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Primeira Edição: “Zviezdá” (“A Estrela”), de Petersburgo, n.° 33, 22 de abril de 1912.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 234-237, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
A primeira onda do ascenso político principia a refluir. Desenrolam-se as “últimas” greves. Aqui e ali ecoam ainda as vozes de protesto dos grevistas, mas estas serão as “últimas” vozes. O país, pelo menos por ora, começa a assumir o aspecto “normal”...
Que ensinamentos pode tirar o proletariado dos últimos acontecimentos?
Reconstituamos o quadro dos “dias do movimento”:
A conclusão é clara: calando e tolerando não é possível obter-se a emancipação. Quanto mais forte ecoa a voz dos operários, tanto mais as forças da reação perdem a cabeça, tanto mais rapidamente elas cedem...
Os “dias do movimento” são a melhor banca de exame para os partidos políticos. É preciso julgar os partidos não pelo que dizem, mas pelo modo como se comportam “nos dias da luta”. Como, pois, se comportaram naqueles dias os partidos que se chamam “populares”?
O grupo dos latifundiários das centúrias negras extremadas, chefiado pelos Zamislovski e pelos Markov, escondia com esforço a sua alegria pela fuzilaria do Lena. — Bem, o poder mostrou força e severidade! Saibam aqueles “poltrões” de operários com quem estão lidando! — Este grupo aplaudiu Makárov. Votou contra a interpelação da fração social-democrata na Duma. O seu jornal Zemchtchina(1) instigou por todos os modos o poder contra os “agitadores” do Lena; contra os operários que estavam em greve por toda a Rússia; contra o jornal operário Zviezdá.
O grupo dos latifundiários das centúrias negras moderadas, chefiado pelos Balachov e pelos Krupenski, no fundo não objetava nada à fuzilaria; lamentava-se somente de que o poder houvesse agido de maneira demasiado transparente, demasiado aberta. Por isso, no mesmo momento em que derramava lágrimas de crocodilo sobre os “mortos”, desejava que o governo agisse “com diplomacia” no assunto da fuzilaria. Votou contra a interpelação da fração social-democrata, e o seu órgão, o Nóvoie Vrêmia(2) propôs às autoridades que “agissem sem consideração” para com os “grevistas convictos”, que infligissem a estes últimos “não uma pequena multa ou a prisão, mas uma punição muito severa” e que não deixassem mais sair do cárcere os “agitadores”.
O partido dos latifundiários conservadores e das camadas parasitárias da burguesia, o partido dos outubristas, chefiado pelos Gútchkov e pelos Gololobov, estava aflito não por causa dos que foram atingidos pelas balas, ,nas porque o ministério por ele apoiado tivera “aborrecimentos” (greves) devido ao “emprego incorreto das armas de fogo" sobre o Lena. No seu órgão, o Golos Moskví(3), definindo o discurso de Makárov como sendo “não propriamente cheio de tato”, exprimiu a certeza de que o governo “não era culpado do sangue derramado”. Votou contra a interpelação dos social-democratas. Instigou as autoridades contra os “insufladores”. E quando Timachov preparou-se para reabilitar Makárov, aplaudiu-o, julgando encerrado o “incidente”.
O partido dos latifundiários liberais e das camadas médias da burguesia, o partido dos cadetes, chefiado pelos Miliúkov e pelos Maklákov, lançando frases trovejantes contra a fuzilaria do Lena, julgava contudo que o problema não dizia respeito às bases do regime, mas aos indivíduos do tipo de Trechtchenko e Bielosiórov. Por isso, após o seu refrão farisaico, “enganamo-nos”, repetido a propósito do discurso de Makárov, ficou plenamente satisfeito com o “mea culpa” de Timachov e calou-se. Por um lado, apoiou a fração social-democrata que exigia o pronunciamento do país contra os representantes do poder. Por outro lado, congratulou-se com os representantes da burguesia industrial, com os senhores renovadores pacíficos, que haviam solicitado àqueles mesmos representantes do poder que pacificassem os operários grevistas com “medidas corteses”. E para não deixar nenhuma dúvida acerca das suas boas intenções, o partido cadete declarou, no seu Riétch, sem hesitações, que a greve do Lena fora uma “sublevação espontânea”.
Eis como se comportaram todos esses partidos “populares” nos “dias do movimento”.
Que o recordem os operários e paguem-lhes na mesma moeda nos “dias das eleições” para a quarta Duma.
Somente os social-democratas defenderam os interesses dos operários nos “dias da luta”, somente eles disseram toda a verdade.
A conclusão é clara: a social-democracia é a única que defende o proletariado. Todos os outros partidos lembrados acima são inimigos da classe operária, salvo, contudo, no distinguir-se um do outro pelo modo de combater os operários: uns com “medidas corteses”, outros com “medidas não de todo corteses” e outros com “medidas absolutamente nada corteses”.
Hoje, enquanto a primeira onda da ascensão está para refluir, as forças retrógradas, que se haviam escondido atrás do biombo das lágrimas de crocodilo, começam a aparecer de novo. O Zemchtchina reclama “medidas” contra a imprensa operária, O Nóvoie Vrêmia propõe que não se tenha piedade pelos operários “convictos”. E as autoridades preparam-se para a “obra”, prendendo um número cada vez maior de “pessoas suspeitas”. Porém com que então podem contar em sua “nova cruzada”, donde tiram a coragem as autoridades que pareciam presa da confusão?
Elas podem contar somente com isto: com a impossibilidade de se desencadearem protestos de massa todos os dias, com a falta de organização dos operários, com a sua escassa consciência.
Assinado: K. Sólin.
Notas de fim de tomo:
(1) Zemstchina (Os Rurais), jornal das centúrias negras que se publicou em Petersburgo de 1909 a 1917; órgão dos deputados da extrema direita. (retornar ao texto)
(2) Nóvoie Vrémia (Tempo Novo), jornal publicado em Petersburgo de 1868 a outubro de 1917; órgão dos círculos aristocráticos e da alta burocracia. A partir de 1905, foi um dos órgãos das centúrias negras. (retornar ao texto)
(3) Golos Moskví (A Voz de Moscou), diário, órgão do partido outubrista que se publicou em Moscou de 1906 a 1915. A. I. Gútchkov era seu diretor e editor. (retornar ao texto)
Inclusão | 25/10/2019 |