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Primeira Edição: “Bakinski Proletari” (“O Proletário de Baku”), n.° 7. 27 de agosto de 1909.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 154-159, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Os operários de Baku atravessam tempos duros. A ofensiva dos industriais do petróleo, começada na primavera do ano passado, ainda continua. Anulam-se as velhas conquistas dos operários, não se deixa nenhuma delas. E os operários “são obrigados” a calar-se, a suportar tudo isso, “indefinidamente”.
O salário é reduzido com um corte puro e simples ou com a supressão da indenização de alojamento, das gratificações, etc. Prolonga-se a jornada de trabalho, uma vez que o trabalho a três turnos é substituído pelo de dois turnos, e o trabalho extraordinário e fora da sede tornou-se de fato obrigatório. A chamada “redução do pessoal” continua como antes. Dispensam-se os operários — e especialmente os operários conscientes — por ninharias, talvez até mesmo sem nenhum pretexto. Aplicam-se da maneira mais descarada as “listas negras”. O sistema dos operários “fixos” é substituído pelo dos “provisórios”, a jetom de presença, aos quais se pode sempre sonegar o pagamento por ninharias. O “sistema” das multas e das pancadas funciona plenamente. As comissões de poço e de oficina não são mais reconhecidas. Burla-se da maneira mais impudente a lei sobre os acidentes. A assistência sanitária é reduzida ao mínimo. A retenção de dez copeques para os hospitais, verdadeira “lei de galés”, continua a ser aplicada. A higiene e as medidas sanitárias são postas de lado. O problema das escolas claudica. Não há casas do povo, nem escolas noturnas, nem conferências. Há somente dispensas e mais dispensas! Até que ponto chegou a desfaçatez dos industriais do petróleo, vê-se pelo fato de que muitas grandes empresas, por exemplo a “Sociedade do Cáspio”, para evitar o pagamento da indenização de alojamento, proíbem terminantemente a “seus” operários que se casem sem a permissão da administração da empresa. E tudo isso é lícito aos reis do petróleo. E estes continuam a zombar dos operários, porque se sentem fortes e veem que a sua tática ofensiva, astutamente premeditada, alcança êxito.
Mas o êxito da ofensiva dos industriais do petróleo está bem longe de ser casual. Depende inteiramente de numerosas circunstâncias externas favoráveis. Primeiro que tudo, a calma geral na Rússia, determinada pela situação contrarrevolucionária, que cria uma atmosfera favorável à ofensiva do capital. Não é preciso dizer que, se as condições fossem diferentes, os industriais do petróleo deveriam moderar seus apetites. Além disso, o servilismo próprio de lacaios, da administração local, encabeçada pelo instigador de pogromos Martínov, que faz tudo a fim de agradar aos industriais do petróleo: recordemos tão só o “caso Mirzóiev”. E ainda a débil organização dos operários, devida em escala notável ao fato de que a massa dos operários dos poços é composta de provisórios. A importância destes últimos na luta contra os industriais do petróleo é clara para todos; no entanto, justamente estes operários são os mais ligados ao campo, são os menos “aptos” para uma luta organizada. Enfim, o fracionamento do salário (composto, entre outras coisas, de gratificações, de indenizações de alojamento, de viagem, para o banho, etc.), que dessa maneira é mais fácil diminuir. Não é necessário demonstrar que a diminuição pura e simples do pagamento não é tão fácil como a diminuição mascarada por uma redução de suas partes, sob a forma de supressão das gratificações, das indenizações de alojamento, de viagem, etc., a qual dá a ilusão de que o pagamento “mesmo” tenha ficado nas proporções anteriores.
Naturalmente, tudo isso, dada a maior experiência e a maior organização dos industriais do petróleo, facilita notavelmente a ofensiva do capital no reino do petróleo.
Quando cessará essa furiosa ofensiva dos reis do petróleo? Existe um limite para o seu descaramento? Depende do seguinte: encontrarão eles uma resistência encarniçada, organizada da parte dos operários?
Por ora uma coisa é clara: os industriais do petróleo querem dobrar “definitivamente” os operários, tirar-lhes “de uma vez por todas” a vontade de combater, transformar “a todo o custo” os “seus” operários em dóceis escravos. Perseguiam eles esses objetivo já na primavera do ano passado, quando, torpedeando a conferência, procuraram provocar os operários a uma greve geral não organizada, para dar logo cabo deles.
O mesmo objetivo perseguem hoje, atacando sistematicamente os operários com malévolo propósito, e incitando-os frequentes vezes a ações espontaneístas.
Os operários por ora calam-se, suportam em silêncio os golpes dos industriais do petróleo, acumulando no peito a cólera. Mas dado que, por um lado, os industriais do petróleo tomam-se cada vez mais descarados, continuam ainda a subtrair as migalhas que ficaram, reduzem os operários à miséria, escarnecem deles e os provocam a explosões espontaneístas; e que, por outro lado, a paciência dos operários se esgota cada vez mais, cedendo o lugar a um surdo e crescente descontentamento contra os industriais do petróleo, dado tudo isso, pode dizer-se com certeza que uma explosão de indignação dos operários da indústria petrolífera é simplesmente inevitável em futuro próximo. De duas uma: ou os operários em verdade suportarão tudo isso “indefinidamente”, reduzindo-se às condições de escravidão dos dóceis coolies chineses, ou então se levantarão contra os industriais do petróleo, abrindo caminho em direção a uma vida melhor. A indignação que se levanta cada vez mais nas massas testemunha que os operários por-se-ão inevitavelmente no segundo caminho, no caminho da luta contra os industriais do petróleo.
E a situação na indústria petrolífera é tal que permite plenamente aos operários não só uma luta defensiva, não só a manutenção das antigas posições, mas também a passagem à ofensiva, também a conquista de novas posições, um ulterior aumento dos salários, uma redução ulterior da jornada de trabalho, etc.
De fato, se os lucros dos industriais do petróleo são fabulosamente altos no momento atual em confronto com os lucros dos outros empregadores da Rússia e da Europa; se o mercado do petróleo não só não se contrai, mas, pelo contrário, se amplia, abarcando novas zonas (a Bulgária, por exemplo); se o número dos poços aumenta cada vez mais; se os preços do petróleo não só não caem, mas, pelo contrário, tendem à alta, não será talvez claro que os operários têm a plena possibilidade de despedaçar as cadeias da escravidão pacientemente suportada, de libertar-se do jugo do silêncio vergonhoso, de hastear a bandeira da contraofensiva contra os industriais do petróleo e conquistar novas, melhores condições de trabalho?...
Mas, recordando tudo isso, não devemos, contudo, esquecer que a iminente greve geral será a mais séria, a mais longa e a mais tenaz de todas as greves que houve até agora em Baku. É preciso ter presente que, se nas greves anteriores éramos favorecidos:
O ascenso geral foi substituído pela calma geral que encoraja os industriais do petróleo; a “neutralidade” relativa da administração local, pela sua plena decisão de empregar todos os meios de “pacificação”; a inexperiência e a desorganização dos industriais do petróleo, pela sua organização. Além disso, os industriais do petróleo aperfeiçoaram-se de tal maneira na luta, que incitam eles próprios os operários às greves. E estão prontos a incitá-los até à greve geral, contanto que não seja organizada, contanto que lhes dê a possibilidade de “esmagar de golpe” os operários.
Tudo isso mostra que uma luta séria e difícil, contra inimigos organizados, aguarda os operários. A luta é inevitável. A vitória é possível não obstante as numerosas condições desfavoráveis. É preciso unicamente que a luta dos operários não seja espontaneísta, dispersiva, mas organizada, sistemática e consciente.
Somente nessas condições poder-se-á contar com a vitória.
Não sabemos exatamente quando começará a greve geral; em todo o caso, não há de ser no momento mais cômodo para os industriais do petróleo. Uma só coisa sabemos por ora: é que urge desde hoje começar um tenaz trabalho preparatório da greve geral, nele empregando toda a força da própria inteligência, da própria energia, da própria coragem.
Reforçar a nossa solidez, a nossa organização: esta é a bandeira do nosso trabalho preparatório.
É preciso, pois, desde hoje, preparar-se para reunir em massa os operários em torno da social-democracia, em torno dos sindicatos. É preciso, primeiro que tudo, acabar com a cisão no organismo, reunindo as duas frações num todo único. É preciso também acabar com a cisão nos sindicatos, reunindo-os num sindicato único, forte. É necessário ativar as comissões de poço e de oficina, infundir-lhes o espírito do socialismo, ligá-las às massas e, através destas, ligar-nos a todo o exército dos operários da indústria do petróleo. É necessário prepararmo-nos para a elaboração das reivindicações gerais, que possam unir os operários num único, forte exército. É necessário intervir constantemente em todos os conflitos entre os operários e os industriais do petróleo, para unir de fato os operários em torno da social-democracia. Em suma, é preciso prepararmo-nos incansavelmente, de maneira completa, para estarmos prontos para a difícil, mas gloriosa, iminente greve geral.
Para a preparação da greve geral econômica devemos realizar vim trabalho harmônico.
Assinado: K. Ko...
Inclusão | 23/10/2019 |