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Primeira Edição: Política Operária, nº 79, Mar-Abr 2001
Fonte: Francisco Martins Rodrigues Escritos de uma vida
Transcrição: Ana Barradas
HTML: Fernando Araújo.
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Será bom que os distraídos se compenetrem do significado do alarido que por aí vai contra os “bandos que semeiam o terror nas ruas e nas escolas", contra a “marginalidade”, contra os “terroristas das FP-25 absolvidos” e a favor da “dignificação das forças de segurança” — vivemos os primeiros episódios de uma campanha de fundo pelo reforço da ordem e da autoridade.
Contra quem? Não, logicamente, contra os que vivem a vertigem da prosperidade e do negócio mas contra os que estão por baixo, os dois milhões de pobres, os desempregados, os precários, os descontentes, os jovens revoltados. O mesmo Guterres que começou entre flores com a “paixão da educação” prepara-se para consagrar o fim do seu mandato à nobre causa da “manutenção da ordem”.
O significado de classe de tudo isto é transparente – por isso mesmo os democratas eméritos não o enxergam: o contraste entre uma burguesia que goza a vida na opulência e a massa dos deserdados torna-se demasiado brutal: hoje preparam-se os espíritos para a criminalização dos pobres a fim de poder amanhã reprimir pela força quaisquer explosões de indignação que uma próxima crise venha a suscitar.
Inclusão | 26/08/2019 |