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A comparação de nossa técnica soviética com a dos países capitalistas desenvolvidos mostra que estamos atrasados em relação à Europa e mais ainda em relação aos Estados Unidos. Se fosse possível trazer para nossa indústria socialista a técnica americana, todos os elementos necessários à organização do comunismo estariam conseguidos. Mas devemos, por nossos próprios meios, abrir o caminho para uma técnica tão elevada quanto a dos Estados Unidos.
Quais devem ser as linhas mestras de nosso desenvolvimento técnico? Elas são determinadas pelas tendências que constatamos, estudando a técnica capitalista.
O plano de eletrificação é a base da reconstrução e da transformação de nossa economia. Lenine concedeu-lhe uma enorme importância e resumiu seu pensamento numa palavra de ordem famosa, tornada tão popular como um provérbio: “O comunismo é o poder dos Soviets, mais a eletrificação”. “Só teremos vencido definitivamente quando o país estiver eletrificado; quando a indústria, a agricultura e os transportes tiverem por base a grande indústria moderna”(1). Não voltaremos a falar aqui da superioridade da técnica elétrica. Nós nos limitaremos a fazer notar as razões por que a eletrificação contribuirá particularmente para o desenvolvimento das forças produtivas de nosso país. A eletrificação exige imperiosamente o trabalho baseado num plano de conjunto, e fornece por si só a base técnica necessária à edificação de uma economia socialista racional. Vimos os obstáculos que a direção racional e planificada da produção encontra numa técnica atrasada. LENINE frizou inúmeras vezes que não poderemos realizar o plano socialista da economia à não ser tendo por base a eletrificação. “O único trabalho sério concernente só plano econômico único é o plano da eletrificação da República Socialista Federativa dos Soviets da Rússia, editado em dezembro de 1920”, escrevia Lenine em 1921.(2)
A eletrificação convêm ainda à economia soviética por uma outra razão: pode-se utilizá-la para fazer entrar a pequena produção no caminho da organização planificada. Veremos mais adiante que as relações entre nossa indústria socialista e a pequena produção diferem, em princípio, das relações entre a grande e a pequena produção no regime capitalista. Enfim, a eletrificação abre ao saneamento do trabalho perspectivas de uma importância excepcional para a classe operária tornada dirigente e que não pode professar a mesma indiferença em relação às condições de trabalho que a classe capitalista. A rede de usinas elétricas pode ser sistematicamente construída na U. R. S. S., e nenhuma propriedade privada poderá entravar esta obra. A situação do pais é bastante bom quanto às reservas de energia: com uma população que se eleva a 8 % da do globo, a U. R. S. S. possue 10,4 % das reservas do globo (hulha, petróleo, turfa, etc.).
Quanto à exploração de suas reservas, a U. R. S. S. está muito atrasada em relação aos países capitalistas desenvolvidos. “Nos Estados Unidos, na Alemanha e na Inglaterra há, para cada operário, cerca de 80 auxiliares mecânicos; há 25 em França e 9 na U. R. S. S.”.(3) As reservas de energia, que dormem no sub-solo do país esperam apenas a ação criadora do trabalhador social para se transformarem em milhões de escravos mecânicos, e substituírem a forca física do homem. Já sabemos que sua mais racional e econômica utilização exige uma rede elétrica concebida sob um plano de conjunto.
A eletrificação geral multiplicará por três ou quatro o número de auxiliares mecânicos do operário, sem aumentar as reservas naturais de energia.(4)
A técnica da U. R. S. S. ainda está muito atrasada em relação à dos países capitalistas. Mas o desenvolvimento rápido da indústria estatal, tal como se delineou no decorrer dos últimos anos, e as vantagens decorrem rentes da estrutura social da economia, dão lhe a esperança de atingir o nível da técnica da Europa ocidental e da América, muito mais rapidamente do que o teria feito uma Rússia capitalista.
Introduzida na produção, a energia elétrica é como uma nuvem de flechas mortais atiradas contra o velho mundo; e não são flechas inofensivas, mas, sim, flechas fulminantes, irresistíveis, aniquiladoras. A energia elétrica funde, como se fosse cêra, todas as correntes que entravavam a marcha da humanidade, insuflando uma força nova no mundo comunista que nasce.(5)
Notas de rodapé
(1) V. LENINE: Obras completas, edição russa, tomo XVII. (retornar ao texto)
(2) V. LENINE: Obras completas, edição russa. (retornar ao texto)
(3) A. e E. COREV: O conteúdo econômico e político da eletrificação da U. R. S. S., Moscou, 1926. (retornar ao texto)
(4) Ibid. (retornar ao texto)
(5) A. e E. COREV: O conteúdo econômico e político da eletrificação da U. R. S. S., Moscou, 1926. (retornar ao texto)
Inclusão | 15/06/2023 |