Todos os que têm de realizar trabalhos práticos devem proceder a investigações na base. Tais investigações tornam-se especialmente necessárias para aqueles que possuem um saber teórico, mas não conhecem a situação real; a não ser assim, eles serão incapazes de ligar a teoria com a prática. "Sem investigação não há direito à palavra". Embora essa minha afirmação tenha sido ridicularizada como "empirismo estreito", ainda hoje eu não me arrependo de havê-la produzido e, muito pelo contrário, continuo a insistir que, sem investigação, não pode haver direito à palavra. Há muita gente que "ainda mal acabou de apear-se da carroça" e já está a esganiçar-se toda, a comentar, a dar opiniões, a criticar isto e a censurar aquilo. A realidade é que, em cada dez desses indivíduos, dez sofrem uma derrota. E isso acontece porque tanto os seus discursos como as suas críticas não são fundados em investigações minuciosas, não representam mais do que tagarelice. São incontáveis os prejuízos causados ao nosso Partido por esses "enviados imperiais". Por quase todo o lado encontramos tais "enviados imperiais"; eles estão quase em toda a parte. Com toda a razão Estáline afirmava que "a teoria deixa de ter sentido se não está ligada à prática revolucionária". Com razão ele ainda acrescentava que "a prática fica cega se o seu caminho não é alumiado pela teoria revolucionária". A não ser esses práticos cegos, destituídos de perspetivas e de capacidade para prever, ninguém mais pode ser acusado de "empirismo estreito".
Prefácio e epílogo a "Investigação no campo" (março e Abril de 1941), Obras Escolhidas, Tomo III.
Uma tal atitude consiste em buscar a verdade nos factos. Por "factos" entendemos as coisas e os fenómenos tal qual existem objetivamente; por "verdade" entendemos o laço interno dessas coisas e fenómenos objetivos, quer dizer, as leis que os regem; por "buscar" entendemos estudar. Nós devemos partir da situação real no interior e exterior do país, província, distrito ou sub-distrito, e extrair dela, como guia para a nossa ação, as leis que são próprias a essa situação, e não leis criadas pela nossa imaginação, quer dizer, devemos descobrir o laço interno dos acontecimentos que se desenrolam à nossa volta. Para isso, devemos basear-nos nos factos tal qual existem, objetivamente, e não na nossa imaginação subjetiva, no entusiasmo dum momento ou nos conhecimentos livrescos; há que recolher minuciosamente os materiais e, guiado pelos princípios gerais do marxismo-leninismo, extrair conclusões justas desse material.
Reformemos o nosso estudo (Maio de 1941), Obras Escolhidas, Tomo III.
Muitos dos camaradas do nosso Partido têm ainda um estilo de trabalho extremamente mau, um estilo diametralmente oposto ao espírito básico do marxismo-leninismo; eles comportam-se como um homem que "tenta apanhar um pardal, de olhos fechados" ou como um "cego que tenta agarrar um peixe"; eles não trabalham cuidadosamente, entregam-se a um palavreado pretensioso e contentam-se com conhecimentos fragmentários e mal assimilados. Marx, Engels, Lénine e Estáline ensinam-nos que é preciso, estudar conscienciosamente as situações, partir da realidade objetiva e não dos desejos subjetivos. No entanto, muitos dos nossos camaradas atuam violando diretamente essa verdade.
Ibidem
Não podem resolver um problema? Pois bem! Ide informar-vos sobre o seu estado atual e sobre a sua história! Assim que essa investigação tiver possibilitado a elucidação de tudo, vocês saberão como resolvê-lo. As conclusões extraem-se no fim da investigação e não no seu começo. Apenas os tolos se lançam sós ou em grupo, na tortura mental de "encontrar uma solução", "descobrir uma ideia", sem proceder a investigações. Agir assim, note-se bem, não poderá de maneira alguma levar a soluções eficazes nem a ideias proveitosas.
Contra o culto do livro (Maio de 1930)
A investigação é comparável aos longos meses de gestação, enquanto que a solução do problema compara-se ao dia do nascimento. Investigar sobre um problema é resolvê-lo.
Ibidem.
Aplicando a teoria e o método marxista-leninista, nós devemos proceder a investigações e a estudos sistemáticos e minuciosos a respeito da realidade que nos rodeia. No nosso trabalho não devemos fiar-nos apenas no entusiasmo, mas sim, como dizia Estáline, agir combinando o entusiasmo revolucionário com o senso prático.
Reformemos o nosso estudo (Maio de 1941), Obras Escolhidas, Tomo III.
O único modo de conhecer uma situação é investigar a respeito da sociedade, a respeito da realidade viva das diferentes classes sociais. Os que têm o encargo do trabalho de direção devem, segundo um plano definido, dedicar-se a certas cidades e aldeias, a fim de realizarem múltiplas investigações minuciosas, aplicando o ponto de vista fundamental do marxismo, quer dizer, a análise de classes; eis o método fundamental para conhecer uma situação.
Prefácio e epílogo a "Investigação no campo" (março e Abril de 1941), Obras Escolhidas, Tomo III.
Uma reunião de investigação não precisa de ser muito numerosa: bastam três a cinco pessoas, digamos sete ou oito. Para cada reunião importa tomar todo o tempo que seja necessário, importa ter um esquema de investigação, fazer pessoalmente as perguntas, anotar as respostas e discutir com os demais participantes. Assim, a investigação só será impossível ou não dará bons resultados se não se tiver um entusiasmo ardente, uma determinação de dirigir-se para a base, uma sede de conhecer, senão se tiver a coragem para abater o próprio orgulho de maneira a ser-se um aluno modesto.
Ibidem
A correta disposição das tropas decorre da correta decisão do comando, a qual é um resultado da justa apreciação da situação, apreciação fundada num reconhecimento minucioso e indispensável, cujas informações passaram pelo crivo duma reflexão sistemática. O comando utiliza todos os meios de reconhecimento possíveis e necessários. Ele pesa as informações recolhidas sobre o inimigo, rejeita a casca e conserva o grão, afasta o que é falso e guarda o verdadeiro, vai duma coisa a outra, do externo ao interno; depois, tendo em conta as suas próprias condições, procede a um estudo comparativo da situação das duas partes e das suas relações mútuas. É assim que ele forma o seu juízo, toma a sua decisão e estabelece o seu plano. Tal é o processo completo de conhecimento duma situação por que deve passar um chefe militar antes de elaborar os seus planos estratégicos, os seus planos de campanha ou combate.
Problemas estratégicos da guerra revolucionária na China (Dezembro de 1936), Obras Escolhidas, Tomo I.