MIA> Biblioteca> Francisco Martins Rodrigues > Novidades
Primeira Edição: Texto publicado no nº 10, Dezembro de 1986, da Tribuna Comunista da Organização Comunista Política Operária (órgão interno de debate), inédito
Fonte: Francisco Martins Rodrigues - Escritos de uma vida
Transcrição: Ana Barradas
HTML: Fernando A. S. Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Recentemente, em reuniões da Direcção e da Redacção, retomou-se a discussão sobre o trabalho que temos vindo a realizar através da P. O. Chegou-se a algumas conclusões, havendo assim o interesse de alargar este debate a todos. Não se trata de fazermos hoje um balanço exaustivo às posições contidas em cada artigo saído na P. O. — trata-se sim de saber se temos evoluído como corrente de pensamento marxista, se existe hoje o perigo de ausência de perspectivas para o trabalho futuro.
Através de um breve sumário por assuntos, podemos fazer uma ideia do trabalho já realizado:
P. O. n° | |
1. Da revolução russa ao revisionismo | |
Staline no período do pós-guerra | 1 |
Comités de fábrica na Revolução de Outubro | 2 |
A família na URSS | 2 |
Do 7º congresso à dissolução da IC | 2 |
Frente Popular em Espanha | 4 |
Guerra civil de Espanha | 6 |
10° congresso do Partido Bolchevique | 6 |
Processos de Moscovo | 7 |
2. As revoluções nacionais | |
Nicarágua | 1 e 3 |
Brasil | 1 e 6 |
África do Sul | 1 e 6 |
Moçambique | 2 e 7 |
Angola | 3 |
Dívida ao FMI | 3 |
Lumumba | 3 |
Filipinas | 4 |
Haiti | 4 |
Irão | 5 |
Camboja | 5 |
Conferência dos Não-Alinhados | 6 |
Chile | 6 |
Afeganistão | 6 |
Classe operária no Terceiro Mundo | 6 e 7 |
Fidel | 7 |
3. Imperialismo e revolução | |
Situação em França | 1, 2 e 6 |
Conferência de Genebra | 2 |
Reflexões de Vítor Almada e resposta | 2, 3 e 4 |
Luta operária nos EUA | 3 |
Década da Mulher | 3 |
Papa e Vaticano | 4 e 5 |
Neoliberais contra social-democratas | 5 e 6 |
Reagan e o terrorismo | 5 |
O proletariado mais só | 6 |
Droga | 7 |
4. O “campo socialista” hoje | |
Programa do PCUS | 3 |
27° congresso do PCUS | 4 |
Livro do Ponomariov | 5 |
5. Correntes centristas | |
PTA | |
PC do Brasil | |
PC(R) | |
Trotskismo de Mandel | |
Reunião m-l em Quito | |
PC de Espanha | |
6. Construção do partido | |
Centralismo democrático | 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 |
7. Movimento operário e sindical | |
Pacote laboral | |
Cometna | |
Mulher no trabalho | |
Situação do movimento sindical | |
Sorefame | |
Lisnave | |
STCP | |
INDEP | |
Fundos de greve | |
Teses de Bexiga e resposta | 3 e 5 |
SUPA | 4 |
J. B. Cardoso | 5 |
Reflexões Vítor Hugo | 6 |
Encontro sindical | 7 |
8. Camponeses | |
Reforma Agrária | 6 |
8. Caminho do PCP | |
Paredes de vidro – Cunhal | 1 |
Cândida Ventura | 1 |
Lutas internas no PCP | 2 |
Democracia nacional nas empresas | 2 |
Portugueses honrados | 4 |
Lendo o “Avante” | 6 e 7 |
9. Actualidade política e eleitoral | |
Comentários | 1, 2, 4, 5, 6 e 7 |
10. Para um programa da revolução | |
Questão agrária | 1 |
A crise de 1974/75 | 1 e 2 |
Portugal na CEE | 3 |
Revolução democrático-popular | 3 |
Da FAP à ORA | 6 |
Podemos dizer, em face deste sumário, que já demos ou iniciámos respostas sobre uma série de questões importantes:
Ao fim de um ano de publicação da P. O., estamos assim numa situação nova em qualidade comparando com a altura da cisão do PC(R). O fio condutor das nossas posições desde então, e que nos distingue das outras correntes, é estarmos a examinar tudo de novo à luz da diferenciação de interesses entre o proletariado e a pequena burguesia, restabelecendo a tradição leninista há muito abandonada.
Nesta perspectiva, há ainda um enorme trabalho de crítica e investigação a realizar. Perante esta exigência, diferentes atitudes surgem entre nós.
Manifesta-se por vezes uma atitude idealista sobre como abordar as grandes questões ainda em aberto. Ê necessário termos consciência das limitações do nosso estudo mas não transformar esta realidade em paralisia. Pode-se cair numa atitude académica de querer começar tudo pelo topo do edifício argumentando que só assim podemos chegar a conclusões sólidas e por isso desprezando os estudos parcelares.
Com uma atitude deste tipo poderíamos correr o risco de bloquear qualquer elaboração a curto prazo e arrastarmo-nos em estudos sem fim à vista.
Devemos manter a perspectiva de que os debates e estudos, mesmo que parcelares, nos colocam novos problemas que deste modo vão consolidando os nossos conhecimentos e renovando a apreensâo do marxismo.
Uma outra atitude que se tem vindo a verificar é a falta de ousadia nos temas a abordar. Evitando assuntos novos, como por exemplo as diferenças entre os dois imperialismos. as multinacionais e o “super-imperialismo”, o papel das novas classes médias, etc., manifesta-se o receio de mexer em teses que têm sido tabu na corrente m-l.
Também com esta atitude não renovamos nada e corremos o risco de remoer os mesmos assuntos sem avançar para argumentos novos.
Em resumo, pelo que já fizemos e pelo trabalho que temos à vista, não há razão para se pensar que “a gasolina se está a esgotar”. Enunciemos alguns dos problemas que esperam respostas da nossa parte:
O quadro que nos foi dado inicialmente da revolução cultura! foi o de uma luta de elevado nível ideológico, entre a esquerda encabeçada por Mao e aia revisionista encabeçada por Liu Chao-chi e posteriormente por Lin Piao e Teng Siao-ping.
Mais tarde, com o descalabro da revolução na China e por influência do PTA, passou-se a negar qualquer valor à Revolução Cultural, que não teria sido mais do que uma luta pelo poder, no quadro da política oportunista e nacionalista dos Três Mundos. O descrédito do maoísmo arrastou consigo o descrédito da Revolução Cultural. Ela não teria sido “nem revolução, nem cultural, nem proletária”, mas uma luta anárquica entre cliques.
Hoje parece evidente que a Revolução Cultural foi um grande movimento revolucionário de massas que levantou aspectos novos na luta pela ditadura do proletariado e que por isso deve ser seriamente estudado. E parece claro que Mao, o Iniciador da Revolução Cultural, foi também o seu coveiro, devido à política de compromisso que seguiu entre as tendências de esquerda e de direita. O maoísmo terá sido o precursor do revisionismo na China, tal como já tinha sido o stalinismo na União Soviética.
Qual o carácter político e social das forças em presença durante a Revolução Cultural? Porque se revelou a direita mais forte na China, apesar dos grandes movimentos de massas e da educação ideológica? Era essa educação ideológica real ou apenas a repetição de slogans? O que foi de facto de esquerda e o que foi ultra-esquerdista na Revolução Cultural? Que papel desempenhou ou poderia ter desempenhado o Partido na luta? Que relação houve entre a Revolução Cultura! e a política externa chinesa? O que foi o caso Lin Piao? — estas são algumas das perguntas a que devemos tentar responder.
Proposta de alguns temas para grupos de estudo
Inclusão | 02/10/2018 |