História da Filosofia

Escrito por Historiadores do Instituto de Filosofia da Academia de Ciências da URSS


Introdução


capa

O compêndio stalinista de "História do P. C. (b) da URSS" indica a filosofia marxista-leninista — o materialismo dialético e histórico — como o fundamento teórico do Partido, o fundamento teórico do comunismo. Marx, Engels, Lenin e Stalin destacam o enorme valor do materialismo filosófico e do método dialético para a atividade revolucionária prática do Partido do Proletariado.

O marxismo não é apenas a teoria do socialismo, escrevia Stalin em 1906, mas toda uma concepção do mundo, um sistema filosófico do qual, logicamente, emana o socialismo proletário de Marx. Este sistema filosófico se chama materialismo dialético.

O materialismo filosófico de Marx, afirma Lenin, foi o único que indicou ao proletariado a saída da escravidão espiritual, em que até hoje vegetam as classes oprimidas.

"A filosofia de Marx é o materialismo filosófico completo, que deu à humanidade, e particularmente à classe operária, uma formidável arma de conhecimento".(1)

A filosofia do proletariado — o materialismo dialético — foi criada por Marx e Engels e desenvolvida por Lenin e Stalin na base da generalização da prática da luta revolucionária da classe operária e da reelaboração crítica de todo o desenvolvimento precedente da filosofia, da ciência, de toda a cultura humana.

O marxismo, ensina Lenin, é o legítimo sucessor do que melhor tem criado a humanidade no transcurso de sua história.

Somente sobre esta base puderam Marx e Engels na época em que a classe operária apareceu no panorama histórico, sintetizar a experiência da sua luta revolucionária e criar sua valiosíssima e universal teoria.

O materialismo dialético é o grau superior do conhecimento humano. É o resultado da evolução multimilenar da filosofia e da ciência.

O estudo da história da filosofia é tanto mais necessário porquanto a filosofia encerra em si, na forma mais concentrada, a ideologia, a concepção do mundo dos homens em cada etapa histórica determinada, o estado da ciência, em particular das ciências naturais, as relações de classe do seu tempo. A história da filosofia reflete de forma sintética a história do desenvolvimento do pensamento humano, de seus conhecimentos, de sua cultura. Engels observa que o estudo da história da filosofia constitui uma formidável escola para a formação de uma mentalidade teórica. É também conhecida a importância que deram à história da filosofia os fundadores do marxismo-leninismo. Marx, em suas obras "Sobre a diferença entre a filosofia da natureza de Demócrito e a filosofia da natureza de Epicuro", "Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" e em suas obras de colaboração com Engels "A Sagrada Família", "A Ideologia Alemã", Engels no "Anti-Dühring", no seu "Ludwig Feuerbach", na "Dialética da Natureza" e outras obras, fizeram profunda análise da história da filosofia universal e das concepções dos seus diversos representantes. Lenin atualizando os problemas da dialética materialista, estudou minuciosamente as obras de maior destaque da filosofia clássica ("Metafísica" de Aristóteles, "A Ciência da Lógica" e "A História da Filosofia" de Hegel, "A essência do cristianismo" de Feuerbach, etc.).

A luta entre o materialismo e o idealismo, é o traço característico de toda a história da filosofia. O maior problema da filosofia é o da relação entre o pensar e o ser.

"Os filósofos se dividiam em dois grandes campos, conforme a resposta que dessem a essa pergunta. Os que defendiam o caráter primário do espírito com relação à natureza, admitindo, por consequência uma criação do mundo sob uma ou outra forma (e em muitos filósofos, em Hegel, por exemplo, a gênese é bastante mais complicada e inverossímil do que na religião cristã), formavam o campo do idealismo. Os que, ao contrário, atribuíam à natureza o caráter primário, figuram nas diversas escolas do materialismo".(2)

Marx, Engels, Lenin e Stalin põem à descoberto o caráter classista e partidarista da filosofia. A luta entre as classes e os partidos, na sociedade, se traduzem, na filosofia, principalmente sob a forma de luta entre o materialismo e o idealismo.

"A moderna filosofia — assinala Lenin — tem o mesmo caráter partidarista que a de dois mil anos atrás. São os partidos em luta... são o materialismo e o idealismo".(3)

Neste conflito encontra sua expressão a luta entre as concepções do mundo que, por seu lado, refletem os interesses e as tendências das classes hostis entre si. O desenvolvimento da filosofia, como de toda ideologia, é determinada, antes de tudo, pelas condições sociais. Os interesses de classe determinam o caráter da evolução da filosofia, de suas tendências fundamentais e dos pontos de vista que orientam o pensamento filosófico. A filosofia materialista representa, como norma, precisamente a ideologia das classes progressistas e revolucionários indicando caminhos seguros à ciência.

A ideologia do proletariado revolucionário — o materialismo dialético combate intransigentemente todas as escolas anticientíficas, idealistas e materialistas vulgares, toda espécie de obscurantismo religioso, a ideologia putrefacta da moderna burguesia imperialista. A tarefa fundamental da filosofia do marxismo-leninismo, consiste não só em interpretar o mundo, mas também em modificá-lo. Por isso, seu eixo é a luta pela linha geral do Partido, pela atividade prática, pela militância. O materialismo dialético sintetiza a experiência da luta histórica da classe operária, permitindo, sobre esta base, a compreensão não só dos atuais acontecimentos sociais, mas ainda como eles se desenrolarão no futuro. O materialismo dialético, como a mais avançada concepção científica do mundo, está indissoluvelmente ligado à ciência, às ciências naturais, identificando e sintetizando de maneira filosófica os resultados obtidos.

A história marxista-leninista da filosofia examina a evolução do filosofia não como uma mudança casual de diversas teorias filosóficas, mas como um processo sujeito a certas leis. A história da filosofia constitui parte da história geral da sociedade humana, é a expressão filosófica de interesses de classe historicamente determinados. Ao mesmo tempo, porém, o desenvolvimento do pensamento filosófico como de toda ideologia, possui uma relativa independência, sua lógica interna e suas leis internas pelas quais se orienta. Todo sistema filosófico sendo condicionado, em última análise, às relações sociais e pela base material da sociedade, se apoia no desenvolvimento ideológico precedente, no realizado pelos sistemas, escolas e correntes filosóficos anteriores.

Os historiadores burgueses da filosofia se limitam, principalmente, a expor os sistemas filosóficos em ordem cronológica, fazendo uma comparação superficial entre suas teorias. Além disso, falsificam a evolução histórica da filosofia, "lançando no esquecimento" e deixando de lado o materialismo, adaptando as concepções dos velhos filósofos à moderna filosofia burguesa, destacando e exagerando o papel do idealismo, etc.

Hegel foi o primeiro a tentar conduzir a história da filosofia à categoria de ciência. Descobriu a existência das leis que regem a evolução da filosofia e a relação interna existente entre suas diversas etapas.

"As que parecem ser teorias filosóficas diversas só representam, às vezes, uma filosofia em diferentes fases de seu desenvolvimento, às vezes também, PRINCÍPIOS particulares dos quais cada um forma a base de um ou outro sistema".

Cada novo sistema filosófico, por muito original que pareça, tem seu ponto de partida nas precedentes concepções filosóficas que ele reelabora criticamente, adotando seu conteúdo positivo. Só a história que investiga a evolução integral das ideias, disse Hegel, merece ser denominada ciência; o conjunto de conhecimentos desarticulados não é ciência.

Mas, como idealista, Hegel tão pouco soube criar uma verdadeira história científica da filosofia. Não soube ligá-la à evolução econômica da sociedade, tentou encaixar toda a evolução da filosofia nos moldes dos seus esquemas idealistas e por último costumava desfigurar diretamente a história da filosofia, qualificando as grandes correntes materialistas, como escolas de segunda ordem, como não essenciais ao desenvolvimento da ideia universal. Só as obras de Marx, Engels, Lenin e Stalin converteram a história da filosofia numa ciência.

A história marxista-leninista da filosofia, repousa no materialismo dialético; oferece um quadro autêntico da evolução da filosofia e indica o lugar que esta ultima ocupa na vida social dos homens. A história da filosofia deve trazer à luz, desmascarar, o caráter reacionário das correntes burguesas e materialistas vulgares que combatem o marxismo-leninismo; deve dotar a classe operária de uma arma para sua luta contra toda a reação burguesa no campo ideológico.

A tarefa a que este compêndio se propõe é dar uma breve e, na medida do possível, exposição popular da história da filosofia antiga, medieval e moderna, da russa entre elas; demonstrar a relação que existe entre a filosofia, a luta de classes e a evolução geral da ciência. O presente compêndio aspira investigar como surgiram as premissas históricas do materialismo dialético, e assinalar o que de novo Lenin e Stalin introduziram na filosofia do marxismo.


Notas de rodapé:

(1) LENIN. "Três fontes e três partes integrantes do marxismo". Obras escolhidas, tomo I página 55. Versão espanhola, Moscou, 1941. (retornar ao texto)

(2) ENGELS, "Ludwig Feuerbach", página 16. Versão espanhola, Moscou, 1941. (retornar ao texto)

(3) LENIN, "Materialismo e empirio-criticismo". Obras, tomo XIII, página 292. Edição russa. (retornar ao texto)

Inclusão 09/11/2015