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Primeira Edição: Original STAATSKAPITALISMUS RELOADED em www.exit-online.org. Contribuição para “Sozialistische Politik und Wirtschaft“, Münchner
Fonte: http://www.obeco-online.org/robertkurz.htm
Transcrição e HTML: Fernando Araújo.
Ironicamente é a esquerda que fica em apuros com a crise do capitalismo. Ela é confrontada com a sua própria história. Marx não simpatizava nada com a orientação estatal de Lassalle. Mas a sua crítica da economia política foi banalizada pelo movimento socialista. A estatização das categorias capitalistas não suplantadas só serviu para a "modernização atrasada" da periferia do mercado mundial, que historicamente fracassou. Esta mudança de época também não foi reconhecida pela esquerda como um momento da crise incipiente do mercado mundial, mas foi em grande parte digerida afirmativamente como reconhecimento dos mecanismos de mercado e preços. O que permaneceu foi uma orientação estatal "desarmada" a condizer. A esquerda praticamente assumiu o programa de regulação keynesiana posto de lado pelo radicalismo neo-liberal de mercado, que supostamente deveria contrariar a destruição do Estado social .
Agora, a Esquerda "keynesianizada" é friamente apanhada pela viragem das elites para o capitalismo de Estado. Mas o "pragmático" acto de desespero que é o regresso às intervenções estatais keynesianas já não ocorre sob confortáveis condições de valorização. Nacionalizada é a crise do capital financeiro e do crescimento, a qual estabelece condições duras. É por isso que o apelo a programas estatais de conjuntura socialmente roda no vazio. Já o peso de biliões dos pacotes de salvameto para evitar o colapso do sistema de crédito contém um enorme potencial inflacionário, sem qualquer perspectiva social. Esta tendência irá aumentar quando a queda conjuntural, após o fim da economia das bolhas financeiras, trouxer a lume as reais condições de valorização do capital mundial e de seguida os balanços das grandes empresas tiverem de ser apoiados pelo Estado. Não há lugar para grandes investimentos estatais, por exemplo na saúde e na educação, com novo emprego regular. Pelo contrário, a administração anti-social da pobreza vai-se agravar dramaticamente em nome da gestão de crises. Não se pode esquecer que a economia keynesiana nunca foi outra coisa senão um programa de salvação do capitalismo.
Mesmo o keynesianismo sindical e político de esquerda nunca reivindicou as necessidades vitais como tais, mas sempre e apenas invocando a contribuição para o êxito da valorização do capital e para a conjuntura interna. Mas quem aceita incondicionalmente o capitalismo com isso morre na crise. O argumento da "financiabilidade", que supostamente deve ser tido em conta, mais não tem sido que que um instrumento de disciplinamento. Esse argumento é reduzido ao absurdo com o inflacionamento do capitalismo de Estado. Não há mais nada em perspectiva sem um programa novo para a suplantação do capitalismo. O que está na ordem do dia, como resistência imediata, não é o convite à apresentação de programas estatais de conjuntura conformes ao capital, programas que serão irrelevantes de qualquer forma, mas um movimento social pelo aumento dos salários e pensões, pelo salário mínimo legal e pela eliminação da Agenda 2010, movimento esse que já não é possível colocar na dependência do funcionamento do modo de produção dominante.