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O recente aparecimento de comissões de soldados eleitas em algumas unidades (COACI, DCA, F. de Almada, Academia Militar, RASP, entre outras); a par da realização de reuniões entre as C. de Soldados e as praças eleitas das ADU constituem importantes passos na organização autónoma dos trabalhadores fardados. Do mesmo modo a realização de reuniões conjuntas do C. do trabalhadores, moradores e soldados — nomeadamente em torno do apoio à luta dos trabalhadores do jornal «República» — representa outro passo significativo na ligação e coordenação entre os órgãos nascentes do poder dos trabalhadores, fardados e não fardados. Tudo isso representa a vitoria de alguns dos objectivos pelas quais a SUV vem lutando desde a sua criação. De facto, no nosso manifesto de 21-9-75, estávamos certos ao afirmar que a SUV «lutava pela constituição de C. de soldados, órgãos de poder dos trabalhadores fardados, nos quartéis, eleitas e revogáveis a todo o momento em plenário de soldados».
Podemos hoje afirmar, após a vitoriosa experiência de luta dos camaradas do CICAP e do RASP, após a consciência cada vez mais generalizada entre as massas de soldados de que as ADUs constituem órgãos de colaboração dos soldados (trabalhadores fardados) com a hierarquia militar (burguesia fardada); que os primeiros exemplos e organização autónoma dos soldados nos quartéis (C. de Soldados) se irão rapidamente multiplicar por todas as unidades. De igual forma podemos estar certos que a ligação cada vez mais intima das C. de Soldados com as C. de Trabalhadores, de Moradores e com os conselhos de aldeia, através das Assembleias Populares, será o próximo passo no caminho do fortalecimento, generalização e coordenação dos órgãos do poder popular. Essa é uma condição indispensável para o avanço e triunfo da Revolução Socialista.
Em frente, pois, e decididamente, com a criação de C. de Soldados, eleitas e revogáveis a todo o momento.
Em frente com a ligação das C. de Soldados às C. de Trabalhadores, de Moradores e aos Conselhos de Aldeia, pela formação de Assembleias Populares.
Porém, à medida que a SUV cresce, se reforça e se alarga a nível de todo o País, não cessam as tentativas dos reaccionários e dos divisionistas para tentar desacreditar, enfraquecer e dividir a SUV. A reacção capitalista e todos os que fazem o seu jogo têm boas razões para temer a força da SUV e aquilo que a nossa organização representa como ameaça ao exército burguês, último reduto da dominação capitalista sobre os operários, camponeses e demais trabalhadores. Muitos são os ataques abertos da reacção, através dos jornais da burguesia; muitas são as calúnias, passadas à sucapa, tentando quebrar o movimento através do qual milhares e milhares de trabalhadores fardados lado a lado com os seus irmãos operários e camponeses, já demonstraram que se oporão firmemente a qualquer tentativa de golpe reaccionário, a qualquer tentativa de fazer de Portugal o Chile da Europa. Porém a SUV, na sua luta, tem de se opor à repressão militarista da hierarquia e dos oficiais reaccionários, os SUV não podem oferecer o peito descoberto ao fogo do seu inimigo de classe. É por isso que até estarem criadas e ligadas entre si os órgãos autónomos dos soldados nos quartéis — os C. de Soldados, eleitas e revogáveis — a SUV, se quiser continuar a ser uma organização revolucionária, tem de permanecer clandestina, isto é tem de se defender contra os golpes da burguesia que continua a dominar através da sua máquina de Estado, do seu governo, das suas leis, do seu Exército, das suas policias, dos seus tribunais.
É por tudo isso que defender a institucionalização ou legalização da SUV é um duplo erro. E isto porquê camaradas? Em primeiro lugar porque neste momento em que a repressão burguesa dentro e fora dos quartéis se intensifica fazer da SUV uma organização legal, com sedes, nomes de militantes e dirigentes conhecidos, é apontarmos nós próprios a dedo os alvos da burguesia. Em segundo lugar, porque neste momento em que os soldados não dispõem dos seus órgãos autónomos de classe, em que muitos trabalhadores, fardados ou não, ainda não perderam as ilusões no MFA e no Governo Burguês, fazer da SUV uma organização legal é meio caminho andado para liquidar a SUV como organização revolucionária e pô-la a reboque dos oportunistas e conciliadores de todo o tipo, dentro e fora dos quartéis.
É por isso que devemos combater energicamente todas as tentativas de legalizar os SUVs. Isto é, de domesticá-los e quebrar a sua força revolucionária.
E nós melhor compreenderemos essa necessidade, se repararmos em quem propõe essa medida. De facto ela parte das cúpulas da hierarquia militar (dos generais Otelo e Fabião) que após terem combatido a organização autonóma dos soldados e tentado acorrentá-los aos jogos de cúpula do MFA, querem agora servir-se do movimento de soldados para apoio e reforço das suas posições.
Já declarámos por mais de uma vez que o SUV nada tem a ver com o MFA, com as suas estruturas e com as suas lutas intestinas. A SUV é uma organização revolucionária, que não luta apenas pela melhoria das condições de vida dos soldados mas que põe a sua luta ao serviço da revolução de todos os explorados e oprimidos. Por isso a SUV embora lute energicamente contra o RDM fascista, contra o pré de miséria, por transporte gratuito já, etc.. não é um sindicato de soldados; do mesmo modo embora lute, contra os saneamentos à esquerda, embora lute pela expulsão dos reaccionários dos quartéis, a SUV nas lutas pelo envio de militares revolucionários para o chamado Conselho da Revolução — a SUV não é tão pouco um MFA de soldados. Não camaradas, a SUV é uma organização revolucionária de trabalhadores fardados, que aceita que os sargentos e oficiais revolucionários combatam ao seu lado, mas que luta essencialmente lado a lado a qual passa pela destruição do Estado burguês e do seu exército e pela instauração do poder dos trabalhadores.
É esta, camaradas, a missão da SUV. A SUV já cumpriu um papel importante, ao unir e organizar dezenas de milhar de soldados na luta contra a reacção e que até agora já a fizeram recuar nas suas tentativas de golpe fascista. A luta da SUV como organização revolucionária e clandestina vai continuar, até ao momento em que estiverem esgotado o seu papel histórico — até estar construída a organização autónoma dos trabalhadores fardados (as C. de Soldados) em cada Unidade e a sua ligação por todo o Pais aos órgãos nascentes do poder popular até à vitória da Revolução Socialista.
É esta a nossa tarefa, camaradas, que cumpriremos contra todas as dificuldades, contra todos os ataques da reacção civil e militar, contra todas as calúnias dos divisionistas infiltrados, no nosso seio...
E hoje mais que nunca, a hora é de luta, a hora é de cerrar fileiras, pela nossa unidade pela nossa organização autónoma, pela nossa solidariedade com as lutas dos operários camponeses e todo o povo trabalhador.
VIVA A REVOLUÇÃO SOCIALISTA.
A SUV VENCEU, A SUV VENCERÁ.
NÃO À LEGALIZAÇÃO DOS SUV.
EM FRENTE PELAS COMISSÕES DE SOLDADOS.
S.U.V. /R.M.L.
SOLDADOS UNIDOS VENCERÃO
17/10/1975
Inclusão | 21/04/2019 |