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Aos Soldados da EPAM
6 de agosto de 1975
Edição: Panfleto datilografado de 6 Agosto 1975.
Título: Aos Soldados da EPAM
Autor: CRDP de Lumiar
Fonte: Documento escaneado por Ephemera
Transcrição e HTML: Graham Seaman.
- Desde há três meses que começou e funcíonar na EPAM, um
embrião de milícias populares (CRDPs - corpos revolucionários
de defesa popular), cuja finalidade era combater o fascismo e o
imperialismo, que a todo o custo querem fazer retornar o nosso
país à situação de opressão que existia antes do 25 de
Abril.
- Essas milícias não eram um privilégio de nenhum partido,
mas sim de todos os populares independentemente das suas opções
partidárias, que estivessem dispostos a combater eficazmente o
fascismo.
- Deviam ser constituídos por pessoas da zona de acção da
Unidade, que em qualquer momento de perigo se poriam à
disposição do MFA para levar a cabo as missões que na ocasião
lhe fossem destinadas.
Foi aprovada una plataforma de três pontos fundamentais que são os seguintes:
- O inimigo principal dos CRDPs são os fascistas e os imperialistas que
os apoiam.
- Os CRDPs devem ser constituidos sobretudo por trabalhadores porque
são eles os que mais terão a perder com o retorno ao fascismo.
- Dentro dos CRDPs deve haver a maior democracia aliada à maior
disciplina.
QUE SE PASSOU DE ENTÃO PARA CÁ?
- Desde princípio, o oficial encarregado das milícias (major
Azevedo) nada fez no sentido de estreitar os laços de
solidariedade e camaradagem entre os soldados e os CRDPs. Muito
pelo contrário, sempre viu com maus olhos qualquer aproximação
e só pensava que lhe andavam a subverter a Unidade. Esta
separação motivou uma forte desconfiança por parte dos soldados,
que não estavam informadas de nada e que temiam que estas
milícias fossem utilizadas contra eles.
- Depois começaram a aparecer elementos vindos das mais
diversas regiões de Lisboa e não só (do Barreiro, Queluz).
Estes elementos eram manifestamente pertencentes ao mesmo
partido político e demonstravam-no bem, não só pelas afirmações
que faziam, como pela apresentação de cartões partidários no
controle na casa da guarda. Estes factos motivaram ainda mais
desconfiança dos soldados e da população de zona que não
sentia os CRDPs como seus.
- Mais tarde, vieram organizados em CDRs (comités de defesa
"da revolução”) que não directamente controlados pelo P"C"P
e que queriam ser treinados pela EPAM. O comandante e o major
Azevedo apoiaram-nos (nos CDRs) directamente.
- Neste momento encontram-se na maioria nas milícias e
pretendem sabotar a plataforma unitária aprovada, e passar a
ser unicamente milícias armadas do P"C"P.
- Assim pretendem nesta altura e com o apoio do Comando e do
major Azevedo sanear todos aqueles que não são da sua cor e
passar a fazer o recrutamento só por convite.
CAMARADAS
O grupo de Lumiar do CRDP verificando que todo este estado de
coisas não podia continuar propuserem que as milícias se
ligassem às Comissões de Moradores e de Trabalhadores da zona e
à A.D.U. Só assim será possível serem os trabalhadores e os
soldados e não os partidos políticos burgueses a controlar as
milícias.
Perante esta proposta o major Azevedo assustou-se pois tem medo
de serem os soldados e não ele a orientar estes corpos.
Os P"C"Ps também não querem ouvir falar em serem controlados
pelas massas trabalhadores e recusam com todos os pretextos a
ligação com as Comissões de Trabalhadores, Moradores e A.D.U.
CAMARADAS, SOLDADOS.
No momento em que os fascistas estão decididamente ao
ataque aproveitando a liberdade que criminosamente lhes é
concedida e o descontentamento popular provocado pelo ausência
de medidas verdadeiramente revolucionárias, só a unidade e a
organização dos trabalhadores em corpos unitários do
auto-defesa podem opôr uma barreira eficaz ao avanço do
fascismo.
Não é transformando milícias unitárias em milícias do P"C"P, que
se consegue a unidade anti-fascista dos trabalhadores.
Manobras deste tipo destinam-se de forma objectiva a facilitar o avanço da reacção contra as massas trabalhadoras divididas.
Isto conduz-nos à derrota.
Só ligando mais fortemente as massas trabalhadores com os
soldados e oficiais progressistas se conseguirá fazer avançar
o processo revolucionário e aniquilar os fascistas e imperialistas.
Unamos pois as milícias populares às ADUs.
Este problema tem de ser discutida amplamente pelos soldados.
QUE SEJA A A.D.U A CONTROLAR AS MILÍCIAS!
MILÍCIAS POPULARES SIM! MILÍCIAS DO P"C"P NÃO!
Um grupo de elementos do CRDP de Lumiar
6/8/75