritsine foi defendida com sucesso.(36) Lénine considerou que as medidas tomadas por Stáline em Tsaritsine eram um modelo a seguir.(37)
Em Outubro de 1918, Stáline é nomeado para o Conselho Militar da Ucrânia, que recebera a tarefa de derrubar o regime de Skoropádski, instalado pelos alemães.
Em Dezembro, a situação deteriorou-se gravemente nos Urais devido ao avanço das tropas reaccionárias de Koltchak. Stáline é enviado com plenos poderes para pôr fim ao estado catastrófico do Terceiro Exército e depurar os comissários incapazes. No inquérito que faz no local, Stáline critica a política de Trótski e de Vátsetis. No VIII Congresso, em Março de 1919, Trótski foi criticado por numerosos delegados pelas suas atitudes «ditatoriais», pela sua «adoração pelos especialistas militares» e as suas «torrentes de telegramas mal preparados».(38)
Em Maio de 1919, Stáline é de novo enviado com plenos poderes para organizar a defesa de Petrogrado contra o exército de Iudénitch. A 4 de Junho envia um telegrama a Lénine, afirmando, com base em documentação apreendida, que numerosos oficiais superiores do Exército Vermelho trabalhavam secretamente para os exércitos brancos.(39)
Na Frente Leste rebenta um grave conflito entre o seu comandante, S. Kámenev, e o comandante-chefe, Vátsetis. O Comité Central acaba por apoiar o primeiro e Trótski apresenta a sua demissão, que foi recusada. Vátsetis foi preso e investigado.(40)
Em Agosto de 1919, o exército branco de Dénikine ganha terreno perto do Rio Don, na Ucrânia e na Rússia do Sul, progredindo em direcção a Moscovo. De Outubro de 1919 a Março de 1920, Stáline dirige a Frente Sul e derrota Dénikine.(41)
Em Maio de 1920, Stáline foi enviado para a frente do Sudoeste, onde os exércitos polacos ameaçavam a cidade de Lvov, na Ucrânia, e as tropas de Vránguel, a Crimeia. Os polacos tinham ocupado uma grande parte da Ucrânia, inclusive Kíev. Na Frente Ocidental, Tukhatchévski contra-ataca, repele as agressões e persegue o inimigo até perto de Varsóvia. Lénine esperava ganhar a guerra contra a Polónia reaccionária e chega a ser formado um governo provisório soviético polaco. Stáline manifesta-se contra esta operação:
«Os conflitos de classe não têm ainda a força para quebrar o sentido da unidade nacional polaca.»(42)
Mal coordenadas, recebendo ordens contraditórias, as tropas de Tukhatchévski sofreram um contra-ataque polaco sobre o flanco não protegido e foram derrotadas.
Ao mesmo tempo, Stáline concentrava as suas forças contra Vránguel, que tinha ocupado os territórios ao Norte do Mar de Azov e ameaçava juntar-se com os anticomunistas do Don.(43) Os exércitos brancos de Vránguel foram liquidados antes do final de 1920.(44)
Em Novembro de 1919, Stáline e Trótski foram condecorados pelos seus feitos militares com a Ordem da Bandeira Vermelha, uma distinção que tinha sido recentemente criada. Deste modo, Lénine e o Comité Central avaliaram os méritos de Stáline na direcção da luta armada nos lugares mais difíceis em pé de igualdade com os de Trótski, que tinha organizado o Exército Vermelho ao nível central. Mas para melhor destacar sua própria grandeza, Trótski escreveu:
«Durante toda a duração da Guerra Civil, Stáline permaneceu uma figura de terceira ordem».(45)
Mc Neal, que é frequentemente parcial contra Stáline, escreveu a este respeito:
«Stáline emergira como um chefe político e militar, cuja contribuição para a vitória vermelha apenas era superada pela de Trótski. Stáline desempenhou um papel menor que o seu rival na organização geral do Exército Vermelho, mas foi mais importante na direcção das frentes cruciais. Se a sua reputação como herói estava muito longe da de Trótski, não era tanto pelo mérito objectivo deste último, mas antes pela falta de sentido de autopublicidade de Stáline.»(46)
Em Dezembro de 1919, Trótski propôs a «militarização da vida económica», pretendendo aplicar à mobilização dos trabalhadores métodos que tinha utilizado para dirigir o exército. Nesta óptica, os ferroviários foram mobilizados sob disciplina militar. Uma vaga de protestos atravessou o movimento sindical. Lénine considerou que os erros cometidos por Trótski colocavam em perigo a ditadura do proletariado: com as suas embrulhadas burocráticas em relação aos sindicatos, ameaçava separar o Partido das massas operárias.(47)
O individualismo excessivo de Trótski, o seu desprezo ostensivo para com todos os quadros bolcheviques, o seu estilo de direcção autoritário e o seu gosto pela disciplina militar assustavam muitos quadros do Partido. Viam que Trótski poderia desempenhar o papel de um Napoleão Bonaparte, realizar um golpe de Estado e instaurar um regime autoritário contra-revolucionário.
Mas se Trótski teve a sua breve hora de glória em 1919, no decurso da Guerra Civil, é incontestável que, em 1921-1923, Stáline era a segunda figura do Partido depois de Lénine.
Desde o VIII Congresso em 1919 que Stáline era membro do Bureau Político, ao lado de Lénine, Kámenev, Trótski e Krestínski. Esta composição manteve-se até 1921.
Stáline foi igualmente membro do Bureau de Organização, composto também por cinco membros do Comité Central.(48)
No XI Congresso, em 1922, quando Preobrajénski criticou o facto de Stáline acumular o Comissariado das Nacionalidades com a Inspecção Operária e Camponesa (encarregada de controlar todo o aparelho do Estado), Lénine respondeu-lhe:
«Precisamos de um homem com quem qualquer representante de nacionalidades se possa encontrar para lhe contar em detalhe o que se passa. Preobrajénski não poderia propor outra candidatura senão a de Stáline. E o mesmo se aplica à Inspecção Operária e Camponesa. É um trabalho gigantesco. É preciso ter à sua frente um homem que tem autoridade senão atolar-nos-emos».(49)
A 23 de Abril de 1922, por proposta de Lénine, Stáline foi também nomeado para liderar o Secretariado, como secretário-geral.(50)
Stáline foi a única pessoa a fazer parte do Comité Central, do Bureau Político, do Bureau de Organização e do Secretariado do partido bolchevique.
Lénine sofreu o primeiro ataque de paralisia em Maio de 1922. A 16 de Dezembro, teve um novo ataque grave. Os médicos sabiam que não recuperaria.
A 24 de Dezembro, os médicos avisaram Stáline, Kámenev e Bukhárine, enquanto representantes do Bureau Político, de que qualquer controvérsia política poderia provocar um novo ataque, desta vez fatal. Decidiram então que Lénine
«tem o direito de ditar durante cinco a dez minutos por dia. Não pode receber visitantes políticos. Os seus amigos e aqueles que o rodeiam não podem informá-lo sobre assuntos políticos».(51)
O Bureau Político encarregou Stáline das relações com Lénine e com os médicos. Era uma tarefa ingrata, uma vez que a frustração de Lénine não podia ser maior vendo-se paralisado e afastado dos assuntos políticos. A sua irritação iria necessariamente voltar-se contra o homem incumbido da sua ligação. Ian Grey escreveu:
«O diário que as secretárias de Lénine mantiveram, de 21 de Novembro de 1922 a 6 de Março de 1923, continha, dia após dia, todos os pormenores do seu trabalho, das suas visitas, da sua saúde e, depois de 13 de Setembro, qualquer actividade por menor que fosse. Com a perna e o braço direitos paralisados, Lénine devia permanecer na cama, desligado dos assuntos governamentais e, de facto, do mundo exterior. Os médicos proibiram que o incomodassem. Incapaz de renunciar aos hábitos do poder, Lénine debatia-se para obter os dossiers que queria. Para tal apoiava-se na sua mulher, Krúpskaia, na sua irmã, Maria Ilínitchna, e em três ou quatro secretárias».(52)
Habituado a dirigir todos os aspectos essenciais da vida do Partido e do Estado, Lénine tentava desesperadamente participar nos debates apesar de a sua condição física não lhe permitir conhecer todos os elementos. Os médicos proibiram-lhe todo o trabalho político, o que o irritava fortemente. Sentindo o fim próximo, Lénine procurou resolver alguns assuntos que considerava essenciais, mas não dispunha de toda a informação. O Bureau Político proibia que acedesse a questões que o pudessem agitar, mas a sua mulher esforçava-se para lhe fornecer os documentos que pedia. Qualquer médico que tenha conhecido tais situações confirmará que conflitos psicológicos e pessoais penosos eram inevitáveis.
No final de Dezembro de 1922, Krúpskaia escreveu uma carta ditada por Lénine. Stáline repreendeu-a por telefone. Mais tarde ela queixou-se a Lénine e a Kámenev.
«Sei o que posso e não posso falar com Ilitch melhor do que qualquer médico, porque sei o que o pode preocupar, em todo o caso, melhor do que Stáline.»(53)
A propósito deste período Trótski escreveu:
«Em meados de Dezembro de 1922, a saúde de Lénine piorou de novo. Stáline trata imediatamente de tirar proveito da situação, ocultando a Lénine uma grande parte das informações centralizadas no Secretariado do Partido. Esforça-se por isolá-lo. Krúpskaia fazia tudo o que podia para defender o doente contra estas manobras hostis».(54)
São palavras inqualificáveis, dignas de um intrigante. Os médicos tinham proibido que Lénine recebesse relatórios e eis que Trótski acusa Stáline de proceder a «manobras hostis» contra Lénine e de lhe «ocultar informações»!
Foi nestas circunstâncias que, de 23 a 25 de Dezembro de 1922, foi ditado aquilo que os inimigos do comunismo chamam «testamento de Lénine». Estas notas são seguidas de um anexo datado de 5 de Janeiro de 1923.
Os autores burgueses fazem grande alarido em torno deste pretenso «testamento» de Lénine, que teria tido como objectivo eliminar Stáline em favor de Trótski.
Henri Bernard, professor emérito da Escola Real Militar, escreveu:
«Trótski deveria normalmente suceder a Lénine. Lénine pensava nele como sucessor. Achava Stáline muito brutal».(55)
O trotskista americano Max Eastman publicou, em 1925, o «testamento» juntamente com comentários elogiosos a Trótski. Nessa altura, Trótski viu-se obrigado a publicar um desmentido na revista Bolchevik, onde dizia:
«Eastman afirma que o Comité Central ocultou o pretenso “testamento” ao Partido; não se pode chamar isso de outro modo senão uma calúnia contra o Comité Central do nosso Partido (...) Vladímir Ilitch não deixou nenhum “testamento” e o próprio carácter das suas relações com o Partido, assim como o carácter do próprio Partido, exclui qualquer ideia de “testamento”. Geralmente sob este nome, a imprensa dos emigrados e a imprensa burguesa estrangeira e menchevique designam uma das cartas de Vladímir Ilitch, que contém conselhos de ordem organizacional, deformando-a ao ponto de a tornar irreconhecível. O XIII Congresso do Partido tratou-a com a maior atenção. Todos os boatos sobre um “testamento” ocultado ou violado são invenções malévolas».(56)
Alguns anos mais tarde este mesmo Trótski, na sua autobiografia, lançará gritos de indignação a propósito do
«testamento de Lénine que se ocultou ao Partido».(57)
Voltemos às famosas notas que Lénine ditou entre 23 de Dezembro de 1922 e 5 de Janeiro de 1923. Lénine propunha ampliar o Comité Central «para uma centena de membros».
Tal seria necessário
«tanto para elevar o prestígio do CC como para um trabalho sério para melhorar o nosso aparelho e para evitar que os conflitos de certas pequenas partes do CC possam adquirir uma importância excessiva para os destinos do Partido.
«Parece-me que o nosso Partido está no direito de pedir à classe operária 50 a 100 membros para o Comité Central (...)».(58)
Tratava-se igualmente de
«medidas para prevenir a cisão»:
«Penso que o fundamental da questão da estabilidade, deste ponto de vista, são membros do CC tais como Stáline e Trótski. As relações entre eles, em minha opinião, constituem mais de metade do perigo dessa cisão (...)».(59)
Este texto é de uma incoerência espantosa, manifestamente ditado por um homem doente e diminuído. De que forma 50 a 100 operários acrescentados ao Comité Central poderiam «elevar a sua autoridade» ou diminuir o perigo de cisão? Nada dizendo sobre as concepções políticas do Partido de Stáline e de Trótski, Lénine afirma que são as relações pessoais entre esses dois dirigentes que ameaçam a unidade.
Depois Lénine emite «julgamentos» sobre os cinco principais dirigentes do Partido. Citamo-los quase integralmente.
«O camarada Stáline, tendo-se tornado secretário-geral, concentrou nas suas mãos um poder imenso, e não estou certo de que saiba sempre utilizar este poder com suficiente prudência. Por outro lado, o camarada Trótski, como o demonstrou já a sua luta contra o CC, a propósito da questão do Comissariado do Povo das Vias de Comunicação, não se distingue apenas pela sua destacada capacidade. Pessoalmente é talvez o homem mais capaz do actual CC, mas peca por excessiva confiança em si próprio e deixa-se arrastar excessivamente pelos aspectos puramente administrativos das coisas.
«Estas duas qualidades de dois destacados chefes do Comité Central actual podem levar involuntariamente à cisão (... )
«(...) Recordarei apenas que o episódio de Zinóviev e Kámenev em Outubro não é, naturalmente, acidental, mas que se não pode culpá-los pessoalmente disso, como a Trótski do seu não bolchevismo.»
«(... ) Bukhárine não é só um valiosíssimo e grande teórico do Partido, como, além disso, é legitimamente considerado o favorito de todo o Partido, mas as suas concepções teóricas só com grandes reservas se podem qualificar de inteiramente marxistas, pois há nele qualquer coisa de escolástico (nunca estudou e penso que nunca compreendeu inteiramente a dialéctica).»(60)
Notamos, antes de mais, que o primeiro dirigente a ser nomeado por Lénine foi Stáline,
«esse empírico, destinado a desempenhar papéis de segunda e de terceira ordem», como afirmou Trótski.(61)
Trótski dirá ainda:
«O sentido do Testamento é o da criação de condições que me teriam dado a possibilidade de me tornar substituto de Lénine, ser o seu sucessor».(62)
Ora, não existe nada de semelhante nos rascunhos de Lénine. Grey observa justamente:
«Stáline emerge sob a melhor luz. Nada fez que pudesse comprometer o seu balanço político. O único ponto de interrogação é: poderá fazer prova de bom julgamento no exercício dos amplos poderes concentrados nas suas mãos?».(63)
No que respeita a Trótski, Lénine identifica quatro defeitos maiores: tem lados fortemente negativos, como o mostrou a sua luta contra o Comité Central a propósito da «militarização dos sindicatos»; tem uma ideia exagerada de si próprio; aborda os problemas de forma burocrática e o seu não bolchevismo não é um acaso.
Sobre Zinóviev e Kámenev, a única coisa que Lénine retém é que a sua traição no momento da insurreição não foi acidental.
Bukhárine é um grande teórico... mas as suas ideias não são inteiramente marxistas, antes escolásticas e não dialécticas!
Lénine ditou estas notas com a intenção de evitar uma cisão na direcção. Mas as questões que levanta em relação aos cinco principais dirigentes parecem feitas para minar o seu prestígio e espalhar a cizânia entre eles.
Quando ditava estas linhas, «Lénine sentiu-se mal», escreveu Fotieva, sua secretária, e «os médicos opuseram-se às conversas de Lénine com a secretária e a estenógrafa».(64)
Seguidamente, dez dias mais tarde, Lénine dita um «complemento» que aparentemente alude à reprimenda que Stáline tinha feito a Krúpskaia 12 dias antes.
«Stáline é demasiado rude e este defeito, plenamente tolerável no nosso meio e nas relações entre nós, comunistas, torna-se intolerável no cargo de secretário-geral. Por isso proponho aos camaradas que pensem na forma de transferir Stáline deste lugar e de nomear para este lugar outro homem, que em todos os outros aspectos se diferencie do camarada Stáline apenas por uma vantagem a saber: que seja mais tolerante, mais leal, mais cortês e mais atento para com os camaradas, menos caprichoso, etc. Esta circunstância pode parecer uma fútil ninharia. Mas penso que, do ponto de vista de prevenir a cisão e do ponto de vista do que escrevi mais acima acerca das relações entre Stáline e Trótski, isto não é uma ninharia, ou é uma ninharia que pode adquirir importância decisiva.»(65)
Gravemente enfermo, com parte do corpo paralisada, Lénine torna-se cada vez mais dependente da sua mulher. Algumas palavras demasiado rudes de Stáline a Krúpskaia levaram-no a pedir a demissão do secretário-geral. Para o substituir por quem? Por um homem que tivesse todas as qualidades de Stáline e «uma vantagem» sobre ele: ser tolerante, mais cortês e mais atento! Resulta claramente do texto que Lénine não estaria a pensar de forma alguma em Trótski. Em quem então? Em ninguém.
A «rudeza» de Stáline é «plenamente tolerável entre comunistas», mas não o é «no cargo de secretário-geral». No entanto, nessa altura, o secretário-geral ocupava-se essencialmente das questões de organização interna do Partido!
Em Fevereiro de 1923,
«o estado de Lénine tinha piorado, sofria violentas dores de cabeça. O médico interditara categoricamente a leitura de jornais, as visitas e as informações políticas. Vladímir Ilitch havia pedido o relatório do X Congresso dos Sovietes. Não lhe é dado e isso desgosta-o muito».(66)
Aparentemente Krúpskaia tentou fornecer-lhe os documentos que Lénine pedia. Dimitriévski relata o novo incidente entre ela e Stáline:
«Como Krúpskaia lhe telefonou mais uma vez para obter alguma informação, Stáline respondeu-lhe numa linguagem ultrajante. Krúpskaia, toda em lágrimas, vai imediatamente queixar-se a Lénine. Este, de nervos tensos ao mais alto ponto, não se conteve por mais tempo».(67)
A 5 de Março Lénine ditaria nova nota:
«Respeitado camarada Stáline,
Você cometeu a grosseria de telefonar à minha mulher e insultá-la. Apesar de ela lhe ter manifestado concordância em esquecer o que foi dito, entretanto, por seu intermédio, este facto tornou-se conhecido de Zinóviev e de Kámenev. Eu não tenciono esquecer tão facilmente o que foi feito contra mim, e é inútil sublinhar que considero o que foi feito contra a minha mulher, como também feito contra mim. Por isso peço-lhe que pondere se aceita retirar as suas palavras e pedir desculpas ou se prefere romper as nossas relações.
É bastante doloroso ler esta carta privada de um homem que está fisicamente no fim. A própria Krúpskaia pediu à secretária para não a entregar a Stáline.(69) Estas foram as últimas linhas que Lénine pôde ditar: no dia seguinte teve uma grave recaída que o incapacitou de qualquer trabalho para o resto dos seus dias.(70)
O facto de Trótski ter tentado explorar as palavras de um enfermo à beira da paralisia total mostra bem a sua fisionomia moral. Com efeito, como um autêntico falsificador, apresentou este texto como a prova definitiva de que Lénine o tinha de facto escolhido como sucessor! Trótski escreveu:
«Esta nota, o último texto de Lénine, é ao mesmo tempo o corte definitivo das suas relações com Stáline».(71)
Anos mais tarde, em 1927, a oposição unificada de Trótski, Zinóviev e Kámenev tenta outra vez utilizar o «testamento» contra a direcção do Partido. Numa declaração pública nessa altura, Stáline afirmou:
«Os opositores clamaram aqui — vocês ouviram — que o Comité Central “ocultou”o “testamento” de Lénine. Esta questão já foi discutida por nós várias vezes no plenário do CC e da CCC [Comissão Central de Controlo]. (Uma voz: “dezenas de vezes”). Foi demonstrado e mais que demonstrado que ninguém escondeu nada, este “testamento” de Lénine foi endereçado ao XIII Congresso, e este “testamento” foi lido no Congresso (Uma voz: «É verdade!») e que o Partido decidiu por unanimidade não o publicar, aliás, porque o próprio Lénine não o queria nem o exigiu (...)».(72)
«Dizem que nesse “testamento”, devido à “rudeza” de Stáline, o camarada Lénine propôs ao Congresso pensar na questão da substituição de Stáline no posto de secretário-geral por outro camarada. Isto é totalmente exacto. Sim, camaradas, sou rude com aqueles que grosseira e traiçoeiramente destroem e cindem o Partido. Nunca o escondi nem escondo. É possível que aqui se exija alguma brandura em relação aos divisionistas. Mas não sou capaz disso. Logo na primeira reunião do plenário do CC depois do XIII Congresso pedi que o plenário do CC me libertasse das obrigações de secretário-geral. O próprio Congresso discutiu esta questão. Cada delegação discutiu esta questão, e todas, unanimemente, incluindo Trótski, Kámenev, Zinóviev, obrigaram Stáline a permanecer no seu posto.»(73)
Como se todas estas intrigas em torno do «testamento» não bastassem, Trótski não hesitou, no final da sua vida, em acusar Stáline de ter matado Lénine! Para fundamentar essa inqualificável revelação, apresenta como único argumento a «sua firme convicção»!
No seu livro Stáline, Trótski escreveu:
«Qual foi o papel real de Stáline durante a enfermidade de Lénine? O “discípulo” não fez nada para apressar a morte do seu “mestre”? (...) Só a morte de Lénine poderia deixar o caminho livre a Stáline (...) Estou firmemente convencido de que Stáline não teria podido esperar passivamente, uma vez que o seu destino estava em jogo».(74)
É claro que Trótski não nos fornece nenhuma prova que sustente esta acusação, todavia revela-nos como tal ideia lhe veio:
«Em finais de Fevereiro de 1923, numa reunião do Bureau Político, Stáline informou-nos que Lénine o tinha mandado chamar subitamente e que lhe pedira veneno. Considerava o seu estado desesperado, previa um novo ataque e não tinha confiança nos médicos. O seu sofrimento era intolerável.»
Nesse momento, escutando esta comunicação de Stáline, Trótski esteve próximo de desmascarar o futuro assassino de Lénine:
«A expressão da face de Stáline pareceu-me extremamente enigmática. Um sorriso doentio vagueava sobre sua face como sobre uma máscara», escreveu ele.
Sigamos, então, o inspector Clouseau-Trótski na sua investigação. Ficaremos a saber o seguinte:
«Por que razão Lénine, que nesse momento desconfiava extremamente de Stáline, lhe fez tal pedido? Lénine sabia que Stáline era o único homem que podia trazer-lhe o veneno porque tinha um interesse directo em fazê-lo. Ele conhecia os verdadeiros sentimentos de Stáline a esse respeito.»(75)
Tentem escrever um livro acusando o príncipe Alberto de ter envenenado o Rei Balduíno com este tipo de argumentos: «Ele tinha um interesse directo em fazê-lo». Serão condenados à prisão. Porém, Trótski pôde permitir-se a baixezas inqualificáveis para caluniar o principal líder comunista, e toda a burguesia o felicita pela «sua luta implacável contra Stáline!».(76)
Eis que chegamos agora ao culminar da investigação criminal do astuto esbirro, detective Trótski:
«Imagino que as coisas se tenham passado mais ou menos da seguinte forma: Lénine pede o veneno no final de Fevereiro de 1923. No Inverno, o estado de Lénine começara a melhorar lentamente. Recuperara a faculdade da fala. Stáline queria o poder. O objectivo estava próximo, mas o perigo emanado de Lénine era ainda mais próximo. Stáline teve de tomar a decisão que se impunha e agir sem demoras. Se Stáline fez chegar o veneno a Lénine depois de os médicos lhe terem dado a entender por meias palavras que não havia mais esperanças ou se recorreu a outros meios mais directos, ignoro-o».(77)
Até as mentiras de Trótski são mal concebidas: se já não havia esperanças, por que razão Stáline precisaria de «assassinar» Lénine? De 6 de Março de 1923 até à sua morte, Lénine esteve quase ininterruptamente paralisado e sem fala. A sua mulher, irmã e secretárias estavam à sua cabeceira. Lénine não teria podido tomar veneno sem que elas o soubessem. Os boletins médicos deste período explicam perfeitamente que a morte de Lénine era inevitável.
A forma como Trótski fabricou as suas acusações contra «Stáline, o assassino», assim como a maneira fraudulenta como utilizou o pretenso «testamento» desacreditam completamente toda a sua agitação contra Stáline.
Notas:
(1) Sidney and Beatrice Webb, Soviete Comunism:a New Cililization? Longmans, Greer and Co., edição National Union of General and Municipal Workers, 1935, p. 236. (retornar ao texto)
(2) Ibidem, p. 531. (retornar ao texto)
(3) Alexandre Kerensky, La Russie au tournant de lhistoire, Ed. Plon, 1967, p. 296. (retornar ao texto)
(4) Ibidem, p. 330. (retornar ao texto)
(5) Ibidem, p. 366. (retornar ao texto)
(6) Ian Grey, Stalin, Man of History, Abacus, Sphere Books Ltd., 1982, Grã-Bretanha. (retornar ao texto)
(7) Ibidem, pp. 14-18. (retornar ao texto)
(8) Ibidem, pp. 20-21 e McNeal, Stalin, Macmillan Publishers, Londres, 1988, p. 9. (retornar ao texto)
(9) Grey, op. cit., pp. 22-24. (retornar ao texto)
(10) Trotski, Ma Vie, Gallimard, Livre de Poche, 1966, p. 583. (retornar ao texto)
(11) Grey, op. cit., pp. 29-31. (retornar ao texto)
(12) Grey, op. cit., pp. 32. (retornar ao texto)
(13) Ibidem, pp. 34-35. (retornar ao texto)
(14) Ibidem, p. 38. (retornar ao texto)
(15) Ibidem, p. 45. (retornar ao texto)
(16) Ibidem, p. 51. (retornar ao texto)
(17) Ibidem, p. 53. (retornar ao texto)
(18) Grey, op. cit., pp. 59-64. (retornar ao texto)
(19) Ibidem, pp. 65-69. (retornar ao texto)
(20) Ibidem, p. 70. (retornar ao texto)
(21) Grey, op. cit., pp. 71-73. (retornar ao texto)
(22) Ibidem, pp. 75-79. (retornar ao texto)
(23) Citação traduzida do original russo «Intervenção no VI Congresso do Partido Social-Democrata Operário Russo, 27 de Julho a 3 de Agosto de 1917», in I.V. Stáline, Obras, Gossudarstvenoe Izdátelstvo Politítcheskoi Literaturi, Moscovo, 1946, tomo 3, págs. 186-187 (NT). (retornar ao texto)
(24) Grey, op. cit., pp. 97-98. (retornar ao texto)
(25) Ibidem, p. 104. (retornar ao texto)
(26) Trotski, op. cit., p. 590. (retornar ao texto)
(27) Trotski, op. cit., p. 549. (retornar ao texto)
(28) Kerenski, op. cit., p. 591. (retornar ao texto)
(29) Kerenski, op. cit., p. 629. (retornar ao texto)
(30) Ibidem, pp. 642, 630 e 653. (retornar ao texto)
(31) Webb, op. cit., p. 536. (retornar ao texto)
(32) Jane Burbank, Intelligentsia and Revolution 1917-1922, Oxford University Press, 1986, pp.13, 36, 42, 44. (retornar ao texto)
(33) Grey, op. Cit., p. 105. (retornar ao texto)
(34) Ibidem, pp. 106-109. (retornar ao texto)
(35) Ibidem, pp. 115-117. (retornar ao texto)
(36) Ibidem, pp. 121-127. (retornar ao texto)
(37) McNeal, op. cit., p. 57. (retornar ao texto)
(38) Grey, op. cit., p. 128. (retornar ao texto)
(39) Ibidem, pp. 129-130. (retornar ao texto)
(40) Ibidem, p. 131. (retornar ao texto)
(41) Ibidem, pp. 132-133. (retornar ao texto)
(42) Ibidem, pp. 135-136. (retornar ao texto)
(43) McNeal, op.cit., p. 62. (retornar ao texto)
(44) Grey, op. cit., p. 13. (retornar ao texto)
(45) Trotski, Stalin, Tome II, Union Générale d’Edition, coll. 10-18, Paris, 1979, p. 224. (retornar ao texto)
(46) McNeal, op. cit., p. 63. (retornar ao texto)
(47) Lenine, Oeuvres, tomo 33, Moscovo, 1962, pp. 15 e 35 (retornar ao texto)
(48) Grey, op. cit., p. 151. (retornar ao texto)
(49) Lenine, Oeuvres, tomo 33, Moscovo, 1963, pp. 320-321. (retornar ao texto)
(50) Grey, op. cit., p. 159. (retornar ao texto)
(51) Ibidem, p. 171. (retornar ao texto)
(52) Ibidem, p. 172. (retornar ao texto)
(53) Ibidem, p. 173. (retornar ao texto)
(54) Trotski, Ma Vie, op. cit., p. 260. (retornar ao texto)
(55) Henri Bernard, Le communisme et l’aveuglement occidental, Ed. Grisard, Soumagne, Bélgica, 1982, p. 260. (retornar ao texto)
(56) Stalin, Werke 10, Rede 23 Oktober 1927, Dietz-Verlag, 1950, p. 152. Ver também: Gérard Walter, Lenine, ed. Albin Michel, 1971, p. 472. (retornar ao texto)
(57) Trotski, Ma Vie, op. cit., p. 54. (retornar ao texto)
(58) Citação conforme V.I. Lénine, Obras Escolhidas em Três Tomos, tomo III, Edições Avante!, Lisboa, 1977, pág. 639 (NT). (retornar ao texto)
(59) Idem, ibidem, pág. 640 (NT). (retornar ao texto)
(60) Idem, ibidem, págs. 640-41 (NT). (retornar ao texto)
(61) Trotski, Ma Vie, op. cit., p. 583. (retornar ao texto)
(62) Ibidem, p. 552. (retornar ao texto)
(63) Grey, op. cit., p. 176. (retornar ao texto)
(64) Fotieva, Souvenirs sur Lenine, Ed. Moscovo, pp. 152-153. (retornar ao texto)
(65) Citação conforme V.I. Lénine, Obras Escolhidas em Três Tomos, tomo III, Edições Avante!, Lisboa, 1979, pág. 641 (NT). (retornar ao texto)
(66) Fotieva, Souvenirs sur Lenine, Ed. Moscovo, pp. 173-174. (retornar ao texto)
(67) Trotski, Staline, op. cit., p. 261. (retornar ao texto)
(68) Citação traduzida do original russo incluído no «Relatório de Khruchov», publicado em Izvestia TsKKPSS, N.° 3, Março de 1989, pág. 132 (NT). (retornar ao texto)
(69) Grey, op. cit., p. 179. (retornar ao texto)
(70) Fotieva, op. cit., p. 175. (retornar ao texto)
(71) Trotski, Staline, op. cit., II. P. 262. (retornar ao texto)
(72) Citação traduzida do original russo, «A oposição trotskista antes e agora», discurso no plenário conjunto do CC e da CCC do PCU(b), de 23 Outubro de 1927, in I.V. Stáline, Obras, tomo 10, Gossudártsvenoe Izdátelstvo Politítcheskoi Literaturi, 1949, pág. 173 (NT). (retornar ao texto)
(73) Idem, Ibidem, págs. 175-176 (NT). (retornar ao texto)
(74) Trotski, Staline, II, pp. 258, 264, 273 (retornar ao texto)
(75) Ibidem, p. 266 (retornar ao texto)
(76) Bernard, op. cit., p. 53 (retornar ao texto)
(77) Trotski, Staline, 11, p. 273 (retornar ao texto)
Inclusão | 07/12/2015 |
Última atualização | 22/03/2016 |