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(1) O livro O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo foi escrito em Janeiro-Junho de 1916 em Zurique.
Lénine assinalou os novos fenómenos no desenvolvimento do capitalismo muito antes do início da Primeira Guerra Mundial. Numa série de trabalhos escritos de 1895 a 1913, Lénine revelou e analisou certos traços característicos da época do imperialismo: a concentração da produção e o crescimento dos monopólios, a exportação do capital, a luta pela conquista de novos mercados e esferas de influência, a internacionalização das relações económicas, o parasitismo e a decomposição do capitalismo, o crescimento das contradições entre o trabalho e o capital e a agudização da luta de classes, a criação das premissas materiais para a passagem ao socialismo. Lénine dedicou uma atenção especial ao desmascaramento da política colonial de pilhagem, da luta pela partilha do mundo, da preparação de guerras imperialistas de conquista.
Lénine ocupou-se do estudo aprofundado da fase monopolista de desenvolvimento do capitalismo desde o início da Primeira Guerra Mundial. Isso era exigido pelos interesses da luta revolucionária da classe operária da Rússia e de outros países capitalistas. Para a correcta direcção do movimento operário e para o êxito da luta contra a ideologia da reacção imperialista, contra a política reformista de conciliação com os imperialistas, era necessária a "compreensão de um problema económico fundamental, sem cujo estudo é impossível compreender seja o que for e formar um juízo sobre a guerra e a política actuais: refiro-me ao problema da essência económica do imperialismo" (ver a presente edição, p. 14).
Lénine entregou-se inteiramente ao estudo da literatura sobre o imperialismo provavelmente a partir de meados de 1915, em Berna. Começou então a estabelecer a bibliografia, a elaborar planos, a tirar notas, a escrever resumos. Os materiais preparatórios (Cadernos sobre o Imperialismo) constituem cerca de 50 folhas impressas, contendo excertos de 148 livros (incluindo 106 alemães, 23 franceses, 17 ingleses e 2 em tradução russa) e de 232 artigos publicados em 49 publicações não periódicas diversas.
O livro foi publicado em meados de 1917 com o título O Imperialismo, a Etapa Mais Recente do Capitalismo (Ensaio Popular), com um prefácio de Lénine datado de 26 de Abril de 1917. — 5. (retornar ao texto)
(2) Paz de Brest-Litovsk: tratado de paz entre a Rússia soviética e os países do bloco alemão (Alemanha, Áustria-Hungria, Bulgária e Turquia), assinado em 3 de Março de 1918. As condições de paz eram extremamente pesadas para a Rússia soviética. Segundo o tratado, deveriam ficar sob controlo da Alemanha e da Áustria-Hungria a Polónia, a quase totalidade da região do Báltico e uma parte da Bielorrússia; a Ucrânia separava-se da Rússia soviética e tornava-se um Estado dependente da Alemanha. Uma parte de território iria para a Turquia. Em Agosto de 1918 a Alemanha impôs à Rússia soviética um tratado adicional e um acordo financeiro, nos quais eram apresentadas novas exigências espoliadoras.
Depois da revolução de Novembro de 1918 na Alemanha, que derrubou o regime monárquico, o Comité Executivo Central declarou anulado o espoliador e injusto tratado de Brest-Litovsk. — 17. (retornar ao texto)
(3) O Tratado de Paz de Versalhes, que pôs termo à Primeira Guerra Mundial de 1914-1918, foi assinado em 28 de Junho de 1919 pelos EUA, o Império Britânico, a França, a Itália, o Japão e as potências a eles aliadas, por um lado, e a Alemanha, por outro. O tratado de paz de Versalhes tinha por objectivo consolidar a divisão do mundo capitalista a favor das potências vitoriosas e criar um sistema de relações entre os países dirigido para o estrangulamento da Rússia soviética e a derrota do movimento revolucionário em todo o mundo. — 17. (retornar ao texto)
(4) Wilsonismo: termo derivado do nome de W. Wilson, presidente dos EUA de 1913 a 1921. No primeiro ano da sua presidência, Wilson introduziu uma série de leis a que demagogicamente chamou era de "nova liberdade". A política externa de pilhagem do imperialismo americano era mascarada por Wilson e seus partidários com palavras de ordem e frases hipócritas sobre a "democracia" e a "união dos povos". Desde os primeiros dias do Poder soviético Wilson foi um dos inspiradores e organizadores da intervenção contra a Rússia soviética. A fim de contrariar a profunda influência exercida sobre as massas populares de todos os países pela política de paz do governo soviético, Wilson apresentou "um programa de paz" demagógico, formulado em "14 pontos", que deveria servir de disfarce à política agressiva dos EUA. A propaganda americana e a imprensa burguesa europeia criaram a Wilson uma falsa auréola de combatente pela paz. Contudo, a hipocrisia das frases pequeno-burguesas de Wilson e dos "wilsonistas" foi rapidamente desmascarada pela reaccionária política antioperária no interior do país e pela política externa agressiva dos EUA. — 17. (retornar ao texto)
(5) Lénine refere-se à II Internacional (de Berna) fundada na conferência dos partidos socialistas realizada em Berna em Fevereiro de 1919 pelos dirigentes dos partidos socialistas da Europa ocidental em substituição da II Internacional, que deixara de existir desde o início da Primeira Guerra Mundial. A Internacional de Berna desempenhou de facto o papel de serventuária da burguesia internacional. "É uma autêntica internacional amarela", assim se referiu Lénine a ela no artigo A III Internacional e o Seu Lugar na História. — 18. (retornar ao texto)
(6) Partido Social-Democrata Independente da Alemanha: partido centrista fundado em Abril de 1917. Os "independentes", mascarando-se com uma fraseologia centrista, pregavam a "unidade" com os sociais-chauvinistas e inclinavam-se para a renúncia à luta de classe. Em Outubro de 1920, no congresso do Partido Social-Democrata Independente realizado em Halle, verificou-se uma cisão; em Dezembro de 1920 uma parte significativa desse partido uniu-se com o Partido Comunista da Alemanha, e a direita constituiu um partido separado com o antigo nome de Partido Social-Democrata Independente da Alemanha, que existiu até 1922. — 19. (retornar ao texto)
(7) Spartakistas: organização revolucionária dos sociais-democratas de esquerda alemães, fundada no princípio da Primeira Guerra Mundial por Karl Liebknecht, Rosa Luxemburg, Franz Mehring, Clara Zetkin, I. Marchlevski, Leo Jogiches (Tyszka) e Wilhelm Pieck. Em Abril de 1915, Rosa Luxemburg e F. Mehring fundaram a revista Die Internationale, em torno da qual se uniu o grupo fundamental dos sociais-democratas de esquerda da Alemanha. A partir de 1916 o grupo A Internacional começou a editar e a difundir ilegalmente Cartas Políticas assinadas Spartakus, e o grupo A Internacional passou a chamar-se Spartakus. Os spartakistas faziam propaganda revolucionária entre as massas, organizavam acções de massas contra a guerra, dirigiam greves, desmascaravam o carácter imperialista da guerra mundial e a traição dos dirigentes oportunistas da social-democracia. Contudo, cometiam erros sérios em relação a importantes questões teóricas e políticas.
Em Abril de 1917 os spartakistas entraram para o Partido Social-Democrata Independente da Alemanha, centrista, conservando nele a sua autonomia organizativa. Em Novembro de 1918, durante a revolução na Alemanha, os spartakistas constituíram-se em Liga Spartakus e, depois de publicarem em 14 de Dezembro de 1918 o seu programa, romperam com os "independentes". No congresso constituinte realizado em 30 de Dezembro de 1918-1 de Janeiro de 1919 os spartakistas fundaram o Partido Comunista da Alemanha. — 19. (retornar ao texto)
(8) Versalheses: inimigos furiosos da Comuna de Paris de 1871, partidários do governo burguês contra-revolucionário francês dirigido por Thiers, constituído em Versalhes depois da vitória da Comuna. Durante a repressão da Comuna de Paris, os versalheses massacraram os communards com uma crueldade inaudita. Depois de 1871 a palavra "versalheses" tornou-se sinónimo de contra-revolução raivosa. — 20. (retornar ao texto)
(9) Guerra hispano-americana de 1898: primeira guerra imperialista da história; segundo a definição de Lénine, um dos principais marcos que assinalaram o início da época do imperialismo. A guerra começou numa situação de insurreição em Cuba (desde 1895) e nas Filipinas (desde 1896) contra a opressão colonial espanhola. Actuando pretensamente em apoio da luta desses povos, os EUA aproveitaram-se dela para os seus objectivos e para a conquista de Porto Rico, da ilha de Guam e das Filipinas, e ocuparam Cuba, formalmente declarada independente.
Guerra anglo-bóer de 1899-1902: guerra de conquista da Grã-Bretanha contra as repúblicas bóeres da África do Sul — Estado Livre de Orange (Orange Free State) e Transval; uma das primeiras guerras da época do imperialismo. Como resultado da guerra, ambas as repúblicas foram transformadas em colónias inglesas; a população nativa africana ficou sob um duplo jugo: dos bóeres e dos colonizadores ingleses. — 21. (retornar ao texto)
(10) Referência à resolução do congresso da social-democracia alemã realizado em Setembro de 1912 em Chemnitz. Na resolução condenava-se a política imperialista e assinalava-se a importância da luta pela paz. — 21. (retornar ao texto)
(11) Proteccionismo: política económica de um Estado destinada a proteger a economia nacional da concorrência estrangeira. Aplica-se através do estímulo financeiro à indústria nacional, dos incentivos à exportação, da limitação das importações.
Nas condições do imperialismo, o proteccionismo tem um carácter "ofensivo".
A sua principal tarefa é a defesa dos sectores mais desenvolvidos, altamente monopolizados, da indústria, a conquista de mercados externos através da exportação de capitais, do dumping, etc. — 26. (retornar ao texto)
(12) Die Bank (O Banco): revista dos financeiros alemães; publicou-se em Berlim de 1908 a 1943. — 33. (retornar ao texto)
(13) O craque da bolsa desencadeou-se em 1873, primeiro na Áustria-Hungria e depois na Alemanha e noutros países. No princípio dos anos 70, a expansão dos créditos e a especulação bolsista adquiriram dimensões até então desconhecidas. A especulação bolsista continuou a crescer num período em que na indústria e no comércio se manifestavam já os sintomas de uma crise económica mundial crescente. A catástrofe desencadeou-se em 9 de Maio de 1873 na bolsa de Viena: num período de 24 horas, as acções desvalorizaram-se em centenas de milhões, o número de falências foi enorme. A catástrofe da bolsa estendeu-se à Alemanha. — 44. (retornar ao texto)
(14) Escândalos gründeristas (do alemão Gründer: fundador): fundação febril e maciça de sociedades por acções, bancos e companhias de seguros. O gründerismo é característico principalmente dos anos 50-70 do século XIX. O crescimento do gründerismo foi acompanhado por uma especulação desenfreada com os terrenos e com os valores da bolsa, pela criação de empresas fictícias, por manobras fraudulentas que enriqueciam os homens de negócios burgueses. — 44. (retornar ao texto)
(15) No princípio dos anos 70 do século xix o grupo financeiro monopolista Rockefeller controlava capitais superiores a 120 milhões de dólares e o grupo Morgan capitais superiores a 90 milhões de dólares. Entre o número das companhias industriais controladas pelos Morgan há grandes monopólios dos EUA como a United States Steel, a General Electric, a General Motors e muitas outras corporações da indústria transformadora, dos transportes ferroviários, da banca.
O principal poderio do grupo Rockfeller é o controlo da indústria petrolífera; na esfera da sua influência encontram-se os maiores monopólios petrolíferos dos EUA, incluindo a Standart Oil Co. (New Jersey; desde 1972, Exxon). A esfera de influência do grupo Rockfeller abrange a indústria (electrónica, construção de máquinas), as instituições financeiras e de crédito, os seguros.
Os grupos Rockfeller e Morgan têm uma enorme influência na vida política dos EUA. Muitos presidentes e ministros dos EUA foram protegidos dos Morgan; os Rockfeller, juntamente com outros magnatas, financiam o Partido Republicano dos EUA. Os monopólios da esfera de influência dos Morgan e dos Rockfeller obtêm enormes lucros das encomendas militares e dos fornecimentos ao governo. — 45. (retornar ao texto)
(16) Jornal de Frankfurt (Frankfurt Zeitung): jornal diário, órgão dos grandes bolsistas alemães; publicou-se em Frankfurt am Main de 1856 a 1943. Recomeçou a sua publicação em 1949 com o nome de Frankfurter Allgemeine Zeitung (Jornal Geral de Frankfurt). — 45. (retornar ao texto)
(17) A teoria do "capitalismo organizado", cujo carácter burguês apologético Lénine desmascara no livro O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, apresenta o imperialismo como um capitalismo especial, reorganizado, em que pretensamente teriam sido eliminadas a concorrência e a anarquia da produção, as crises económicas, e se realizaria o desenvolvimento planificado da economia nacional. A teoria do "capitalismo organizado", apresentada pelos ideólogos do capitalismo monopolista — Sombart, Liefmann e outros —, foi adoptada pelos reformistas, Kautsky, Hilferding e outros teóricos da II Internacional. Os actuais defensores do imperialismo criam numerosas variantes da teoria do capitalismo "organizado" ou "planificado", destinadas a enganar as massas populares e a embelezar o capitalismo monopolista. A vida demonstrou convincentemente a justeza da caracterização leninista do imperialismo: o domínio dos monopólios não elimina, antes agudiza, a anarquia da produção, não livra a economia capitalista das crises. — 50. (retornar ao texto)
(18) Lénine refere-se a G. Plekhánov. As declarações de G. Plekhánov acerca da questão do imperialismo estão contidas numa colectânea de artigos seus, Acerca da Guerra, editada em Petrogrado durante a guerra. — 53. (retornar ao texto)
(19) Deutsche Ökonomist (Economista Alemão): revista publicada em Berlim de 1883 a 1935. — 59. (retornar ao texto)
(20) Panamá francês: expressão surgida a propósito da revelação em França, em 1892-1893, dos enormes abusos e da corrupção de políticos e estadistas, de funcionários e de jornais, subornados pela companhia francesa criada para a construção do Canal do Panamá. — 62. (retornar ao texto)
(21) Weltwirtschaftlisches Archiv (Arquivo da Economia Mundial): revista publicada desde 1913 pelo Instituto da Economia Mundial da Universidade de Kiel (hoje, Jena).— 66. (retornar ao texto)
(22) O Bulletin de l’Institut International de Statistique (Boletim do Instituto Nacional de Estatística) publicou-se em Haia de 1885 a 1912. — 66. (retornar ao texto)
(23) The Daily Telegraph (O Telégrafo Diário): jornal liberal, conservador a partir dos anos 80 do século xix. Publicou-se de 1855 até 1937, inicialmente em Londres e posteriormente em Manchester. — 66. (retornar ao texto)
(24) O Journal of the Royal Statistical Society (Revista da Real Sociedade Estatística) publica-se em Londres desde 1838. — 67. (retornar ao texto)
(25) Lénine refere-se ao chamado "Protocolo Final" assinado em 7 de Setembro de 1901 entre as potências imperialistas (Inglaterra, Áustria-Hungria, Bélgica, Alemanha, Itália, Espanha, Holanda, Rússia, EUA, França e Japão) e a China na sequência do esmagamento da insurreição dos boxers de 1899-1901. O capital estrangeiro obteve novas possibilidades de explorar e pilhar a China. — 118. (retornar ao texto)
(26) Insurreição dos boxers (mais exactamente: insurreição de Yi-Ho-Tuan): insurreição popular anti-imperialista no Norte da China em 1899-1901. A insurreição foi iniciada pela sociedade secreta Yi-Ho-Tsiuan (Punho da Justiça e da Concórdia), que mais tarde se passou a chamar Yi-Ho-Tuan (Destacamento da Justiça e da Concórdia). Em Junho de 1900 os insurrectos atingiram Pequim. A insurreição, chamada pelos estrangeiros insurreição dos boxers, foi cruelmente esmagada pelo corpo punitivo unificado das potências imperialistas, encabeçado pelo general alemão Waldersee. No esmagamento da insurreição participaram os imperialistas alemães, japoneses, ingleses, americanos e russos. Foi imposto à China o leonino "Protocolo Final", de acordo com o qual a China se tornava uma semicolónia do imperialismo estrangeiro. — 119. (retornar ao texto)
Inclusão | 05/12/2004 |
Última alteração | 30/07/2016 |