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Primeira Edição: Leon Trotsky, In Defense of Marxism, New York 1942.
Fonte: "Em Defesa do Marxismo", publicação da Editora "Proposta Editorial"
Direitos de Reprodução: © Editora Proposta Editorial. Agradeçemos a Valfrido Lima pela autorização concedida.
Querido amigo:
No artigo que enviei a Wright, para ser traduzido, não faço qualquer menção sobre duas questões:
Primeiro, sobre o conservadorismo burocrático. Acredito que discutimos um pouco este assunto quando você esteve aqui. Como tendência política, o conservadorismo burocrático representa os interesses materiais de uma certa camada social; no concreto, da privilegiada burocracia operária nos Estados capitalistas, especialmente nos países imperialistas, e em um grau incomparavelmente mais alto, na URSS. Seria fantástico, para não dizer estúpido, buscar tais raízes do "conservadorismo burocrático" na maioria. Se o burocratismo e o conservadorismo não estão determinados por condições sociais, então representam nuances nos caracteres pessoais de alguns dirigentes. Tais coisas acontecem. Mas, neste caso, como explicar a formação de uma fração? E uma seleção de individualidades conservadoras? Aqui, temos uma explicação psicológica e não política. Se aceitamos (eu pessoalmente não aceito) que, por exemplo, Cannon possui tendências burocráticas, então inevitavelmente chegaremos à conclusão de que a maioria apóia Cannon apesar desta característica e não por causa dela. Significa que a questão dos fundamentos sociais da luta fracional sequer é mencionada pelos dirigentes da minoria.
Em segundo lugar, com o objetivo de comprometer minha "defesa" de Cannon, eles insistem em que defendi, de forma equivocada, Molinier(1). Sou o último a negar que posso cometer erros de natureza política assim como de análises pessoais. Mas, apesar de tudo, o argumento não é muito profundo. Nunca apoiei as falsas teorias de Molinier. Foi um assunto especialmente de caráter pessoal: brutalidade, falta de disciplina e seus assuntos financeiros particulares. Alguns camaradas, entre eles, Vereecken, insistiram na imediata separação de Molinier. Eu insisti na necessidade imediata da organização tentar disciplinar Molinier. Porém em 1934, quando Molinier tentou substituir o programa do partido por "quatro palavras-de-ordem" e fundou um jornal baseado nisso, estive entre os que propuseram a sua expulsão. Esta é toda a história. Pode-se ter opinião diferente sobre o bom critério de minha conduta paciente com relação a Molinier; no entanto, logicamente eu me conduzia não pelos interesses pessoais de Molinier, mas pelos interesses de educação do partido: nossas próprias seções herdaram algum veneno do Comitern, no sentido de que muitos camaradas se inclinaram a abusar de medidas como expulsões, cisões ou ameaças de expulsões e cisões. No caso de Molinier, assim como no caso de alguns camaradas americanos (Field, Weisbord e alguns outros) estive a favor de uma atitude mais paciente. Em vários casos tive sucesso, em vários outros fracassei. Mas não me arrependo de forma alguma, de minha atitude paciente frente a algumas figuras duvidosas de nosso movimento. Em qualquer caso, minha "defesa" em relação a eles nunca foi um bloco às expensas dos princípios. Por exemplo, se alguém propusesse a expulsão de Burnham, eu me oporia energicamente a isso. Mas ao mesmo tempo, vejo como necessário levar a cabo a mais enérgica luta ideológica contra suas concepções antimarxistas.
Fraternalmente seu,
Leon Trotsky
Coyoacán (México)
Notas:
(1) Molinier foi um dos dirigentes do movimento trotskysta francês. Foi expulso por causa de total violação da disciplina do partido. (retornar ao texto)
Inclusão | 09/07/2009 |