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Primeira Edição: Apresentado à Classe Operária, Soldados e Marinheiros presentes em Belém na madrugada de 21 de novembro de 1975
Fonte: Centro de Documentação 25 de Abril
Transcrição: Graham Seaman
HTML: Fernando Araújo.
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1. O processo iniciado em 25 de Abril de 1974 chegou ao momento da verdade, ao momento do avanço decisivo para o socialismo.
É certo que até agora foram vibrados duros golpes no poder da burguesia e foram dados passos importantes no sentido da organização autónoma da classe operária e do povo trabalhador. As nacionalizações, o começo da reforma agrária, as experiências de controle operário e o avanço do poder popular constituem as principais conquistas das massas trabalhadoras nesta fase do processo. Tudo isto, no entanto, não representou a destruição do capitalismo nem a criação do poder dos trabalhadores.
É assim que a burguesia pode tomar conta do Conselho da Revolução, do VI Governo e do MFA.
É assim que assistimos a uma desesperada escalada reaccionária; as tentativas que o seu VI Governo, os seus partidos e os seus oficiais tem levado a cabo no sentido de esmagar a poderosa ofensiva popular em marcha.
O que a burguesia não pode suportar é a imparável movimentação dos soldados que organizando-se autonomamente souberam recusar a hierarquia militarista dos falsos democratas e colocar-se resolutamente do lado do povo trabalhador.
O que a burguesia não pode suportar é a força crescente do Poder Popular erguido de Norte a Sul do nosso país pelas massas trabalhadoras que souberam recusar a via eleitoralista burguesa, a via das falsas "maiorias" e construir a sua própria democracia, o embrião da democracia revolucionária.
A profunda crise político-militar que estamos a viver veio mostrar que as sucessivas soluções de conciliação de classes mais não fizeram do que abrir o caminho à organização da direita e da reacção capitalista, e que só uma solução revolucionária pode resolver a crise em favor dos interesses das massas e da Revolução Socialista.
2. A partir do momento em que o desenvolvimento do processo português tornou claro o falhanço das sucessivas tentativas da burguesia para recuperar o controle da sociedade portuguesa através de soluções conciliatórias falsamente favoráveis às classes trabalhadoras, tornou-se obsessiva para o poder instituído a construção de um aparelho repressivo capaz de substituir, pela força, a falta de apoio das massas populares.
Tendo ainda falhado nesse objectivo devido a crescente organização e consciencialização do povo trabalhador civil e fardado, recorre agora aquele poder à chantagem e a tentativa de dividir o país em dois abrindo a porta ao confronto entre trabalhadores, a guerra civil e à intervenção estrangeira. No seu desespero a burguesia não hesita em criar as condições da destruição da própria pátria e da sua submissão directa às forças imperialistas.
Perante esta situação, os oficiais signatários, conscientes de que a sua posição só pode ser ao lado dos trabalhadores, soldados e marinheiros na sua luta pela emancipação, pelo poder popular, pele socialismo e pela independência nacional, consideram que a única saída para a revolução portuguesa esta na constituição de um poder de unidade revolucionária com um programa de acção assumido publicamente perante as massas populares, tendo como objectivo principal a transferência tão rápida quanto possível do poder para os trabalhadores organizados numa estrutura que culmine na Assembleia Popular Nacional.
3. A alternativa revolucionária para a crise é a que assenta no papel determinante das massas populares, da classe operaria e dos soldados, e a que ultrapassa de vez a direcção conciliadora existente até agora pela afirmação duma direcção política revolucionária, expressão da capacidade das massas em construirem o Socialismo, isto é, o seu poder e a sua sociedade, e em construirem o braço armado que os levará a vitoria final, o Exército Popular Revolucionário.
A saída para a crise está pois na construção de um poder revolucionário assente num programa de unidade revolucionária que se baseie nas ideias expressas no documento do COPCON.
A natureza revolucionária do poder só se demonstra na prática, pelo que tornar a Assembleia Popular Nacional uma real idade,exige:
Este conjunto de acções terá de ser obra dos próprios trabalhadores, competindo no poder, e estado, abrir espaço para o seu desenvolvimento apoiando inequivocamente os trabalhadores e proporcionando-lhes as condições necessárias.
Para alem disso o poder só será legitimamente revolucionário desde que assuma o objectivo imediato de colocar a economia ao serviço do povo trabalhador, liquidando o desemprego e a subida do custa de vida, o que exige:
Assegurar a política de independência nacional através de:
Perante o Governo e as forças de direita em geral, que recorrem a actos de desespero e de pirataria, que podem conduzir o país a guerra civil ou à intervenção estrangeira feita pelo imperialismo, os trabalhadores, os soldados e os militantes revolucionários têm que encontrar o seu próprio caminho para a tomada do poder.
E nesse caminho tem de ser o da organização autónoma dos trabalhadores das fábricas e dos campos para a construção e o fortalecimento do poder popular.
Mas o poder popular nunca será verdadeiramente poder se não for armado. Os trabalhadores só serão capazes de conquistar o poder e de o aguentarem nas mãos se estiverem armados, se tiverem a força organizada do seu lado.
E é da conjugação dos trabalhadores armados com os soldados que estão nos quartéis, que nascerá o largo movimento e a vanguarda que pode fazer frente à burguesia e ao imperialismo. Só o armamento dos trabalhadores e a sua organização com os soldados, formando um exército revolucionário, pode impedir a organização da burguesia e o perigo da intervenção estrangeira.
É neste movimento e nesta vanguarda que tem de basear-se o novo poder revolucionário para executar um programa revolucionário.
Para nós, oficiais que procuramos ser coerentes com um projecto revolucionário, a única garantia de revolução socialista autêntica e a de que efectivamente o poder estará nas mãos dos trabalhadores e não nas de qualquer partido ou força política.
É da base e para a base dos trabalhadores que o poder tem de vir e tem que ir.
Para nos, oficiais que procuramos ser coerentes com um projecto revolucionário, a vanguarda esta nos trabalhadores e nos soldados. Não admitimos mais golpes de Estado, venham eles donde vierem, fabricados pelos oficiais nas costas dos trabalhadores.
Não admitimos mais conspirações de gabinete, alheias à organização dos trabalhadores e dos soldados. Não admitimos mais as manobras dos políticos que fazem dos trabalhadores, das suas manifestações e movimentações, a força com que argumentam a mesa das negociações, a mesa dos pactos.
Nós estamos com o PODER POPULAR ARMADO, COM SOLDADOS, COM OS MILITANTES REVOLUCIONÁRIOS, até à vitoria, até a tomada do poder.
VIVA A REVOLUÇÃO
VIVA O PODER POPULAR ARMADO
SARGENTOS E OFICIAIS REVOLUCIONÁRIOS, COM OS SOLDADOS, OS OPERÁRIOS E OS CAMPONESES - UNIDOS VENCEREMOS
Major | BARROSO |
Cap. | SOBRAL COSTA |
Ten-Cor. | SEQUEIRA |
Cap. | JORGE ALVES |
Major | TOME |
Major | BORREGA |
Cap. | CABRAL E SILVA |
Cap. | LUZ |
Cap. | MOREIRA DA LUZ |
Major | QUEIRÕS DE AZEVEDO |
Cap. | MENDONÇA DA LUZ |
Cap. | NUNO FERREIRA |
Cap. | DURAN CLEMENTE |
Ten. | MATOS PEREIRA |
Cap. | MENDONÇA DE CARVALHO |
Cap. | MATOS GOMES |
Ten. | MAR10 RODRIGUES |
Cap. | SANTOS SILVA |
Inclusão | 09/04/2019 |