Direção coletiva, controle e crítica: três armas para evitar fracassos e combater a estagnação

Elena Ódena

28 de julho de 1978


Tradução: Igor Barradas.
Fonte para a tradução: Elena Ódena: Escritos Políticos, v. 1, Ediciones Vanguardia Obrera, 1986, págs. 539-541.
HTML: Lucas Schweppenstette.


A direção coletiva sempre foi um princípio essencial em nosso Partido para lidar com todos os tipos de problemas e dificuldades, bem como para garantir a aplicação justa de nossos princípios e da política do Partido em todos os momentos.

A falta de uma direção coletiva genuína, bem como a ausência de controle e da prática da crítica e da autocrítica possibilitam toda uma série de falhas e deficiências, geralmente difíceis de detectar quando não há uma visão coletiva dos problemas, tarefas e situações específicas. Da mesma forma, a vida dos comitês de direção é enfraquecida, tendo chegado em alguns casos extremos à virtual extinção de alguns comitês por falta do “oxigênio” que é a vida e o controle coletivo.

Mas a direção coletiva não significa de forma alguma que “todos têm que fazer tudo”, mas que todos (o comitê ou o grupo dirigente em qualquer nível!) devem estar atentos e interessados no conjunto de tarefas e abordagens em cada momento, e que a situação e o andamento das diferentes tarefas devem ser revistos coletivamente, sem que nenhuma delas constitua um “reservatório fechado” para ninguém.

O método coletivo de direção é também o único método de gestão que permite seriamente a aplicação consistente da crítica e da autocrítica, que deve ter como finalidade descobrir e eliminar os erros e as nossas fraquezas. É também o método para criar hábitos de liderança, análise e síntese em quadros e militantes. O sucesso no cumprimento das tarefas está geralmente ligado ao controle e desenvolvimento da crítica e da autocrítica, enquanto a estagnação e burocratização da vida do Partido à ausência de direção e controle coletivo e da prática da crítica e da autocrítica. Por outro lado, a gestão coletiva e a prática da crítica e da autocrítica são a única garantia de que o controle de cima se conjuga com o controle de baixo, que também é um dos fatores importantes no trabalho de gestão em todos os níveis. Devemos descartar a ideia de que o controle só é possível de cima, quando os dirigentes controlam os dirigidos.

Embora seja verdade que o controle de cima seja necessário, não é menos verdade que haja outro tipo de controle, de baixo, quando os mesmos militantes controlam os dirigentes, apontando erros e indicando a forma de corrigi-los. A combinação de ambos tipos de controle é uma das formas mais eficazes de assegurar o avanço do Partido e garantir o funcionamento coletivo da direção.

Por outro lado, e para garantir a crítica e a autocrítica, é necessário combater qualquer tentativa de travar ou dificultar a sua implementação e evitar qualquer tipo de discriminação contra quem formula a crítica construtiva. A este respeito, o camarada Stálin disse que “perseguir a crítica e a autocrítica significa liquidar todo o espírito de iniciativa na organização do Partido e estabelecer na vida da organização os hábitos anti-partidários dos burocratas, dos inimigos jurados do Partido”.

Somente por meio da direção e do controle coletivo de baixo para cima e de cima para baixo é possível conhecer os companheiros e ter uma ideia concreta de suas características e de como eles agem em diferentes tarefas e situações. Não basta ter uma linha correta; é essencial pô-la em prática para destacar quadros idôneos, responsáveis e capazes para as diferentes tarefas e dispostos a defender essa linha e cumprir as tarefas que lhes são confiadas.

Somente a direção coletiva, o controle, a crítica e a autocrítica permitem descobrir prontamente falhas e mal-entendidos ou deficiências de qualquer natureza, ver as questões que não são compreendidas ou que não são claras e voltar a elas discutindo-as e explicando-as repetidas vezes até que estejam claras.

Somente a direção coletiva permite também o estudo e a discussão coletiva do jornal Vanguardia Obrera [Vanguarda Operária] e de outros textos centrais do Partido, controlando assim sua compreensão e assimilação.

Um aspecto igualmente importante da direção coletiva é que ela permite que o controle seja exercido corretamente e não de forma pessoal, arbitrária ou burocrática. Já no Relatório do Comitê Central ao 2º Congresso do Partido se dizia a esse respeito:

“Quando, ao realizar um controle das tarefas, há contradições entre certos camaradas ou organizações, a atitude correta é, antes de tudo, fazer um esforço coletivo para tentar resolver essas contradições, erros ou falhas, buscar suas causas e as medidas para solucioná-los.” (Documento do 2º Congresso do Partido, pág. 98)

A liderança e o controle coletivo permitem exercer a vigilância revolucionária coletiva e também conhecer e prestar atenção ao estado de espírito e aos problemas dos vários camaradas, o que permite agir, intervir a tempo, quando alguns sintomas de cansaço, mal entendimento ou qualquer outro problema pessoal que às vezes afeta a vida do militante dificulta seu trabalho.

De todo o exposto, pode-se deduzir: 1) o fortalecimento da vida coletiva, 2) aplicação correta do controle e 3) a crítica e a autocrítica são medidas essenciais para acelerar o processo de superação dos fracassos, superficialidades, ativismo e indisciplina que se manifestaram em algumas organizações do Partido.


Inclusão: 21/11/2023