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Primeira Edição: Em Marcha, 30 Abril 1980
Fonte: Francisco Martins Rodrigues — Escritos de uma vida
Transcrição: Ana Barradas
HTML: Fernando A. S. Araújo.
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Quem tal diria? Os homens das confederações patronais também são adeptos do Soares Carneiro! Afinal, parece que a candidatura do general não é bem uma questão de “desígnios nacionais', como ele diz, mas antes uma questio de negócios.
A verdade é que a gentinha do capital anda num frenesim, convencida de que desta vez é que vai mesmo estabilizar o regime e poder ordenhar em sossego lucros “decentes" aos seus operários. A isto se resume a “dinâmica’' da candidatura do Carneiro II.
Neste 1º de Maio turvo, a classe operária toma conhecimento de que está na forja uma nova lei dos despedimentos, facilitando aos patrões porem na rua sem mais formalidades os trabalhadores que não lhes interessem. Lei “moderna e democrática” que vai estimular os investimentos, alegra-se o “Tempo". Tal como a lei dos contratos “a prazo incerto, quer dizer, sem prazo nenhum, que já está a fazer crescer a água na boca aos traficantes de força de trabalho.
Neste 1º de Maio negro, a GNR sova os trabalhadores no Alentejo, o ministro do Trabalho chama “sabotadores aos grevistas da Petrogal e há rapariguitas de 15 anos a ganhar dois contos em fábricas de confecções, com contratos ao mês e obra para rematar em casa, a dez tostões a peca.
Neste 1º de Maio prisioneiro de Novembro, há ministros que se fartam de suar pela miséria de 80 contos mensais e um lacaio enfatuado das multinacionais que promete com gravidade ao pais o bem-estar geral.
Neste 1º de Maio amarelo, há múmias anticomunistas que aconselham à classe operária “a luta revolucionária pela producão” e a "defesa da ordem e da tranquilidade pública". E há anafados intelectuais de "esquerda a condenar em mesas redondas o “economicismo" das lutas operárias".
Neste 1º de Maio vermelho, milhões vão sair à rua, em busca do caminho para se libertarem da canga do capital. Acabaremos por encontrá-lo
Inclusão | 05/07/2018 |