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Primeira Edição: “Gudók” (“A Sirena”), n.° 17. 3 de fevereiro de 1908.
Fonte:J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 96-100, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
A campanha no sentido da conferência está em seu ponto culminante. As eleições dos delegados estão quase terminadas. Em breve reunir-se-á o seu conselho. Deverá ou não deverá realizar-se a conferência, com quais garantias (sob que condições) é desejável a conferência, como interpretar essas garantias? Eis de que problemas ocupar-se-á antes de mais nada o conselho dos delegados.
Que linha de conduta deveremos manter no conselho dos delegados?
Repetimos que uma conferência com os industriais do petróleo não é novidade para nós. Houve entre nós uma conferência em 1905. Houve uma segunda em 1906. Que nos deram essas conferências, que nos ensinaram, serviram para alguma coisa?
Então, como ainda há pouco tempo, haviam-nos dito que as conferências, por si só, mesmo sem apresentarem nenhuma condição, servem para unir as massas. Os fatos, ao invés, mostraram que nenhuma das conferências passadas uniu as massas nem podia uni-las: foram somente feitas as eleições, e com estas acabou-se toda a “união”.
Por que?
Porque quando se organizaram as conferências passadas não se aludiu de fato à liberdade de palavra e de reunião, não havia a possibilidade de reunião da massa nas oficinas, junto aos poços, nos depósitos, de elaborar os mandatos para cada problema dado e, em geral, de intervir ativamente em todas as questões concernentes à conferência. As massas eram compelidas, portanto, a permanecer inativas; agiam somente os delegados, longe da massa operária. Agora, sabemos há muito tempo que as massas se organizam somente no curso da própria ação...
Porque, além disso, não existia um conselho dos delegados, como órgão permanente dos operários, que atuasse por toda a duração da conferência, reunisse em torno de si os operários de todas as firmas e de todos os distritos, elaborasse as reivindicações destes operários e controlasse, na base dessas reivindicações, os representantes dos operários. Os industriais do petróleo não quiseram permitir a constituição desse conselho dos delegados, e os promotores da conferência conformaram-se com isso humildemente.
Nem falemos sequer do fato de que então não existiam aqueles centros do movimento — os sindicatos — que teriam podido reunir em torno de si o conselho dos delegados e dirigi-lo no caminho da luta de classes...
Então, diziam-nos que a conferência teria podido sozinha também, satisfazer às exigências dos operários. Mas a experiência das duas primeiras conferências desmentiu também essa hipótese. Porque quando na primeira conferência os nossos delegados falaram acerca das reivindicações dos operários, os industriais do petróleo os interromperam dizendo que “isso não constava da ordem do dia da conferência”, na qual se devia falar “sobre o abastecimento de combustível líquido para a indústria”, e não sobre reivindicações. Quando depois, na segunda conferência, nossos delegados pediram que participassem também os representantes dos desempregados, os industriais os interromperam novamente, dizendo que não tinham recebido o mandato para levar em conta semelhantes pedidos. Assim foram postos na porta da rua os nossos delegados. E quando alguns companheiros propuseram apoiá-los com uma luta geral, resultou que tal luta não era possível porque ambas as conferências foram organizadas pelos capitalistas numa estação morta, propícia para eles, no inverno, quando o Volga não é navegável, quando os preços dos produtos do petróleo estão em baixa, quando, por conseguinte, teria sido verdadeiramente insensato pensar numa vitória dos operários.
Eis para que “serviram” as duas conferências anteriores.
É claro que uma conferência por si só, uma conferência sem um livre conselho dos delegados, uma conferência sem a participação e a direção dos sindicatos, e além do mais convocada no inverno, em suma, uma conferência sem garantias, não serve para coisa alguma. Semelhante conferência não só não une, não só não ajuda na luta por nossas reivindicações, mas, pelo contrário, desorganiza e afasta o momento em que nossas revindicações serão satisfeitas, porque ela, não dando nada, alimenta os operários com promessas vazias.
Eis o que nos ensinaram as duas conferências anteriores.
Eis por que o proletariado consciente boicotou a terceira conferência em novembro de 1907.
Recordem essas coisas alguns companheiros do sindicato dos mecânicos, os quais, não obstante toda a experiência das conferências anteriores, não obstante a vontade da maioria do proletariado da indústria petrolífera, não obstante, enfim, o fato de haver sido concluído um pacto entre os sindicatos, dirigem a agitação em prol de uma conferência sem garantias!
Recordem-no e não quebrem esses pacto.
Mas, talvez isso signifique devermos desinteressar-nos de qualquer conferência?
Absolutamente não!
À observação dos social-revolucionários boicotadores, segundo a qual não devemos comparecer à conferência porque a ela somos convidados pelos nossos inimigos, os burgueses — a tal observação pode-se responder somente com uma gargalhada, uma vez que também nas fábricas, nas oficinas e nos poços somos convidados a trabalhar pelos mesmos inimigos, os burgueses. Deveremos talvez então boicotar a fábrica, a oficina ou o poço só porque nos convidam a ir lá os inimigos, os burgueses? Assim se pode morrer de fome! De modo que, então, todos os operários perderam o juízo, desde o momento em que consentiram em ir trabalhar mediante convite dos burgueses!
À declaração dos dachnaktsakani, segundo os quais não deveremos comparecer à conferência porque é uma instituição burguesa, a tal declaração absurda não se pode em absoluto prestar atenção, uma vez que a vida social atual é também uma “instituição” burguesa; as fábricas, as oficinas, os poços, não são talvez todas essas “instituições” organizadas “à imagem e semelhança” da burguesia, para vantagem da burguesia? Boicotaremos talvez tudo isso, somente porque é burguês? Onde deveremos estabelecer-nos então em tal caso, nos planetas Marte, Júpiter ou talvez nos castelos no ar dos dachnáki e dos social-revolucionários?...(1*)
Não, camaradas. Não devemos voltar as costas às posições da burguesia, mas atacá-las! Não devemos deixar à burguesia suas posições, mas expugná-las passo a passo, e delas expulsar a burguesia! Somente homens que constroem castelos no ar não podem compreender esta simples verdade!
Não compareceremos à conferência se não obtivermos previamente as garantias requeridas, mas a ela compareceremos se obtivermos essas garantias, para nos apoiarmos nelas, para transformarmos a conferência, de instrumento de mendicância em instrumento de luta, precisamente como não nos recusamos a ir trabalhar depois que tenham sido satisfeitas determinadas exigências indispensáveis, para transformarmos a fábrica, a oficina, o poço, de arena de opressão em arena de libertação.
Organizando a conferência com base nas garantias conquistadas pelos operários e convocando uma massa de 50.000 operários para eleger o conselho dos delegados e para elaborar nossas reivindicações, levaremos o movimento operário em Baku a um novo caminho de luta proveitosa, ao caminho de um movimento organizado e consciente e não espontâneo (dispersivo), não para os “bakchich”.
Eis o que nós verdadeiramente esperamos da conferência com garantias, eis por que dizemos: conferência com garantias ou nenhuma conferência!(1).
Dirijam, embora, uma agitação contra as garantias os senhores velhos “conferencistas”, exaltem, embora, a conferência sem garantias, chafurdem, embora, no fundo do pântano zubatovista, o proletariado trá-los-á para fora e ensina-los-á a moverem-se no vasto campo da luta de classes!
Ainda que “esvoacem” os senhores dachnáki e social-revolucionários, ainda que boicotem do mundo da lua as ações organizadas dos operários: o proletariado consciente fá-los-á descerem novamente a este nosso vale de lágrimas e obrigá-los-á a baixarem a cabeça diante da conferência com garantias!
Nosso objetivo é claro: reunir o proletariado em torno do conselho dos delegados e agrupar este último em torno dos sindicatos para obter a satisfação de nossas reivindicações gerais, para melhorar nossa existência,
Nosso caminho é claro: da conferência com garantias para a satisfação das necessidades vitais do proletariado da indústria petrolífera.
A seu devido tempo convocaremos o conselho dos delegados para lutar seja contra os homens do charco, que apoiam a conferência, seja contra as fabulosas fantasias dos boicotadores dachnákie social-revolucionários.
Conferência com determinadas garantias, ou então não temos necessidade de nenhuma conferência!
Artigo não assinado.
Notas de rodapé:
(1*) Toda a falta de seriedade e de concretismo da posição boicotadora dos senhores “dachnaktsakani” e dos social-revolucionários é demonstrada também só pelo fato de que eles próprios mantêm uma atitude benévola para com a conferência dos tipógrafos com seus patrões e o contrato coletivo entre eles. Ao demais membros isolados dentre eles não se envergonham de tomar parte nela. (retornar ao texto)
Notas de fim de tomo:
(1) (58) Em novembro de 1907 os bolcheviques de Baku, dirigidos por Stálin, haviam lançado a palavra de ordem: “Conferência com garantias ou nenhuma conferência”. As condições impostas pelos operários para participar da conferência eram as seguintes: que os sindicatos pudessem participar ativamente da campanha em prol da conferência, que as reivindicações dos operários pudessem ser amplamente discutidas, que se pudesse convocar livremente o conselho dos delegados e que os operários pudessem escolher a data da inauguração da conferência. Nas oficinas e junto aos poços começou uma ampla campanha em prol das eleições do conselho dos delegados, que devia aprovar definitivamente as condições para participar da conferência e eleger os representantes na comissão organizadora para a convocação da conferência. As assembleias dos operários para as eleições dos delegados transcorriam legalmente. A maioria dos participantes pronunciou-se pela linha bolchevique. Os dachnaki e os social-revolucionários, que eram pelo boicote da conferência sem garantias, não encontraram nenhum apoio entre as massas. (retornar ao texto)
Inclusão | 19/10/2019 |