MIA> Biblioteca> Stálin > Novidades
A preparação do Congresso aproxima-se do fim(1). Pouco a pouco delineiam-se as correlações de força das frações. Torna-se evidente que a maior parte dos distritos industriais apoia os bolcheviques. Petersburgo, Moscou, zona central industrial, Polônia, região báltica, Urais: eis onde se tem confiança na tática dos bolcheviques. O Cáucaso, a zona além do Cáspio, a Rússia meridional, algumas cidades das regiões influenciadas pelo Bund(2), organizações camponesas Spilka(3): eis onde os mencheviques obtêm suas forças. A Rússia meridional é a única região industrial onde se tem confiança nos mencheviques. Os outros pontos de apoio do menchevismo são na sua maioria centros de pequena produção.
Torna-se claro que a tática dos mencheviques é sobretudo a tática das cidades atrasadas, onde se vê com maus olhos o desenvolvimento da revolução e da consciência de classe.
Torna-se claro que a tática dos bolcheviques é sobretudo a tática das cidades adiantadas, dos centros industriais, onde a atenção volta-se principalmente para o aprofundamento da revolução e para o desenvolvimento da consciência de classe...
Houve uma época em que a social-democracia russa não possuía senão um grupinho de adeptos. Tinha ela então um caráter intelectual e não estava em condições de dar seu próprio cunho à luta do proletariado. A política do Partido era então dirigida por poucas pessoas; a voz da massa proletária do Partido era sufocada... Muito diferentes são as coisas, hoje. Hoje temos em nossa frente um partido imponente, o Partido Operário Social-democrata da Rússia, que tem em suas fileiras cerca de 200.000 membros, imprime seu próprio cunho à luta do proletariado, reúne em torno de si a democracia revolucionária de toda a Rússia e incute medo nos “poderosos do mundo”. E esses partido imponente é tanto mais imponente e maravilhoso quanto o leme que o dirige está nas mãos da massa do Partido e não nas de poucos “homens cultos”. Isso foi evidenciado da melhor maneira possível por ocasião das eleições à Duma, quando a massa do Partido, repelindo a proposta do “autorizado” Plekhánov, não quis ter uma “plataforma comum” com os cadetes. É verdade que os mencheviques chamam igualmente nosso Partido de um partido de intelectuais, mas provavelmente o fazem porque não é ele em sua maioria menchevique. Mas se o Partido Social-Democrata alemão, dentre 18 milhões de proletários, conta em suas fileiras somente 400.000 membros, se esses partido tem o direito de chamar-se partido proletário, o mesmo direito tem também o Partido Social-Democrata da Rússia, que possui 200.000 membros, num total de 9 milhões de proletários.
O Partido Social-Democrata da Rússia é portanto imponente também porque é um partido verdadeiramente proletário, que segue o seu caminho, em direção ao porvir, criticando ao mesmo tempo os murmúrios de seus velhos “chefes”.
A esses respeito são significativas as últimas conferências de Petersburgo e de Moscou.
Em ambas as conferências eram os operários que davam o tom. Os nove décimos do total dos delegados eram constituídos, tanto numa como na outra conferência, por operários. Ambas as conferências repeliram as “diretrizes” superadas e inoportunas dos “velhos líderes” do gênero de Plekhánov. Ambas as conferências reconheceram ardorosamente a necessidade do bolchevismo. Com isso Moscou e Petersburgo expressaram a sua desconfiança da tática menchevique, reconheceram a necessidade da hegemonia do proletariado na atual revolução.
Pela boca de Petersburgo e de Moscou fala todo o proletariado consciente. Moscou e Petersburgo arrastam atrás de si as outras cidades. De Moscou e de Petersburgo partiram as diretivas por ocasião das ações de dezembro e outubro; foram elas que dirigiram o movimento e as gloriosas jornadas de dezembro. Não há dúvida de que serão elas a dar o sinal para o iminente ataque revolucionário.
Tanto Petersburgo como Moscou atêm-se à tática do bolchevismo. A tática do bolchevismo é a única tática proletária: eis o que dizem os operários dessas cidades ao proletariado da Rússia.
Artigo não assinado.
Notas de rodapé:
(1) Sobre o V Congresso vide História do P. C. (b.) da U.R.S.S., Edições Horizonte, Rio, 1947, 2.a edição, págs. 37-39. (retornar ao texto)
(2) O Bund (União geral operária judaica na Lituânia, Polônia e Rússia), organização pequeno-burguesa fundada em outubro de 1897 no congresso de Vilno, desenvolvia as suas atividades sobretudo entre os artesãos judeus. Entrou para o P.O.S.D.R. no I Congresso de 1898, “como organização autônoma, independente só nas questões que diziam respeito de modo especial ao proletariado judaico”. Apoiava o nacionalismo e o separatismo no movimento operário na Rússia. Justamente por essa posição nacionalística burguesa, o Bund foi combatido pela Iskra leninista e, portanto, pelos iskristas do Cáucaso. (retornar ao texto)
(3) Spilka (União), união social-democrata ucraniana, dos mencheviques, que surgiu em fins de 1904. Era composta de elementos que se haviam desligado do “partido revolucionário ucraniano”. Dissolveu-se nos anos da reação de Stolípin. (retornar ao texto)
Inclusão | 11/10/2019 |