Mensagem Por Fio Direto à Secretaria Popular da República Soviética Ucraniana

J. V. Stálin

24 de Fevereiro de 1918


Primeira Edição: nas Obras Completas de Stálin.
Fonte: J.V. Stálin - Obras - 4º vol., Editorial Vitória, 1954 - traduzida da edição italiana da Obras Completas de Stálin publicada pela Edizioni Rinascita, Roma, 1949.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
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Fernando A. S. Araújo, setembro 2006.
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capa

Encarregado pelo Conselho dos Comissários do Povo, o Comissário do Povo Stálin.

Há dois dias, a 22 de fevereiro, recebemos do governo alemão condições de paz duras, ferozes, pode-se dizer, e os alemães exigem que tais condições sejam aceitas dentro de quarenta e oito horas. Ao mesmo tempo, destacamentos alemães surgem sobre Reval e Pskov, ameaçando Petrogrado, enquanto nossas tropas absolutamente não estão preparadas para resistir. Não sei se conheceis essas condições. Transmitimo-las a toda a parte pelo rádio. Comunico-vos as principais delas.

"Ponto quarto. A Rússia conclui imediatamente a paz com a República Popular Ucraniana. A Ucrânia e a Finlândia serão imediatamente evacuadas pelas tropas russas e pela Guarda Vermelha." "Os navios de guerra russos do Mar Negro deverão ser imediatamente transferidos para os portos russos, onde permanecerão até à conclusão da paz geral ou serão desarmados." "A navegação mercante no Mar Negro e nos outros mares será reiniciada, como foi previsto no tratado de armistício. A dragagem das minas será iniciada imediatamente."

"Ponto terceiro. A Letônia e a Estônia serão imediatamente evacuadas pelas tropas russas e pela Guarda Vermelha e serão ocupadas pela polícia alemã até que se garanta nos dois países a segurança pública e a ordem interna. Todos os que foram presos por motivos políticos serão imediatamente libertados."

"Ponto quinto. A Rússia fará tudo quanto estiver em seu poder para assegurar imediatamente à Turquia a gradual restituição das províncias orientais da Anatólia e reconhecerá a anulação da capitulação turca."

Seguem-se os pontos referentes ao acordo comercial, que se baseiam no tratado que conheceis, da velha Rada com a Áustria-Hungria.

De um modo geral, é preciso dizer-se que as condições são incrivelmente duras. Parece-nos que o ponto referente à Ucrânia significa não a restauração do governo Vinnitchenko, que não tem, por si mesmo, nenhum valor para os alemães, mas uma pressão real contra nós, visando fazer-nos aceitar, de acordo convosco, o tratado da velha Rada com a Áustria-Hungria, porquê aos alemães não interessa Vinnitchenko, mas a troca de produtos industriais por trigo e minérios.

A situação presente, tendo-se em conta que os alemães estão em ofensiva e nossas tropas batidas, é avaliada por nós do seguinte modo: depois de havermos derrotado os nossos imperialistas, nós, devido ao lento ritmo do movimento revolucionário no Ocidente, à instabilidade das nossas tropas e ao inaudito espírito de rapina dos imperialistas alemães, temporariamente caímos nas garras do imperialismo estrangeiro, contra o qual devemos agora preparar as forças para organizar a guerra patriótica na esperança de que se desencadeiem as forças revolucionárias no Ocidente, o que, segundo nos parece, é inevitável. Para realizar esses preparativos é necessário um mínimo de trégua, que poderia ser-nos dada mesmo com uma paz duríssima. Em nenhuma hipótese devemos alimentar ilusões. É preciso ter a coragem de olhar a realidade de frente e de reconhecer que temporariamente caímos nas garras do imperialismo alemão. São essas as considerações que teve presente o Comitê Executivo Central dos Soviets de Toda a Rússia, o qual, hoje, às três horas da madrugada, decidiu concluir a paz, aceitando as duríssimas condições e encarregou o Conselho dos Comissários do Povo de enviar uma delegação a Brest-Litovsk, o que se fez hoje. O Comitê Executivo Central decidiu que só por esse preço será possível salvar o Poder Soviético. Por ora, é necessário prepararmo-nos para organizar a guerra sacrossanta contra o imperialismo alemão.

Nós todos julgamos que vossa Secretaria Popular deve enviar delegação a Brest-Litovsk para declarar que se os austro-alemães não apoiarem a aventura de Vinnitchenko, a Secretaria Popular não se oporá à efetivação dos princípios do tratado da velha Rada de Kíev. Tal passo de vossa parte em primeiro lugar poria em relevo a fraternidade de idéias e política dos soviets do sul e do norte; em segundo lugar, salvaria o Poder Soviético na Ucrânia, o que constituiria enorme vantagem para toda a revolução internacional. Desejamos ardentemente vossa compreensão e concordância conosco sobre as questões fundamentais desta paz infeliz.

Espero uma resposta imediata a estas duas perguntas. Primeiro: se hoje enviareis delegados a Petrogrado, ou, ainda mais simplesmente, diretamente a Brest-Litovsk, para conduzir em comum as negociações com os alemães. Segundo: se concordais com o nosso ponto de vista sobre a oportunidade de aceitar o tratado de Vinnitchenko sem Vinnitchenko e sua camarilha. Espero uma resposta a estas perguntas para preparar a delegação e organizar a vossa viagem a Brest-Litovsk.

O Comissário do Povo
J. Stálin.


pcr
Inclusão 06/12/2007