Primeira publicação: “Proletári” (“O Proletário”), n.° 8. 22 de agosto de 1917. Editorial.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 242-244.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
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A provocação é a mais experimentada arma da contrarrevolução.
O massacre de junho de 1848, a rendição de Paris, em 1871, a provocação no interior e na frente com o fito de lutar contra a revolução: quem ignora esses métodos pérfidos da burguesia?
Mas em nenhuma parte do mundo a burguesia utilizou-se desse meio venenoso de maneira tão vil e em tão larga escala como entre nós, na Rússia.
Não teria proferido talvez Riabuchinski há algum tempo, aberta e publicamente, a ameaça de que a burguesia não hesitaria, em caso extremo, em recorrer à “mão descarnada da fome e da miséria” para reduzir à obediência os operários e os camponeses?
E não terá a burguesia talvez já passado das palavras aos atos, conseguindo fazer fechar oficinas e fábricas, jogando ao desamparo dezenas de milhares de operários?
Quem ousará afirmar que isso é um caso e não um plano premeditado para provocar um massacre e afogar em sangue a revolução?
O terreno principal da provocação não é o interior do país, mas a frente.
Desde o mês de março falava-se de um plano preparado por certos generais para ceder Riga, plano que estes não conseguiram, realizar por “motivo de força maior”.
Em julho deste ano as tropas russas evacuaram Tárnopol e Tchernoviz. Os mercenários da imprensa burguesa jogaram a culpa disso unanimemente para cima dos soldados e do nosso Partido. E depois? Resulta que a “retirada é devida a uma provocação”, que “a traição foi concertada segundo um plano imaginado e estudado de antemão.” Além disso, alude-se com precisão a alguns generais que fizeram com que vários automóveis andassem para cima e para baixo entre as tropas dando ordens aos soldados para retirarem-se.
Quem ousará afirmar que os contrarrevolucionários sejam parladores que não sabem o que fazem?
Agora chegou a vez de Riga. Pelo telégrafo veio a notícia da rendição de Riga. Os mercenários da imprensa burguesa já começaram a acusar os soldados que, segundo eles, teriam fugido em desordem. O quartel-general contrarrevolucionário acha-se perfeitamente de acordo com o Vietchérneie Vrêmia, procurando atirar a culpa sobre os soldados revolucionários. Não nos admiraríamos se hoje se iniciassem manifestações na Perspectiva Nevski com a palavra de ordem: “Abaixo os bolcheviques!”
E entretanto os telegramas de Voitinski, vice-comissário da zona de Riga, não deixam dúvidas: os soldados são caluniados.
“Atesto perante toda a Rússia — telegrafa Voitinski — que as tropas executaram com honra todas as ordens do comando, caminhando ao encontro da morte certa.”
Assim escreve uma testemunha ocular.
E o quartel-general continua a falar em fugas dos regimentos, caluniando os soldados.
E a imprensa burguesa continua a falar em “traição” na frente.
Não é evidente que os generais contrarrevolucionários e a imprensa burguesa, caluniando os soldados, põem em prática um plano determinado?
Não é evidente que esse plano e o executado em Tárnopol e em Tchernoviz assemelham-se como duas gotas d’água?
Enfim, não é evidente que o período das provocações que se inaugurou na Rússia é um instrumento da ditadura da burguesia imperialista, cuja completa liquidação é o primeiro objetivo a que se propõem o proletariado e os soldados revolucionários?