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Primeira Edição: Em Marcha, 28 de Outubro de 1981
Fonte: Francisco Martins Rodrigues Escritos de uma vida
Transcrição: Ana Barradas
HTML: Fernando Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
O Presidente Reagan está bastante magoado com a explosão de protestos que percorre a Europa. Só por ter admitido, como mera hipótese de trabalho, uma guerra nuclear circunscrita à Europa, o que por aí vai de manifestações, insultos, comentários ferozes na imprensa! Não há dúvida de que estes europeus estão cada vez mais egoístas. Não quererem sacrificar-se pela civilização ocidental.
Mas nem tudo é decadente do lado da Europa. O prof. Freitas do Amaral constituiu a honrosa excepção. Afirmou bem alto, na reunião do Grupo de Planeamento Nuclear da NATO, na Escócia, o apoio integral do seu governo às medidas do Presidente Reagan o reforço do armamento nuclear da Europa. Mísseis? Neutrões? Quanto mais melhor!
Alguém duvida de que uma guerra EUA-URSS localizada à Europa ó muito mais racional e fica muito mais económica do que uma hecatombe geral? Só pacifistas, pagos por interesses inconfessáveis, podem vir agitar o sentimentalismo atrasado das massas com os milhões de mortos.
Tanto agrado causou em Washington o desassombro do prof. Freitas que o Secretário de Estado Caspar Weinberger já aceitou recebê-lo em Janeiro. Crescem as esperanças de um envolvimento decisivo do país na NATO, enfim: Lajes, Porto-Santo, Espinho, porta-aviões nuclear, fragatas, submarinos — massa, postas rendosas para os generais, esperanças de guerra.
O prof. Freitas tem uma vocação natural para estar na vanguarda. Em 1980, quando passou pelo Ministério dos Estrangeiros, logo declarou a adesão à CEE como "prioridade das prioridades", fintando o pasmado Sá Carneiro. Infelizmente, a coisa não foi por diante. Os ingratos monopólios europeus desdenharam da mão estendida do bairro de lata lusitano.
Este ano, o prof. Freitas ocupa o Ministério da Defesa. Logo, naturalmente, lhe ocorreu pôr o governo a girar à volta da NATO, que é uma forma de girar à volta dele próprio. Mas também aqui há dificuldades. Os homens de Washington terão muito gosto em canalizar para cá armas e dólares, mas querem garantias de uma ordem sólida, férrea. Quem a impõe?
Tudo parece encaminhar-se para, no próximo ano, termos o prof. Freitas em primeiro ministro, a traçar como prioridade das prioridades a restauração da ordem tradicional e a supressão dos manejos subversivos da Oposição. Será talvez o auge e o fim da sua carreira política.
Inclusão | 22/08/2019 |