Conceitos Fundamentais de O Capital
Manual de Economia Política

I. Lapidus e K. V. Ostrovitianov


Livro nono: O imperialismo e a queda do capitalismo
Capítulo XXVI - Contradições entre as forças produtivas e as relações de produção na época imperialista - Decomposição interior e queda do capitalismo
139. A inevitabilidade da queda do capitalismo e da transição para o comunismo


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Desta maneira, as contradições da sociedade capitalista, longe de se atenuarem, continuam agravando-se cada vez mais. Mais dia menos dia, devem provocar uma explosão.

O capitalismo desce irresistivelmente a escarpa que o conduz ao abismo. O desenvolvimento de suas contradições internas opõem-se ao crescimento da sociedade e de suas forças de produção. Em certos domínios, é verdade, a técnica desenvolve-se, mas em proporção muito desigual e em larga escala em conexão com os preparativos guerreiros, isto é, com a perspectiva de destruições futuras. A burguesia decadente não está em condições de tirar a sociedade do caos. O sonho de remediar as contradições internas do capitalismo através de um truste mundial único é completamente irrealizável, pois as contradições do capitalismo são tão grandes que ele não se sustentará até o momento em que um truste tenha absorvido todos os outros.(1)

Concentrando a produção nas mãos de uma pequena minoria, elevando a um alto grau de técnica, elaborando a organização científica do trabalho, o capitalismo tornou possível a criação de uma economia mundial única, que não conhecerá os entraves e as barreiras da propriedade privada, que se regerá, por um rigoroso plano racionalmente concebido, de maneira que satisfaça as necessidades da sociedade inteira.

O capitalismo não somente tornou possível a organização da economia mundial baseada num plano único, mas, para que esta possibilidade fosse aproveitada, para que o virtual pudesse se tornar real, seria preciso que o capitalismo preparasse seu próprio fim e engendrasse a nova força suscetível de transformar esta virtualidade em realidade.

Esta força criou-se na classe operária, que o desenvolvimento do capitalismo concentra e organiza inevitavelmente, que se põe à cabeça da luta pela sociedade nova, pela sociedade comunista, onde não haverá nem anarquia da produção nem antagonismos de classes, pertencendo os meios de produção, do mesmo modo que a organização da produção e da repartição, aos próprios produtores.

A organização da produção em bases comunistas é a única solução possível para as contradições do regime capitalista. Os acontecimentos o impõem inexoravelmente.

A duração, mais ou menos longa, da transformação total da sociedade, depende do grau de organização da classe operária, da força de resistência da burguesia, do tempo necessário para que o proletariado consiga arrancar da influência desta certas camadas da pequena burguesia, e da pujança do movimento revolucionário das colônias.

Nós já entramos no caminho desta transformação. A revolução de Outubro, na Rússia, marcou o início da revolução comunista no mundo, o início da falência do capitalismo e da construção do socialismo.

Os sucessos da U. R. S. S. contrastam com o processo de decomposição que se desenvolve nos países capitalistas e apressam a revolução comunista. Esta revolução não se pôde estabelecer logo após a vitória do proletariado russo, pois a decomposição do capitalismo não seguiu uma linha reta.

Estas observações gerais não são desmentidas de nenhum modo pelos acontecimentos relativos à estabilização do capitalismo.

Do mesmo modo que a sensível melhora que um homem, atingido de um grave mal, sente, às vezes, pode ser um sinal de morte próxima e não de restabelecimento, a melhora relativa da situação do capitalismo (sua estabilização temporária) não significa que ele esteja curado.

A saúde aparente do capitalismo moderno não nos deve iludir. A estabilização é acompanhada de perturbações: as crises, surgindo e desaparecendo com frequência, são extremamente irregulares. Elas distinguem-se das crises clássicas do capitalismo por sua extrema frequência e por sua falta de periodicidade. Enfim, um fato de importância decisiva, e que caracteriza o capitalismo moderno estabilizado, é que as possibilidades de produção são maiores do que a capacidade de compra das massas, e as possibilidades técnicas ultrapassam as econômicas. Os capitalistas poderiam produzir mais do que produzem; e, no entanto, milhões de desempregados e de trabalhadores mal pagos não têm a possibilidade de satisfazer todas as suas necessidades.

Estes fatos atestam que o mal que atinge o capitalismo é mortal e que não existe nenhum talismã capaz de salvá-lo de um fim inevitável.


Nota de rodapé:

(1) Na verdade, a formação de um truste único (se isso fosse possível), não significaria mais que uma exploração intensificada da classe operária e, portanto, uma agravação dos antagonismos de classe; e este truste, baseado nos princípios capitalistas, veria, infalivelmente, nascer em seu seio contradições entre suas partes desigualmente desenvolvidas e de interesses divergentes. (retornar ao texto)

 

Inclusão 10/06/2023
Última modificação 15/06/2023