Nas condições do capitalismo em decomposição, as massas continuam a viver a vida morna de oprimidos que hoje, mais do que nunca, estão ameaçados de serem lançados no abismo da miséria. Elas são obrigadas a defender seu pedaço de pão, mesmo que não possam aumentá-lo ou melhorá-lo. Não há possibilidade nem necessidade de enumerar aqui as diversas reivindicações parciais que surgem, a cada momento, de circunstâncias concretas, nacionais, locais, profissionais. Mas duas catástrofes econômicas fundamentais, nas quais se resume o absurdo crescente do sistema capitalista – o desemprego e a carestia da vida –, exigem palavras de ordem e métodos de luta generalizados.
A IV Internacional declara guerra implacável à política dos capitalistas que é, em grande parte, a de seus agentes – os reformistas –, de tentar fazer que recaia sobre os trabalhadores todo o fardo do militarismo, da crise, da desagregação dos sistemas monetários e de todas as outras catástrofes da agonia capitalista. Reivindica trabalho e existência digna para todos.
Nem a inflação monetária nem a estabilização podem servir como palavras de ordem para o proletariado, pois são duas faces de uma mesma moeda. Contra o aumento dos preços, que, à medida que a guerra for se aproximando, vai adquirir um caráter cada vez mais desenfreado, só se pode lutar com a palavra de ordem de escala móvel de salários. Os contratos coletivos devem assegurar o aumento automático dos salários, correlativamente à elevação dos preços dos artigos de consumo.
Sob a ameaça de sua própria degeneração, o proletariado não pode admitir a transformação de uma parte crescente dos operários em desempregados crônicos, em miseráveis vivendo das migalhas de uma sociedade em decomposição. O direito ao trabalho é o único direito sério que o operário tem numa sociedade fundada sobre a exploração. Entretanto, esse direito lhe é confiscado a cada passo. Contra o desemprego, tanto “estrutural” quanto “conjuntural”, é preciso lançar, junto com a palavra de ordem de trabalhos públicos, a de escala móvel das horas de trabalho. Os sindicatos e as outras organizações de massa devem unir os que têm trabalho aos desempregados por meio de compromissos mútuos de solidariedade. O trabalho disponível é repartido entre todos os operários existentes, e essa repartição deve determinar a duração da semana de trabalho. O salário médio de cada operário continua o mesmo da antiga semana de trabalho. O salário, com um mínimo estritamente assegurado, segue o movimento dos preços. Nenhum outro programa pode ser aceito para o atual período de catástrofes.
Os proprietários e seus advogados demonstrarão a “impossibilidade de realizar” essas reivindicações. Os pequenos capitalistas, sobretudo aqueles que caminham para a ruína, invocarão, além do mais, seus livros de contabilidade. Os operários rejeitarão categoricamente esses argumentos e essas referências. Não se trata do choque “normal” de interesses materiais opostos. Trata-se de preservar o proletariado da decomposição, da desmoralização e da ruína. Trata-se da vida e da morte da única classe criadora e progressista e, por isso mesmo, do futuro da humanidade. Se o capitalismo é incapaz de satisfazer às reivindicações que surgem infalivelmente dos males que ele mesmo engendrou, que morra! A “possibilidade” ou “impossibilidade” de realizar as reivindicações é, no caso presente, uma questão de relação de forças que só pode ser resolvida pela luta. Sobre a base dessa luta, quaisquer que sejam seus sucessos práticos imediatos, os operários compreenderão melhor toda a necessidade de liquidar a escravidão capitalista.