Os Khrushchevistas

Enver Hoxha


10. O recuo temporário para se vingar depois


Os soviéticos insistem na “unidade”. A reunião em Moscou de 1957. As negociações de Khrushchev para trazer Tito à reunião. A “irritação” temporária de Khrushchev. Debate sobre a expressão: “Dirigida pela União Soviética”. Gomulka afirma: “Não estamos subordinados à União Soviética”. Mao Zedong declara: “Nosso campo precisa de uma liderança, afinal, até mesmo uma cobra tem uma cabeça”. Togliatti sugere: “Devemos explorar novos caminhos”, “somos contra uma única autoridade centralizada”, “não queremos adotar a tese de Lênin sobre 'o partido do novo tipo'”. Mao utiliza um sofisma: 80%, 70% e 10% de “marxistas”. A Declaração de Moscou e a resposta da Iugoslávia. Khrushchev encobre sua traição sob o nome de Lênin.

O propósito dos khrushchevistas, que estavam promovendo a restauração do capitalismo na União Soviética, era transformá-la em uma significativa potência social-imperialista. Consequentemente, advogavam pela sua plena militarização, uma vez que a turbulência que estavam gerando não apenas comprometeria a coesão do campo socialista, mas também intensificaria as contradições com o imperialismo americano. Os khrushchevistas reconheciam a superioridade dos Estados Unidos da América em termos econômicos e militares em relação à União Soviética.

A estratégia demagógica dos khrushchevistas, ao promoverem a ideia de uma “nova era de paz” e do “desarmamento”, visava ludibriar os gogos(1). Os Estados Unidos da América e o sistema capitalista internacional se aproveitaram disso para aprofundar a crise do comunismo, evitar uma rápida crise econômica e política que ameaçasse os próprios Estados Unidos, e consolidar seus mercados e alianças, especialmente a OTAN. Paralelamente, os khrushchevistas empenharam-se na consolidação do Tratado de Varsóvia, transformando-o em um instrumento soviético para restringir nossos países. Sob o pretexto de “defesa contra a OTAN”, conseguiram converter a presença de tropas soviéticas em uma ocupação militar de muitos países signatários do Tratado de Varsóvia.

De fato, a ameaça imperialista era e ainda é uma realidade. Contudo, com a ascensão dos khrushchevistas ao poder, nossos países foram tratados como campos de batalha externos à esfera soviética, e nossos povos foram considerados meros peões pelos revisionistas soviéticos. Eles buscaram controlar e dirigir todos os aspectos da vida, desde o exército até a economia e a cultura. Todos os partidos dos países socialistas caíram nessa armadilha khrushchevista, com exceção do Partido do Trabalho da Albânia.

Entretanto, inevitavelmente, surgiram atritos, discordâncias e brigas, mesmo entre aqueles que seguiam e se submetiam à linha de Khrushchev, todos motivados por objetivos e políticas sem princípios. A burguesia e a reação internacional alimentaram essas divergências para aprofundar as divisões dentro do “bloco comunista”. Khrushchev e seus aliados perceberam esse processo e usaram todos os meios e formas para restringi-lo e isolá-lo.

Para alcançar seus objetivos estratégicos, os khrushchevistas necessitavam da “amizade” de todos, especialmente dos partidos e países do campo socialista. Portanto, empregaram várias táticas para “consolidar suas relações”, suavizar as divergências, subjugar os demais e estabelecer sua direção sobre eles.

Seu método de operação incluía reuniões e contatos, geralmente em Moscou, visando transformar a capital soviética no centro do comunismo internacional, mantendo sempre a vantagem por meio de dispositivos de escuta e exercendo controle sobre indivíduos estratégicos.

Ficou claro que as coisas não estavam indo bem para os khrushchevistas. A União Soviética enfrentava contradições significativas com a Albânia, a China e até mesmo com outros países de democracia popular. A linha de “liberdade” e “democracia”, proclamada de forma enfática no 20º Congresso, agora se voltava contra a própria direção soviética, resultando na desintegração de suas fileiras. No entanto, os khrushchevistas precisavam preservar a “unidade” político-ideológica do campo socialista e do movimento comunista internacional a todo custo, ao menos em sua superfície. Nesse sentido e com esse objetivo, foi organizada a Reunião de Moscou de 1957.

Khrushchev e sua quadrilha empreenderam esforços intensivos não apenas para assegurar a participação da Liga dos Comunistas da Iugoslávia nessa reunião como representante de um “país socialista”, mas também, se possível, para obter um acordo entre Tito e Khrushchev sobre a plataforma, o método de procedimento e as conclusões do encontro. Dessa maneira, a tão almejada “unidade” pelos khrushchevistas pareceria mais sólida do que nunca. No entanto, Tito não era alguém que se deixava facilmente influenciar por Khrushchev. Houve uma troca de correspondências extensiva e várias reuniões bilaterais entre os emissários de Khrushchev e Tito antes da reunião, mas, quando parecia que um entendimento estava próximo, tudo mudou e a divisão se aprofundou ainda mais.

Ambos os lados buscavam usar a reunião para seus próprios fins: Khrushchev, para proclamar a “unidade”, mesmo que isso implicasse em concessões dolorosas para atrair Tito; enquanto este último, para instigar os demais a abandonar de vez o marxismo-leninismo, a luta contra o revisionismo moderno e qualquer posição fundamentada em princípios. Ponomaryov e Andropov foram até Belgrado, negociaram abertamente com os representantes de Tito, demonstraram disposição para recuar em muitas das posições anteriormente defendidas, aparentemente baseadas em princípios. No entanto, Tito, de longe, decretou:

“Iremos à reunião, mas apenas sob a condição de que nenhuma declaração seja divulgada, pois isso poderá acirrar as tensões internacionais e enfurecer os imperialistas, acusando-nos de 'ameaça comunista'. Nós, iugoslavos, não podemos aceitar qualquer tipo de declaração, pois nossos aliados ocidentais podem interpretar isso como um vínculo com o campo socialista, o que poderia levar à ruptura de nossas estreitas relações com eles. Participaremos da reunião com a condição de que não seja feita nenhuma menção aos termos oportunismo e revisionismo, pois, caso contrário, seremos atacados diretamente. Além disso, exigimos que a política das potências imperialistas não seja atacada, pois isso não serviria à política de redução de tensão, etc., etc.”

Em outras palavras, Tito expressou seu desejo de que os comunistas do mundo se reunissem em Moscou para um encontro amigável e informal.

No entanto, essa era exatamente a declaração que Khrushchev necessitava: uma que confirmasse a “unidade” e obtivesse o máximo de assinaturas possível. As discussões chegaram a um impasse quando Tito decidiu não comparecer a Moscou. A reação de Khrushchev foi de raiva, expressa por meio de termos fortes, substituindo os sorrisos e elogios a “camarada Tito” por epítetos como “oportunista”, “anti-leninista”, entre outros.

No entanto, Khrushchev reservou esses “termos fortes” para conversas informais e corredores, evitando mencioná-los nas reuniões. Quando confrontado com os revisionistas e opositores à União Soviética, referiu-se apenas a dois indivíduos, Nagy e Djilas, como exemplos.

Ele ainda mantinha a esperança de que Tito cumprisse sua promessa anterior em Bucareste, confirmando a “unidade dos treze”. No entanto, Tito repentinamente alegou estar “doente”, cancelando sua participação.

— Uma doença diplomática! — reclamou Khrushchev com raiva, e perguntou a nós e aos outros o que deveria ser feito na situação em que os iugoslavos não concordaram nem mesmo em participar da primeira reunião dos partidos comunistas dos países socialistas, muito menos em assinar a declaração.

— Nós já expressamos nossa opinião sobre eles há muito tempo, e todos os dias estamos demonstrando que estávamos e estamos corretos, — afirmamos. — Não devemos retroceder apenas porque os iugoslavos optaram por não comparecer.

— Concordamos plenamente, — disse Suslov. — A reunião foi realizada sem o 13º, o elemento discordante.

Apesar da ausência dos revisionistas iugoslavos na primeira reunião dos partidos dos países socialistas, sua presença foi sentida nos procedimentos, pois foram representados por seus aliados ideológicos, como Gomulka e outros. Estes manifestaram apoio às teses de Tito e pressionaram por uma postura mais condescendente e desorganizada por parte de Khrushchev e seus aliados.

— Não concordamos com a ideia de utilizar a expressão “campo socialista dirigidos pela União Soviética”, — declarou Gomulka. — Na prática, abandonamos o uso desse termo para mostrar que não estamos mais sujeitos à influência direta da União Soviética, como ocorria na era de Stálin.

Os dirigentes soviéticos, por sua vez, empregaram uma estratégia sutil para contornar essa questão. A fim de demonstrar uma suposta igualdade nas relações com os outros partidos irmãos, “propuseram” que a expressão “dirigido pela União Soviética” não fosse mais utilizada, sob o argumento de que todos os países socialistas eram “iguais”. No entanto, essa proposta foi feita de maneira temporária, como uma maneira de sondar a opinião dos demais, pois, na essência, não buscavam apenas substituir o termo por “sob a direção da União Soviética”, ou seja, estabelecendo uma relação de dependência com a União Soviética. Esse era o verdadeiro intento dos khrushchevistas, como o tempo demonstrou.

Quando Gomulka apresentou sua proposta durante a reunião, os representantes soviéticos reagiram com indignação e, sem se manifestarem abertamente primeiro, instigaram os outros a atacá-lo.

O debate sobre essa questão foi longo e acalorado. Apesar de a percepção de que a direção soviética estava se afastando dos princípios socialistas estar se tornando cada vez mais clara entre nós, continuamos a defender a tese de um “campo dirigido pela União Soviética” por razões de princípio e estratégicas. Reconhecíamos que, ao rejeitar essa expressão, Gomulka e sua quadrilha estavam, na verdade, rejeitando abertamente e sem hesitação tudo o que havia sido provado como bom e valioso nas décadas de experiência da União Soviética sob a liderança de Lênin e Stálin. Estavam negando a importância da experiência da Revolução de Outubro e a construção do socialismo na União Soviética durante o período de Stálin, assim como o papel fundamental que a União Soviética desempenhava no triunfo e no avanço do socialismo em muitos países.

Portanto, os revisionistas, como Gomulka, Togliatti e outros, se uniram ao feroz ataque desencadeado pelo imperialismo e pela reação contra a União Soviética e o movimento comunista internacional naqueles anos.

Para nós, defender as conquistas marxista-leninistas era um dever internacionalista, motivo pelo qual nos opusemos firmemente a Gomulka e aos demais. Isso era uma questão de princípio para nosso partido. Por outro lado, nossa defesa da União Soviética e da tese de um “campo dirigido pela União Soviética”, tanto em 1957 quanto nos anos seguintes, foi uma das estratégias adotadas por nosso partido para combater o revisionismo moderno khrushchevista.

Embora Khrushchev e seus aliados estivessem cientes de nossas opiniões e posições, naquela época ainda não havíamos expressado abertamente nossa oposição à linha revisionista que estavam adotando. Portanto, ao nos opormos vigorosamente às teses revisionistas de Tito, Gomulka, Togliatti e outros perante todos os partidos, encontramos indiretamente uma oportunidade para criticar as teses, posições e ações de Khrushchev, que, essencialmente, coincidiam com as de Tito e seus seguidores.

Por motivações e objetivos completamente diferentes, alheios ao marxismo-leninismo, Ulbricht, Novotny, Zhivkov, e Dej, entre outros, também criticaram Gomulka. Eles buscavam o favor da União Soviética e de Khrushchev e, para isso, deixaram seu aliado ideológico em minoria.

Mao Zedong apresentou seus “argumentos” do lugar onde estava sentado.

— Nosso campo precisa de uma liderança, afinal, até mesmo uma cobra tem uma cabeça, — disse ele. — Eu discordo que a China deva ser chamada de líder do campo, — continuou Mao, — porque não merecemos tal honra e não estamos em posição de assumir esse papel, uma vez que ainda somos economicamente desfavorecidos. Não possuímos nem sequer um quarto dos satélites que a União Soviética detém. Portanto, é justo que a União Soviética seja a líder, pois nos trata de maneira justa. Observe como estamos dialogando livremente agora. Se Stálin estivesse presente, seria difícil ter esse tipo de conversa. Quando eu encontrava Stálin, sentia-me como um aluno diante de seu professor. Já com o camarada Khrushchev, falamos livremente, como camaradas em pé de igualdade.

E como se isso não fosse suficiente, ele continuou em seu próprio estilo:

— Com a crítica ao culto à personalidade, parecia que um peso opressivo, que nos impedia de compreender as coisas de maneira adequada, foi retirado de nossos ombros. Quem nos libertou desse fardo, quem facilitou nossa compreensão do culto à personalidade? — perguntou o filósofo, ficando em silêncio por um momento antes de dar sua resposta: — Foi o camarada Khrushchev, e por isso lhe somos gratos.

Foi dessa maneira que o “marxista” defendeu a tese de um “campo dirigido pela União Soviética” e expressou seu apoio a Khrushchev. No entanto, ao mesmo tempo, para evitar desagradar a Gomulka, que se opunha a essa tese, Mao, habilidosamente, acrescentou:

— Gomulka é um camarada confiável e merece nosso apoio!

Também foram realizados debates muito longos com relação à posição em relação ao revisionismo moderno.

Gomulka, em particular, apoiado por Ochab e Zambrowski na primeira reunião dos doze partidos dos países socialistas, e mais tarde por Togliatti na segunda reunião com 68 partidos, na qual também estavam presentes enviados de Tito, opuseram-se firmemente ao ataque ao revisionismo moderno e à sua definição como o principal perigo no movimento comunista e operário internacional. Ochab expressou preocupação, afirmando:

— Com essas formulações, estamos alienando os maravilhosos e corajosos camaradas iugoslavos, e agora vocês também estão alienando a nós, poloneses.

Palmiro Togliatti tomou a palavra na reunião e expôs suas teses ultra-revisionistas:

— Devemos ir além da linha estabelecida pelo 20º Congresso para transformar os partidos comunistas em amplas organizações de massas. Devemos traçar novos rumos e adotar novas palavras de ordem. — resumiu. — Neste momento, é crucial uma grande independência na formulação de palavras de ordem e modelos de colaboração, — continuou, — Por isso nos opomos a um único centro de direção. Tal centralização não seria benéfica para o desenvolvimento da individualidade de cada partido nem para a aproximação das grandes massas, incluindo católicos e outros grupos, ao nosso redor.

Jacques Duclos, que estava sentado ao meu lado, não conseguiu se conter:

— Estou prestes a me levantar para criticá-lo diretamente, — disse-me. — Você está ouvindo o que ele está dizendo, camarada Enver?

— Sim. — respondi a Duclos. — Ele está expressando aqui o que vem pensando e fazendo há muito tempo.

— Em 1945, — continuou Togliatti, — declaramos que queríamos criar um novo partido. Dizemos um “novo partido” e não queremos usar a tese de Lênin, “o partido de novo tipo”, porque, se o colocássemos dessa forma, isso marcaria um grande erro teórico e político, significaria criar um partido comunista que romperia com as tradições da social-democracia. Se tivéssemos construído um partido de novo tipo, — continuou Togliatti, — teríamos alienado o partido das massas populares e nunca teríamos criado a situação que temos hoje, quando nosso partido se tornou um grande partido de massas.

Após essas e outras teses de Togliatti, os ânimos se exaltaram. Jacques Duclos se levantou para falar:

— Ouvimos atentamente o discurso de Togliatti, — disse ele, entre outras coisas, — mas declaramos que não concordamos nem um pouco com o que Togliatti disse. Suas opiniões abrem caminho para o oportunismo e o revisionismo.

— Nossos partidos foram e são prejudicados pelo sectarismo e pelo dogmatismo! — interveio Togliatti.

Em um determinado momento, Mao Zedong levantou-se para acalmar os ânimos, falando em seu estilo de alegorias e implicações. Ele disse:

— Em todas as questões humanas, é preciso ir à luta, mas também à conciliação. Tenho em mente as relações entre camaradas: quando tivermos diferenças, convidemos uns aos outros para conversar. Em Panmunjom, tivemos negociações com os americanos, no Vietnã, com os franceses.

Depois de várias frases desse tipo, ele chegou ao ponto:

— Há pessoas, — disse ele, — que são 100% marxistas e outras que são 80% contra o revisionismo; ele nos tem em mente e nos menciona pelo nome. Mas mesmo quando não somos mencionados pelo nome, todos entendem que estamos implícitos, e é por isso que não participamos da reunião nem assinamos a declaração dos partidos dos países socialistas.

E eles não assinaram essa declaração.

Mao Zedong expressou seu profundo pesar:

— Eles não vão assinar a declaração dos doze partidos. — disse ele. — Como regra, deveria haver treze países, mas os camaradas iugoslavos se afastaram. Não podemos forçá-los. Eles não vão assinar. Eu digo que daqui a dez anos eles assinarão a declaração(2).

A declaração, que foi elaborada em conjunto e adotada na reunião, generalizou a experiência do movimento comunista internacional, defendeu as leis universais da revolução e da construção socialista, e definiu uma série de tarefas comuns para os partidos comunistas e dos operários, bem como as normas de relacionamento entre eles.

Assim, a adoção da declaração foi uma vitória para as forças revolucionárias marxista-leninistas. De modo geral, ela constituiu um programa correto de luta conjunta para as próximas batalhas contra o imperialismo e o revisionismo.

No entanto, embora os revisionistas modernos tenham sido controlados e temporariamente tenham baixado seus chifres, eles não cessaram seu trabalho obscuro e não tinham intenção de fazê-lo. Khrushchev exploraria a Reunião de Moscou de 1957 como um meio de preparar o terreno para a implementação do terrível plano anticomunista que ele levaria adiante.

Ele fez o máximo para disfarçar sua traição sob o nome de Lênin e, portanto, fez uso da fraseologia pseudo-leninista, mobilizou todos os pseudo-filósofos liberais, que aguardavam o momento de adaptar às linhas revisionistas (que eles retiraram do velho arsenal social-democrata) disfarces leninistas apropriados à situação moderna do desenvolvimento econômico de “nossa época de superioridade do socialismo” e “a conquista, especialmente na União Soviética, do estágio de construção do comunismo”.

O khrushchevismo distorceu o marxismo-leninismo, considerando-o ultrapassado e, consequentemente, declarou a fase da ditadura do proletariado como ultrapassada, anunciando sua substituição pelo “estado de todo o povo”. Seguindo sua trajetória de traição, Khrushchev propôs substituir o partido do proletariado pelo “partido de todo o povo”. Assim, segundo Khrushchev, a União Soviética avançaria para “uma fase superior, o comunismo”, enquanto na realidade o país ainda enfrentava atrasos na indústria e na agricultura, com seus mercados vazios. O conceito de que a União Soviética estava avançando para a fase do comunismo era meramente retórico, pois a realidade contradizia essa afirmação. O país necessitava urgentemente de um partido marxista-leninista forte para reeducar os soviéticos e reverter a degeneração da sociedade soviética.

Esse discurso liberal foi amplamente propagado por Khrushchev e seus teóricos da noite para o dia. A imprensa, o rádio e toda a propaganda soviética ecoaram essa ideia; cartazes com letras grandes foram espalhados pelas ruas, fachadas de prédios e projetos industriais: “Dognat i peregnat S.SH.A(3)

Das tribunas das reuniões, o traidor gritava: “Ultrapassamos os Estados Unidos neste ou naquele setor, vamos ultrapassá-los na agricultura (e até marcamos as datas), vamos enterrar o capitalismo”, entre outras declarações. As teorias revisionistas foram desenvolvidas, elaboradas e difundidas pelas direções traidoras dos partidos pseudo-marxistas e por uma multidão heterogênea de filósofos pseudo-marxistas, trotskistas como Serven, Garaudy, Krivin, Fischer e outros, em todos os países capitalistas. Estes estavam infiltrados nas fileiras dos partidos comunistas e emergiram como revisionistas khrushchevistas, surgindo como cogumelos após a chuva.

Os comunistas genuínos foram pegos de surpresa. O sentimentalismo antimarxista doentio os impediu de levantar a voz contra seus partidos em degeneração, contra os antigos dirigentes que estavam traindo e contra a União Soviética, que tanto amavam, para perceber a catástrofe para a qual a pátria de Lênin e Stálin estava caminhando.

A burguesia capitalista contribuiu para aprofundar essa confusão ao máximo, utilizando todas as suas forças e meios econômicos e de propaganda.

Dessa forma, o plano ardiloso de Khrushchev foi desenvolvido em detalhes por meio de intrigas, pressões, demagogia, chantagem, acusações falsas e violações dos tratados, acordos e convênios existentes entre a União Soviética e a China, bem como entre a União Soviética e a Albânia, até que os khrushchevistas chegaram à “famosa” Reunião de Bucareste.