Programa de Transição da IV Internacional

Leon Trotsky


A expropriação de certos grupos capitalistas


O programa socialista da expropriação, isto é, da derrubada política da burguesia e da liquidação de seu domínio econômico, não deve, de nenhuma maneira, impedir-nos, no presente período de transição, de reivindicar, apresentando-se a ocasião, a expropriação de certos ramos da indústria entre os mais importantes para a existência nacional ou de certos grupos da burguesia entre os mais parasitários.

Assim, às dolorosas lamentações dos senhores democratas sobre a ditadura das “60 famílias” nos EUA ou das “200 famílias” na França, opomos a reivindicação de expropriação desses 60 ou 200 feudais capitalistas.

Exatamente da mesma forma, reivindicamos a expropriação das companhias monopolistas da indústria da guerra, das estradas de ferro, das mais importantes fontes de matérias-primas etc.

A diferença entre essas reivindicações e a vaga palavra de ordem reformista de “nacionalização” consiste em que:

  1. rejeitamos a indenização;
  2. prevenimos as massas contra os charlatães da Frente Popular que, pregando a nacionalização em palavras, continuam de fato agentes do capital;
  3. conclamamos as massas a contar apenas com sua própria força revolucionária;
  4. ligamos o problema da expropriação à questão do poder dos operários e camponeses.

A necessidade de lançar a palavra de ordem de expropriação na agitação cotidiana, de maneira fracionada, e não apenas do ponto de vista propagandístico, isto é, sob sua forma geral, decorre do fato de que os diversos ramos da indústria passam por diversos níveis de desenvolvimento, ocupam funções diversas na vida da sociedade e passam por diferentes estágios da luta de classes. Apenas o ascenso revolucionário geral do proletariado pode colocar a expropriação geral da burguesia na ordem do dia. O objetivo das reivindicações transitórias é preparar o proletariado a resolver esse problema.