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Primeira Edição: “Pravda” (“A Verdade”), n.° 47. 26 de fevereiro de 1913.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 349-352, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
No n.° 44 da Pravda apareceu a “declaração” de sete deputados social-democratas, os quais exprimem em tom hostil suas divergências com os seis deputados operários(1).
No mesmo número da Pravda os seis deputados operários respondem definindo sua ação: primeiro passo para a cisão.
Os operários acham-se assim diante do problema: deve ou não deve existir uma única fração parlamentar social-democrática ?
Até agora a fração social-democrática era unida e forte justamente graças à sua unidade, bastante forte para obrigar os inimigos do proletariado a fazê-la entrar em seus cálculos.
Agora, talvez, se espedaçará em duas partes, para alegria e conforto dos inimigos...
De que se trata, então? Por que razão os membros da fração social-democrática chegaram a uma divergência tão grave ? Que induziu as sete deputados a atacar os seus companheiros pelas colunas de um jornal, diante dos inimigos da classe operária?
Em sua “declaração” eles levantam duas questões: a da colaboração no Lutch e na Pravda e a da fusão destes jornais.
Os sete deputados pensam que os deputados social-democratas têm a obrigação de colaborar nos dois jornais, que os seis deputados, recusando-se a colaborar no Lutch, espedaçaram a unidade da fração social-democrática.
Mas é verdadeiramente assim? Terão talvez razão os sete deputados?
Antes de tudo, a coisa é estranha: como se pode colaborar num jornal, cuja orientação não só não é compartilhada, mas é julgada prejudicial? Como se pode, por exemplo, obrigar o ortodoxo Bebel a colaborar num jornal revisionista, e o revisionista Vollmar a colaborar num jornal ortodoxo? Na Alemanha essa pretensão suscitaria risadas de mofa, porque lá se sabe que a unidade de ação não exclui a diferença de vistas. Mas entre nós... entre nós, graças a deus, ainda não chegamos a tal ponto de civilidade.
Em segundo lugar, a experiência entre nós ensina diretamente que na Rússia a colaboração dos deputados em dois jornais diferentes não prejudica absolutamente a unidade da fração. Aludimos à terceira fração(2). Não é segredo para ninguém que dos treze membros da fração social-democrática na terceira Duma, nove colaboravam somente na Zviezdá, dois somente no Jivóie Diélo(3), e os outros dois não colaboravam absolutamente nem num nem no outro jornal... E todavia esse estado de coisas não prejudicava em absoluto a unidade da terceira fração! A fração agia sempre unida.
É evidente que os sete deputados estão num caminho errado quando exigem a colaboração obrigatória no Lutch. Ao que parece, ainda não compreenderam bem a questão.
Há mais. Os sete deputados exigem que a Pravda e o Lutch se fundam num jornal não fracionista.
Porém como fundir esses dois jornais? É possível fundi-los num só?
Será possível que os sete deputados, esses “sustentadores ideológicos” do Lutch, não saibam que o Lutch será o primeiro a recusar tal fusão? Não leram o n.° 108 do Lutch onde se diz que “a unidade não pode ser atingida com medidas mecânicas, do gênero da fusão de dois jornais, etc.”?
E se o leram, como podem falar seriamente da fusão ?
Em segundo lugar, não conhecerão talvez os sete deputados a atitude dos líderes dos liquidacionistas para com a unidade em geral e, em particular, para com a publicação de um só órgão comum?
Escutai P. Axerold, um dos inspiradores do Lutch. Eis o que ele escrevia no n.° 6 do Nievski Golos, quando uma parte dos operários de Petersburgo havia decidido publicar um jornal não fracionista para opor-se à Zviezdá e ao Jivóie Diélo:
“Pensar num órgão social-democrata não de fração é, no momento atual, uma utopia, e, além disso, uma utopia que está objetivamente em contraste com os interesses do desenvolvimento político do Partido e da unificação orgânica do proletariado sob a bandeira da social- democracia. Se se expulsar pela porta a natureza, ela reentrará pela janela... Poderá talvez o órgão projetado pelos operários ter uma posição neutra nas divergências dos dois campos contrapostos?... Evidentemente que não” (vide Nievski Golos, n.° 6).
Segundo Axelrod, portanto, um só jornal comum não só não é possível, como é nocivo, porque isso “está objetivamente em aberto contraste com os interesses do desenvolvimento político do proletariado”.
Escutai um outro inspirador do Lutch assaz conhecido, Dan:
“As grandes tarefas políticas — escreve ele — tornam inevitável uma guerra implacável contra o antiliquidacionismo... o antiliquidacionismo é um freio constante, uma constante desorganização”... É preciso... “procurar com todas as forças destruí-lo enquanto está ainda em germe” (vide Nacha Zariá, n.° 6, 1911).
Portanto, “guerra implacável contra o antiliquidacionismo”, isto é, contra a Pravda; “destruir o antiliquidacionismo”, isto é, a Pravda: eis o que propõe Dan.
Como podem os sete deputados, após tudo isso, falar seriamente da fusão dos dois jornais?
Que desejam portanto fundir, unir?
De duas uma:
Ou não compreenderam a fundo a questão e não tiveram ainda tempo de dar-se conta da posição do Lutch, do qual se julgam os fautores, e então não “sabem o que fazem”.
Ou então são verdadeiros fautores do Lutch e estão prontos, conjuntamente com Dan, a “destruir o antiliquidacionismo” e não acreditam, junto com Mártov, na possibilidade de um só jornal, mas falam em público da unidade, para preparar às escondidas o terreno para a cisão das frações...
De qualquer maneira, uma coisa é certa: diante dos operários surge o problema da integridade da fração social-democrática, que ameaça romper-se.
A fração está em perigo!
Quem pode salvar a fração, quem pode assegurar-lhe a integridade ?
Os operários e somente os operários! Ninguém mais, afora os operários!
O dever dos operários conscientes é pois o de levantarem a voz contra as tentativas divisionistas no seio da fração, de qualquer parte que estas venham.
O dever dos operários conscientes é chamar à ordem os sete deputados social-democratas que agem contra a outra metade da fração social-democrática.
Os operários devem intervir sem delongas para salvaguardar a unidade da fração.
Hoje não é possível calar. Antes, calar é hoje um crime.
Assinado: K. Stálin.
Notas de fim de tomo:
(1) Em dezembro de 1912, os deputados operários à IV Duma consentiram em que o seu nome fosse incluído na lista dos colaboradores do Lutch, continuando, simultaneamente, a prestar a sua colaboração à Pravda. De fato, porém, não colaboraram no Lutch, e quando receberam a diretiva do C.C. nesse sentido, declararam que o seu nome devia ser tirado da lista dos colaboradores. Após essa declaração, acendeu-se uma luta encarniçada entre as duas frações da fração (os seis bolcheviques e os sete mencheviques). (retornar ao texto)
(2) Trata-se da fração social-democrata na terceira Duma. (retornar ao texto)
(3) Jivóie Diélo (Obra Viva), semanário legal dos mencheviques liquidacionistas, publicado em Petersburgo de janeiro a abril de 1912. (retornar ao texto)
Inclusão | 25/10/2019 |