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A fundação do PCP em 6 de Março de 1921 inseriu-se num grande ascenso de lutas da classe operária. O Partido não nasceu por efeito de debates teóricos abstractos mas para responder a necessidades reais sentidas pela vanguarda operária do nosso país.
Durante uma dezena de anos os trabalhadores tinham seguido a propaganda dos anarco-sindicalistas. Estes diziam que o movimento operário, para alcançar os seus objectivos, apenas precisava de organização sindical, que os partidos e a política só serviam à burguesia e nada de bom podiam trazer à classe operária. Mas, à medida que se sucediam os confrontos com o patronato e os governos burgueses, o sindicalismo revolucionário revelava a sua incapacidade. A própria luta de massas mostrava a necessidade de uma linha política e de uma organização política para o movimento operário.
A partir de 1918, a classe operária é galvanizada pelas realizações grandiosas da revolução socialista de Outubro na Rússia. O caminho do leninismo começa a ser estudado por sindicalistas de vanguarda, entre os quais se podem citar António Peixe, Ferreira Quartel, etc. Forma-se a Federação Maximalista que agrupa, apesar da sua confusão ideológica, as primeiras forças para a fundação do Partido Comunista. A formação por toda a Europa de partidos aderentes à nova Internacional Comunista constitui um estímulo para os primeiros comunistas portugueses. O PCP surge finalmente como a organização política de vanguarda que o proletariado procurava.
Recordemos brevemente algumas das grandes acções do movimento operário que formam o quadro de fundo da fundação do PCP.
COMÍCIO DO 1º MAIO (1919) — A União dos Sindicatos Operários de Lisboa organiza um comício no parque Eduardo VII. 30 000 trabalhadores reclamam a jornada de 8 horas e a socialização dos meios de produção.
GREVE GERAL (Junho 1919) — Greve na CUF contra o despedimento de sindicalistas. O patrão, Alfredo da Silva, declara lock-out. Comício operário decreta greve geral em Lisboa por 48 horas, em solidariedade com os trabalhadores da CUF. As empresas metalúrgicas respondem à greve com lock-out geral. “A Batalha”, órgão da União Operária Nacional, é encerrada por denunciar a submissão do governo a Alfredo da Silva. Encerrada a sede da UON A greve termina com vitória parcial, reabertura da UON e da “Batalha”.
GREVE FERROVIÁRIA (Julho-Agosto 1919) — A repressão é dirigida por Helder Ribeiro, que atrela vagões com grevistas à frente dos comboios, para impedir sabotagens. A polícia assalta “A Batalha” e a Federação Maximalista, fazendo mais de 200 prisões. Explosões na estação do Rossio e no Entroncamento, descarrilamentos. A greve é vitoriosa: aumentos de salários e libertação dos presos.
GREVE GERAL NO PORTO (Janeiro 1920) — Greve da Carris do Porto alastra a greve geral na cidade durante quatro dias. Declarado o estado de sítio.
GREVES EM LISBOA (Março-Abril 1920) — Greve dos metalúrgicos e da Construção Civil de Lisboa. Encerrados os dois sindicatos pela GNR, suspensa “A Batalha”, prisões de sindicalistas. Os grevistas respondem à bomba, há mortos e feridos, a greve dura mais de um mês.
ASSALTOS EM SETÚBAL (25 Julho 1920) — Assaltos populares a lojas em Setúbal. A GNR faz 2 mortos e 20 feridos. A 10 de Setembro, recomeçam os assaltos na cidade, com greve geral que dura vários dias. Ocupação militar de Setúbal pela GNR.
GREVE DOS FERROVIÁRIOS (Agosto 1920) — Greve de toda a rede do caminho de ferro. A ordem de mobilização pelo governo é desobedecida. Os comboios são postos em circulação pela tropa e a GNR. Os grevistas respondem com sabotagens, todas as locomotivas do Sul e Sueste ficam inutilizadas. Regresso ao trabalho sem conseguir as reivindicações.
Inclusão | 30/09/2016 |