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Primeira publicação: Rabochy nº. 1, 22 de abril de 1914. Publicado de acordo com o texto no Rabochy.
Fonte: LavraPalavra - https://lavrapalavra.com/2021/07/27/notas-de-lenin-sobre-a-imprensa-operaria
Tradução: Carmen Delgado.
HTML: Lucas C. Friederich.
A história da imprensa dos trabalhadores na Rússia está indissociavelmente ligada à história do movimento democrático e socialista. Consequentemente, apenas conhecendo as fases principais do movimento por emancipação é que é possível compreender porque a preparação e ascensão da imprensa operária prosseguiu de uma determinada maneira e não de nenhuma outra.
O movimento de emancipação na Rússia passou por três fases principais, correspondendo às três principais classes da sociedade russa, as quais deixaram sua marca no movimento: (1) o período da nobreza, aproximadamente de 1825 a 1861; (2) o período raznochintsi ou período democrático-burguês, aproximadamente entre 1861 e 1895 e (3) o período proletário, de 1895 até o presente.
As figuras de maior destaque do período da nobreza foram os Dezembristas(1) e Herzen. À época, sob o sistema de propriedade de servos, não havia como diferenciar uma classe trabalhadora da massa geral de servos, as “classes inferiores” privadas de direitos, o “populacho”. Naqueles dias, a imprensa democrática ilegal em geral, chefiada pelo Kolokol de Herzen(2), foi a precursora da imprensa dos trabalhadores (proletário-democrata ou social-democrata).
Assim como os dezembristas despertaram Herzen, Herzen e seu Kolokol ajudaram a despertar os raznochintsi – os representantes educados da burguesia liberal e democrática que pertenciam não à nobreza, mas aos funcionários públicos, pequeno-burgueses urbanos, classes mercantis e camponesas. Foi V.G. Belinsky que, mesmo antes da abolição da servidão, foi precursor dos raznochinstsi que deveriam expulsar completamente a nobreza de nosso movimento de emancipação. A famosa Carta a Gogol(3), que resumiu as atividades literárias de Belinsky, foi uma das melhores produções da imprensa democrática ilegal, que até hoje nada perdeu de seu grande e vital significado.
Com a queda do sistema de posse de servos, o raznochintsi emergiu como o ator principal entre as massas no movimento pela emancipação em geral, e na imprensa democrática ilegal em particular. O Narodnismo(4), que correspondia ao ponto de vista razonochintsi, se tornou a tendência dominante. Como uma tendência social, nunca teve sucesso em dissociar-se do liberalismo na direita e do anarquismo na esquerda. Mas Chernyshevsky, que, depois de Herzen, desenvolveu os pontos de vista narodnik, deu um grande passo à frente em comparação com Herzen. Chernyshevsky foi um democrata muito mais consistente e militante, seus escritos cheios do espírito da luta de classes. Ele buscou resolutamente a linha de expor a traição do liberalismo, uma linha que até hoje é odiosa para os Kadets e liquidacionistas. Ele foi um crítico profundamente profundo do capitalismo, apesar de seu socialismo utópico.
Os anos 60 e 70 viram um grande número de publicações ilegais, de conteúdo militante-democrático e utópico-socialista, que haviam começado a circular entre as “massas”. Os trabalhadores Pyotr Alexeyev, Stephan Khalturin, dentre outros, foram personalidades muito proeminentes da época. A corrente proletário-democrática, entretanto, era incapaz de se libertar da corrente principal do narodnismo; isso se tornou possível apenas depois que o marxismo russo tomou forma ideológica (o grupo Emancipação do Trabalho, 1883) e que um movimento operário estável, ligado à social-democracia, começou (as greves de São Petersburgo de 1895-96)
Mas antes de passar a este período, do qual realmente data o surgimento da imprensa operária na Rússia, citaremos números que ilustram de forma impressionante as diferenças de classe entre os movimentos dos três períodos referidos. Esses números mostram a classificação das pessoas acusadas de crimes (políticos) de Estado, de acordo com o estado social ou a vocação (classe).(5) Para cada 100 dessas pessoas, havia:
Nobres | Pequena burguesia urbana e camponeses | Camponeses | Trabalhadores | Intelectuais | |
em 1827-46… | 76 | 23 | ? | ? | ? |
“ 1884-90… | 30,6 | 46,6 | 7,1 | 15,1 | 73,2 |
“ 1901-03… | 10,7 | 80,9 | 9,0 | 46,1 | 36,7 |
“ 1905-08… | 9,1 | 87,7 | 24,2 | 47,4 | 28,4 |
No período da nobreza ou feudal (1827-46), os nobres, que eram uma minoria insignificante da população, representaram a grande maioria dos “presos políticos” (76%). No período Narodnik ou raznochintsi (1884-90; infelizmente, os números dos anos sessenta e setenta não estão disponíveis), os nobres caíram para o segundo lugar, mas ainda assim forneceram uma porcentagem bastante elevada (30,6%). Os intelectuais representavam a esmagadora maioria (73,2%) dos participantes do movimento democrático
No período de 1901-03, que calha de ser o período do primeiro jornal marxista, o antigo Iskra, trabalhadores (46,1%) predominaram sobre os intelectuais (36,7%) e o movimento se democratizou totalmente (10,7% de nobres e 80,9% de pessoas “não privilegiadas”).
Seguindo adiante, vemos que no período do primeiro movimento de massa (1905-1908) a única mudança foi que os intelectuais (28,4% contra 36,7%) foram substituídos pelos camponeses (24,2% contra 9,0%).
A social-democracia na Rússia foi fundada pelo grupo Emancipação do Trabalho, o qual foi formado no exterior em 1883. Os escritos desse grupo, que foram impressos no exterior e sem censura, foram os primeiros a expor e tirar sistematicamente todas as conclusões práticas das ideias do marxismo, o qual, como a experiência de todo o mundo mostrou, é o único que expressa a verdadeira essência do movimento operário e seus objetivos. Durante os doze anos entre 1883 e 1895, praticamente a única tentativa de estabelecer uma imprensa operária social-democrata na Rússia foi a publicação em São Petersburgo em 1885 do jornal social-democrata Robochy; era claro que era ilegal, mas apenas duas edições apareceram. Devido à ausência de um movimento de massa da classe trabalhadora, não havia espaço para o amplo desenvolvimento de uma imprensa operária.
O início de um movimento de massa da classe trabalhadora, com a participação de social-democratas, data de 1895 a 1896, época das famosas greves de São Petersburgo. Foi então que uma imprensa operária, no verdadeiro sentido do termo, surgiu na Rússia. As principais publicações naquela época eram folhetos ilegais, a maioria deles hectografados e dedicados à agitação “econômica” (assim como não econômica), isto é, às necessidades e demandas dos trabalhadores em diferentes fábricas e indústrias. Obviamente, esta literatura não poderia ter existido sem a participação mais ativa dos trabalhadores avançados na tarefa de compilá-la e divulgá-la. Entre os trabalhadores de São Petersburgo ativos na época, deve-se mencionar Vasily Andreyevich Shelgunov, que mais tarde ficou cego e foi incapaz de continuar com seu antigo vigor, e Ivan Vasilyevich Babushkin, um ardente iskrista (1900-03) e bolchevique (1903-05), que foi baleado por participar de uma revolta na Sibéria no final de 1905 ou no início de 1906.
Folhetos eram publicados por grupos, círculos e organizações social-democratas, muitos dos quais, a partir do final de 1895, ficaram conhecidos como “Ligas de luta pela emancipação da classe trabalhadora”. O “Partido Operário Social-democrata Russo” foi fundado em 1898 em um congresso de representantes de organizações sociais-democratas locais.(6)
Depois dos panfletos, começaram a aparecer jornais ilegais da classe trabalhadora; por exemplo, em 1897, em São Petersburgo, o St. Petersburg Rabochy Listok(7) apareceu em São Petersburgo, seguida por Rabochaya Mysl, que logo depois foi transferido para o exterior. Desde então, quase até a revolução, os jornais social-democratas locais foram publicados ilegalmente; verdade, eles eram regularmente suprimidos, mas reapareciam repetidas vezes em toda a Rússia.
Ao todo, os panfletos dos trabalhadores e os jornais social-democratas da época – ou seja, há vinte anos – foram os precursores diretos da atual imprensa da classe trabalhadora: as mesmas “denúncias” da fábrica, as mesmas reportagens sobre a “luta econômica”, o mesmo tratamento das tarefas do movimento operário do ponto de vista dos princípios marxistas e da democracia consistente e, finalmente, as mesmas duas tendências principais – a marxista e a oportunista – na imprensa operária.
É um fato notável, que não foi devidamente apreciado até hoje, que assim que o movimento de massas da classe trabalhadora surgiu na Rússia (1895-1896), apareceu imediatamente a divisão em tendências marxistas e oportunistas – uma divisão que mudou em forma e características, etc., mas que permaneceu essencialmente a mesma de 1894 a 1914. Aparentemente, este tipo particular de divisão e luta interna entre os social-democratas tem profundas raízes sociais e de classe.
O Rabochaya Mysl, mencionado acima, representou a tendência oportunista da época, conhecida como economicismo. Essa tendência tornou-se aparente nas disputas entre os líderes locais do movimento da classe trabalhadora já em 1894-95. E no exterior, onde o despertar dos trabalhadores russos levou a uma eflorescência da literatura social-democrata já em 1896, o surgimento e a mobilização dos economicistas terminaram em cisão na primavera de 1900 (isto é, antes do surgimento do Iskra, cujo primeiro número saiu da impressão bem no final de 1900).
A história da imprensa da classe trabalhadora durante os vinte anos de 1894 a 1914 é a história das duas tendências do marxismo russo e da social-democracia russa (ou melhor, de toda a Rússia). Para compreender a história da imprensa operária na Rússia, é preciso saber, não só e não tanto os nomes dos vários órgãos da imprensa – nomes que nada comunicam ao leitor atual e simplesmente o confundem – como os conteúdos, a natureza e linha ideológica dos diferentes setores da social-democracia.
Os principais órgãos dos economicistas foram Rabochaya Mysl (1897–1900) e Rabocheye Dielo (1898–1901). Rabocheye Dielo foi editado por B. Krichevsky, que mais tarde passou para os sindicalistas; A. Martynov, um menchevique proeminente e agora um liquidacionista; e Akimov, agora um “social-democrata independente” que em todos os pontos essenciais concorda com os liquidacionistas.
No início, apenas Plekhanov e todo o grupo Emancipação do Trabalho (o jornal Rabotnik(8), etc.) lutaram contra os economicistas, e depois o Iskra entrou na luta (de 1900 a agosto de 1903, até a época do Segundo Congresso do POSDR). Qual, exatamente, era a essência do economicismo?
Em palavras, os economicistas eram todos a favor de um tipo de movimento da classe trabalhadora de massa e da ação independente por parte dos trabalhadores, enfatizando a importância primordial da agitação “econômica” e pedindo moderação ou progressão gradual na passagem para a agitação política. Como o leitor vê, essas são exatamente as mesmas palavras-chave que os liquidacionistas alardeiam hoje. Na prática, entretanto, os economicistas perseguiram uma política liberal para os trabalhadores, cuja essência foi expressa de forma concisa por S. N. Prokopovich, um dos líderes do economicismo na época, nas palavras: “a luta econômica é para os trabalhadores, a luta política é para os liberais”. Os economicistas, que fizerma muito barulho sobre a atividade independente dos trabalhadores e o movimento de massa, eram, na prática, uma ala intelectual oportunista e pequeno-burguesa do movimento da classe trabalhadora.
A esmagadora maioria dos trabalhadores com consciência de classe, que em 1901-1903 representavam 46 em cada 100 pessoas acusadas de crimes de Estado, contra 37 da intelectualidade, alinharam-se ao antigo Iskra, contra os oportunistas. Os três anos de atividade do Iskra (1901-1903) viram a elaboração do Programa do Partido Social-Democrata, suas principais táticas e as formas em que a luta econômica e política dos trabalhadores poderia ser combinada com base em um marxismo consistente. Durante os anos pré-revolucionários, o crescimento da imprensa operária em torno do Iskra e sob sua direção ideológica assumiu proporções enormes. O número de folhetos ilegais e oficinas de impressão não licenciadas era excessivamente grande e aumentou rapidamente em toda a Rússia.
A vitória completa do Iskra sobre o economicismo, a vitória das táticas proletárias consistentes sobre as táticas intelectualistas-oportunistas em 1903, estimulou ainda mais o influxo de “companheiros de viagem” nas fileiras da Social-Democracia; e o oportunismo reviveu no solo do iskrismo, como parte dele, na forma de “menchevismo”.
O menchevismo tomou forma no Segundo Congresso do POSDR (agosto de 1903), proveniente da minoria dos iskristas (daí o nome de menchevismo)(9) e de todos os oponentes oportunistas do Iskra. Os mencheviques voltaram ao economicismo de uma forma ligeiramente renovada, é claro; chefiados por A. Martynov, todos os economicistas que permaneceram no movimento migraram para as fileiras dos mencheviques.
O novo Iskra, que a partir de novembro de 1903 apareceu sob um novo conselho editorial, tornou-se o órgão principal do menchevismo. “Entre o antigo Iskra e o novo existe um abismo”, declarou francamente Trotski, então ardente menchevique. Vperyod e Proletary(10) (1905) foram os principais jornais bolcheviques, que defenderam as táticas do marxismo consistente e permaneceram fiéis ao antigo Iskra.
Do ponto de vista do contato real com as massas e como expressão da tática das massas proletárias, 1905–07, os anos da revolução, foram um teste para as duas principais tendências da social-democracia e da imprensa da classe trabalhadora – as tendências Menchevique e Bolchevique. Uma imprensa social-democrata legal não poderia ter aparecido de uma só vez no outono de 1905 se o caminho não tivesse sido pavimentado pelas atividades dos trabalhadores avançados, que estavam intimamente ligados às massas. O fato de a imprensa legal social-democrata de 1905, 1906 e 1907 ser uma imprensa de duas tendências, de dois grupos, só pode ser explicado pelas diferentes linhas do movimento operário da época – a pequeno-burguesa e a proletária.
A imprensa legal dos trabalhadores apareceu em todos os três períodos de ascensão e de relativa “liberdade”, a saber, no outono de 1905 (Novaya Zhizn dos bolcheviques(11) e Nachalo dos mencheviques(12) – mencionamos apenas a principal dentre muitas publicações); na primavera de 1906 (Volna, Ekho,(13) etc., emitida pelos bolcheviques, Narodnaya Duma(14) e outros, emitida pelos mencheviques); e na primavera de 1907.
A essência das táticas mencheviques da época foi recentemente expressa por L. Martov nestas palavras: “Os mencheviques não viam outra maneira pela qual o proletariado pudesse ter uma parte útil nessa crise, exceto ajudando os democratas liberais burgueses em suas tentativas de expulsar do poder político o setor reacionário das classes proprietárias – mas, ao mesmo tempo que prestava essa assistência, o proletariado deveria manter sua independência política completa.” (Entre Livros, por Rubakin, Vol. II, p. 772.) Na prática, essas táticas de “ajudar” os liberais equivaliam a tornar os trabalhadores dependentes deles; na prática, eram táticas liberais para os trabalhadores. A tática dos bolcheviques, ao contrário, garantiu a independência do proletariado na crise burguesa, lutando para levar essa crise ao auge, denunciando a traição do liberalismo, iluminando e reagrupando a pequena burguesia (especialmente no campo) para neutralizar essa traição.
É um fato – e os próprios mencheviques, incluindo os liquidacionistas atuais, Koltsov, Levitsky e outros, o admitiram repetidamente – que naqueles anos (1905–07) as massas dos trabalhadores seguiram o exemplo dos bolcheviques. O bolchevismo expressava a essência proletária do movimento, o menchevismo era sua ala intelectual oportunista e pequeno-burguesa.
Não podemos dar aqui uma caracterização mais detalhada do conteúdo e da importância das táticas das duas tendências na imprensa dos trabalhadores. Não podemos fazer mais do que estabelecer com precisão os fatos principais e definir as linhas principais do desenvolvimento histórico.
A imprensa da classe trabalhadora na Rússia tem quase um século de história por trás dela; primeiro, a pré-história, isto é, a história, não dos trabalhadores, não do proletário, mas do movimento “democrático geral”, isto é, o movimento democrático-burguês pela emancipação, seguido por sua própria história de vinte anos do movimento proletário, democracia proletária ou social-democracia.
Em nenhum lugar do mundo surgiu o movimento proletário, nem poderia ter surgido, “de uma só vez”, em uma forma de classe pura, pronta, como Minerva da cabeça de Júpiter. Somente através de uma longa luta e trabalho árduo por parte dos trabalhadores mais avançados, de todos os trabalhadores com consciência de classe, foi possível construir e fortalecer o movimento de classe do proletariado, livrando-o de todas os aditivos, restrições, estreitezas e distorções pequeno-burguesas. A classe trabalhadora vive lado a lado com a pequena burguesia, que, à medida em que se arruína, fornece um número crescente de novos recrutas às fileiras do proletariado. E a Rússia é o país mais pequeno-burguês, o mais filisteu dos países capitalistas, que só agora está passando pelo período das revoluções burguesas pelas quais a Grã-Bretanha, por exemplo, passou no século XVII, e a França no século XVIII e início do XIX.
Os trabalhadores com consciência de classe, que agora se ocupam de um trabalho que lhes é caro e próximo, o de dirigir a imprensa operária, colocá-la em bases sólidas, fortalecê-la e desenvolvê-la, não esquecerão os vinte anos de história do marxismo e da imprensa social-democrata na Rússia.
Um desserviço está sendo prestado ao movimento dos trabalhadores por aqueles seus amigos nervosos entre a intelectualidade que lutam com medo da luta interna entre os social-democratas e que enchem o ar de gritos e apelos para nada terem a ver com isso. São pessoas bem-intencionadas, mas fúteis, e seus clamores são fúteis.
Somente estudando a história da luta do marxismo contra o oportunismo, somente fazendo um estudo completo e detalhado da maneira como a democracia proletária independente emergiu da miscelânea pequeno-burguesa, os trabalhadores avançados podem fortalecer decisivamente sua própria consciência de classe e sua imprensa operária.
Notas de rodapé:
(1) Dezembristas – revolucionários russos da nobreza que lutaram contra a servidão e a autocracia. Eles levantaram uma revolta armada em 14 de dezembro de 1825. (retornar ao texto)
(2) Kolokol (O Sino) – um jornal político publicado sob o lema Vivos voco! (Eu invoco os vivos!) Por A. I. Herzen e N. P. Ogaryov de 1º de julho de 1857 a abril de 1865 em Londres, e de maio de 1865 a julho de 1867 em Genebra. Publicado mensalmente e, por algum tempo, quinzenalmente, publicou 245 edições. Em 1868, a revista foi publicada em francês (15 edições ao todo) com um suplemento ocasional em russo. O Kolokol, que foi publicado em 2.500 cópias e circulou por toda a Rússia, expôs a tirania da autocracia, a extorsão e o peculato praticado pelos funcionários do governo e a exploração implacável dos camponeses pelos proprietários de terras. O Kolokol dirigiu apelos revolucionários às massas, incitando-as à luta contra o governo czarista e as classes dominantes.
O órgão dirigente da imprensa revolucionária sem censura e precursor da imprensa da classe operária na Rússia, Kolokol, desempenhou um papel importante no desenvolvimento do movimento democrático e revolucionário geral, na luta contra a autocracia e a servidão. (retornar ao texto)
(3) A Carta de Belinsky a Gogol foi escrita em julho de 1847 e publicada pela primeira vez em 1855 no Polyarnaya Zvezda (A Estrela Polar) de Herzen. (retornar ao texto)
(4) Narodnismo – uma tendência pequeno-burguesa no movimento revolucionário russo, que surgiu entre os anos sessenta e setenta do século XIX. Os narodniks queriam abolir a autocracia e entregar as propriedades rurais ao campesinato. Ao mesmo tempo, eles negaram a tendência para o desenvolvimento das relações capitalistas na Rússia e, consequentemente, consideraram o campesinato, não o proletariado, a principal força revolucionária. Consideravam a comuna da aldeia o embrião do socialismo. No esforço de despertar os camponeses para a luta contra a autocracia, os narodniks foram para as aldeias, “entre o povo”, mas aí não encontraram apoio.
Nos anos oitenta e noventa, os narodniks adotaram uma política de conciliação com o czarismo. Eles expressaram os interesses dos kulaks e travaram uma luta feroz contra o marxismo. (retornar ao texto)
(5) Ver presente edição, Vol. 19, pp. 328-31. – Ed. (retornar ao texto)
(6) A referência é ao Primeiro Congresso do P.O.S.D.R. realizado em Minsk de 1 a 3 de março (13 a 15) de 1898. O Congresso contou com a presença de nove delegados de seis organizações: ads Ligas de Luta pela Emancipação da Classe Trabalhadora de São Petersburgo, Moscou, Ekaterinoslav e Kiev, do grupo Kiev Rabochaya Gazeta e do Bund. O Congresso elegeu um Comitê Central do Partido, confirmou a Rabochaya Gazeta como órgão oficial do Partido, publicou um Manifesto e proclamou a União dos Sociais-Democratas Russos no Exterior como representante estrangeiro do Partido.
O Primeiro Congresso do P.O.S.D.R. foi significativo na medida em que adotou decisões e um Manifesto proclamando o estabelecimento do Partido Operário Social-Democrata da Rússia, desempenhando assim um papel importante na questão da propaganda revolucionária. O Congresso, porém, não adotou um programa ou projeto de regras do Partido. O Comitê Central eleito no Congresso foi logo preso e a gráfica da Rabochaya Gazeta apreendida, impossibilitando o Congresso de se unir e estabelecer contatos entre os vários círculos e organizações marxistas. Não havia uma liderança central única e nenhuma linha única no trabalho das organizações locais. (retornar ao texto)
(7) St. Petersburg Rabochy Listok (Boletim dos Trabalhadores de São Petersburgo) – órgão da Liga de Luta pela Emancipação da Classe Trabalhadora de São Petersburgo. Duas edições surgiram – No. 1 em fevereiro (datado de janeiro) 1897 mimeografado na Rússia em 300-400 cópias, e No. 2 em setembro de 1897, em Genebra na forma impressa.
O jornal destacou a tarefa de combinar a luta econômica da classe trabalhadora com amplas demandas políticas e destacou a necessidade de se criar um partido operário. (retornar ao texto)
(8) Rabotnik (O Trabalhador) – um simpósio não periódico publicado no exterior em 1896-99 pela União dos Social-Democratas Russos sob a direção do grupo Emancipação do Trabalho. O simpósio foi lançado por iniciativa de Lenin que, durante sua viagem ao exterior em 1895, fez acordos com Plekhanov e Axelrod para que o simpósio fosse editado e publicado pelo grupo Emancipação do Trabalho. Em seu retorno à Rússia, Lenin fez muito para organizar o apoio a esta publicação e enviar artigos e correspondência da Rússia. Antes de sua prisão em dezembro de 1895, Lênin preparou e encaminhou ao Rabotnik um artigo obituário “Frederick Engels” e vários itens de correspondência, alguns dos quais (os de AA Vaneyev, MA Silvin e SP Shesternin) foram publicados no nº 1–2 e No. 5-6 do simpósio.
Ao todo, seis edições do Rabotnik foram publicadas em três livros, e 10 edições do Listok Rabotnika. (retornar ao texto)
(9) A palavra russa menshevik é derivada de menshinstvo, que significa “minoria” – ed. (retornar ao texto)
(10) Vperyod (Avante) – um semanário bolchevique ilegal publicado em Genebra de 22 de dezembro de 1904 (4 de janeiro de 1905) a 5 (18) de maio de 1905. Dezoito edições foram publicadas. Seu organizador, gerente e espírito-guia foi Lênin. Outros membros do conselho editorial foram V. V. Vorovsky, A. V. Lunacharsky e M. S. Olminsky. Toda a correspondência, incluindo a dos comitês locais na Rússia, foi tratada por N. K. Krupskaya. Lenin definiu o conteúdo do jornal nas seguintes palavras: “A linha do Vperyod é a linha do antigo Iskra”. Em nome do antigo Iskra, o Vperyod combate resolutamente o novo Iskra.” (Veja a presente edição, Vol. 8, p. 130.) Além de artigos importantes, Lênin escreveu vários parágrafos para o Vperyod e reescreveu itens de correspondência. Alguns artigos foram escritos por Lenin em cooperação com outros membros do conselho editorial (Vorovsky, Olminsky e outros). Mais de sessenta artigos e itens menores de Lenin foram publicados no Vperyod. Algumas edições do jornal, e. g., No. 4 e 5, que tratam dos eventos de 9 (22) de janeiro de 1905, e do início da revolução na Rússia, foram escritos quase inteiramente por Lenin. Seus artigos no Vperyod eram frequentemente reimpressos na imprensa bolchevique local e publicados na forma de folhetos e panfletos.
O destacado papel que o jornal desempenhou no combate ao menchevismo, reafirmando o princípio do Partido, formulando e elucidando as questões colocadas pela revolução ascendente e lutando pela convocação de um congresso, foi reconhecido em resolução especial do Terceiro Congresso, que registrou um voto de agradecimento ao conselho editorial. Por decisão do Terceiro Congresso, o jornal Vperyod foi substituído pelo Proletário.
Proletário — um semanário bolchevique ilegal, órgão Central do P. O. S. D. R., fundado de acordo com uma resolução do Terceiro Congresso do Partido. Por decisão da reunião plenária do Comitê Central do Partido de 27 de abril (10 de maio) de 1905, Lenin foi nomeado redator-chefe. O Proletário foi publicado em Genebra de 14 (27) de maio a 12 (25) de novembro de 1905. Vinte e seis edições foram publicadas.
O Proletário continuou na linha do antigo Iskra leninista, e preservou a continuidade completa com o jornal bolchevique Vperyod.
Lenin escreveu cerca de noventa artigos e parágrafos para o jornal. Seus artigos determinaram o caráter político do jornal, sua mensagem ideológica e tendência bolchevique. Lenin carregou uma pesada carga de trabalho no jornal como gerente e editor, recebendo assistência regular dos outros membros do conselho editorial – Vorovsky, Lunacharsky e Olminsky.
O Proletário reagiu imediatamente a todos os eventos importantes no movimento operário russo e internacional, e travou uma luta menos implacável contra os mencheviques e outros elementos revisionistas oportunistas. O jornal fez muito para divulgar as decisões do Terceiro Congresso do Partido e desempenhou um papel importante na mobilização dos bolcheviques de maneira organizacional e ideológica. O Proletário defendeu consistentemente o marxismo revolucionário e formulou todas as questões básicas envolvidas na revolução ascendente na Rússia. O jornal destacou os acontecimentos de 1905 e incitou as amplas massas trabalhadoras à luta pela vitória da revolução.
O Proletário deu muita atenção às organizações sociais-democratas locais. Alguns dos artigos de Lênin neste jornal foram reimpressos pelos jornais bolcheviques locais e distribuídos em forma de folheto. O Proletário suspendeu a publicação logo após a partida de Lênin para a Rússia, no início de novembro de 1905. As duas últimas edições (no. 25 e 26) foram editadas por Vorovsky, mas mesmo estas continham vários artigos de Lenin, que foram publicados após sua partida de Genebra. (retornar ao texto)
(11) Novaya Zhizn (Vida Nova) — o primeiro jornal bolchevique legal, publicado como um diário em São Petersburgo de 27 de outubro (9 de novembro) a 3 (16) de dezembro de 1905. Lênin assumiu a redação após seu retorno à Rússia no início de novembro. Novaya Zhizn era virtualmente o órgão central do P.O.S.D.R. Intimamente associados ao jornal estavam V. V. Vorovsky, M. S. Olminsky, A. V. Lunacharsky e outros. Maxim Gorky foi um colaborador ativo do jornal, ao qual deu uma ajuda financeira substancial.
O número 9 do jornal de 10 de novembro de 1905 trazia o primeiro artigo de Lenin, “A Reorganização do Partido”, que foi seguido por mais de dez artigos de sua pena. A circulação do jornal chegou a 80 mil, apesar das constantes perseguições. Quinze das vinte e sete edições do jornal foram confiscadas e destruídas. Foi proibido após a publicação do número 27 em 2 (15) de dezembro, sendo o no. 28 publicado ilegalmente. (retornar ao texto)
(12) Nachalo (O Começo) — um jornal menchevique legal publicado em São Petersburgo de 13 de novembro (26) a 2 (15) de dezembro de 1905. Dezesseis edições foram publicadas. Os editores do jornal foram D. M. Herzenstein e S. N. Saltykov, e entre os colaboradores estavam P. B. Axelrod, F. I. Dan, L. G. Deutsch, N. I. Yordansky, L. Martov e A. N. Potresov. (retornar ao texto)
(13) Volna (A Onda) — um diário bolchevique legal publicado em São Petersburgo de 26 de abril (9 de maio) a 24 de maio (6 de junho) de 1906. Vinte e cinco edições foram publicadas. Começando com o nº 9 de 5 (15) de maio de 1906 (após o encerramento do Quarto Congresso e a chegada de Lenin de Estocolmo), o jornal foi praticamente editado por Lenin. Cerca de vinte e cinco artigos dele foram publicados no jornal. Outros membros da equipe editorial foram V. V. Vorovsky e M. S. Olminsky. Volna foi submetida a frequentes repressões policiais e acabou sendo fechado pelo governo czarista. Seu lugar foi ocupado pelo jornal bolchevique legal Vperyod.
Ekho (O Eco) – um diário bolchevique legal publicado em São Petersburgo de 22 de junho (5 de julho) a 7 (20) de julho de 1906 no lugar do jornal suprimido Vperyod. Quatorze edições foram publicadas. Na verdade, o jornal foi editado por Lenin, cujos artigos apareceram em todas as edições. Lenin também dirigiu a seção “Livro e Revista”.
Quase todas as edições do jornal foram submetidas a repressões, doze das quatorze edições foram apreendidas pela polícia. (retornar ao texto)
(14) Narodnaya Duma (Duma do Povo) — um diário menchevique publicado em São Petersburgo em março-abril de 1907 no lugar do suprimido Russkaya Zhizn. Vinte e uma edições do jornal foram publicadas. (retornar ao texto)