Primeira publicação: “Rabótchi Put” (“O Caminho Operário”), n.º 22, 28 de setembro de 1917. Artigo não assinado.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 313-315.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
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Já faz uma semana que a imprensa burguesa começou a instilar veneno contra os operários da bacia do Donetz. “Anarquia”, “destruição das instalações”, “prisões e espancamentos” dos empregados: que invenções não foram capazes de arquitetar contra os operários os jornais vendidos à burguesia? A partir de então era possível prever que se estava preparando uma campanha contra os operários do Donetz, e que se criavam os pressupostos para que o governo fizesse essa campanha. E de fato o governo “não permaneceu surdo” aos lamentos dos mercenários burgueses. Não é por acaso que esse é o governo da ditadura burguesa. Segundo se lê nos jornais, a Comissão Econômica Superior junto ao governo provisório, naturalmente com “o parecer favorável” de Kerenski, “reputou oportuno enviar a Khárkov e à bacia do Donetz... um elemento munido de plenos poderes ditatoriais. Esse encarregado deve ter a tarefa de obrigar os industriais a continuar o trabalho e de influir sobre a massa operária a fim de obter-lhe a pacificação. À disposição desse encarregado são colocados todos os meios coercitivos de que dispõe a autoridade governamental” (Torgóvo-Promíchlennaia Gazieta 25 de setembro).(1)
Prestai atenção: um “ditador” munido de “meios coercitivos”… Contra quem é enviado esse “ditador” desconhecido ainda? Talvez contra os empregadores do Donetz que já há três meses reduzem deliberadamente a produção, agravando de maneira criminosa o desemprego, e que agora organizam abertamente os “lockouts”, ameaçando convulsionar a vida econômica do país?
Não, por certo!
A Comissão Econômica Superior declara abertamente que toda a culpa recai sobre “agitadores mal-intencionados” e não sobre os empregadores, uma vez que, “segundo informações recebidas, os excessos verificaram-se graças a grupos isolados de agitadores mal-intencionados” (ibidem).
Antes de mais nada, contra estes é enviado o “ditador” munido de “meios coercitivos”.
Mas não basta. Segundo uma informação da Bírjovka, a Conferência dos industriais de Khárkov aprovou a seguinte decisão:
- — “Declarar direito exclusivo da empresa a despedida e a admissão dos empregados e dos operários.”
- — “É inadmissível a ingerência do Soviet dos Deputados Operários na atividade de direção e de controle da produção.”
- — “As empresas não podem suportar as despesas de manutenção e de retribuição dos membros do Soviet dos Debutados Operários, dos comitês executivos e dos sindicatos.”
- — “Nenhum aumento melhorará a situação dos operários” (“Birjevíe Viédomosti”, 27 de setembro).
Em suma: os industriais declaram guerra aos operários e às suas organizações.
É supérfluo dizer que o governo de Konoválov, herói dos “lockouts”, não deixará de encontrar-se à frente dessa guerra contra os operários.
E uma vez que os operários não se renderão sem combater, são necessários o “ditador” e os “meios coercitivos”.
É extremamente simples.
Chamaram Sávinkov de contrarrevolucionário porque apresentou o projeto de militarização das empresas que trabalham para a defesa nacional.
Acusaram Kornílov de traição porque exigia que esse projeto fosse posto em prática.
Como chamar o governo que “sem tantas palavras” manda para a bacia do Donetz um “ditador” com poderes ilimitados, munido “de todos os meios coercitivos” para fazer guerra as massas operárias, para destruir suas organizações?
Que podem dizer a respeito os senhores ministros "socialistas"?
Notas de fim de tomo:
(1) Torgóvo-Promíchlennaia Gaziéta (Jornal do Comércio e da Indústria), diário burguês, publicado em Petrogrado de 1893 a 1918. (retornar ao texto)