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Primeira Edição: ........
Fonte: Messali Hadj par les textes; textes choisis et presentés par Jacques Simon. Editions Bouchéne, 2000
Transcrição e tradução para o inglês: Mitch Abidor.
HTML de: Fernando A. S. Araújo, agosto 2007.
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.
Há quase um século, com o golpe do fan[N1], o imperialismo francês empossou o ladrão de nosso país.
Aquilo foi a conquista. Houve o massacre de mulheres e crianças, o incêndio de vilarejos e plantações, o roubo das riquezas por um exército ávido por sangue e pilhagem.
O que foi roubado dos nativos durante os 15 anos de conquista: 18 milhões de cordeiros, três milhões de cabeças de gado, quase um milhão de dromedários e, durante a expedição de Cabília, 300 vilarejos foram incendiados.
Aqui relatamos apenas alguns fatos dentre milhares.
Mas deve-se notar que, embora os massacres tenham terminado, o trabalho de bandidagem permanece, com a ferocidade característica do imperialismo francês. Desde a conquista, 11 milhões de hectares de nossas melhores terras foram roubados, ao passo que os nativos foram empurrados para o sul árido e são dizimados por fomes periódicas. Multas coletivas afetam vilarejos inteiros, apropriações completam a ruína do povo argelino, que é relegado à pobreza.
Em poucas palavras, estes são os resultados da conquista.
A fim de impedir-nos de gritar "ladrões!", "assassinos!", o imperialismo nos amordaça com o Code de l'Indigénat, um vestígio da mais sombria barbaridade. Devido a esse código, toda a violência perpetrada contra os nativos pelos colonizadores é legitimada antecipadamente. Roubo, tortura e assassinato são encorajados abertamente e os culpados têm a garantia da impunidade.
Sem direitos políticos, sem liberdade para se organizar ou falar.
Embora 98 anos nos separem da conquista, permanecemos reféns da guerra de 1830, e a liberdade de viajar nos é permitida com parcimônia. Mesmo sob o regime feudal — que o imperialismo afirma ter abolido — essa iniqüidade não existia.
Tudo isso sob a máscara hipócrita da civilização.
Através da força, o imperialismo nos alista em seu exército.
Para compensar algumas de suas falhas, o imperialismo não hesita em nos massacrar em lutas fratricidas, estando nós inconscientemente contribuindo para o aprisionamento de nossos irmãos marroquinos e sírios e, por meio de uma repercussão fatal, alentando nossa própria opressão.
E entre nossos próprios funcionários essa posição pró-escravatura encontra apoiadores e propagadores em meio aos traidores e vendidos. O imperialismo francês, graças à corrupção, soube como envolver em suas políticas esses elementos, através dos quais exerce sua influência e dominação. Concomitantemente, é através das bocas de Bentami[N2] e Chekiken que ansiamos pela chamada "generosidade" dos lobos ante as ovelhas.
Muçulmanos! Nossa conduta é moldada por esse regime odioso.
Unamos nossas forças para desenvolvermos nosso grupo. Pela supressão do Code de l'Indigénat, pela liberdade de imprensa e de associação, pela igualdade do serviço militar, pela liberdade de imigração, contra o envio de tropas para terras estrangeiras, contra a guerra no Marrocos! Lutemos contra o imperialismo francês e por isto:
JOIN EN MASSE L'ETOILE NORD-AFRICAINE!
VIDA LONGA À INDEPENDÊNCIA DA ARGÉLIA!
Notas:
[N1] “L'affaire de l'éventail”: episódio da história argelina em que os franceses invadem o país, em 1830, e iniciam o processo colonial, que duraria até a independência de 1962. (N.T.) (retornar ao texto)
[N2] Bentami Hami, um dos fundadores da Fédération des Élus Indigènes, FEI (Federação do Indígenas Eleitos), grupo que buscava a integração dos évolués (os “desenvolvidos”, nativos africanos que, envolvidos pela educação ou assimilação, adotavam para si os valores dos franceses e formavam uma elite em suas colônias) junto à comunidade francesa e a integração da Argélia como província da França. (N.T.) (retornar ao texto)