MIA> Biblioteca> Robert Kurz > Novidades
Primeira Edição: DER GELDPOLITISCHE SÜNDENFALL in www.exit-online.org. Publicado na edição impressa de Freitag, Berlin, 17.02.2011
Fonte: http://obeco-online.org/robertkurz.htm
Transcrição e HTML: Fernando Araújo.
Como qualquer doutrina da salvação, a teologia económica neoliberal também não pode deixar de produzir os seus dogmáticos ortodoxos. O lema é: os princípios contra os factos. O presidente do Bundesbank, Axel Weber, é mais um caso actual de apóstolo da respeitabilidade conservadora a lançar a toalha ao chão. Weber, ainda há pouco apontado como o candidato preferido da chanceler Angela Merkel para substituir Trichet na presidência do BCE, afastou-se da sua patrocinadora em discordância sobre a política monetária. Sendo membro da mesma Igreja económica, Merkel tende a preferir o pragmatismo aos dogmas. Weber é tido por guardião estritamente fiel do dinheiro, contra a política de flexibilização do BCE e contra uma "união de transferências" que pretende tapar os buracos do endividamento sem fim. A sua firmeza tem apenas o defeito estético de confundir causa e efeito. Não foi uma política monetária laxista que provocou a crise, pelo contrário, foi a crise que obrigou a uma política monetária laxista. O pecado original do neo-liberalismo ocorreu já com o ex-presidente da Reserva Federal americana, Alan Greenspan, em resposta à crise das Dotcom de 2001. Desde 2008, também o BCE passou à emissão monetária excessiva, contra a sabedoria de sua própria bíblia. O adiamento da crise assim conseguido ameaça transformar-se numa inflação incontrolável, como é dos livros. Mas, se tivesse sido aplicada a verdade da bíblia de Weber, então o euro já teria ido ao ar há muito tempo. Merkel gostaria de controlar a crise da dívida por meio de negociatas políticas. O fundo de resgate do euro vai ser expandido drasticamente, contrariamente às anteriores declarações de intenções. Em contrapartida planeia-se um vago "Pacto para a Competitividade". Subjacente a isto esconde-se o problema de que os deficits que atingiram o limite mais não são do que o reverso dos excedentes de exportação alemães. Uma redução regular da dívida iria quebrar essas exportações unilaterais, colocando simultaneamente em dificuldades os grandes bancos alemães e franceses, que estão assentes em montanhas de títulos classificados como lixo dos países deficitários. Assim, a política de inflação parece ser um mal menor. Os dogmáticos da teologia económica têm razão contra os pragmáticos e vice-versa. É por isso que também vão cair juntos.