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Glossário do PREC
Serviço de Intercâmbio Politico e Cultural
1976
Publicação: Editorial SLEMES, Lisboa
Transcrição: Keith Gibbs.
HTML: Graham Seaman.
Nota: Este glossário originou como posfâcio ao livro Portugal — Um Guia para o Processo; os autores parecem ter sido prôximos do MES. A versão aqui presentada tem alguns pequenos acréscimos.
Glossário
- ADFA (Associação dos Deficientes das Forças Armadas)
- Criada depois do 25 de Abril para defesa dos mutilados da guerra colonial,
tendo desenvolvido uma luta exemplar, que culminou no fim do Verão de 75 com a
ocupação das portagens à volta de Lisboa, como forma de pressão sobre o VI
Governo; mais tarde, militantes da ADFA foram expulsos violentamente de S.
Bento pelo RCA.
- ADU (Assembleia de Unidade)
- Assembleia de representantes das diversas classes das unidades militares
(oficiais, sargentos e praças), sob a presidência do comandante da unidade.
Desapareceram após o 25 de Novembro.
- AEPPA (Associação dos Ex-Presos Políticos Antifascistas)
- Criada após o 25 de Abril, tem desenvolvido intensa actividade na denúncia
dos crimes do fascismo e na exigência de um julgamento adequado da sinistra
Pide-DGS, propondo a criação do Tribunal Humberto Delgado.
- AIL (Associação dos Inquilinos Lisbonenses)
- Prestigiosa colectividade de grandes tradições na defesa jurídica, social
e política dos moradores pobres, contra a exploração imobiliária, pugnando
pelas soluções cooperativistas.
- ALA (Associação Livre de Agricultores)
- Antecessora da CAP a nível distrital.
- AMI (Agrupamento Militar de Intervenção)
- Criado na sequência da posse do VI Governo Provisório com fins
repressivos, uma vez que o COPCON não cumpria essa
missão, colocando-se ao lado dos explorados. Nunca passou do RCA e de uma
companhia de pára-quedistas, e a sua acção mais espectacular foi o ataque à
bomba ao emissor da RR.
- ANP (Acção Nacional Popular)
- Partido único, antes do 25 de Abril, fundado por Marcelo Caetano, em
substituição da moribunda União Nacional, de Salazar, herdando dela a
incapacidade de actuação prática como dinamizadora da vida política e apoio do
Governo. Nunca teve importância autónoma real, nem sequer como grupo de
pressão.
- AOC (Aliança Operária-Camponesa)
- (ver PCP-ML) Frente eleitoral com uma prática
provocatória, favorecendo a direita mais reaccionária.
- AP (Assembleia Popular)
- Órgão de Poder Popular de âmbito local, regional ou nacional, previsto no
Documento-Guia de Aliança Povo-MFA. Ao nível local reuniam representantes de CM, CT, ADU e colectividades
populares.
- APODETI (Associação Popular e Democrática de Timor)
- Movimento fantoche criado pelo imperialismo, defendendo a integração de
Timor-Leste na Indonésia.
- ASJ (Acção Socialista da Juventude)
- Sector Juvenil do PRT, com alguma expressão ao nível do
Ensino Secundário.
- ASP (Acção Socialista Portuguesa)
- (ver PS) Organização que antecedeu a formação do
PS.
- BASE-FUT (Frente Unitária de Trabalhadores)
- Criada no final de 74 a partir dos movimentos operários cristãos
especialmente do Centro de Cultura Operária. Defende o socialismo de base.
Intervenção principal ao nível sindical Apoiou Otelo e faz parte do MUP.
- BETP (Base-Escola de Tropas Pára-quedistas)
- Até ao 25 de Novembro, base de tropas altamente operacionais. A sua
disciplina militar permitiu a Spínola organizar o 11 de Março, tendo atacado o
RALIS (então RAL 1). O aumento de consciência política
dos seus soldados e sargentos fê-los exigir, a 25 de Novembro, a demissão de
Morais e Silva, e foi esse o pretexto para o desencadear do golpe militar de
direita.
- BIP (Banco Intercontinental Português)
- Banco típico da moderna fase do capitalismo português, formado com base em
especulações financeiras que lhe permitiam ter um enorme peso nas decisões
económicas sem que a isso correspondesse um nível de depósitos elevado. Vários
dos seus administradores foram acusados, no final de 74, de sabotagem
económica.
- BNU (Banco Nacional Ultramarino)
- Banco emissor para as colónias, com excepção de Angola, que dispunha de
banco próprio — o Banco de Angola.
- BR (Brigadas Revolucionárias)
- Ligadas ideologicamente — e durante certo tempo organicamente — ao PRP. Desenvolveram durante o último período do regime fascista,
intensa e eficaz actividade contra objectivos militares.
- CA (Conselho ou Comissão de Aldeia)
- Órgão de Poder Popular consignado no Documento-Guia de Aliança Povo-MFA.
Muitos se constituiram durante o ano de 1975, expontaneamente ou em resultado
das campanhas de dinamização.
- CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal)
- Organização controlada por latifundiários para enquadramento dos
agricultores, que aí são manipulados. Distinguiu-se a partir do Verão de 75 nos
sucessivos ataques à Reforma Agrária, e colaborou no golpe de 25 de Novembro,
montando barricadas em Rio Maior e arredores. Chegou a apresentar, já em 76,
ultimatos ao governo para devolução das terras expropriadas, tendo tentado
realizar comícios provocatórios no Alto Alentejo. Politicamente, apoia-se no PPD e no CDS.
- CARP-ML (Comité de Apoio à Reconstrução do Partido Marxista Leninista)
- (ver ORPC-ML). Grupo restrito, com base em
militantes saídos do PCP em 1964, teve acção importante no
reagrupamento de diversas facções M-L que conduziu à criação do PCP(R).
- CBS (Comissões de Base Socialistas)
- Organização formada após o 25 de Abril e dissolvida em 1975, no âmbito da
esquerda revolucionária.
- CCP (Comissão Coordenadora do Programa (do MFA))
- Também conhecida por Comissão Política do MFA, foi o órgão que dirigiu o
Movimento até ao 11 de Marco, controlando a actividade de Spínola e
incentivando o processo de descolonização. Dela fizeram parte, entre outros,
Vasco Lourenço, Vasco Gonçalves e Melo Antunes. Teve papel decisivo no 28 de
Setembro e no 11 de Março, tendo sido, depois disso, integrada no CR.
- CCOR-ML (Comités Comunistas Revolucionários Marxistas-Leninistas)
- (ver ORPC-ML). Uma das facções do movimento M-L,
que veio a confluir no PCP(R).
- CDE (Comissão Democrática Eleitoral)
- (ver MDP/CDE). Organização unitária de esquerda,
participando nas eleições fascistas de 1969 e 1973. Em 1969, uma outra
organização, o CEUD, agrupou elementos que depois vieram a
integrar o PS.
- CDR (Comités de Defesa da Revolução)
- Surgiram a seguir a Maio de 75, organizados ao nível das grandes empresas
da cintura industrial de Lisboa, como grupos mais ou menos fechados ligados ao
PCP e ao MDP/CDE. Nunca tiveram papel
de relevo, Propunham-se colaborar na defesa armada do processo
revolucionário.
- CDS (Centro Democrático Social)
- Fundado em Junho de 1974, tem um programa de centro-direita e uma prática
de direita, servindo de cobertura legal de organizações da extrema-direita (iELP, MDLP, FLA, FLAMA). A sua voz só começou a ser ouvida a seguir ao golpe do
25 de Novembro, tendo apoiado Eanes. Faz parte da União Europeia
Democrata-Cristã. Dirigentes mais conhecidos: Freitas do Amaral, Amaro da
Costa, Basílio Horta, Sá Machado. Percentagens obtidas nas eleições: 1975 — 7,6
%, — 16 deputados; 1976 — 15,9 %, — 41 deputados. Publicava o jornal
%«Alternativa
76».
- CEMA (Chefe do Estado-Maior da Armada)
- Tem assento directo no CR. Lugar desempenhado pelo
almirante Souto Cruz após o 25 de Novembro.
- CEME (Chefe do Estado-Maior do Exército)
- Tem assento
directo no CR. Lugar desempenhado pelo general
Rocha Vieira após a eleição de Ramalho Eanes para a PR.
Este último ocupara o cargo após o 25 de Novembro.
-
- CEMFA (Chefe do Estado-Maior da Força Aérea)
- Com assento directo no CR. Desde o 11 de Março o lugar é
desempenhado por Morais e Silva.
- CEMGFA (Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas)
- Lugar desempenhado pelo PR, simultaneamente com o de Presidente do CR
- CENTROS POPULARES 25 DE ABRIL
- Organização política de apoio ao MFA, fundada após o 25
de Abril por dirigentes da extinta FPLN e que foi
dissolvida por não ter logrado qualquer expressão significante.
- CERESD (Centro de Estudo e Reflexão Social-Democrata)
- Lugar de encontro de alguns intelectuais e tecnocratas ligados ao PPD.
- CERP (Cristãos em Reflexão Permanente)
- Grupo de padres e leigos de Lisboa que, sem se implicarem no processo,
emitiram alguns comunicados públicos.
- CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática)
- Formação eleitoral oposicionista que disputou as eleições legislativas de
1969 nos círculos de Lisboa, Porto e Braga. A formação da CEUD visava sobretudo
destacar a existência dos socialistas, demarcando-se do PCP.
Não conseguiu eleger qualquer deputado.
- CIAAC (Centro de Instrução de Artilharia Anti-Aérea de Cascais)
- Unidade militar que nunca foi considerada progressista. Teve papel
importante na defesa anti-aérea do COPCON durante o 11 de
Março, mas recusou-se a fazê-lo no 25 de Novembro. Considerada como
especialmente afecta ao grupo dos Nove.
- CICAP (Centro de Instrução de Condução-Auto do
Porto)
- Na sequência de reivindicações dos seus soldados, Pires Veloso
decide dissolvê-la. Isto desencadeou, a meados de Outubro de 1975, uma grave
crise que culminou com a ocupação do RASP pelos seus
soldados e os do CICAP e ainda os de outras unidades,
mantendo-se operacionais durante vários dias. Uma solução de compromisso
negociada por Fabião fará com que o processo acabe por morrer, embora, em
muitos aspectos tenha sido exemplar como forma de luta dos militares no
processo revolucionário.
- CIDA-C (Centro de Informação e Documentação Anticolonial)
- Fundado logo após o 25 de Abril e na sequência de trabalho clandestino
durante o fascismo, tem desde aí desenvolvido intensa actividade de informação
e esclarecimento da opinião pública e de apoio e colaboração aos movimentos de
libertação das ex-colónias, tanto ao nível político, como no da cooperação nas
tarefas da reconstrução nacional.
- CIL (Cintura Industrial de Lisboa)
- Zona envolvente da capital, onde se situam muitas das maiores unidades
industriais do País. Abrange a periferia Norte, a margem Sul do Tejo, e a
margem Norte até Vila Franca de Xira.
- CIP (Confederação da Indústria Portuguesa)
- Criada nos fins de Junho de 74, pretende representar grande parte dos
empresários portugueses e tem, desde o início, desenvolvido intensa actividade
a favor do capital, procurando denegrir a imagem de Portugal junto dos seus
compradores estrangeiros. Simulando defender os interesses das PME, está no
entanto subordinada ao grande capital.
- CLARC (Comité de Luta para o Abaixamento das Rendas de Casa (Setúbal))
- Organização que tem travado uma luta exemplar contra a especulação dos
construtores e senhorios.
- CLARP (Comité para a Libertação dos Antifascistas e Revolucionários Presos)
- Organização unitária, criada após o 25 de Novembro, teve um importante
papel depois de terem sido presos inúmeros oficiais progressistas e
revolucionários. Realizou várias manifestações em Custóias, Caxias, Porto,
Lisboa, etc. e assegurou a direcção das lutas contra a repressão.
- CLOMP (Comité de Luta de Ocupantes e Moradores Pobres)
- Abrangendo a área de Lisboa, tem desempenhado um papel importante na luta
contra os despejos.
- CM (Comissão de Moradores)
- Órgão de Poder Popular.
Consignado no Documento-Guia de Aliança Povo-MFA. Logo após o 25
de Abril formaram-se por todo o país às centenas, organizando
o povo em luta por melhores condições de habitação.
- CMLP (Comité Marxista-Leninista Português)
- Primeira cisão anti-revisionista do PCP, em 1964, fundado depois da expulsão de Francisco Martins Rodrigues.
- CNARPA (Comissão Nacional de Apoio aos Refugiados Políticos Antifascistas)
- Formada após o 25 de Abril, para apoiar os refugiados que então começaram
a afluir a Portugal, especialmente da América Latina.
- CODICE (Comissão de Dinamização Central)
- Órgão da 5.ª Divisão do EMGFA responsável pelas
campanhas de dinamização.
- COPCON (Comando Operacional do Continente)
- Braço armado do MFA, até ao 25 de Novembro, comandado
por Otelo. Colocou-se sempre ao lado dos trabalhadores e teve importante papel
em ocupações de casas, de terras e no desmantelamento de redes terroristas.
Derrotou Spínola em 28 de Setembro e 11 de Março. O chamado «Documento do
COPCON» teve como redactores oficiais revolucionários que nele prestavam
serviço. A sua sede era no Forte do Alto do Duque (Lisboa) e tinha capacidade
de accionamento directo de diversas unidades operacionais espalhadas pelo
país.
- CPPC (Conselho Português para a Paz e Cooperação)
- Organização dependente do Conselho Mundial da Paz, especializada no
intercâmbio com os países de Leste, visando os objectivos da Conferência de
Helsínquia.
- CPS (Cristãos pelo Socialismo)
- Organização filiada no Movimento Internacional CPS, fundado no Chile
durante o regime de Unidade Popular, agrupando católicos e protestantes e
preconizando a luta contra o imperialismo. Apoiou a luta dos trabalhadores da
RR.
- CR (Conselho da Revolução)
- Órgão Supremo do MFA,
criado na sequência do 11 de Março. Consignado na Constituição,
mas com poderes muito reduzidos.
- CRA (Cooperativa Reforma Agrária)
- Organização afecta ao PCP, para apoio técnico e
comercial às unidades Colectivas de Produção.
- CRAMO (Comissões Revolucionárias e Autónomas de Moradores e Ocupantes)
- Organizações criadas na zona de Lisboa, com fraca expressão popular.
- CRARA (Comissão Revolucionária de Apoio à Reforma Agrária)
- Comissão de apoio técnico à Reforma Agrária, impulsionada pelo PCP.
- CRM (Conselho Revolucionário de Moradores (Porto))
- Organização unitária de direcção do movimento popular de moradores,
agrupando CM e em intíma ligação com o processo SAAL.
- CRRA (Centro Regional da Reforma Agrária)
- Delegações do IRA a nível distrital para execução
descentralizada da Reforma Agrária sob a orientação dos Conselhos Regionais da
RA.
- CRT-CRTSM (Conselhos Revolucionários de Trabalhadores, Soldados e Marinheiros)
- Impulsionados pelo PRP, de forte cunho partidário,
pretendiam ser uma espécie de Sovietes nas fábricas e nos quartéis, mas nunca
tiveram grande influência, embora chegassem a realizar dois congressos.
- CT (Comissão de Trabalhadores)
- Orgão de Poder Popular consignado no DG de Aliança Povo-MFA. Após o 25 de
Abril, formaram-se aos milhares em quase todas as empresas, para defesa dos
interesses dos trabalhadores.
- CTT (Correios Telégrafos e Telefones)
- Agora designados
por CTP — Correios e Telecomunicações de Portugal. Greve
importante desencadeada em Julho de 74, em que o PCP
revelou claramente o seu carácter conciliador.
- CUF (Companhia União Fabril)
- O maior grupo económico português, controlado pela família Melo e
nacionalizado em 75. Integra empresas de grande dimensão nos sectores
metalúrgico, químico, têxtil e estaleiros navais.
- DG (Documento-Guia do Projecto Aliança Povo-MFA)
- Projecto de alternativa popular à democracia burguesa, aprovado em
Assembleia do MFA.
- DGMG (Depósito Geral de Material de Guerra)
- Importante posição estratégica à entrada de Lisboa (Moscavide-Beirolas),
onde estão concentradas grandes quantidades de armas e outro material. Esta
unidade declarou-se em situação de auto-controle antes do 25 de Novembro, tendo
sido ocupada por um destacamento da EPC durante o
golpe.
- DGS (Direcção Geral de Segurança)
- (ver PIDE) Polícia política fascista distinguida pelos
seus métodos de tortura e controlo integral na vida pública e privada dos
portugueses. Dissolvida pelo povo em 26 de Abril de 1974. Sucessora da PVDE e
da PIDE, criadas por Salazar.
- ELP (Exército de Libertação Português (fascista))
- Aparentemente com sede em Espanha, estão por apurar as suas ligações ao MDLP e aos atentados bombistas efectuados, tendo lutado em
Angola contra o MPLA, integrado na coluna Sul-Africana que
em 1975 invadiu aquele país.
- EN (Emissora Nacional)
- Emissora oficial. Designação anterior à nacionalização e centralização de
todas as emissoras na RDP (com a excepção da RR).
- EPA (Escola Prática de Artilharia (Vendas Novas))
- Unidade Operacional no 25 de Abril e que deu importante colaboração na
Reforma Agrária, de apoio aos movimentos dos trabalhadores rurais.
- EPAM (Escola Prática de Administração Militar)
- Em Lisboa, Lumiar, junto da RTP, cujas instalações
normalmente protegia em períodos de crise. Progressista até ao 25 de
Novembro.
- EPC (Escola Prática de Cavalaria (Santarém))
- Das unidades portuguesas com maior potencial de fogo, teve um importante
papel durante o 25 de Abril e, posteriormente, em todos os períodos de crise,
tendo-se colocado do lado das forças golpistas no 25 de Novembro.
- EPE (Escola Prática de Engenharia)
- Fazendo parte do chamado Polígono de Tancos, foi aí que decorreu a
assembleia-fantoche que aniquilou o MFA, preparando as
condições para o avanço da direita militar.
- EPI (Escola Prática de Infantaria (Mafra))
- Importante unidade afecta ao grupo dos Nove.
- EPSM (Escola Prática do Serviço de Material
(Sacavém))
- De orientação progressista até ao 25 de Novembro, apoiou
as organizações populares da zona.
- FA (Força Aérea (também Forças Armadas))
- Aviação militar portuguesa, também designada por FAFP.
- FALINTIL (Forças Armadas da Libertação Nacional de Timor-Leste)
-
Criadas oficialmente no 20 de agosto de 1975, na altura da invasão da Indonésia em dezembro do mesmo ano contavam com aproximadamente 30.000 combatentes.
- FAOJ (Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis)
- Organismo dependente do MEIC e com importante acção
dinamizadora a nível regional.
- FAP (Frente de Acção Popular)
- Organização fundada em 1964, ligada ao CMLP, e que
defendia a luta armada contra o fascismo. Extinguiu-se após feroz
repressão.
- FEC (Frente Eleitoral de Comunistas)
- Frente eleitoral ligada à organização comunista OCMLP. Apresentou-se às eleições de 75, tendo obtido 32.519
votos (0,6%). Com implantação apenas em algumas regiões litorais do Norte, a
maioria dos militantes veio a integrar-se na UDP. Publicou o
Jornal «O Grito do Povo».
- FEML (Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas)
- Organização estudantil do MRPP.
- FFAA (Forças Armadas)
- Conjunto dos três ramos: Exército, Marinha e Força Aérea.
- FFC (Força de Fuzileiros do Continente)
- Unidade Operacional que desempenhou um importante papel no dia 25 de Abril
e no apoio ao movimento popular durante todo o processo. Situada próximo da
Base Naval do Alfeite e da Escola de Fuzileiros em Vale de Zebro, em plena zona
industrial da margem Sul do Tejo.
- FLA (Frente de Libertação dos Açores)
- Organização separatista ilegal ao serviço do imperialismo norte-americano
e com estreitas ligações ao PPD e ao CDS.
- FLAMA (Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira)
- Organização ilegal separatista ao serviço do imperialismo norte-americano,
igualmente com intimas ligações aos partidos da direita.
- FLEC (Frente de Libertação do Enclave de Cabinda)
- Movimento de Libertação fantoche, protegido por capitais europeus, que
actuou contra o MPLA. Defende a independência de Cabinda,
para que as explorações petrolíferas deste distrito angolano fiquem fora do
controle nacional.
- FMU (Frente Militar Unida)
- Surgida pouco antes do 25 de Novembro. Aparentemente era constituída pelo
grupo de oficiais que prepararam o golpe de direita.
- FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola)
- Movimento de Libertação fantoche de Angola, pago pelos USA, através do seu
criado Mobutu (presidente do Zaire), e chefiado por Holden Roberto. Sucedeu à
UPA, que organizou os massacres de 1961 e teve um governo
fantoche no exílio, o GRAE. Com o apoio de mercenários,
organizou o ELNA, seu braço armado, cujos elementos eram na
grande maioria do exército zairense.
- FPLN (Frente Patriótica de Libertação Nacional)
- Frente antifascista com sede em Argel, que sofreu várias vicissitudes até
ao seu desaparecimento em 25 de Abril. Reuniu elementos que hoje estão
dispersos por várias organizações, nomeadamente PS, PCP e PRP. No seu âmbito foram criadas as BR, que depois se integraram no PRP.
- FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique)
- Movimento de Libertação de Moçambique, inicialmente chefiado por Mondlane
(assassinado pela PIDE) e depois por Samora Machel.
Vanguarda revolucionária do povo moçambicano, dirigiu toda a luta contra o
colonialismo português, comandando, após a vitória, a luta da reconstrução
nacional.
- FRETILIN (Frente de Libertação de Timor Leste Independente)
- Movimento de Libertação de Timor, que proclamou
a independência do território após o colapso do colonialismo
português e em resposta a um golpe da UDT. O seu
valoroso exército, as FALINTIL, viu-se obrigado a recuar
para as montanhas perante a invasão indonésia, lutando
pela reconquista do solo pátrio.
- FSP (Frente Socialista Popular)
- Fundada em 9.1.75, com base no MSP, movimento autónomo
do PS, que viu derrotadas as suas posições no I Congresso do
PS. Muitos dos seus militantes provinham da actividade sindical ou de sectores
de cristãos revolucionários, agrupados em torno da figura de Manuel Serra, que
parecia exercer influência decisiva no seio da FSP. Fez parte da FUR e apoiou a candidatura de Otelo. De implantação muito
reduzida, por incapacidade de definir uma linha revolucionária consequente,
abandonou o MUP em Setembro de 1975. Dirigentes mais
conhecidos: Manuel Serra, Rui Carneiro, Paulo Loureiro. Percentagens obtidas
nas eleições: 1975 — 1,2 %, — 66.163 votos; 1976 — 0,8% — 41.954 votos.
Publicou o jornal «Frente Socialista».
- FUP (Frente Unitária Popular)
- Nome pelo qual foi inicialmente designada a FUR.
- FUR (Frente de Unidade Revolucionária)
- Organização constituída em 25 de Agosto de 1975, com vista a uma direcção
unificada do processo, que permitisse o seu avanço. Dela faziam parte o PCP (o qual foi expulso poucos dias depois), o MDP/CDE, MES, PRP, FSP, LCI, LUAR e 1º de MAIO, juntamente com as correntes progressistas e
revolucionárias do MFA.
- GAPS (Grupo Autónomo do PS)
- Grupo constituído no interior do PS e dissolvido quando do I Congresso,
tal como o MSP.
- GDACI (Grupo de Detecção, Alerta, Controle e Intercepção)
- Importante unidade da FA localizada em Monsanto (Lisboa), e que foi
ocupada pelos pára-quedistas no 25 de Novembro.
- GDPPS (Grupo de Defesa do Programa do PS)
- A existência deste grupo, surgido em 76, a partir de alguns deputados da
sua ala esquerda, tem sido desmentida pelo PS.
- GDUP (Grupo Dinamizador de Unidade Popular)
- Grupos de base de apoio à candidatura de Otelo, com um importante papel
enquanto embriões do Movimento de Unidade Popular.
Contituídos de Norte a Sul do País, integram elementos de vários partidos de
esquerda, incluindo do PCP e do PS, e
militantes apartidários.
- GF (Guarda Fiscal)
- Guarda das fronteiras e das alfândegas.
- GIS (Grupo de Intervenção Socialista)
- (Ver IS) Tem o estatuto de associação política. Formado
em 75, a partir de algumas personalidades intelectuais saídas do MES, reunindo algumas dezenas de quadros superiores em grupo de
pressão e influência política.
- GNR (Guarda Nacional Republicana)
- Polícia rural e força
repressiva de reserva nas zonas urbanas. Distinguiu-se
durante o fascismo na repressão de greves, manifestações
populares e movimentações de camponeses, ganhando o ódio
de povo português. Após o 25 de Abril falou-se na sua
dissolução, mas depois do 25 de Novembro foi reconduzida
ao seu papel anterior.
- GP
- Governo Provisório.
- G3
- Nome de espingarda automática utilizada pelas FA na
guerra colonial e fabricadas na Fábrica de Material de
Guerra de Braço de Prata. Após o 25 de Novembro, a PSP
e a GNR foram equipadas também com esta arma.
- GVAF (Grupos de Vigilância Anti-Fascista)
- Surgidos a
seguir ao 25 de Abril, unindo o povo contra os pides e os
informadores ainda à solta e contra as manobras reaccionárias.
- IARN (Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais)
- Destinado a organizar o repatriamento dos colonos de Africa (inicialmente
do Zaire e de Marrocos e mais tarde das ex-colónias). Casos graves de
corrupção interna foram objecto de denúncia e originaram um inquérito.
- INATEL (Instituto Nacional para Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores)
- Sucessor da FNAT — Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho,
organização fascista. É legalmente controlada pela Intersindical.
- INTER dos BAIRROS de LATA
- Coordenadora da luta
dos bairros de lata de Lisboa, com delegados das respectivas
Comissões de Moradores.
- INTERSINDICAL
- Central Sindical única dos trabalhadores
portugueses, fundada clandestinamente em 1970 por
um núcleo de sindicatos cujas direcções tinham a confiança
dos trabalhadores. Após o 25 de Abril o seu estreito controle
pelo PCP abriu campo a críticas da direita.
- IRA (Instituto de Reorganização Agrária)
- Sucedeu à extinta Junta de Colonização Interna e tem a seu cargo a
execução da Reforma Agrária.
- IS (Intervenção Socialista, (Grupo de))
- Tem o estatuto
de associação política. Formado em 75, a partir de algumas
personalidades intelectuais saídas do MES, reunindo algumas
dezenas de quadros superiores em grupo de pressão e influência
política.
- JC (Juventude Centrista)
- Ramo estudantil do CDS.
- JS (Juventude Socialista)
- Organização estudantil do PS.
- JSD (Juventude Social-Democrata)
- Organização estudantil do PPD.
- JSN (Junta de Salvação Nacional)
- Organismo supremo criado no 25 de Abril, composto por 7 oficiais generais
ou superiores dos 3 ramos das FA. Extinto após o 11 de
Março.
- LCI (Liga Comunista Internacionalista)
- Organização trotskista,
ligada à maioria da IV Internacional, fundada em
1974 a partir de um grupo estudantil, que desenvolvia actividades
mesmo antes do 25 de Abril. Fez parte da FUR,
donde saíu a seguir ao 25 de Novembro. Defende a Frente
Unica Operária, tendo apresentado, juntamente com o PRT,
um candidato à PR, acabando por apoiar o candidato do
PCP, Octávio Pato. Influência muito diminuta.
Dirigentes mais conhecidos: João Cabral Fernandes, Heitor
de Sousa e Castro, José Joaquim Ferreira Fernandes.
Percentagens obtidas nas eleições: 1975 — 0,2 %, — 10.732
votos; 1976 — 0,3 %, — 16.235 votos. Publicou o jornal «Luta
Proletária».
- LCPR (Liga para a Construção do Partido Revolucionário)
- Organização trotskista de nula expressão, afecta ao PS.
- LP (Legião Portuguesa)
- Organização para-militar e de informação fascista fundada em 1937. Possuía
uma brigada de choque; em decadência já antes do 25 de Abril do ponto de vista
operacional, excepto no capítulo da informação.
- LUAR (Liga de União e Acção Revolucionária)
- Criada em 1967 e desde então chefiada por Palma Inácio, que permanece o
seu principal dirigente. Até à queda do fascismo organizou muitas acções
armadas, com destaque para o assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz.
Define-se como da Esquerda Revolucionária. Pertenceu à FUR,
donde saíu depois do 25 de Novembro. Parece ter-se desagregado com a cisão de
grande parte dos militantes em torno de Pereira Marques. Anteriormente ao
fracasso do seu I Congresso já tinha mostrado a impossibilidade de definir uma
linha política. Publicou os jornais «Fronteira», iniciado no exílio, e «Luar»,
que desapareceu.
- MAI (Ministério da Administração Interna)
- Designação, após o 25 de Abril, do antigo Ministério do Interior.
Superintende nas forças militarizadas.
- MAP
- Ministério da Agricultura e Pescas.
- MAPA (Movimento de Autonomia do Povo Açoreano)
- Organização clandestina separatista que antecedeu a FLA.
- MARN (Movimento de Agricultores e Rendeiros do Norte)
- Organização para o esclarecimento e defesa dos interesses
dos pequenos camponeses, contrariando a manipulação destes
pelos caciques reaccionários.
- MCS (Ministério da Comunicação Social)
- Sucedeu ao SNI e à SEIT do fascismo e deu lugar a um secretariado de
Estado no I Governo Constitucional.
- MDE/S (Movimento para o Desenvolvimento da Empresa/Sociedade)
- Lançado a 21 de Agosto de 74, como uma espécie de «sindicato dos
banqueiros», numa altura em que a burguesia tentava firmar o pé para manter o
seu poder. Liderado por Champalimaud.
- MDLP (Movimento Democrático de Libertação de Portugal)
- Organização reaccionária fundada por Spínola no exílio. Ligações ao ELP e ao CDS e aos atentados bombistas que a
direita desencadeou a seguir ao 11 de Março. Foi anunciada, a seguir às
eleições de 1976, a sua dissolução.
- MDM (Movimento Democrático das Mulheres)
- Organização progressista com objectivos unitários, afecta ao
MDP/CDE e influenciada pelo PCP.
- MDP/CDE (Movimento Democrático Português)
- Organização formada para as eleições de 1969, como frente legal da
oposição anti-fascista. Teve um papel importante antes do 25 de Abril,
continuando como movimento unitário até ao Outono de 74, quando se transformou
em partido. É dominado pelo aparelho do PCP, perdendo
militantes a partir de 75. Fez parte da FUR; não concorreu
às eleições de 1976, tendo aconselhado o voto no PCP. A sua desagregação era
manifesta. Dirigentes mais conhecidos: José Tengarrinha, Vítor Dias, Pereira
Moura (já afastado), António Galhordas. Percentagem obtida em 1975: 4,1 %, — 5
deputados. Publicou o jornal «Unidade».
- MEIC
- Ministério da Educação e Investigação Científica.
- MFP (Movimento Federalista Português)
- Fundado após o 25 de Abril de 1974. Partido de fascistas ligados, quer à
Cooperativa Cidadela, quer à Convergência Monárquica. Teve ligações com
partidos semelhantes nas colónias, seguindo as ideias federalistas de Spínola.
À 19 de Julho, ultrapassado na prática o federalismo, toma o nome de Partido do
Progresso (PP). Dispunha de grande capacidade financeira e esteve implicado no
28 de Setembro, tendo desaparecido depois disso.
- MIRN (Movimento Independente de Reconstrução Nacional)
- Lançado por Kaulza de Arriaga após a sua saída da
prisão, tem tentado uma aproximação com o CDS.
- MLSTP (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe)
- Vanguarda do povo são-tomense, dirigiu a luta contra
o colonialismo português e assumiu o poder após a independência.
- MP (Mocidade Portuguesa)
- Organização fascista da juventude, criada em 1936, destinada ao
enquadramento total da juventude portuguesa, mas cuja influência (cada vez
menos notória) se limitava ao sector escolarizado.
- MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola)
- Movimento de Libertação angolano que iniciou a luta armada
contra o colonialismo português em 1961; prosseguiu-a
no meio das maiores dificuldades até ao colapso deste e
derrotou a conspiração imperialista internacional para a
conquista de Angola, fundando em 11 de Novembro de 1975
a República Popular de Angola.
- MRPP (Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado)
- Fundado em 18 de Setembro de 1970 a partir de
uma cisão no grupo estudantil EDE — Esquerda Democrática
Estudantil. Define-se como marxista-léninista-maoista,
mas a sua política tem sido a de uma seita provocatória
apoiando declaradamente as forças de direita. Seguindo
a sua lógica, acabou por se desmascarar completamente
ao apoiar Eeanes. Está em manifesta desagregação. Tem
como secretário-geral Arnaldo de Matos. Em 1975 foi impedido
de participar nas eleições. Em 1976, obteve os seguintes
resultados: 36.237 votos— 0,7%. Publica o jornal «Luta
Popular».
- MDS (Movimento Social-Democrata)
- Formou-se a partir de uma cisão na ala esquerda do PPD,
quando do último congresso deste partido. Principais dirigentes: Sá Borges,
Mota Pinto.
- MSP (Movimento Socialista Popular)
- Grupo autónomo liderado por Manuel Serra, no interior do PS. Extinto no I Congresso do PS, origina a cisão que deu lugar
à FSP.
- MES (Movimento de Esquerda Socialista)
- Formalizado
em 1 de Maio de 74 a partir da luta coordenada desde 1970
de militantes operários, sindicalistas, anti-colonialistas e
estudantis. Esteve presente em todos os momentos decisivos
do processo revolucionário, participando nas conquistas do
movimento popular — nacionalizações, controlo operário, reforma
agrária — e impulsionando decisivamente a criação
de órgãos de poder popular. Força animadora da FUR e da
ofensiva de massas a seguir à Assembleia de Tancos, é uma
componente fundamental na construção da alternativa revolucionária
ao reformismo e à social-democracia, pelo poder
popular e pelo comunismo. Apoiou Otelo e está na vanguarda
do Movimento de Unidade Popular. Percentagens obtidas
nas eleições: 1975 — 1 %, — 57 695 votos; 1976 — 0,6 % —
31 065 votos. Publica o jornal «Poder Popular».
- MESA (Ministério do Equipamento Social e Ambiente)
- Substituído, no I governo constitucional, pelo Ministério da Habitação,
Urbanismo e Construção.
- MFA (Movimento das Forças Armadas)
- Nascido do Movimento dos Capitães, organizou o 25 de Abril e manteve a
direcção do processo até à sua desagregação na Assembleia de Tancos e no 25 de
Novembro.
- MSU (Movimento Socialista Unificado)
- Organização formada em 1976, a partir de dissidentes do MES, da LUAR e da FSP.
Apoiou a candidatura de Otelo.
- MT
- Ministério do Trabalho.
- MUC (Movimento Unificado Cooperativo)
- Organização do PS para a intervenção na Reforma
Agrária.
- MUP (Movimento de Unidade Popular)
- Organização política formada a partir do movimento unitário de apoio à
candidatura de Otelo, integrada por partidos da esquerda revolucionária e por
militantes independentes ou ligados a outros partidos.
- MUTI (Movimento Unitário dos Trabalhadores Intelectuais)
- Organização impulsionada e influenciada pelo PCP,
- OCMLP (Organização Comunista Marxista-Leninista Portuguesa)
- Criada em 1973 da fusão de elementos do CMLP e o grupo
Comité Operário do Porto, que publicava o jornal O Grito do Povo. Editou o
jornal «O Comunista». A FEC funcionava como a sua frente eleitoral.
- ORFA (Organização Revolucionária das Forças Armadas)
- Organização clandestina de soldados, cuja influência
parece ter sido restrita.
- ORPC-ML (Organização para a Reconstrução do Partido Comunista Marxista-Leninista)
- Organização Marxista-Leninista que surgiu como consequência da superação
das divergências entre o CARP-ML, os CCORML e a URML, as três organizações
que em 16-12-74 fundaram a frente eleitoral UDP.
- PAIGC (Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde)
- Inicialmente chefiado por Amílcar Cabral, declarou a independência da
Guiné-Bissau em 1973 e forçou Spínola a reconhecê-la pouco depois do 25 de
Abril. Dirigiu desde 1963 a luta armada contra o colonialismo português,
assumindo o poder após a independência dos dois novos países.
- PAP (Plano de Acção Política)
- Lançado no final de Junho de 75, foi o primeiro da dança de documentos
desse Verão. Tratava-se, no essencial, de uma tentativa de conciliação no seio
do MFA, rapidamente ultrapassada pelos acontecimentos. Todavia o VI GP ainda
se referia ao PAP no seu programa.
- PCP (Partido Comunista Português)
- Fundado em 6-3-1921.
Em 1930 passa à clandestinidade, desempenhando
importante papel em todas as movimentações antifascistas
até à década de 50. Sofre intensa repressão durante os anos
de 36 a 39, sendo duramente atingido na sua organização.
A partir de 41, sob a direcção de Cunhal, reorganiza-se,
desenvolvendo intensa actividade no sector do operariado
industrial e no proletariado alentejano. Em 1964 sofre uma
cisão, tendo sido formado o CMLP (Comité Marxista-Leninista
Português), donde saíram muitas organizações comunistas.
Força principal da resistência contra o fascismo, é
notória a sua linha revisionista que se revela claramente
ao longo de todo o processo posterior ao 25 de Abril. Teve
acção dominante no 28 de Setembro e no 11 de Março, enquanto
combatia todas as organizações à sua esquerda. Na
sequência do 25 de Novembro, lança a ilusória «maioria de
esquerda» com o PS e uma campanha divisionista para a
PR; apresentando um candidato partidário, Octávio Pato.
Dirigentes mais conhecidos: Álvaro Cunhal, Octávio Pato,
Aboim Inglês, Sérgio Vilarigues, Jaime Serra, Dias Lourenço.
Percentagens obtidas nas eleições: 1975 — 12,5 % —
30 deputados; 1976 — 14,6 %, — 40 deputados. Publica o
jornal «Avante».
- PCP(ML) (Partido Comunista de Portugal (Marxista-Leninista))
- Grupo com origem numa cisão do CMLP
tem tido uma actuação contra-revolucionária e lançou
em Maio de 1974 a AOC. Com o pretexto de denúncia
do social-fascismo, tem tomado posições nitidamente anticomunistas
e provocatórias. Agente em Portugal do Partido
Comunista Chinês. Dirigentes mais conhecidos: Eduíno Vilar,
Carlos Guinote, Ana Faria. Foram impedidos de participar
nas eleições de 1975. Resultados em 1976: PCP(ML)
— 0,3 % — 15 801 votos; AOC — 0,3 %, — 15 671 votos. Publica
os jornais «A Voz do Trabalhador», que já desapareceu,
«Unidade Popular» e «A Padeira de Aljubarrota».
- PCP(ML) (Partido Comunista Português Marxista-Leninista)
- ver PUP.
- PCP(R) — Partido Comunista Português (Reconstruído)
- Três organizações comunistas (OCMLP, ORPCML e CMLP) fundaram em finais de
1975 o PCP(R), que se autoproclama o partido da classe operária, herdeiro da
tradição leninista do PCP, antes dos seus actuais desvios
direitistas. Denuncia o PCP como social-fascista e defende a Revolução
Democrática e Popular. A UDP funciona como a sua frente de
massas. Apoia o Movimento de Unidade Popular de Otelo. Publica o jornal «A
Bandeira Vermelha».
- PCSD (Partido Cristão Social-Democrático)
- Ver PDC.
- PDC (Partido da Democracia Cristã)
- Em 5 de Maio de 1974 surge um partido fascista, o PCSD. Pouco depois, uma
cisão deste último conduz à formação do PDC, tendo o PCSD desaparecido da cena
política. Não teve actuação de peso até que Sanches Osório se tornou seu
secretário-geral (Janeiro de 1975). Apresentou-se às eleições de 75 em
coligação com o CDS, mas a implicação de Osório no 11 de Março forçou a sua
saída da corrida eleitoral. Dirigentes mais conhecidos: José de Melo, Beato de
Oliveira, Silva Resende. Resultados eleitorais em 1976: 0,5% — 28226 votos.
Publica o jornal «Democracia Cristã».
- PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado)
- Nome anterior da DGS, substituído por Marcelo Caetano na
altura da «liberalização», sem que nada fosse alterado dos seus métodos
assassinos.
- PL (Partido Liberal)
- Quer o PL quer o PSDP, quer o PTDP, quer ainda outros agrupamentos fascistas, foram surgindo
durante os meses que se seguiram ao 25 de Abril. A sua implicação no 28 de
Setembro e/ou a falta de projecto político efectivo, ditaram o seu
desaparecimento.
- PME (Pequenas e Médias Empresas)
- Sector fundamental da economia portuguesa (em 1964, cerca de 65%, da
produção industrial líquida). Foi por aí que o grande capital financeiro
começou a desencadear a crise económica, estrangulando créditos e
financiamentos. Objecto de legislação especial por parte de alguns governos
provisórios.
- PP (Partido do Progresso)
- Ver MFP.
- PPD (Partido Popular Democrático)
- Fundado a seguir
ao 25 de Abril por deputados da chamada «Ala Liberal» da
Assembleia Nacional de Caetano (Sá Carneiro, Pinto Balsemão
e Magalhães Mota). Pretende-se um partido social-democrata;
é claramente de direita, anticomunista, ligado
ao imperialismo. É o segundo partido em número de votos
de 1975 e 1976, tendo ganho as eleições regionais dos Açores
e da Madeira. Foi o primeiro partido a apoiar Eanes.
Dirigentes mais conhecidos: Sá Carneiro, Magalhães Mota,
Rui Machete, Rebelo de Sousa. Percentagens obtidas nas
eleições: 1975 — 26,4 7, — 81 deputados; 1976 — 24 % —
73 deputados. Publica o jornal «Povo Livre». Em Setembro
de 1976 toma a designação de Partido Social-Democrata.
- PPM (Partido Popular Monárquico)
- Agrupamento monárquico, oriundo da oposição monárquica a Salazar,
participando em 1969 nas eleições, contra a ANP (CEM — Centro Eleitoral
Monárquico). É contestado por outras correntes monárquicas de extrema-direita e
tem uma linha política ambígua, aliando-se frequentemente ao CDS, ao PPD ou ao
PS. Na fase mais acesa do processo revolucionário defendeu o «Comunalismo». Não
apoiou Eanes. Dirigente mais conhecido: Ribeiro Teles. Percentagens obtidas nas
eleições: 1975 — 0,6 %, — 31.809 votos; 1976 — 0,5 9%, — 28.163 votos.
- PR
- Presidente da República.
- 1.º DE MAIO
- Organização Comunista marxista-leninista que publica no Porto um jornal com
à mesma designação. Não aderiu à UDP e mantém-se
independente do PCP(R).
- PRP (Partido Revolucionário do Proletariado)
- Organização formada em 1973, de uma cisão na FPLN,
definindo-se como da Esquerda Revolucionária, dando fundamental importância à
luta armada. Antes do 25 de Abril foi especialmente conhecido pela actividade
das BR. Fez parte da FUR e apoiou, antes
disso, os CRTSM. Não participou nas eleições, que
classificava de burguesas. Apoiou a candidatura de Otelo e é uma das principais
organizações no movimento de unidade popular. Principais dirigentes: Carlos
Antunes, Isabel do Carmo, Pedro Goulart. Publicava o jornal «Revolução».
- PRT (Partido Revolucionário dos Trabalhadores)
- Formado em Fevereiro de 1975, de tendência trotskista (minoria da IV
Internacional). Apresentou um candidato à presidência juntamente com a LCI, mas
acabou por apoiar Pato. Reduzida influência. Dirigentes mais conhecidos: João
Cardoso, António Sá Leal. Percentagem obtida nas eleições de 1976: 0,1%, — 5
182 votos.
- PS (Partido Socialista)
- Fundado em Abril de 1973, fora do país, a partir da ASP, organização
criada em 64 e integrada na Internacional Socialista. Linha política
heterogénea, de predominância social-democrata. Fortes ligações à
social-democracia alemã, britânica e nórdica. Agrupa camadas sociais muito
diversas, que vão desde o operariado (sobretudo no Norte) até quadros e
empresários. Serviu de principal força da burguesia na ofensiva
contra-revolucionária no Verão de 75. Vencedor das eleições em 75 e em 76,
apresenta-se como o partido de maior clientela eleitoral; apoiou Eanes.
Dirigentes mais conhecidos: Mário Soares, Manuel Alegre, Sottomayor Cardia,
Lopes Cardoso, Salgado Zenha, António Macedo. Percentagens obtidas nas
eleições: 1975 — 37,9%, — 116 deputados; 1976 — 35% — 107 deputados. Publica o
jornal «Portugal Socialista».
- PSDP (Partido Social-Democrata Português)
- Ver PL.
- PSP (Polícia de Segurança Pública)
- Polícia urbana. Possui uma especializada brigada de choque.
- PTDP (Partido Trabalhista Democrático Português)
- Ver PL.
- PUP (Partido de Unidade Popular)
- Organização criada pelo PCP(ML) que editava o
jornal «A Verdade» e que se autodissolveu numa perspectiva de unidade com
outras organizações ML. Antes de se integrar no PCP(R),
concorreu às eleições em 1975, tendo obtido 0,2% (12996 votos).
- QG
- Quartel General.
- 5.ª Divisão (do Estado-Maior General das Forças Armadas)
- Departamento de propaganda, informação e dinamização política e cultural.
Desempenhou um importante papel até à sua ocupação pelo RCA,
a 27 de Agosto de 75, no seguimento da campanha promovida pelo «Grupo dos Nove»
com o apoio de toda a direita. Durante os últimos meses apoiou declaradamente
as posições de Vasco Gonçalves.
- RAC (Regimento de Artilharia de Costa (Oeiras))
- Deu apoio às organizações populares da zona.
- RALIS (ex-RAL 1) (Regimento de Artilharia Ligeira de Lisboa)
- Unidade progressista fundamental, que no 11 de
Março foi a base da resistência ao golpe de Spínola. Atacada
no 25 de Novembro pelo RCA.
- RASP (Regimento de Artilharia da Serra do Pilar)
- Ver CICAP.
- RCA (Regimento de Comandos da Amadora)
- Comandado por Jaime Neves, foi a ponta de lança de todas as acções de
direita desencadeadas desde o 11 de Março, culminando no 25 de Novembro com o
ataque e desmantelamento de todas as unidades progressistas da Região de
Lisboa.
- RCE (Regimento de Cavalaria de Estremoz)
- Deslocado durante o 25 de Novembro para Setúbal em apoio do golpe
desencadeado.
- RCP (Rádio Clube Português)
- A «Emissora da Liberdade» na qual se instalou em 25 de Abril o posto de
comando do MFA e que desempenhou importante papel até ao 25
de Novembro. Foi integrada depois disso na RDP.
- RDM (Regulamento de Disciplina Militar)
- Baseado numa forte hierarquização e repressão, foi uma das bases para, a
seguir ao 25 de Novembro, se «reestruturarem» as Forças Armadas.
- RDP (Rádio-Difusão Portuguesa)
- Empresa pública que engloba todos os emissores existentes, com excepção da
RR, que pertence ao Episcopado Católico.
- RE 1 (Regimento de Engenharia 1 (Pontinha, Lisboa))
- Quartel General de Otelo no 25 de Abril, deu grande apoio
às organizações populares da zona, promovendo a primeira
Assembleia Popular em Portugal.
- RIA (Regimento de Infantaria de Abrantes)
- RIF (Regimento de Infantaria de Faro)
- RIQ (Regimento de Infantaria de Queluz
- Ex-RIOQ: Reg. Infantaria Operacional de Queluz.
- RIS (Regimento de Infantaria de Setúbal)
- RIVR-DC (Regimento de Infantaria de Vila Real)
- Destacamento de Chaves — Unidade progressista do Norte.
- RMC (Região Militar Centro)
- RML (Região Militar de Lisboa)
- RMN (Região Militar Norte)
- RMS (Região Militar Sul)
- RR (Rádio Renascença)
- Na sequência das lutas reivindicativas dos seus trabalhadores face à
administração reaccionária (Episcopado Católico), foi por eles ocupada e
colocou-se ao serviço da revolução. A única forma de ser calada foi à bomba,
mandada colocar pelo CR, ao AMI, em 7 de
Novembro de 75. Posteriormente foi entregue à administração. A RR foi o
pretexto para a tomada de posição pública do Episcopado contra a revolução,
auto-organizando manifestações anunciadas e recomendadas dos púlpitos e dos
altares em seu próprio apoio, pedindo a «restituição» (sic) do seu emissor.
Voltou ao que era, depois de ter sido entregue ao Episcopado após o 25 de
Novembro.
- RTP (Rádio Televisão Portuguesa)
- RTP (Regimento de Transmissões do Porto)
- SAAL (Serviço Ambulatório de Apoio Local)
- Dependente do MESA, para apoio às chamadas «zonas
degradadas».
- SCTCIL (Secretariado das Comissões de Trabalhadores da Cintura Industrial de Lisboa.)
- Influenciado pelo PCP, teve importante acção nas
manobras deste partido para pressionar o VI GP e o CR.
- SDCI (Serviço de Detecção e Coordenação de Informações)
- Organismo especializado do MFA, foi extinto com o 25 de
Novembro.
- SIPC (Serviço de Intercambio Politico e Cultural)
- Os autores deste documento.
- SEDES (Associação para o Desenvolvimento Económico e Social)
- Organização de tecnocratas já existente antes do 25 de Abril, de ideologia
capitalista avançada, funcionando como grupo de pressão.
- SUV (Soldados Unidos Vencerão)
- Organização unitária, surgida no Norte em consequência da contestação
reaccionária a Corvacho, rapidamente se espalha por todo o país. Teve o seu
ponto alto em Lisboa a 25 de Setembro, libertando depois dois camaradas presos
na Trafaria por pertencerem aos SUV. Sofre forte repressão depois do 25 de
Novembro, tendo sido expulsos das FFAA muitos dos seus
elementos.
- TAP (Transportes Aéreos Portugueses)
- Companhia aérea, nacionalizada após o 25 de Abril. Foi teatro de lutas
operárias exemplares, antes e depois desta data.
- TLP (Telefones de Lisboa e Porto)
- Empresa pública sucessora da APT — Anglo-Portuguese Telephone Co.
- TUV (Trabalhadores Unidos Vencerão)
- Organização unitária e revolucionária formada antes do 25 de Novembro
na cintura industrial de Lisboa.
- UCRP (União Comunista para a Reconstrução do Partido)
- Sector da OCMLP que não aceitou a integração no
PCP(R).
- UDP (União Democrática Popular)
- Em 16-12-74 foi fundada a UDP, frente eleitoral que se apresentou às
eleições de 75, apoiada por três organizações comunistas (ver ORPC-ML). No fim de 75, fundado o PCP(R), a UDP começou a funcionar como frente de massas
deste partido, tendo-se novamente apresentado às eleições de 76. A sua linha é
a luta pela Democracia Popular, tendo apoiado a candidatura de Otelo e
constituindo uma das forças mais importantes do Movimento de Unidade Popular.
Dirigentes mais conhecidos: Acácio Barreiros, Raul Caixinhas, Filipe Faria.
Resultados obtidos nas eleições: 1975 — 0,8%, (44 546 votos) — 1 deputado; 1976
— 1,7%, (91383 votos) — 1 deputado. Publica o jornal «A Voz do Povo».
- UDT (União Democrática de Timor)
- Organização de direita que deu um golpe militar apoiado por militares
portugueses, logo combatido pela Fretilin. Aliou-se à Apodeti no apoio à
ocupação indonésia.
- UEC (União dos Estudantes Comunistas)
- Organização estudantil do PCP.
- UEDP (União dos Estudantes pela Democracia Popular)
- Organização estudantil da UDP.
- UJC (União da Juventude Comunista)
- Organização juvenil do PCP.
- UNEP (União Nacional dos Estudantes Portugueses)
- Organização federativa que procura congregar todas as
Associações de Estudantes.
- UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola)
- Movimento de Libertação fantoche de Angola chefiado por Savimbi e apoiado
pelos colonos, baseado em divisões tribais. Foi encorajado pelo Governo de
Caetano e derrotado pelo MPLA, apesar do apoio que lhe foi
dado pela FNLA e ELP, além da África do
Sul. As suas ligações com o exército colonial foram comprovadas
publicamente.
- UPM (União do Povo da Madeira)
- Organização democrática de unidade antifascista.
- URAP (União dos Resistentes Antifascistas Portugueses)
- Organização influenciada pelo PCP, se bem que agrupe
elementos independentes.
- URML (União Revolucionária Marxista-Leninista
- Ver ORPC-ML — Organização fundada em 1970 na clandestinidade, e que confluiu no PCP(R).
- USP (União dos Sindicatos do Porto)
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Inclusão: 25/04/2023