Cartas

Francisco Martins Rodrigues


Cartas a JMA


Carta 1
25/10/1995

Caro Amigo

Acabo de receber a encomenda com as publicações e o cheque para a assinatura da P.O., de acordo com a nossa conversa telefónica. Vou fazer a leitura dos jornais, para depois lhe transmitir as minhas impressões. Aproveitando a sua disponibilidade para recolher entrevistas ou informações para a revista, proponho-lhe que nos faça uma entrevista ou pequena reportagem sobre a situação dos portugueses na Austrália. Isto é a sugestão que me ocorre. Se tiver outra e nos quiser mandar colaboração, será bemvinda.

Fizemos no sábado passado um encontro-festa no Teatro da Comuna em Lisboa, para comemorar o 10º aniversário de publicação da revista. Correu bem. Segue junto o último número da P.O. e um catálogo das Edições Dinossauro, por nós criadas há um ano e que está agora dando os primeiros passos. Como mostrou interesse nos preços das casas nos arredores de Lisboa, mando junto um prospecto que o poderá elucidar. Fico a aguardar notícias suas e envio-lhe um abraço

Carta 2
7/10/1996

Caro Amigo:

Recebi o cheque de 12.000$ que agradeço e que foi assim distribuído:

Espero que esteja de acordo com as suas intenções.

A P.O. 56 seguirá dentro de dias, por avião, como pediu. Fiz uma pequena notícia com a informação que deu sobre as manifestações em Camberra. Ah, é verdade, foi finalmente corrigido o erro que tinha assinalado e de que ninguém até agora se apercebera: bimestral e não bimensal.

De resto, tudo por cá muito morto, só golpes de baixa política de que as pessoas estão saturadas. O espectáculo Política está em nítida baixa de audiências, em comparação com a Bola, Canções, Variedades e Crimes. Só quando os tipos dos partidos vierem para a televisão dar cabriolas ou despirem-se em público é que talvez consigam vender melhor o produto. Mas têm que prometer sorteios e brindes, como os outros.

Por agora é tudo. Aceite as minhas saudações

Carta 3
22/10/1997

A Surpreendeu-nos muito desagradavelmente o seu fax de 10 do corrente. Como é possível que, ao fim de tantos anos de silêncio total da sua parte, nos venha agora reclamar a devolução da sala “com o recheio que lá estava”? É evidente que uma boa parte desse recheio, constituído por coisas velhas e imprestáveis, já não existe. Foi o caso do sofá, cujo valor estimativo desconhecíamos por completo. Se era para si importante, porque não nos avisou?

Ao dar-lhe conhecimento do abandono da sala, julgámos que Você compreenderia que era um gesto de cortesia da nossa parte, uma vez que a sala ainda está em seu nome. Mas não tendo Você dado, ao longo destes anos todos, nenhum sinal de continuar interessado na sala e no seu recheio, poderíamos ter simplesmente entregue a chave ao senhorio.

Para pôr termo a esta desagradável questão, vamos pagar a renda referente ao mês de Dezembro e deixamos na sala todos os objectos seus (cadeiras, aparelhos, livros, papéis) ainda existentes. Ficamos à espera que nos envie a partir de 10 de Novembro alguém credenciado a quem entregarmos as chaves e que nos reembolse do valor da renda de Dezembro, que vamos pagar apenas no seu interesse. O contacto deve ser feito pelos telefones (…) (a partir de 3 de Novembro).

Cumprimentos.

Carta 4
20/12/1997

Caro A:

Acuso recepção do cheque na importância de 40.000$, junto com o seu bilhete de 4 do
corrente. Registámos a entrada de 34.000$ como apoio à revista e 6.000$ para uma assinatura por mais um ano.

Neste momento, retirámos todos os nossos pertences da sala e, na impossibilidade de transportar connosco tudo o que lá havia, deitámos fora bastante papelada antiga. Pedi à porteira para guardar as cadeiras, uma mesa, a prensa fotográfica e alguns outros objectos, dizendo ela que será só por algum tempo. Espero que entretanto Você possa cá estar e decidir o destino a dar-lhes.

A PO nº 62 seguiu há uma semana, julgo que já terá recebido. Esperando podermos falar de
viva voz brevemente, envio cumprimentos.

Carta 5
22/2/1998

Caro Amigo:

Falei com a senhora do apartamento, que se dispôs a guardar as suas coisas por mais algum tempo sem cobrar qualquer renda. Fica à espera que diga qualquer coisa. Suponho que a esta hora já deve ter recebido a PO 63. Se tiver oportunidade de enviar algum comentário, notícias ou recortes de imprensa para o próximo número, agradeço que o faça até 20 de Março.

Sem outro assunto por agora, envio as minhas saudações e desejos de melhor saúde.


Inclusão 12/05/2019