É Preciso Preparar-se!

J. V. Stálin

16 de Março de 1908


Primeira Edição: “Gudók” (“A Sirena”), n.° 23. 16 de março de 1908.
Fonte:J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 108-110, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: Licença Creative Commons licenciado sob uma Licença Creative Commons.


capa

A direção do sindicato dos operários da indústria petrolífera decidiu tomar medidas no sentido de convocar, no prazo mais breve possível, o conselho dos delegados(1).

O que impeliu a direção a agir em tal sentido foram as numerosas declarações dos operários, os quais não querem mais esperar e exigem a imediata convocação do conselho dos delegados.

No mesmo sentido decidiu agir o sindicato da produção mecânica.

Faz poucos dias, os dois sindicatos já haviam entregue ao inspetor-chefe das fábricas o respectivo pedido.

É de se supor que o problema, de um modo ou de outro, se resolva logo.

Naturalmente não sabemos ainda, ao certo, como responderão ao pedido dos sindicatos os que detêm o poder e o capital.

É possível que venham ao encontro do desejo dos operários, convoquem o conselho dos delegados, e então com toda a probabilidade, o assunto da conferência seguirá o seu “curso normal”.

É também possível que protelem as coisas, sem darem por ora uma resposta precisa.

Em ambos os casos devemos estar prontos para tudo, a fim de não permitir aos industriais do petróleo que enganem os operários.

Devemos estar prontos a todo momento para apresentar-nos bem preparados aos industriais do petróleo.

E para fazê-lo é necessário aprestarmo-nos sem demora para a elaboração das reivindicações.

Comparecemos à conferência com garantias. Mas com que nos apresentaremos aos industriais do petróleo senão com as reivindicações aprovadas por toda a massa do proletariado da indústria petrolífera? Ponhamo-nos pois a elaborar as reivindicações operárias sobre o salário, sobre a jornada de trabalho, sobre as vilas operárias, sobre casas do povo, sobre a assistência hospitalar, etc.

Nosso sindicato já pôs mãos à obra. Expôs nas colunas do Gudók sua opinião acerca das vilas operárias, da assistência hospitalar, das casas do povo, das escolas. Estas reivindicações já foram publicadas pelo sindicato sob a forma de um folheto, intitulado Materiais para a conferência.

Mas isso não basta.

É necessário que todas essas reivindicações sejam apresentadas à massa a fim de que as discuta e diga a sua opinião, única coisa para ela obrigatória.

Além disso, os problemas do salário e da jornada de trabalho ainda não foram elaborados pelo sindicato; é, portanto, necessário preparar-se imediatamente para elaborar também as reivindicações em torno desses problemas.

Para esses fim, nosso sindicato elege uma comissão especial destinada a elaborar as reivindicações.

Essa comissão põe-se em contato com os delegados à conferência e com as comissões de oficina e de poço dos quatro distritos, para examinarem juntos os problemas que atormentam nossa vida.

Em seguida convocam-se as assembleias gerais nas oficinas, junto aos poços, nos depósitos, e sancionam-se definitivamente as reivindicações.

Esse deve ser o plano do nosso trabalho para a preparação da conferência com garantias.

Somente após havermos elaborado as reivindicações e havê-las tornado patrimônio da massa, estaremos em condições de unir esta massa em torno do conselho dos delegados.

Quando houvermos reunido esta massa em torno do seu conselho, teremos a possibilidade de garanti-la contra surpresas da parte dos industriais do petróleo.

Nem a filosofice desfibrada sobre a “concretização” dos pontos das garantias (vide Promislóvi Viéstnik(2) e nem os clamores imprudentes sobre a “chegada da primavera” (lembrai-vos dos social-revolucionários), mas o trabalho tenaz no sentido de elaborar as reivindicações operárias: eis, antes de mais nada, de que nos devemos ocupar na previsão dos acontecimentos que se aproximam.

Preparemo-nos, pois, da melhor maneira, para a conferência com garantias!

Artigo não assinado


Notas de fim de tomo:

(1) Em princípios de fevereiro de 1908 a eleição dos delegados havia terminado. Mas, por ordem do governador do Cáucaso, Voróntsov-Dáchkov a convocação do conselho dos delegados era continuamente adiada. A primeira reunião do conselho teve lugar somente a 30 de março de 1908, as seguintes a 6, 10, 26 e 29. J. K. Ordjonikidze escreveu mais tarde: “Ao passo que em toda a Rússia dominava a mais negra reação, em Baku reunia-se um verdadeiro parlamento operário. Nesse parlamento eram elaboradas as reivindicações de Baku; nossos oradores expunham amplamente todo o nosso programa mínimo”. No conselho dos delegados, 199 dêles votaram a favor da proposta dos bolcheviques, pela conferência com garantias; 124 a favor do boicote da conferência. Os fautores do boicote — os social-revolucionários e os daxhnaki — abandonaram a reunião. A proposta no sentido de dar forma de ultimatum ao mandato foi aprovada por uma maioria de 113 votos contra 54. (retornar ao texto)

(2) Promislóvi Viéstnik (O Mensageiro Industrial), jornal menchevique legal, órgão do sindicato dos operários da indústria mecânica. Publicou-se em Baku duas ou três vezes por semana em novembro e dezembro de 1907 e de março a julho de 1908. (retornar ao texto)

Transcrição
pcr
Inclusão 19/10/2019