O Capital

Volume 1

1867


1ª Edição:  1867.

1ª Edição em Português:

Fonte da Presente Transcrição: Centelha - Promoção do Livro, SARL, Coimbra, 1974.

Tradução de:  J. Teixeira Martins e Vital Moreira.

Transcrição de: Alexandre Linares.

HTML por José Braz para Marxists Internet Archive, 2005.


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Nota Sobre a Tradução

Prefácios, Cartas e Posfácios

Prefácio da 1ª Edição (1867)

Carta ao Editor Francês (1872)

Posfácio da 2ª Edição Alemã (1873)

Posfácio à Edição Francesa (1875)

PARTE I - MERCADORIA E DINHEIRO

Capitulo 1 - A Mercadoria

Secção 1 - Os Dois Factores da Mercadoria: Valor-de-Uso e Valor-de_Troca ou Valor Propriamente Dito (Substância do Valor, Grandeza do Valor)

Secção 2 - Duplo Caracter do Trabalho Representado na Mercadoria

Secção 3 - A Forma do Valor [ou o valor-de-troca]

A - Forma simples, [singular] ou acidental do valor

B - Forma-valor total ou desenvolvida

C -Forma geral do valor

D - Forma-dinheiro

Secção 4 - O Fetichismo da Mercadoria e o Seu Segredo

Capitulo 2: Troca
Capitulo 3: Dinheiro, ou Circulação de Mercadorias

PARTE II: A TRANSFORMAÇÃO DO DINHEIRO EM CAPITAL

PARTE III: A PRODUÇÃO DE MAIS VALIA ABSOLUTA

Capitulo 7: Processo de Trabalho e Processo de Produção de Mais-Valia

Secção 1 - O Processo de Trabalho ou o Processo de Produção de Valores de Uso

Secção 2 - O Processo de Produção de Mais Valia

Capitulo   8: Capital Constante e Capital Variável
Capitulo   9: Taxa de Mais-Valia
Capitulo 10: O Dia de Trabalho
Capitulo 11: Taxa e Massa de Mais-Valia

PARTE IV: PRODUÇÃO DE MAIS-VALIA RELATIVA

PARTE V: PRODUÇÃO DE MAIS VALIA-ABSOLUTA E DE MAIS-VALIA RELATIVA

PARTE VI: Wages XXX

PARTE VII: ACUMULAÇÃO DE CAPITAL

PARTE VIII: ACUMULAÇÃO PRIMITIVA


Nota Sobre a Tradução [do Capitulo 1]

Na tradução do Livro I seguiu-se a edição francesa de 1872-5, conhecida por tradução Roy, feita a partir da 1ª edição alemã, mas inteiramente revista e em grande parte alterada por Marx.

As razões que levaram a optar pela versão francesa, em vez da versão definitiva alemã ( a 4ª, 1890, revista por Engels) foram as seguintes: em primeiro lugar, o facto de já existir, embora pouco acessível em Portugal, uma tradução portuguesa da referida edição alemã (Editora Civilização Brazileira, Rio, 1968, 2 vols., trad. de Regalando Santanna; em segundo lugar, o facto de O próprio Marx ter atribuído um valor autónomo à edição francesa. Na verdade, no posfácio a essa edição, afirmou que ela "possui um valor científico independente do original, devendo ser consultada mesmo pelos leitores familiarizados com a língua alemã"; e já em 1872, numa carta a Danielson, o tradutor russo de O Capital, Marx afirmava que seria "mais fácil traduzir do francês para o inglês e para as línguas românicas.

E, se é certo que grande parte das alterações e acrescentos feitos por Marx na edição francesa foram depois feitos nas edições alemãs seguintes ( ver os prefácios de Engels das 3ª e 4ª edições), nem por isso a edição francesa deixou de manter diferenças bastantes para ser considerada uma versão autónoma. As diferenças respeitam quer ao estilo, quer ao conteúdo. Quanto ao último aspecto, Marx, que não tinha em grande conta a capacidade teórica do leitor francês, foi levado a alterar as passagens mais densamente teóricas da obra, quer alterando o seu carácter abstracto, quer juntando explicações complementares, quer, menos frequentemente, eliminando-as. Daí que, apesar de alguns cortes, a versão francesa seja sensivelmente maior e, em geral, menos conceitualmente concentrada, o que, embora empobrecendo por vezes o rigor teórico e conceitual, torna a leitura mais fácil.

Por isso, a presente tradução foi confrontada passo a passo com a versão definitiva alemã. Assim, corrigimos a tradução Roy sempre que ela não dá o teor exacto das ideias ou conceitos do original; além disso, acrescentámos, assinalando-as com parêntesis rectos, as passagens omitidas na versão francesa e, sempre que o acréscimo no texto não se mostrou possível, assinalámos em nota a diferente redacção alemã.

Quer dizer: a tradução que adiante damos de O Capital contém as duas versões originais, a francesa e a alemã. Evidentemente que a comparação de dois textos de estrutura diferente nem sempre foi fácil, nem as soluções encontradas puderam eximir-se a uma certa margem de discricionaridade. Mas cremos que as vantagens obtidas justificam de longe ter-se corrido esse risco.

Se houve uma preocupação fundamental a dirigir esta tradução, essa foi a da fidelidade ao texto original. Num texto caracterizado por grande densidade teórica e onde, por assim dizer, cada palavra é um conceito com o seu peso específico, a liberdade de tradução correria o risco de grave empobrecimento. Não procurámos, pois, facilita o texto, conscientes de que não compete d tradução fazer de um texto difícil um texto fácil.

Importa também dar conta da maneira como resolvemos algumas dificuldades particulares. Assim, alguns conceitos ou expressões não possuem um correspondente unívoco em português. Nos casos em que existe uma terminologia já estabelecida entre nós, foi essa que utilizámos: v. g. classe dominante ( e não classe dirigente ou classe reinante ); nos casos em que a terminologia é flutuante, utilizámos, de acordo com as circunstâncias, duas ( ou mais) versões, desde que igualmente rigorosas: v. g. sobretrabalho e trabalho excedente, sobreproduto e produto excedente, forma-valor e forma de valor, força produtiva e produtividade, figura-dinheiro e figura monetária, etc.

Quanto às passagens que no original estão em outras línguas (inglês, italiano, etc.), procedemos do seguinte modo: as expressões meramente enfáticas ou figuras de estilo, mantivemo-las nessa língua, traduzindo-as em nota de rodapé; os restantes trechos, quase sempre citações de autores, damo-las, em geral, directamente em português. (Cabe referir também que verificámos o texto de todas as citações pela obra original, no caso de autores não alemães ou franceses.)

A edição francesa, possui muitas palavras ou expressões grifadas; a edição definitiva alemã, ao contrário, não tem quase nenhuma. Nesta tradução eliminámos a maior parte dos grifados, mantendo apenas - e, aqui e além, acrescentando - apenas aqueles que sublinham ideias consideradas centrais.

A sistematização seguida é a da edição francesa, bastante diferente da alemã: a primeira está dividida em 8 secções e 35 capítulos, a segunda em 7 secções e 25 capítulos. Nas notas de fim de volume damos notícia da respectiva correspondência. Quanto à divisão do texto em parágrafos seguimos também a edição francesa, permitindo-nos, contudo, proceder, aqui e além, a algumas modificações.

Em algumas secções, largas passagens consistem em relações de factos, transcrições de documentos (relatórios, etc.), discussões de teorias, etc., que hoje têm, em geral, apenas interesse histórico. Para não sobrecarregar a edição, essas partes vão incluídas em tipo menor que o restante texto.

Finalmente, uma explicação do sistema de notas . As notas originais vão em rodapé, numeradas por capítulo; algumas são de Engels, acrescentadas na 4ª edição alemã, e vão acompanhadas da respectiva indicação. As referências bibliográficas, hoje em geral apenas de interesse histórico, foram abreviadas. Quanto às notas dos tradutores, elas são de dois tipos. Algumas, poucas, contêm a tradução de palavras ou expressões noutras línguas; são assinaladas por asteriscos, entre parenteses e em expoente (*).As outras notas, em maior número, estão colocadas no final do volume, e são assinaladas no texto por números contínuos, entre parêntesis rectos (v. g. [26]); estas notas são de três espécies: a maior parte delas contém indicações sobre diferente versão ou sistematização da edição alemã; outras, poucas, contêm remissões para outros locais de O Capital ou para outras obras de Marx, ou chamam a atenção para temas considerados de particular importância; finalmente, há as notas que pretendem clarificar o sentido de certas referências de Marx (históricas ou de outra natureza), que não seriam provavelmente compreendidas pelo leitor médio, tal como o figurámos, de O Capital.

Coimbra, Setembro, 1973

J. Teixeira Martins

Vital Moreira