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Enquanto os bolcheviques lutavam encarniçadamente em duas frentes — contra os liquidacionistas e os "otsovistas" — por manter a linha do Partido proletário, Trotsky apoiava os mencheviques liquidacionistas. Foi precisamente por estes anos que Lenin o chamou "o Judas Trotsky". Este organizou em Viena (Áustria) um grupo publicista e começou a editar um jornal "situado por cima das frações" que na realidade era um órgão menchevique. Eis o que Lenin escrevia então sobre ele:
"Trotsky se comporta como o pior arrivista e divisionista... Fala muito no Partido, porém se conduz pior que todos os demais divisionistas".
Mais tarde, em 1912, Trotsky foi o organizador do bloco de Agosto, que não era senão um bloco de todos os grupos e tendências antibolcheviques contra Lenin e contra o Partido. A este bloco antibolchevique se uniram os liquidacionistas e os "otsovistas", demonstrando com isso sua finalidade. Trotsky e os trotkistas adotavam em todos os problemas fundamentais uma posição liquidacionista. No entanto, Trotsky disfarçava sua tendência liquidacionista com uma atitude centrista, ou melhor, conciliadora, afirmando que ele estava à margem dos bolcheviques e dos mencheviques e lutava por conciliá-los. Por este motivo, Lenin dizia que Trotsky era mais vil e mais daninho que os liquidacionistas descarados, porque enganava os operários, fazendo-lhes crer que estava "por cima das frações", quando na realidade apoiava com todas as suas forças os liquidacionistas mencheviques.
O trotskismo era o grupo principal entre os fomentadores do centrismo.
"O centrismo — escreve o camarada Stalin — é um conceito político. Sua ideologia é a ideologia da adaptação, a ideologia de subordinação dos interesses proletários aos interesses da pequeno-burguesia dentro de um partido comum. Esta ideologia é estranha e hostil ao leninismo" (Stalin, "Problemas do Leninismo", pág. 379, ed. russa).
Durante este período, Kamenev, Zinoviev e Rykov atuavam, de fato, como agentes dissimulados de Trotsky, pois o ajudavam não poucas vezes na luta contra Lenin. Com o apoio de Zinoviev, Kamenev, Rykov e outros aliados encobertos de Trotsky, foi convocado em janeiro de 1910, contra a opinião de Lenin, um Pleno do Comitê Central. Naquela época, em conseqüência da detenção de uma série de bolcheviques, havia mudado a fisionomia do C. C. do Partido e isto deu aos elementos vacilantes a possibilidade de fazer votar resoluções antileninistas. Assim se explica como neste Plano se resolvesse suspender a publicação do jornal bolchevique "Proletari" e ajudar com dinheiro o jornal "Pravda" ("A verdade"), que Trotsky editava em Viena. Kamenev passou a formar parte da redação do órgão trotskista e se esforçou, junto com Zinoviev, em convertê-lo em órgão do Comitê Central.
Só ante a insistência de Lenin se logrou que o Pleno de Janeiro do C. C. tomasse a resolução de condenar os liquidacionistas e os "otsovistas"; porém também aqui Zinoviev e Kamenev defenderam tenazmente a proposta trotskista de que não se chamasse os liquidacionistas por seu verdadeiro nome.
Ocorreu tal e como Lenin havia previsto e advertido: só os bolcheviques acataram as resoluções do Pleno, suspendendo a publicação de seu órgão "Proletari", enquanto os mencheviques continuavam publicando o jornal divisionista e liquidacionista "A voz do Social-democrata".
A posição de Lenin foi apoiada inteiramente pelo camarada Stalin, o qual publicou um artigo especial no número 11 do "Social-democrata". Neste artigo se condenava a conduta dos cúmplices do trotskismo e se falava da necessidade de liquidar a situação anormal criada dentro da fração bolchevique pela atitude traidora de Kamenev e Rykov. Em seu artigo, o camarada Stalin destacava as tarefas urgentes, que foram resolvidas mais tarde pela Conferência do Partido, celebrada em Praga: convocação de uma conferência geral do Partido, publicação de um diário legal deste e criação de um centro clandestino para a atuação prática na Rússia. Este artigo se baseava nas resoluções do Comitê de Bakú, que apoiava Lenin sem reservas.
Para contrabalançar o bloco antibolchevique de Agosto, o bloco de Trotsky, do qual faziam parte exclusivamente elementos hostis ao Partido, desde os liquidacionistas e os trotskistas até os "otsovistas" e os "construtores de deus", foi criado um bloco de partidários da manutenção e fortalecimento do Partido proletário clandestino. Neste bloco entraram os bolcheviques, com Lenin à frente, e um pequeno número de mencheviques defensores do Partido, à frente dos quais se achava Plekhanov. Embora numa série de problemas Plekhanov e seu grupo de mencheviques defensores do Partido permaneciam nas posições mencheviques, mantinham-se resolutamente à margem do Bloco de Agosto e dos liquidacionistas e lutavam por chegar a um acordo com os bolcheviques. Lenin aceitou a proposta de Plekhanov e pactuou um bloco temporário com ele, contra os elementos inimigos do Partido, tendo em conta que este bloco era benéfico para o Partido e funesto para os liquidacionistas.
O camarada Stalin apoiou incondicionalmente este bloco. Achava-se naquela época no desterro, de onde dirigiu uma carta a Lenin, em que dizia:
"A meu modo de ver, a linha do bloco (Lenin—Plekhanov) é a única acertada: 1) esta linha e só ela é a que responde aos verdadeiros interesses da atuação dentro da Rússia, que exige a coesão de todos os elementos que verdadeiramente estão com o Partido; 2) esta linha e só ela é a que acelera o processo de libertação das organizações legais do jugo dos liquidacionistas, abrindo um fosso entre os operários mencheviques e os liquidacionistas, dispersando-os e esmagando-os". (Antologia "Lenin e Stalin", ed. russa, t. I. pág. 529-530).
Graças à sua hábil combinação do trabalho clandestino com o trabalho legal, os bolcheviques chegaram a ter nas organizações operárias legais uma força considerável. Isto ficou claro, entre outras coisas, na grande influência que os bolcheviques tiveram nos grupos operários de quatro congressos legais celebrados durante este período: o das Universidades Populares, o Congresso Feminino, o dos Médicos de Fábricas e o Congresso contra o Alcoolismo. As intervenções dos bolcheviques nestes congressos legais tiveram uma grande importância política e repercutiram em todo o país. Assim, por exemplo, a delegação operária bolchevique que interveio no Congresso das Universidades Populares desmascarou a política do czarismo, que sufocava todo trabalho cultural, e demonstrou que sem acabar com o czarismo não era possível pensar num verdadeiro auge cultural na Rússia.
A delegação operária que interveio no Congresso dos Médicos Fabris expôs as espantosas condições sanitárias em que tinham que viver e trabalhar os operários, para chegar à conclusão de que sem derrubar o regime czarista não havia possibilidade de organizar, como era devido a higiene fabril.
Os bolcheviques foram pouco a pouco desalojando os liquidacionistas das diversas organizações legais indenes em que se haviam entrincheirado. A peculiar tática de frente única com o grupo plekhanovista de filiados ao Partido permitiu aos bolcheviques ganhar uma série de organizações operárias mencheviques (distrito de Vibor, Ekaterinoslav, etc).
Durante este difícil período, os bolcheviques deram, com sua atuação, um exemplo de como se deve combinar o trabalho legal com o trabalho clandestino.
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Inclusão | 13/11/2010 |
Última alteração | 20/02/2011 |