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Primeira Edição: Publicado em manifesto, em fins de dezembro de 1912 ou em princípios de janeiro de 1913.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 255-259, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Camaradas!
Mais uma vez celebramos o 9 de janeiro, dia mareado com o sangue dos nossos irmãos operários, daqueles que em 9 de janeiro de 1905 foram golpeados pelas balas de Nicolau Románov por serem culpados de se haverem dirigido a ele, pacíficos e inermes, para implorar uma vida melhor.
Desde então transcorreram oito anos. Oito longos anos, durante os quais, exceto o breve momento em que lampejou a liberdade, foi o país sempre atenazado e torturado pelo tzar e pela nobreza fundiária!
Sim, hoje ainda, como dantes, na Rússia se atira contra os operários por causa de uma greve pacífica, como se fez no Lena. E hoje, como dantes, reduzem-se milhões e milhões de camponeses à fome, como aconteceu em 1911. E hoje, como dantes, nas prisões tzaristas torturam-se e escarnecem-se os melhores filhos do povo, impelidos ao suicídio em massa, como aconteceu recentemente em Kutomar, em Algatchi(2), etc. E hoje, como dantes, o tribunal tzarista manda fuzilar os marinheiros e soldados que reivindicam a terra para os camponeses e a liberdade para todo o povo, como se fez recentemente com os dezessete marinheiros da frota do Mar Negro(3). Nicolau Románov, autocrata de todas as Rússias por graça da nobreza fundiária, exerce o seu poder, conferido a ele “por deus” e abençoado pelos celerados de sotaina do sínodo e das centúrias negras, os Purichkévitch e os Khvóstov.
Como dantes, a monarquia dos Románov, que se prepara este ano para festejar o tricentésimo aniversário de seu sanguinário domínio sobre nosso país, sufoca a Rússia no seu torniquete.
Mas a Rússia não é mais aquela Rússia aviltada e dócil que gemeu muda por longos anos sob o jugo dos Románov. B não o é assim tampouco a nossa classe operária, a qual marcha à testa de todos os combatentes pela liberdade. E nós celebramos o 9 de janeiro de 1913 não como escravos curvados, humilhados, mas de cabeça erguida, como um exército coeso de combatentes que sentem, sabem que a Rússia popular mais uma vez desperta, que o gelo da contrarrevolução está despedaçado, que o rio espraiado do movimento popular de novo moveu-se, que “atrás de nós marcham fileiras de novos recrutas”...
Oito anos! Quantos acontecimentos vividos em tão breve tempo!... Neste período vimos três Dumas de Estado. As duas primeiras, com maioria de liberais mas ecoando com as vozes potentes dos operários e dos camponeses, foram dissolvidas pelo tzar que executava a vontade dos latifundiários das centúrias negras. A terceira Duma era também dominada pelas centúrias negras e durante cinco anos trabalhou junto com a camarilha do tzar para subjugar e oprimir ainda mais os camponeses, os operários, toda a Rússia popular.
Nos anos da negra contrarrevolução a classe operária teve que beber até ao fundo o amaríssimo cálice. Desde 1907, ano em que as forças da velha ordem conseguiram esmagar temporariamente o movimento revolucionário das massas, os operários gemem sob um duplo jugo. O bando tzarista exerce sua vingança sobre eles mais que sobre todos os outros. E sobre eles abate-se a ofensiva do capital. Os fabricantes e os industriais, aproveitando-se da reação política, tiram pouco a pouco aos
operários tudo quanto estes haviam conquistado com tanta fadiga, com tantos sacrifícios. Por meio dos lockouts protegidos pelos gendarmes e pelos policiais, os patrões prolongam a jornada de trabalho, reduzem os salários, põem de novo em vigor a velha ordem nas fábricas e nas oficinas.
Os operários calam-se, cerrando os dentes. Sobretudo nos anos de 1908 e 1909 as centúrias negras abandonam-se à euforia do triunfo e naqueles anos o movimento operário toca o ponto mais baixo. Mas já no verão de 1910 recomeçam as greves operárias, sendo que em fins de 1911 dezenas de milhares de operários protestam ativamente porque os deputados social-democratas à segunda Duma, condenados em consequência de uma provocação, estão ainda nos trabalhos forçados(4).
O movimento de massa dos operários foi concluído com a greve de 22 de novembro de 1907 contra a condenação a trabalhos forçados dos deputados social-democratas à segunda Duma. E o movimento de massa dos operários ressurge em fins de 1911, de novo ligado à sorte desses deputados, desses combatentes de vanguarda, desses heróis da classe operária, cuja obra é agora continuada pelos deputados operários à quarta Duma.
A ascensão da luta política traz consigo a ascensão da luta econômica dos operários. A greve política alimenta a greve econômica, e vice-versa. Uma onda segue a outra; e o movimento operário, como torrente impetuosa, irrompe contra a cidadela do tzarismo e contra o poder absoluto do capital. Sempre novas camadas de operários despertam para uma nova vida. Massas cada vez mais amplas participam da nova luta. Das greves pela fuzilaria do Lena, das do Primeiro de Maio, das de protesto contra a tentativa de privar os operários dos direitos eleitorais, contra o fuzilamento dos marinheiros do Mar Negro, participam cerca de um milhão de pessoas. Eram greves revolucionárias essas, greves que haviam escrito sobre sua bandeira: “Abaixo a monarquia dos Románov, abaixo todo o regime dos latifundiários nobres, o velho, putrefato regime que sufoca a Rússia!”.
O movimento revolucionário dos operários estende-se e desenvolve-se. A classe operária começa a despertar, para uma nova luta, também outras camadas da população. Tudo quanto há de honesto, tudo quanto tende com todo o ânimo a uma vida melhor, começa a protestar contra as violências da matilha tzarista. Até a burguesia murmura : também ela está descontente com o domínio absoluto e indiviso dos Purichkévitch.
O regime de 3 de junho não pacificou nada e ninguém. Todos os anos da contrarrevolução mostraram que não pode existir uma vida livre na Rússia enquanto a monarquia dos Románov permanecer intata, enquanto permanecer intangível o domínio dos grandes latifundiários.
Uma nova revolução está em ascensão, uma revolução na qual a classe operária terá de novo a alta função de cabeça de todo o exército de libertação.
Na bandeira da classe operária estão escritas, como dantes, as três velhas reivindicações, pelas quais houve tantos mártires, pelas quais tanto sangue foi derramado.
Jornada de trabalho de oito horas para os operários!
Todas as terras dos grandes latifundiários, do tzar e dos mosteiros, sem indenização, para os camponeses!
República democrática para todo o povo!
Em torno destas reivindicações foi dirigida e se dirige a luta na Rússia contemporânea. Estas reivindicações foram apresentadas pelos operários também nos dias das recentes greves do Lena. A classe operária apresenta-las-á também a 9 de janeiro.
Os operários de Petersburgo, de Riga, de Nicoláiev tentaram desde o 9 de janeiro de 1912 celebrar aquele dia com greves e demonstrações. O 9 de janeiro de 1913 celebrá-lo-emos por toda a parte, em toda a Rússia. A primeira revolução russa nasceu a 9 de janeiro de 1905, no sangue dos operários. Que o início de 1913 seja o prólogo da segunda revolução na Rússia. A casa dos Románov preparando-se para celebrar em 1913 o seu tricentésimo aniversário, demonstra querer pesar ainda por muito tempo sobre os ombros da Rússia. Digamos, pois, a esses bando, a 9 de janeiro de 1913:
Basta! Abaixo a monarquia dos Románov! Viva a República democrática!
Camaradas, que a data de 9 de janeiro não passe inobservada em nenhum lugar onde vive e luta o operário russo.
Com reuniões, resoluções, comícios e, onde for possível,
com uma greve de vinte e quatro horas e com demonstrações
celebremos por toda a parte esses dia.
Recordemos nesse dia os heróis tombados na luta! O melhor modo de honrar sua memória será fazendo ecoar nesse dia, por toda a Rússia, nossas velhas reivindicações:
República democrática!
Confisco das terras dos latifundiários!
Jornada de trabalho de oito horas!
O Comitê Central do Partido Operário Social-Democrata da Rússia
Camaradas!
Preparai ações de protesto para 9 de janeiro!
Notas de fim de tomo:
(1) Stálin escreveu esse manifesto em dezembro de 1912. Sobre a necessidade da publicação de um manifesto para o aniversário do 9 de janeiro, a 25 de novembro (6 de dezembro) de 1912 Lênin havia escrito a Stálin, de Cracóvia: “Caro amigo, é extremamente importante pensar e preparar-se a tempo para o 9 de janeiro. Deve estar já pronto com antecedência um pequeno manifesto que convide a organizar comícios, uma greve de vinte e quatro horas e demonstrações (isto deve ser decidido in loco, onde se puder julgar melhor...). As palavras de ordem lançadas no pequeno manifesto devem ser as três palavras de ordem da revolução (república, jornada de trabalho de oito horas e confisco das terras dos latifundiários), frisando particularmente a “vergonha” do tricentésimo aniversário da dinastia dos Románov. Se não existir a certeza total, absoluta da possibilidade de se obter esse pequeno manifesto em Petersburgo, é preciso prepará-lo aqui, primeiro, em tempo, e enviá-lo para aí” (vide Obras completas, cit., vol. 18, pág. 401). (retornar ao texto)
(2) Em agosto-outubro de 1912, os presos políticos das penitenciárias de Kutomar e de Algatchi (local de trabalhos forçados de Nertchinsk, na Transbaikália), para protestar contra as violências da administração das prisões, fizeram em massa a greve da fome; houve também quem se matasse. Esses acontecimentos suscitaram greves de protesto dos operários e comícios de estudantes em Petersburgo, Moscou e Varsóvia. (retornar ao texto)
(3) Em outubro de 1912, foram processados pelo tribunal da marinha de guerra de Sebastópol 142 marinheiros acusados de haverem preparado uma insurreição na frota do Mar Negro. Dezessete acusados foram condenados à morte, 106 aos trabalhos forçados e 19 foram absolvidos. Em resposta à condenação, em Moscou, Petersburgo, Khárkov, Nikoláiev, Riga e em outras cidades da Rússia efetuaram-se greves de massa e demonstrações de protesto. (retornar ao texto)
(4) Em fins de 1911, apareceram na imprensa novos documentos que desmascaravam a provocação do governo: resultou que os materiais de acusação contra os deputados social-democratas tinham sido inteiramente forjados pela Okhrána de Petersburgo. Em meados de novembro do mesmo ano, a fração social-democrata na terceira Duma exigia a revisão do processo contra os deputados social-democratas à segunda Duma. A interpelação fora rejeitada. Em seguida a esse fato, em Petersburgo, Riga, Varsóvia e noutras cidades da Rússia, houve comícios com milhares de participantes e foram votadas resoluções em que se exigia a libertação dos deputados condenados. (retornar ao texto)
Inclusão | 25/10/2019 |