Primeira publicação: “Proletári” (O Proletário”), n.º 4. 17 de agosto de 1917. Editorial.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 215-217.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
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Encerrou-se a Conferência de Moscou.
Após o “áspero choque entre os dois campos opostos”, após a “batalha sangrenta” entre os Miliukov e os Tsereteli, depois que o “combate” terminou e foram recolhidos os feridos, é permitido perguntar-se: como terminou a “batalha” de Moscou? Quem venceu e quem perdeu?
Os cadetes estão satisfeitos e esfregam as mãos. “O partido da liberdade do povo pode estar orgulhoso — afirmam eles — porque suas palavras de ordem… foram reconhecidas… como palavras de ordem gerais do país” (Riétch).
Os defensistas também estão satisfeitos, uma vez que falam em “vitória da democracia” (leia-se: dos defensistas!), assegurando que “a democracia sai reforçada da Conferência de Moscou” (Izvéstia).
“É preciso destruir o bolchevismo”, diz Miliukov na Conferência por entre uma tempestade de aplausos dos representantes das “forças vivas”.
Já o estamos fazendo, responde Tsereteli, uma vez que “já foi promulgada uma lei de exceção” contra o bolchevismo. Além disso, “a revolução” (leia-se: a contrarrevolução!) “ainda é inexperiente na luta contra o perigo de esquerda”, deixai-nos pois fazer valer a nossa experiência.
E os cadetes estão de acordo: é melhor destruir o bolchevismo gradativamente do que de um golpe e além disso não diretamente, não com as próprias mãos, mas com as mãos de outrem, com as mãos dos próprios “socialistas” defensistas,
É preciso “suprimir os comitês e os soviets”, diz o general Kalédin entre os aplausos dos representantes das “forças vivas”.
É justo, responde-lhe Tsereteli, mas ainda é cedo porque “não se podem ainda tirar esses andaimes enquanto o edifício da livre revolução (leia-se: da contrarrevolução!) não estiver terminado.” Deixai-nos “concluir a construção”; depois se eliminarão os soviets e os comitês!
E os cadetes estão de acordo: é melhor rebaixar os comitês e os soviets à categoria de simples apêndices do mecanismo imperialista, antes que destruí-los de um golpe.
Resultado: “satisfação” e “triunfo geral”.
Não é por acaso que se escreve nos jornais “haver-se estabelecido entre os ministros socialistas e os ministros cadetes uma união maior que a existente antes da Conferência” (Nóvaia Jizn ).
Perguntais: quem venceu?
Venceram os capitalistas, porque na Conferência o governo empenhou-se “em não permitir a ingerência dos operários (o controle!) na direção das empresas.”
Venceram os latifundiários, porque na Conferência o governo empenhou-se “em não empreender nenhuma reforma radical no campo da questão agrária.”
Venceram os generais contrarrevolucionários, porque a pena de morte foi aprovada pela Conferência de Moscou.
Perguntais: quem venceu?
Venceu a contrarrevolução, porque se organizou em escala geral por toda a Rússia, agrupando em torno de si todas as “forças vivas” do país, do tipo de Riabuchinski e Miliukov, Tsereteli e Dan, Alexéev e Kalédin.
Venceu a contrarrevolução, porque já tem à sua disposição a chamada “democracia revolucionária”, que lhe serve de cômodo anteparo para subtrair-se à indignação popular.
Agora os contrarrevolucionários não estão sós. Agora toda a “democracia revolucionária” trabalha para eles. Agora têm à sua disposição a “opinião pública” da “terra russa”, que “infalivelmente” será cultivada pelos senhores defensistas.
A apoteose da contrarrevolução: eis o resultado da Conferência de Moscou.
Os defensistas que tagarelam agora sobre a “vitória da democracia” não imaginam sequer terem sido simplesmente admitidos como lacaios a serviço dos contrarrevolucionários triunfantes.
Esse e não outro é o significado político da “honesta coalizão” de que falava “suplicando” o senhor Tsereteli e contra a qual não têm nada que opor os senhores Miliukov.
“Coalizão” dos defensistas com as ‘forças vivas’ da burguesia imperialista contra o proletariado revolucionário e os camponeses pobres: tais são os resultados da Conferência de Moscou”.
O futuro próximo mostrará se para os defensistas essa “coalizão” contrarrevolucionária servirá por muito tempo.