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Primeira Edição: a 16 (3) de Maio de 1917 como anexo ao n°13 do Soldátskaia Pravda.
Fonte: Obras Escolhidas em Três Tomos, 1978, t2, pp 100-102, Edições Avante! - Lisboa, Edições Progresso - Moscovo.
Tradução: Edições "Avante!" com base nas Obras Completas de V. I. Lénine, 5.ª ed. em russo, t. 31, pp. 454-457.
Transcrição: Partido Comunista Português
HTML: Fernando A. S. Araújo, março 2009.
Direitos de Reprodução: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Edições
"Avante!" - Edições Progresso Lisboa - Moscovo, 1977.
Camaradas operários!
A conferência de toda a Rússia do Partido Operário Social-Democrata da Rússia, unido pelo Comité Central e denominado na linguagem popular partido bolchevique, terminou.
A conferência adoptou decisões muito importantes sobre todas as questões fundamentais da revolução, e reproduzimos mais adiante o texto completo destas decisões.
A revolução atravessa uma crise. Isto viu-se nas ruas de Petrogrado e de Moscovo de 19 a 21 de Abril. Isto foi reconhecido pelo Governo Provisório. Isto foi reconhecido pelo Comité Executivo do Soviete de deputados operários e soldados de Petrogrado. Isto é confirmado uma vez mais, neste momento, quando escrevemos estas linhas, pela demissão de Gutchkov.
A crise do poder, a crise da revolução, não é casual. O Governo Provisório é um governo de latifundiários e capitalistas, ligados ao capital russo e anglo-francês e obrigados a continuar a guerra imperialista. Mas os soldados estão extenuados pela guerra, compreendem cada vez mais claramente que a guerra é feita no interesse dos capitalistas, não querem a guerra. E ao mesmo tempo paira sobre a Rússia, do mesmo modo que sobre outros países, o terrível espectro de uma horrível bancarrota, da falta de pão e da completa ruína económica.
O Soviete de deputados operários e soldados de Petrogrado meteu-se também num atoleiro ao concluir um acordo com o Governo Provisório e ao apoiá-lo, ao apoiar o empréstimo e, por conseguinte, também a guerra. O Soviete é responsável pelo Governo Provisório, e, ao ver a situação sem saída, enredou-se também com este seu acordo com o governo dos capitalistas.
Neste grande momento histórico em que está em jogo todo o futuro da revolução, em que os capitalistas correm entre o desespero e a ideia de metralhar os operários, o nosso partido apresenta-se perante o povo e, nas resoluções da sua conferência, diz-lhe:
É preciso compreender quais são as classes que impulsionam a revolução. É preciso ter em conta com lucidez as suas diferentes aspirações. O capitalista não pode seguir o mesmo caminho que o operário. Os pequenos proprietários não podem confiar plenamente nos capitalistas, nem decidirem-se imediatamente e todos a uma estreita aliança fraternal com os operários. Só compreendendo a diferença destas classes se poderá encontrar um caminho justo para a revolução.
E as resoluções da nossa conferência sobre todas as questões fundamentais da vida popular estabelecem uma diferença precisa entre os interesses das diferentes classes, mostram a total impossibilidade de sair do atoleiro com uma política de confiança no governo dos capitalistas ou com o apoio a ele.
A situação é inauditamente difícil. A saída é uma e só uma: a passagem de todo o poder de Estado para as mãos dos Sovietes de deputados operários, soldados, camponeses e outros em toda a Rússia, de baixo até acima. Só com a condição da passagem do poder para a classe operária e de esta ser apoiada pela maioria dos camponeses poderá esperar-se o rápido restabelecimento da confiança dos operários de outros países, uma poderosa revolução europeia que quebre o jugo do capital e destrua as férreas tenazes da criminosa matança dos povos. Só com a condição da passagem do poder para a classe operária e de esta ser apoiada pela maioria dos camponeses poderá alimentar-se a firme esperança de que todas as massas trabalhadoras depositarão a mais plena confiança nesse poder e se erguerão todas unanimemente, como um só homem, para o abnegado trabalho de reestruturação de toda a vida popular no interesse das massas trabalhadoras, e não no interesse dos capitalistas e latifundiários. Sem este trabalho abnegado, sem uma gigantesca tensão das forças de todos e de cada um, sem a firmeza e a decisão de reestruturar a vida de maneira nova, sem a organização mais rígida e a disciplina de camaradas de todos os operários e de todos os camponeses pobres, sem isto não há saída.
A guerra levou a humanidade inteira à beira da ruína. Os capitalistas lançaram-se na guerra e não têm forças para sair dela. Todo o mundo se encontra diante da catástrofe.
Camaradas operários! Aproxima-se o tempo em que os acontecimentos exigirão de vós um heroísmo novo e maior ainda — além disso um heroísmo de milhões e dezenas de milhões de pessoas — do que nos dias gloriosos da revolução de Fevereiro e de Marco. Preparai-vos.
Preparai-vos e lembrai-vos que se juntamente com os capitalistas pudestes vencer em alguns dias com uma simples explosão de ira popular, para a vitória contra os capitalistas e sobre eles não é preciso apenas isso. Para tal vitória, para que os operários e os camponeses pobres tomem o poder, para que o conservem, para que o utilizem acertadamente, é preciso organização, organização e organização.
O nosso partido ajuda-vos quanto pode, e, em primeiro lugar, esclarecendo as consciências relativamente à diferente situação das diferentes classes e à sua diferente força. A isso são consagradas as decisões da nossa conferência. Sem esta consciência clara a organização nada significa. Sem organização é impossível a acção de milhões, e impossível qualquer êxito.
Não acrediteis em palavras. Não vos deixeis arrastar por promessas. Não sobrestimeis as vossas forças. Organizai-vos em cada fábrica, em cada regimento e em cada companhia, em cada bairro. Trabalhai pela organização em cada dia e em cada hora, trabalhai vós mesmos, pois este trabalho não pode ser confiado a ninguém. Procurai conseguir com o vosso trabalho que a completa confiança das massas nos operários de vanguarda se vá formando gradual, firme e indestrutivelmente. Eis o conteúdo fundamental de todas as resoluções da nossa conferência. Eis a lição principal de todo o curso da revolução. Eis a única garantia do êxito.
Camaradas operários! Exortamo-vos a realizar um trabalho difícil, sério e infatigável, que una o proletariado consciente, revolucionário, de todos os países. Este caminho, e só este, conduz à saída, à salvação da humanidade dos horrores da guerra, do jugo do capital.
Fonte |
Inclusão | 26/04/2009 |