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Duas circunstâncias dificultam descrever Stalin no ano de 1942. Está no quarto ato do seu drama e ninguém sabe o que vai acontecer no quinto. Além disto, ele esconde documentos decisivos que revelarão muitas coisas mais tarde. É mais interessante fundir, por meio dessa intuição que sempre foi e continua a ser a melhor fonte para o historiador, os fatos atualmente conhecidos com os que ainda não se conhecem.
Visto como tenho sido frequentemente atacado na Rússia e raramente traduzido, sinto-me à vontade para defender os princípios soviéticos como venho afirmando desde 1917.
Não obstante ser individualista incondicional e, portanto, não ser comunista, sinto-me irresistivelmente atraído pela justiça social desse novo mundo. Apesar de estar convencido de que o poder da personalidade é maior do que o dos números (não posso ser tomado por marxista), a fundação da União Soviética parece-me ser o maior acontecimento produzido pelo nosso século até hoje. Os russos são o único povo que destruiu o reinado do dinheiro.
Nesta posição independente, não escondi minhas simpatias por Trotsky, nem minha crítica ao terrorismo de Moscou — nem mesmo diante do próprio Stalin. Visitei-o uma década antes de suas atuais vitórias e manifestei publicamente minha admiração pela sua grande obra.
Uma corrente insensata sente prazer em irmanar o fascismo e o comunismo, rejeitando ambos porque empregam métodos similares. Na realidade, seu contraste espiritual é fundamental, é maior do que entre qualquer deles e a democracia. A Constituição da União Soviética reúne os mais fortes argumentos do futuro, enquanto que o programa nazista tenta reviver idéias mortas da Idade Média.
Stalin é tão notável como colonizador e general, que se coloca acima da maioria dos líderes contemporâneos, não importa qual venha a ser seu fim. Provavelmente, será o único ditador que sobreviverá à guerra. Aqueles que temem que a vitória de Stalin traga a revolução mundial não percebem absolutamente que já estamos dentro dela.
Manifesto aqui a minha gratidão aos excelentes trabalhos de Max Werner, Isaac Don Levine, Louis Fischer, Walter Duranty, Henry C. Wolfe e Johnson, deão de Canterbury, bem como à ajuda de H. W. Meyer, Nova-York.
Santa Mônica, Califórnia.
Julho, 1942
Ludwig
Inclusão | 26/04/2011 |