Aos Soldados da EPAM

6 de agosto de 1975


Edição: Panfleto datilografado de 6 Agosto 1975.
Título: Aos Soldados da EPAM
Autor: CRDP de Lumiar
Fonte: Documento escaneado por Ephemera
Transcrição e HTML: Graham Seaman.


capa

Foi aprovada una plataforma de três pontos fundamentais que são os seguintes:

  1. O inimigo principal dos CRDPs são os fascistas e os imperialistas que os apoiam.
  2. Os CRDPs devem ser constituidos sobretudo por trabalhadores porque são eles os que mais terão a perder com o retorno ao fascismo.
  3. Dentro dos CRDPs deve haver a maior democracia aliada à maior disciplina.

QUE SE PASSOU DE ENTÃO PARA CÁ?

  1. Desde princípio, o oficial encarregado das milícias (major Azevedo) nada fez no sentido de estreitar os laços de solidariedade e camaradagem entre os soldados e os CRDPs. Muito pelo contrário, sempre viu com maus olhos qualquer aproximação e só pensava que lhe andavam a subverter a Unidade. Esta separação motivou uma forte desconfiança por parte dos soldados, que não estavam informadas de nada e que temiam que estas milícias fossem utilizadas contra eles.
  2. Depois começaram a aparecer elementos vindos das mais diversas regiões de Lisboa e não só (do Barreiro, Queluz). Estes elementos eram manifestamente pertencentes ao mesmo partido político e demonstravam-no bem, não só pelas afirmações que faziam, como pela apresentação de cartões partidários no controle na casa da guarda. Estes factos motivaram ainda mais desconfiança dos soldados e da população de zona que não sentia os CRDPs como seus.
  3. Mais tarde, vieram organizados em CDRs (comités de defesa "da revolução”) que não directamente controlados pelo P"C"P e que queriam ser treinados pela EPAM. O comandante e o major Azevedo apoiaram-nos (nos CDRs) directamente.
  4. Neste momento encontram-se na maioria nas milícias e pretendem sabotar a plataforma unitária aprovada, e passar a ser unicamente milícias armadas do P"C"P.
  5. Assim pretendem nesta altura e com o apoio do Comando e do major Azevedo sanear todos aqueles que não são da sua cor e passar a fazer o recrutamento só por convite.

CAMARADAS

O grupo de Lumiar do CRDP verificando que todo este estado de coisas não podia continuar propuserem que as milícias se ligassem às Comissões de Moradores e de Trabalhadores da zona e à A.D.U. Só assim será possível serem os trabalhadores e os soldados e não os partidos políticos burgueses a controlar as milícias.

Perante esta proposta o major Azevedo assustou-se pois tem medo de serem os soldados e não ele a orientar estes corpos.

Os P"C"Ps também não querem ouvir falar em serem controlados pelas massas trabalhadores e recusam com todos os pretextos a ligação com as Comissões de Trabalhadores, Moradores e A.D.U.

CAMARADAS, SOLDADOS.

  1. No momento em que os fascistas estão decididamente ao ataque aproveitando a liberdade que criminosamente lhes é concedida e o descontentamento popular provocado pelo ausência de medidas verdadeiramente revolucionárias, só a unidade e a organização dos trabalhadores em corpos unitários do auto-defesa podem opôr uma barreira eficaz ao avanço do fascismo.

    Não é transformando milícias unitárias em milícias do P"C"P, que se consegue a unidade anti-fascista dos trabalhadores.

    Manobras deste tipo destinam-se de forma objectiva a facilitar o avanço da reacção contra as massas trabalhadoras divididas.

    Isto conduz-nos à derrota.

  2. Só ligando mais fortemente as massas trabalhadores com os soldados e oficiais progressistas se conseguirá fazer avançar o processo revolucionário e aniquilar os fascistas e imperialistas.

    Unamos pois as milícias populares às ADUs.

    Este problema tem de ser discutida amplamente pelos soldados.

QUE SEJA A A.D.U A CONTROLAR AS MILÍCIAS!

MILÍCIAS POPULARES SIM! MILÍCIAS DO P"C"P NÃO!

Um grupo de elementos do CRDP de Lumiar

6/8/75