O Imperialismo e a Revolução
Enver Hoxha

A Luta de Libertação dos Povos, Parte Integrante da Revolução Mundial


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Quando falamos da revolução não subentendemos apenas a revolução socialista. Como explicaram Lênin e Stálin, na atual época de passagem revolucionária do capitalismo ao socialismo as lutas de libertação dos povos, as revoluções nacional-democráticas, antiimperialistas, os movimentos nacional-libertadores também são parte integrante de um único processo revolucionário, da revolução proletária mundial.

"O leninismo - dizia Stálin - provou... que a questão nacional só pode ser resolvida vinculada à revolução proletária e com base nela, que o caminho da vitória da revolução no Ocidente passa pela aliança revolucionária com o movimento libertador das colônias e países dependente contra o imperialismo. A questão nacional é uma parte da questão global da revolução proletária, uma parte da questão da ditadura do proletariado. " (J. V. Stálin, Obras, ed. albanesa, vol. VI, pg. 144).

Atualmente esse vínculo tornou-se ainda mais claro, mais natural, pois com a derrocada do velho sistema colonial os povos, em sua maioria, deram um grande passo adiante rumo à independência, criando seus Estados nacionais, e, após dar tal passo, aspiram seguir adiante. Esses povos querem a abolição do sistema neocolonialista, de toda dependência imperialista, de toda exploração pelo capital estrangeiro, querem plena soberania e independência, econômica e política. Já está comprovado que tais aspirações só podem ser atendidas, tais objetivos só podem ser alcançados com a supressão de todo domínio e dependência estrangeira, bem como com a eliminação da opressão e exploração dos burgueses e latifundiários dominantes em seus países.

Deriva daí a ligação e o entrelaçamento da revolução nacional-democrática, antiimperialista, de libertação nacional com a revolução socialista, pois a primeira, ao golpear o imperialismo e a reação, que são inimigos comuns do proletariado e dos povos, também abre caminho para grandes transformações sociais, ajuda a vitória da revolução socialista Em contrapartida, a revolução socialista ao golpear a burguesia imperialista ao destruir suas posições econômicas e políticas, cria condições propícias e favorece o triunfo dos movimentos de libertação.

É assim que o Partido do Trabalho da Albânia encara a questão da revolução. Encara-a a partir de posições marxista-leninistas e por isso apóia e sustenta com todas as forças as justas lutas dos povos amantes da liberdade contra o imperialismo norte-americano, o social-imperialismo soviético e as demais potências imperialistas, contra o neocolonialismo, já que elas ajudam a causa comum da destruição do imperialismo, do sistema capitalista, e a vitória do socialismo em cada pais e em escala mundial.

Portanto, quando extraímos a conclusão de que a revolução é um problema candente que exige solução, que está na ordem do dia, temos em mente não só a revolução socialista mas também a revolução democrática antiimperialista.

O grau de maturação da situação revolucionária, o caráter e o desenvolvimento da revolução não podem ser idênticos em todos os países. Dependem das condições históricas concretas de cada país em particular, do seu grau de desenvolvimento econômico e social, da correlação de classes, da situação e do nível de organização do proletariado e das massas oprimidas, do nível de ingerência de potências estrangeiras nos diversos países, etc. Cada país e cada povo têm muitos problemas específicos da revolução, sumamente complexos.

Fala-se muito atualmente da situação e da ocorrência da revolução na África, Ásia, América Latina, etc. Os dirigentes chineses consideram a questão da revolução, da independência e da libertação nacional desses países de maneira uniforme, como se fosse possível solucioná-la através da união de todo o "terceiro mundo", ou seja, de seus Estados, classes, governos, etc., ignorando a situação e os problemas concretos de cada país e região. Essa visão metafísica mostra que na realidade os dirigentes chineses opõem-se à revolução e à libertação dos povos da África, Ásia, América Latina, advogam a manutenção do status quo, a salvaguarda do domínio imperialista e neocolonialista nessas regiões.

Também nós falamos sobre a questão da libertação dos povos africanos, latino-americanos, asiáticos, árabes, etc. Esses povos têm muitos problemas comuns a resolver. Mas cada um tem também problemas específicos e muito intrincados.

A aspiração geral e comum a esses povos é a Supressão de todo o jugo estrangeiro e imperialista, colonial e neocolonial, e da opressão por parte da burguesia local. Os povos da África, da América Latina, da Ásia e outras áreas fervem de indignação e ódio contra o jugo estrangeiro, assim como contra as camarilhas dominantes burguesas ou latifundiário-burguesas internas, vendidas aos imperialistas norte-americanos, aos social-imperialistas soviéticos ou a outros imperialistas. Agora eles despertaram e já não suportam mais a pilhagem de suas riquezas, dos frutos de seu suor e sangue, não podem mais conformar-se com o atraso econômico, social e cultural em que se encontram.

A luta contra o imperialismo norte-americano e o social-imperialismo soviético, os principais inimigos da revolução, da libertação nacional e social dos povos, o combate à burguesia e à reação fazem com que os povos tenham muitos interesses e muitos problemas em comum e se unam entre si com base neles.

A luta contra Israel, o mais sanguinário instrumento do imperialismo norte-americano, que se tornou um grande obstáculo ao avanço dos povos árabes, é um problema comum a todos esses povos. Contudo, na prática os Estados árabes não têm todos a mesma opinião quanto à luta que devem travar conjuntamente contra Israel e o caráter que deve ter esse combate a esse inimigo comum. Frequentemente essa luta é encarada por alguns deles num prisma estreito, nacionalista. Não podemos concordar com tal atitude. Somos favoráveis a que se acue Israel em seu covil e se suprima suas atitudes e ações chauvinistas, provocadoras, ofensivas e agressivas em relação aos Estados árabes. Exigimos que Israel devolva aos árabes os territórios que lhes arrebatou, que os palestinos conquistem todos os seus direitos nacionais, mas não somos de forma alguma pela supressão do povo israelense.

Também são comuns aos povos dos países árabes os esforços para libertar-se plenamente das garras do imperialismo e do social-imperialismo, para fortalecer sua liberdade e soberania.

Contudo, cada povo árabe em particular tem suas características próprias, seus problemas específicos, distintos dos demais, derivados de seu desenvolvimento econômico-social, nível cultural, organização estatal, grau de liberdade e soberania, de unificação dos clãs e tribos em muitos deles, etc. É impossível confundir todos esses elementos específicos e exigir uma solução idêntica e simultânea do problema da liberdade, da independência, da democracia e do socialismo em todos esses paises.

Nos países árabes onde os interesses da burguesia são maiores, diferentes imperialistas investiram somas consideráveis na exploração dos recursos naturais e dos povos. Para isso foi preciso criar certas condições de trabalho, tanto para os colonos como para os colonizados. Onde as riquezas naturais eram mais abundantes e maior o interesse dos colonialistas, também a exploração dos povos e de seus recursos foi mais intensa. Evidentemente, a exploração dos recursos trouxe certo desenvolvimento, porém este não pode ser considerado como um desenvolvimento geral e harmônico da economia desse ou daquele país. Os colonialistas financiaram e ajudaram os chefes das principais tribos, que haviam vendido a própria alma e as riquezas dos povos aos invasores imperialistas, e a quem tocava apenas uma pequena porcentagem dos colossais lucros auferidos pelos primeiros.

Com esses lucros e a ajuda de seus patrões de fora, os chefes de tribo criaram, de acordo com a ocasião e com a potência do Estado que os escravizara, um certo Estado, pretensamente independente, sob a proteção e o controle do país colonizador. Dessa forma, os chefes de tribo se transformaram, com a ajuda dos colonialistas, na rica camada burguesa dos sheiks, que venderam suas terras por uns poucos tostões e junto com elas venderam também os povos, submetendo-os a um duplo jugo, dos colonialistas estrangeiros e deles próprios. Surgiram e defrontavam-se nos países árabes a camada da grande burguesia, dos grandes senhores feudais de terras, dos reis medievais e os escravos, o proletariado que trabalhava nas concessões estrangeiras. Com os grandes proventos e lucros que os exploradores estrangeiros lhes concediam, as camadas altas adotaram o modo de vida da burguesia européia e norte-americana. Seus filhos freqüentavam inclusive as escolas dos colonialistas, onde adquiriam certa cultura ocidental. Eles posavam de representantes da cultura de seu povo, mas na verdade foram preparados para manter as massas trabalhadoras subjugadas e permitir que os colonialistas as explorassem implacável e constantemente.

Algum Estado árabe que tinha maiores recursos teve um desenvolvimento mais rápido, outro menos rico desenvolveu-se mais devagar, e outro ainda, que era pobre, ficou num estádio muito inferior de desenvolvimento.

Possuindo uma organização adequada e uma repressão radical e tendo sempre forças armadas em suas mãos, o colonialismo, o poder dos monarcas feudais e da grande burguesia latifundiária esmagavam no embrião qualquer tentativa de revolta, qualquer reivindicação, mesmo por uns poucos direitos econômicos muito limitados, para não se falar de reivindicações políticas e da revolução.

O desenvolvimento dos Estados árabes em nossos dias não lhes coloca os mesmos problemas por resolver. O rei da Arábia Saudita, por exemplo, tem seus problemas e encara de determinada forma as questões econômicas, políticas, organizativas, militares, enquanto os emires do Golfo Pérsico vêem essas questões com outros olhos e num diapasão bastante distinto. O Iraque, a Síria, o Egito, a Líbia, a Tunísia, a Argélia, o Marrocos, a Mauritânia, etc. também encaram seus problemas com outros olhos.

Portanto, quando falamos dos povos árabes chegamos à conclusão de que, apesar deles possuírem muitos interesses comuns, seus problemas não são idênticos nem podem ser resolvidos da mesma forma nesse e naquele país. Tampouco podemos dizer que existe entre esses países uma aliança e um julgamento idêntico quanto à solução dos problemas comuns. Os problemas mudam de feição para cada Estado árabe, não só devido às diferentes atitudes dos governos de um ou de outro, mas também em função das posturas dos Estados colonialistas ou neocolonialistas que continuam a fazer a lei na maioria deles.

O que se disse dos povos árabes pode aplicar-se também aos povos de Continente Africano. À África é um mosaico de povos dotados de uma antiga cultura. Cada um deles tem sua cultura, hábitos, modo de vida próprios, que encontram-se, aqui menos e ali mais, num estádio bastante atrasado, por razões que já se conhecem. Não faz muito tempo que se iniciou o despertar da maior parte desses povos. De jure, os povos africanos em geral conquistaram a liberdade e a independência. Mas não se pode falar em liberdade e independência autênticas, pois a maioria encontra-se ainda nas condições de um estado colonial ou neocolonial. Muitos desses países são governados pelos dirigentes das velhas tribos, que tomaram o poder e se apóiam nos antigos colonialistas ou nos imperialistas norte-americanos e social-imperialistas soviéticos. No estádio atual, os métodos de governo nesses Estados não são nem poderiam ser mais do que uma acentuada reminiscência do colonialismo. Os imperialistas dominam novamente a maior parte dos países africanos, através dos consórcios, dos capitais industriais investidos, através dos bancos, etc. A esmagadora maioria dos recursos desses países continua seguindo para as metrópoles.

Alguns países africanos asseguraram com luta a liberdade e independência que desfrutam, enquanto outros as ganharam sem lutar. Durante seu período de domínio colonial na África, os colonialistas ingleses, franceses, etc., oprimiram os povos, mas também criaram uma burguesia nativa mais ou menos educada à moda ocidental. Dessa burguesia surgiram também as personalidades. Entre elas há um bom número de elementos antiimperialistas, de combatentes pela independência de seu país, mas a maioria ou permanece fiel aos velhos colonialistas, para manter estreitas relações com eles, mesmo após o desaparecimento formal do colonialismo, ou colocou-se na dependência econômica e política dos imperialistas norte-americanos ou dos social-imperialistas soviéticos.

Os colonialistas não fizeram grandes investimentos no passado. Foi o que ocorreu, por exemplo, na Líbia, na Tunísia, no Egito e assim por diante. Apesar disso, em todos esses países os colonialistas extorquiram recursos, deitaram a mão em amplas superfícies de terra e desenvolveram um proletariado não pouco numeroso em determinados ramos industriais, como o da extração e elaboração de matérias primas. Também atraíram uma grande quantidade de mão-de-obra barata que trabalhava nas minas e fábricas dos colonialistas para as metrópoles, a França, por exemplo, e também a Inglaterra.

Em outras partes da África, sobretudo da África Negra, o desenvolvimento industrial atrasou-se mais. Todos os países dessa área estiveram divididos principalmente entre a França, a Inglaterra, a Bélgica e Portugal. Há tempos descobriu-se em seu subsolo grandes riquezas, como diamantes, ferro, cobre, ouro, estanho, etc. e criou-se uma indústria de extração e elaboração mineral.

Em muitos países da África construíram-se grandes cidades, tipicamente coloniais, onde os colonialistas levavam uma vida faustosa. Agora, de um lado cresce e desenvolve-se a grande burguesia local com sua riqueza, enquanto de outro aumenta ainda mais a pobreza das amplas massas trabalhadoras. Criou-se até certo ponto nesses países um determinado desenvolvimento cultural, que no entanto possui mais um caráter europeu. A cultura local não se desenvolveu. Ficou em geral no nível alcançado pelas tribos e não se faz representar fora delas, nos centros onde se erguem os arranha-céus. Isso ocorreu porque fora dos grandes centros onde viviam os colonialistas existia a mais negra miséria, a mais completa privação, reinavam a fome, as doenças, a ignorância e uma exploração até a medula, na mais completa acepção do termo.

A população africana permaneceu subdesenvolvida sob o prisma cultural e econômico e reduziu-se continuamente devido às guerras coloniais, à feroz perseguição racial, ao tráfico de negros africanos enviados para as metrópoles, para os Estados Unidos e outros países, para trabalhar como bestas nas plantações de algodão e outros cultivos, bem como nas tarefas mais pesadas da indústria e da construção.

Por essas razões, os povos africanos têm ainda uma grande luta por travar. Já é e será uma luta muito complexa, distinta em cada país, devido às condições de desenvolvimento econômico, cultural e educacional, ao grau de seu despertar político, à grande influência que diversas religiões, como a cristã, a muçulmana, as velhas crenças pagãs, etc., exercem sobre as massas desses povos. Tal combate torna-se ainda mais difícil porque em muitos desses países mantém-se atualmente o domínio neocolonialista unido ao de camarilhas nativas burguês-capitalistas. Quem faz a lei são os poderosos Estados capitalistas e imperialistas que subvencionam ou têm sob sua dependência as camarilhas dominantes, que as instalam e retiram ao sabor dos interesses dos neocolonialistas ou quando há rupturas no equilíbrio entre esses interesses.

A política dos latifundiários, da burguesia reacionária, dos imperialistas e neocolonialistas visa manter os povos africanos permanentemente subjugados, na obscuridade, entravar seu desenvolvimento social, político e ideológico, conter sua luta para conquistar tais direitos. Constatamos atualmente que os mesmos imperialistas que dominaram esses povos no passado, bem como novos imperialistas, procuram penetrar no continente africano, imiscuindo-se de todas as formas nos assuntos internos dos povos. Isso acirra dia a dia as contradições entre os imperialistas, entre os povos e as direções burguês-capitalistas da maioria de tais países, entre os povos e os novos colonialistas.

É preciso que os povos aproveitem essas contradições, para aprofundá-las e igualmente para beneficiar-se delas. Mais isso só pode ocorrer por meio de uma luta decidida do proletariado, do campesinato pobre, de todos os oprimidos e escravos, contra o imperialismo e o neocolonialismo, contra a grande burguesia nativa, os latifundiários, contra todos os organismos que estes criaram. Cabe um papel especial nessa luta às pessoas progressistas e democratas, aos jovens revolucionários e intelectuais patriotas, que aspiram ver seus países marchando livres e independentes pelo caminho do desenvolvimento e do progresso. Somente a luta constante e organizada dificultará a vida e tornará impossível o governo dos opressores e exploradores locais e estrangeiros. Tal situação preparar-se-á nas circunstâncias particulares de cada Estado africano.

O imperialismo inglês e o imperialismo norte-americano não concederam qualquer liberdade aos povos da África. Todos vemos, por exemplo, o que ocorre na África do Sul. Quem domina são os racistas brancos, os capitalistas ingleses, dominam os exploradores, que oprimem selvagemente os povos de cor desse Estado onde impera a lei da selva. Em muitos outros países da África dominam consórcios e capitais dos Estados Unidos, da Inglaterra, da França, da Bélgica, de outros velhos colonialistas e imperialistas, que se encontram debilitados em certa medida, mas ainda conservam em suas mãos as chaves da economia.

Os povos da Ásia também trilharam um caminho cheio de padecimentos e vicissitudes, de impiedosa opressão e exploração imperialistas. As vésperas da II Guerra Mundial, nove décimos da população do Continente, excetuando-se a Ásia Soviética, viviam sob a opressão e exploração colonial e semicolonial das potências imperialistas, da Europa, do Japão e dos Estados Unidos. Somente a Grã-Bretanha possuía na Ásia colônias com 5 milhões e 635 mil km2 e mais de 420 milhões de habitantes. A opressão e exploração colonial da esmagadora maioria dos países da Ásia deixaram-os num acentuado atraso econômico-social e cultural e numa profunda miséria. Sua única serventia era fornecer às metrópoles imperialistas matérias primas como petróleo, carvão, cromo, manganês, magnesita, estanho, borracha, etc.

Após a Guerra a ordem colonial também foi destruída na Ásia. Ergueram-se nas antigas colônias Estados nacionais distintos. Na maioria desses países tais vitórias foram fruto de uma luta encarniçada das massas populares contra os colonialistas e os ocupantes japoneses.

Teve particular importância na derrocada do colonialismo na Ásia a luta de libertação do povo chinês, que levou à libertação da China do domínio imperialista japonês, ao desbaratamento das forças reacionárias de Chiang Kai-chek e à vitória da revolução democrática. Essa vitória num grande país como a China exerceu por certo tempo uma grande influência na luta de libertação dos povos asiáticos e de outros países dominados ou reduzidos à dependência pelas potências imperialistas. Mas essa influência foi decrescendo cada vez mais, devido à linha seguida pela direção chinesa após a criação da República Popular da China.

A direção chinesa proclamou que seu país ingressara no caminho do desenvolvimento socialista. Os revolucionários e povos amantes da liberdade saudaram calorosamente essa proclamação, desejando e esperando que a China se tornasse uma poderosa fortaleza do socialismo e da revolução mundial. Mas seus desejos e esperanças não se concretizavam. As pessoas não queriam acreditar, mas os fatos e a situação extremamente enredada e conturbada reinante na China mostravam que ela não trilhava a via do socialismo.

Entrementes, a luta dos povos asiáticos não terminara com a destruição do colonialismo. Os colonialistas ingleses, franceses, holandeses e outros, obrigados a reconhecer a independência das ex-colônias, desejavam manter suas posições econômicas e políticas em tais países para prosseguir a dominação e a exploração sob novas formas, neo-colonialistas. A penetração dos Estados Unidos na Ásia, sobretudo no Extremo Oriente, no Sudeste Asiático e nas ilhas do Pacífico, agravou particularmente a situação. Aquela zona sempre teve grande importância econômica e militar-estratégica para o imperialismo norte-americano. Este instalou ali grandes bases e frotas militares. Paralelamente, o capital estadunidense cravou suas garras ensanguentadas na economia dessas regiões. Ao mesmo tempo, os imperialistas norte-americanos empreenderam operações militares e atos subversivo em grande escala para esmagar os movimentos de libertação nacional nos países asiáticos. Chegaram a dividir em dois a Coréia e o Vietnã, instalando regimes reacionários fantoches na parte sul desses países. Em muitas outras ex-colônias e semicolônias da Ásia foram instaurados regimes latifundiário-burgueses pró-imperialistas. Resguardou-se dessa forma a escravidão medieval, o selvagem domínio dos marajás, monarcas, sheiks, samurais, dos senhores capitalistas "modernizados". Tais regimes voltaram a vender seus países aos imperialistas, sobretudo ao imperialismo norte-americano, contendo em grande medida seu desenvolvimento econômico-social e cultural.

Nessas condições os povos da Ásia, que voltaram a arcar com o penoso jugo imperialista e latifundiário-burguês, foram obrigados a não abandonar as armas, a prosseguir sua luta libertadora para liquidar esse jugo. Em geral a luta era dirigida pelos partidos comunistas. Onde tais partidos haviam podido estabelecer sólidos vínculos com as massas, torná-las conscientes dos objetivos emancipadores da luta, mobilizá-las e organizá-las no combate armado revolucionário, este deu resultados positivos. A histórica vitória dos povos da Indochina e especialmente do povo vietnamita sobre os imperialistas norte-americanos e seus lacaios latifundiário-burgueses mostrou a todo o mundo que o imperialismo, mesmo no caso de uma superpotência como os Estados Unidos, com todo o seu grande potencial econômico e militar, com todos os modernos meios de guerra de que dispõe e que emprega para esmagar os movimentos de libertação, não tem condições de submeter os povos e países, grandes ou pequenos, quando estes estão resolvidos a fazer qualquer sacrifício e a lutar abnegadamente até o fim pela sua liberdade e independência.

Lutas armadas de libertação continuam se desenvolvendo em muitos outros países da Ásia, como a Birmânia, Malásia, Filipinas, Indonésia. Elas seguramente teriam colhido maiores êxitos e vitórias se não tivessem sido entravadas pela intervenção, pelas atitudes antimarxistas e chauvinistas da direção chinesa, que provocaram divisão e confusão nas forças revolucionárias e nos partidos comunistas dirigentes destas forças. Por um lado, os dirigentes chineses proclamavam seu apoio às lutas de libertação em tais países; por outro, apoiavam os regimes reacionários, acolhiam seus representantes com mil honrarias e glorificações. Eles sempre seguiram uma estratégia e tática de subordinação dos movimentos emancipadores nos países asiáticos à sua política pragmática e aos seus interesses hegemonistas. Sempre pressionaram as forças revolucionárias e sua direção no sentido de impor-lhes essa política. O que os preocupava na realidade não era a causa da libertação dos povos e da revolução nos países da Ásia, mas a realização de seus próprios intentos chauvinistas. Não ajudaram esses povos, só fizeram entravá-los.

O problema da revolução e da luta emancipadora na Ásia jamais se colocou com tanta força e de forma tão imperativa como agora, jamais foi tão complicado e difícil de solucionar.

Essa complicação e essas dificuldades derivam principalmente dos intentos e da atividade dos imperialistas norte-americanos, bem como dos desígnios e da atuação antimarxista, antipopular, hegemonista e expansionista dos revisionistas e dos social-imperialistas soviéticos e chineses.

Os Estados Unidos objetivam e procuram por todos os meios e com todas as forças manter e fortalecer suas posições estratégicas, econômicas e militares na Ásia, pois consideram-nas vitais aos seus interesses imperialistas.

A União Soviética também objetiva e procura com todas as forças e por todos os meios ampliar as posições que já ocupou na Ásia.

A China, por sua vez, manifestou abertamente a pretensão de dominar os países asiáticos, aliando-se para isso com os Estados Unidos, sobretudo com o Japão e contrapondo-se diretamente à União Soviética.

Também o Japão tem pretensões de domínio na Ásia; este é um velho intento do imperialismo nipônico.

É por isso que a União Soviética teme tanto e combate tão fortemente a aliança sino-japonesa. Mas tampouco o imperialismo norte-americano deseja que essa aliança ganhe vulto e ultrapasse os limites a ponto de afetar seus próprios interesses, embora a tenha encorajado e tenha dado seu "aval" à assinatura do tratado entre a China e o Japão, considerando que este poderá conter a expansão soviética que se faz às custas do domínio norte-americano.

A Índia, que é um grande país, também tem a ambição de converter-se numa grande potência dotada de bombas atômicas e de peso na Ásia, de desempenhar um papel especial, sobretudo na posição estratégica que ocupa na encruzilhada dos interesses expansionistas das duas superpotências imperialistas, a norte-americana e a soviética, no Oceano Indico, no Golfo Pérsico e em suas fronteiras norte e leste.

Tampouco o imperialismo inglês renunciou a seus intentos de domínio nos países asiáticos. E alguns outros Estados capitalista-imperialistas possuem intenções semelhantes.

Por esses motivos a Ásia tornou-se atualmente uma das zonas de mais acirradas rivalidades interimperialistas. Consequentemente seu território encheu-se de perigosos focos de conflagrações mundiais, cuja conta os povos teriam de pagar.

Concorrendo febrilmente entre si para sufocar as revoluções e a luta de libertação nos países da Ásia, para abrir caminho a seus planos hegemonistas e expansionistas, os revisionistas soviéticos e chineses vêm fazendo um repugnante trabalho de divisão e destruição no seio dos partidos comunistas e das forças revolucionárias e amantes da liberdade nesses países. Tal trabalho foi uma das causas principais da catástrofe sofrida pelo Partido Comunista da Indonésia, da divisão e desmantelamento do Partido Comunista da Índia, etc. Eles advogam a aliança e a unidade do proletariado e das amplas massas populares com a burguesia reacionária local, cada qual procurando por Conta própria Conquistar a amizade da burguesia dominante.

A ingerência dos social-imperialistas soviético e chineses nos diferentes países da Ásia a partir de posições e perseguindo fins hegemonistas e expansionistas colocou os movimentos de libertação do povos desses países diante de grandes perigos, passou a ameaçar diretamente inclusive as vitórias da luta emancipadora no Vietnã, no Camboja e no Laos.

As forças asiáticas revolucionárias e amantes da liberdade, dirigidas pelos partidos comunistas marxista-leninistas têm de enfrentar e destruir tanto o perigo originário da reação interna, armada por seus patrões imperialistas como os perigos derivados da atividade fracionista e solapadora, dos planos hegemonistas e expansionistas dos revisionistas soviéticos e chineses. Têm de livrar-se igualmente de uma série de velhas idéias e conceitos reacionários, religiosos, místicos, budistas, bramanistas etc. que entravam o movimento de libertação. Precisam ainda impedir que se enraízem "novas" idéias e concepções reacionárias, tais como as dos revisionistas kruschovianos, maoístas e outras teorias igualmente reacionárias que confundem, enganam as massas, privam-nas do espírito combativo de classe, desviam-nas para caminhos tortuosos e sem saída.

A luta emancipadora que os povos da Ásia têm pela frente é realmente difícil, existem de fato muitos obstáculos. Mas nunca houve nem poderá haver luta de libertação ou revolução fácil, sem grandes dificuldades e obstáculos a superar, sem muito sangue e sacrifícios para alcançar a vitória final.

Os países da América Latina têm em geral um desenvolvimento capitalista superior ao dos da África e da Ásia. Mas seu grau de dependência ao capital estrangeiro não é menor do que o da esmagadora maioria dos países africanos e asiáticos.

Distintamente dos países africanos e asiáticos, os países da América Latina em sua maior parte proclamaram a independência estatal muito mais cedo, a partir da primeira metade do século XIX, em decorrência das guerras de libertação dos povos do Continente contra os colonizadores espanhóis e portugueses. Esses países teriam avançado muito mais se não tivessem caído, logo após a supressão do jugo colonial espanhol e português, sob um outro jugo, semicolonial, do capital estrangeiro, inglês, francês, alemão, norte-americano, etc. Até o início deste século os colonialistas ingleses dominavam o Continente. Pilhavam ali quantidades colossais de matérias primas, construíam portos, ferrovias, centrais elétricas exclusivamente a serviço de suas empresas concessionárias e comerciavam com artigos industriais produzidos na Grã Bretanha.

Com a penetração dos Estados Unidos, então em sua fase de desenvolvimento imperialista, essa situação mudou, mas não em favor dos povos latino-americanos. O imperialismo dos Estados Unidos empregou o slogan "A América para os americanos", encarnado na doutrina Monroe", para instaurar seu domínio exclusivo em todo o hemisfério ocidental. A penetração econômica dos Estados Unidos no hemisfério processou-se tanto através da força militar e da chantagem política como também da diplomacia do dólar, por meio do porrete e do engano. Dessa forma, os investimentos de capitais norte-americanos e ingleses se igualaram em 1930, enquanto após a II Guerra Mundial os Estados Unidos tornaram-se os verdadeiros donos da economia dessa parte do globo terrestre. Seus grandes monopólios se apoderaram dos setores-chave da economia latino-americana. Os países do Continente se integraram no império "invisível" do imperialismo norte-americano, que começou a fazer a lei em todos eles, a instalar e destituir chefes de Estado e de governo, a ditar-lhes sua política econômica e militar, interna e externa.

As empresas monopolistas dos Estados Unidos arrancavam lucros fabulosos da exploração dos ricos recursos naturais e do trabalho, do suor e do sangue dos povos latino-americanos: recebiam de 4 a 5 dólares por cada dólar investido nos diversos países do Continente. Essa situação prossegue em nossos dias.

Embora as inversões de capitais dos Estados imperialistas na América Latina tenham levado à implantação de certa indústria moderna, especialmente a de extração e também a indústria leve e alimentícia, emperraram enormemente o desenvolvimento econômico global desses países. Os monopólios estrangeiros e a política neocolonialista dos Estados imperialistas imprimiram ao desenvolvimento econômico dos países latino-americanos uma forma monstruosa, unilateral, um caráter monoprodutor, convertendo-os em simples fornecedores especializados de matérias primas: a Venezuela de petróleo, a Bolívia de estanho, o Chile de cobre, o Brasil e a Colômbia de café, Cuba, Haiti e República Dominicana de açúcar, o Uruguai e a Argentina de produtos pecuários, o Equador de bananas e assim por diante.

O caráter unilateral tornava a economia desses países totalmente instável, absolutamente incapaz de um desenvolvimento rápido e geral, colocava-a na dependência total das conjunturas e das oscilações de preços no mercado capitalista mundial. Qualquer queda na produção e qualquer manifestação de crise econômica nos Estados Unidos e nos demais países capitalistas refletiam-se necessariamente, de maneira negativa e inclusive em maior escala, na economia dos países latino-americanos.

Após a II Guerra Mundial, as metrópoles imperialistas começaram a fazer grandes investimentos diretos em diferentes ramos da indústria, da mineração, da agricultura, a comprar empresas nacionais, etc. Dominaram setores inteiros da produção e aprofundaram ao máximo a pilhagem da América Latina. Ao mesmo tempo, incrementaram a concessão de empréstimos e financiamentos gravados por altas taxas de juros, ligando ainda mais esses países ao domínio estrangeiro e em primeiro lugar ao dos Estados Unidos. Somente o Brasil tem uma dívida de quase 40 bilhões de dólares junto aos bancos estrangeiros. A dívida do México é de quase 30 bilhões.

O desenvolvimento capitalista da América Latina atrasou-se de uma maneira geral porque ainda existem ali muitos resquícios do latifúndio que não perderam por completo seu caráter feudal. Em conseqüência, alguns países latino-americanos têm um atraso muito acentuado, análogo ao dos asiáticos e africanos. Na dependência da política econômica e da interferência direta do imperialismo, criou-se na América Latina uma oligarquia, uma grande burguesia monopolista, bastante poderosa, que controla o poder juntamente com os grandes senhores de terra e, sempre com o apoio do imperialismo norte-americano e juntamente com ele, oprime e explora impiedosamente a classe operária, o campesinato e as demais camadas trabalhadoras, que vivem na miséria.

Esse desenvolvimento, também criou um proletariado industrial bastante numeroso, que juntamente com o proletariado rural, com os operários da construção e dos serviços representa cerca da metade da população, distintamente da maioria dos países da África e da Ásia, onde a classe operária é muito reduzida.

Além disso, na América Latina o campesinato e a classe operária surgida das fileiras deste têm ricas tradições de combate revolucionário, conquistadas em lutas incessantes pela liberdade, pela terra, por trabalho e pão, tradições que se desenvolveram ainda mais nas batalhas contra a oligarquia interna e contra os monopólios estrangeiros, contra o imperialismo norte-americano. Os povos da América Latina encontram-se entre os que mais se lançaram em sangrentos confrontos com os opressores e exploradores internos e externos. Suas vitórias nesses embates não foram poucas nem pequenas, mas o completo triunfo das liberdades democráticas, a eliminação da exploração, a conquista da independência e da soberania nacional ainda não foram alcançados em nenhum país. Os povos latino-americanos alimentaram muitas esperanças, tiveram muitas ilusões na vitória do povo cubano, que se tornou um alento e um encorajamento na luta para sacudir o jugo dos capitalistas e latifundiários dominantes e dos imperialistas norte-americanos. Mas essas esperanças e esse encorajamento se desvaneceram rapidamente, quando eles viram que a Cuba castrista não se desenvolveu no caminho do socialismo, mas no do capitalismo de tipo revisionista, e, mais ainda, quando esse país tornou-se vassalo e mercenário do social-imperialismo soviético.

Como em todos os Continentes, também na América Latina a situação atual é complexa.

Na maioria dos países existe uma situação revolucionária que coloca na ordem do dia revoluções para derrubar o sistema burguês-latifundiário e liquidar a dependência imperialista. Naturalmente, tais revoluções não podem ter em toda parte o mesmo caráter, o mesmo processo e o mesmo desfecho, devido a razões conhecidas, às condições e problemas particulares de cada país ou grupo de países, aos diferentes níveis de desenvolvimento econômico-social, de dependência ao imperialismo e ao social-imperialismo, à existência de regimes burgueses mais ou menos moderados, mais ou menos fascistas, etc. Uma única coisa mostra-se indispensável: o entrelaçamento, maior do que em muitos países da Ásia e da África, das tarefas antiimperialistas, democráticas e Socialistas da revolução.

A América Latina também apresenta muitas vantagens para a preparação do fator subjetivo da revolução, devido a uma consciência bastante elevada e à disposição das amplas massas populares de lutar contra a opressão e a exploração internas e externas, pela liberdade, a democracia e o socialismo. Mas a plena preparação desse fator é obstruída, dificultada e combatida com todas as forças, não só pelos imperialistas, sobretudo norte-americanos, juntamente com a reação interna, mas também pelos revisionistas crioulos e outros servidores oportunistas do capitalismo, assim como pelos revisionistas soviéticos e chineses.

Fiel como sempre à política de ter a América Latina como seu feudo, do qual extrai colossais superlucros, o imperialismo norte-americano manobra por todos os meios, militares, subversivos, demagógicos, fraudulentos para impedir o predomínio de qualquer outro imperialismo, para assegurar que a revolução não se desencadeie nem triunfe em país algum. Deseja, dessa forma, manter nos países latino-americanos tanto a completa dependência aos Estados Unidos como também o sistema burguês-latifundiário.

A chamada Organização dos Estados Americanos, comandada pelo presidente norte-americano, pelo Pentágono e pelo Departamento de Estado, é uma importante arma nas mãos dos Estados Unidos. Os estatutos dessa organização permitem-lhes intervir por qualquer meio, inclusive militarmente, para manter o status quo, tanto interno quanto externo, dos países da América Latina.

Ao mesmo tempo, os grandes monopólios norte-americanos aperfeiçoaram a forma de exploração desses países, organizando empresas monopolistas multinacionais, com sede e centro de comando nos Estados Unidos, e empregando em ampla escala o capitalismo estatal, através do qual asseguram também o comando dos governos e do aparelho estatal local no seu conjunto.

Mas nem estes nem os muitos outros meios empregados pelos Estados Unidos resolvem os problemas da grave crise econômica e política que também envolveu os países latino-americanos.

Enquanto os capitalistas e latifundiários crioulos não conseguem viver sem a tutela e o apoio do imperialismo norte-americano, a idéia da revolução, como único meio, indispensável à garantia da libertação nacional e social, penetra cada vez mais profunda e amplamente na consciência do proletariado, do campesinato trabalhador, da intelectualidade progressista, das massas da juventude desses países.

Os imperialistas norte-americanos, juntamente com os capitalistas crioulos, empregam duas vias principais para prevenir as revoluções. Uma é a via da instauração de regimes militar-fascistas por meio de um "pronunciamento militar", quando vêem suas posições sob ameaça iminente. Fizeram assim no Brasil, no Chile, no Uruguai, na Bolívia e outros países. A outra via é a organização de regimes democrático-burgueses, com acentuadas limitações e grandes lacunas nas liberdades fundamentais, como na Venezuela, México, ou como estão fazendo agora no Brasil, procurando assim atenuar as tensões revolucionárias e dar a impressão de que a burguesia desses países e mais ainda a administração e o presidente dos Estados Unidos preocupam-se com os +direitos humanos".

Porém tais meios e manobras não solucionam os problemas da crise, não evitam as situações revolucionárias, não retiram a revolução da ordem do dia.

O proletariado juntamente com todas as forças revolucionárias encontram-se diante de importantíssimas tarefas revolucionárias nos países latino-americanos. Para cumprir tais tarefas, fazer a revolução, conquistar a plena independência nacional, instaurar as liberdades democráticas e o socialismo, devem lutar em muitas direções, contra a oligarquia burguesa e latifundiária contra o imperialismo norte-americano, também contra os diversos lacaios do capital, do imperialismo e do social-imperialismo, como os revisionistas pró-soviéticos e castristas, os revisionistas pró-chineses, os trotskistas, etc. Precisam não só enfrentar a atividade diversionista e fracionista dos oportunistas e revisionistas de diferentes matizes, mas também livrar-se de influências pequeno burguesas, como certas concepções e práticas putschistas, foquistas, aventureiras, que tornaram- se de certa forma tradição, mas nada têm em comum com a verdadeira revolução, pelo contrário, prejudicam- na grandemente. Apenas, tal questão exige um tratamento cuidadoso.

No que toca às tradições combativas dos povos da América Latina, predomina o aspecto positivo, revolucionário, que constitui um fator importantíssimo e precisa ser empregado da forma melhor e mais ampla na preparação e desenvolvimento da revolução, dando à tradição um conteúdo novo, despido dos elementos negativos próprios dos bandoleiros e foquistas.

Os partidos marxista-leninistas da classe operária terão o papel principal no cumprimento dessas grandes tarefas. Atualmente, não só criaram-se tais partidos em quase todos os países latino-americanos, como a maioria deles deu importantes passos adiante no trabalho de preparação do proletariado e das massas populares para a revolução. Na luta inconciliável com os revisionistas e demais oportunistas, com todos os servidores da burguesia e do imperialismo, com as concepções e práticas castristas, kruschovianas, trotskistas, trimundistas, etc., eles elaboraram uma linha política correta e acumularam uma experiência bastante grande de combate para levá-la à prática, tornando-se portadores de toda a tradição revolucionária anterior para empregá-la e desenvolvê-la ainda mais em prol do movimento operário e emancipador, a fim de preparar e lançar as massas na revolução.

As atuais situações revolucionárias impõem a esses partidos a necessidade de manter os mais estreitos vínculos e consultar-se o mais frequentemente possível entre si, para poder aproveitar ao máximo a experiência uns dos outros e para coordenar suas atitudes e ações quanto às questões comuns da luta contra a burguesia reacionária e o imperialismo, contra o revisionismo contemporâneo soviético, chinês, etc., quanto a todos os problemas da revolução.

Agora que os povos despertaram e não aceitam mais Viver sob o jugo imperialista e colonial, que exigem a liberdade, a independência, o desenvolvimento e o progresso, que fervem de indignação frente aos opressores estrangeiros e internos, agora que a África, a América Latina, a Ásia converteram-se numa caldeira em efervescência, fica difícil, senão impossível para os velhos e novos colonialistas dominar e explorar os povos desses países pelos métodos e formas anteriores. Eles não podem deixar de pilhar e explorar as riquezas, o suor e o sangue de tais povos.

Por isso se assiste a tantos esforços para encontrar novos métodos e formas de engodo, saque e espoliação para distribuir esmolas que mais uma vez beneficiam não as massas, mas as classes dominantes burguês-latifundiárias.

Entrementes, o problema complicou-se ainda mais porque o social-imperialismo soviético começou de há muito a penetrar e introduzir-se cada vez mais profundamente nas ex-colônias e semicolônias, porque também a China social-imperialista passou a envidar esforços febris para introduzir-se ali.

A União Soviética revisionista empreende a intervenção expansionista sob o disfarce da política pretensamente leninista de ajuda à luta libertadora dos povos, posando de aliada natural desses países e povos. Os revisionistas soviéticos empregam e difundem slogans de colorido socialista como meio para penetrar na África e outras áreas, para ludibriar os povos que aspiram libertar-se, que desejam suprimir a opressão e a exploração e que sabem que o socialismo é o único caminho da plena emancipação nacional e social.

Em sua intervenção a União Soviética arrasta também seus aliados, ou melhor, seus satélites. Nós o constatamos concretamente na África, onde os social-imperialistas soviéticos e seus mercenários cubanos interferem a pretexto de ajudar a revolução. Trata-se de uma mentira. Sua intervenção não passa de uma ação colonialista objetivando ocupar mercados e submeter povos.

É o caso da intervenção da União Soviética e dos mercenários cubanos em Angola. Eles absolutamente não tinham nem têm em vista ajudar a revolução angolana, mas sim cravar suas unhas nesse país africano que havia conquistado certa independência após expulsar os colonialistas portugueses. Os mercenários cubanos são o exército colonial que a União Soviética enviou para conquistar mercados e posições estratégicas nos países da África Negra, para passar de Angola a outros Estados, para que os social-imperialistas soviéticos também possam criar um império colonial moderno.

Sob a máscara da ajuda à libertação dos povos, a União Soviética e seu mercenário, Cuba, intervêm em outros países com exércitos equipados com canhões e metralhadoras, supostamente para construir o socialismo, que não existe nem na própria União Soviética nem em Cuba. Esses dois Estados burguês-revisionistas entraram em Angola para ajudar uma camarilha capitalista a tomar o poder, contrariamente aos objetivos do povo angolano, que lutou para libertar-se dos colonialistas portugueses. Agostinho Neto faz o jogo dos soviéticos. Na luta contra a outra facção, no esforço para ficar com o poder, ele pediu ajuda aos soviéticos. A confrontação entre os dois clãs angolanos em luta pelo poder não tinha em absoluto caráter revolucionário popular. O choque entre eles era uma luta de camarilhas pelo poder. Cada qual era apoiado por diferentes Estados imperialistas. Agostinho Neto venceu o confronto, mas em Angola, longe de triunfar o socialismo, instaurou-se o neocolonialismo soviético após a intervenção externa.

A China social-imperialista também faz grandes esforços para penetrar nas ex-colônias e semicolônias.

Um exemplo de como a China intervém é o Zaire, onde domina a camarilha mais sanguinária e mais abastada do Continente africano, encabeçada por Mobutu. Nos últimos combates ocorridos no Zaire, Mobutu, o assassino de Patrice Lumumba, contou com a pronta ajuda da monarquia cherifiana do Marrocos, da aviação francesa e também da China. A ajuda dada pelos franceses é compreensível, pois com sua intervenção eles defendem suas concessões e consórcios em Catanga, defendiam ao mesmo tempo seu pessoal, além de Mobutu e sua camarilha. Mas os revisionistas chineses, o que querem em Catanga? Quem ajudam ali? Acaso ajudariam o povo do Zaire, oprimido por Mobutu, por sua camarilha e pelos concessionários franceses, belgas, norte-americanos, etc.? Não ajudam também eles a sanguinária camarilha de Mobutu? O fato é que a direção revisionista chinesa ajuda essa camarilha e não indiretamente, mas da forma mais aberta. Para tornar a ajuda mais concreta e ostensiva, enviou ao Zaire o ministro das Relações Exteriores, Huang Hua, enviou conselheiros militares, ajuda militar e econômica. Atuou de maneira antimarxista, anti-revolucionária. Sua intervenção tem as mesmas características das do rei Hassan, do Marrocos, e da França.

Os social-imperialistas chineses estão se imiscuindo não só nesse mas também em outros problemas dos povos e países da África e outros continentes, sobretudo nos países onde procuram por todas as formas penetrar para criar bases econômicas, políticas e estratégicas.

Nem os Estados Unidos saíram tão abertamente como a China em ajuda a Pinochet, o carrasco fascista do Chile. Nem os norte-americanos ajudam a tal ponto os governantes reacionários de outros países, onde têm grandes interesses. Isso não significa que os imperialistas norte-americanos estão renunciando a seus interesses. Eles os defendem e inclusive energicamente, mas de forma refinada.

Com sua atitude, a China dita socialista marcha contra os interesses e aspirações dos povos, dos comunistas, dos elementos revolucionários, contra as aspirações de todas as pessoas progressistas da América Latina.

A China toma a defesa dos diferentes ditadores que dominam seus povos e esmagam pelo terror e por todos os meios os esforços dos revolucionários, do proletariado e dos partidos marxista-leninistas, que combatem pela libertação nacional e social. Com tal atitude ela enveredou pela senda da contra-revolução. Procura mostrar, com o disfarce do marxismo-leninismo, que exporta para os diferentes países a idéia da revolução, mas na realidade exporta a idéia da contra-revolução. E ajuda com isso o imperialismo norte-americano e as camarilhas fascistas no poder.

As potências imperialistas ou social-imperialistas procuram igualmente impedir que os povos africanos, asiáticos, latino-americanos desenvolvam sua luta revolucionária, etapa após etapa, contra a opressão, contra a selvagem exploração por parte de seus governos e dos imperialistas que dominam em acordo mútuo que sugam seu sangue.

O dever dos elementos revolucionários, progressistas, patriotas dos países de baixo desenvolvimento econômico-social e dependentes das potências imperialistas e social-imperialistas é tornar os povos conscientes dessa opressão e exploração, educá-los, mobilizá-los, organizá-los, lançá-los à luta emancipadora, tendo sempre em mente que a revolução é obra das amplas massas, dos povos. Para isso é preciso analisar bem a situação interna e externa de cada país, seu desenvolvimento econômico-social, a correlação das forças de classe, os antagonismos entre as classes, bem como os antagonismos entre o povo e as camarilhas reacionárias no poder e ainda entre o povo e os Estados imperialistas. Com base nisso pode-se extrair conclusões justas quanto aos passos que devem ser dados e às táticas a empregar. Exige-se das forças revolucionárias trabalho concentrado, resolução e argúcia, exige-se antes de tudo profunda compreensão de que a luta de libertação só poderá alcançar a verdadeira vitória em seus países vinculando-se á causa do Proletariado, à causa do socialismo.

Portanto o proletariado de cada país deve criar seu partido revolucionário, apto a aplicar fielmente os ensinamentos de Marx, Engels, Lênin e Stálin, em estreita ligação com as condições de seu país, com a situação de cada povo em particular. É indispensável que esses partidos conheçam bem a mentalidade das massas, o desenvolvimento econômico político, ideológico e cultural de cada país e não atuem de forma fantasista e aventureira, de forma blanquista, mas combatam firmemente para agrupar em torno de si os aliados do proletariado, as amplas massas do povo.

Os revolucionários e as massas populares precisam preparar-se tenazmente, levar em conta a atuação da burguesia reacionária e dos grandes latifundiários no poder, dos opressores estrangeiros, bem como as intrigas dos neocolonialistas. Trata-se de fatores importantes que os elementos revolucionários e os povos devem enfrentar com maturidade, com uma sólida organização e com táticas revolucionárias.

Naturalmente, não se exclui e é mesmo indispensável que se estabeleça vínculos de colaboração, coordenação e intercâmbio de experiências entre as forças e elementos revolucionários dos diversos países. Isso é facilitado pela identidade quanto a muitas condições, como a opressão e a exploração do neocolonialismo e da burguesia reacionária, a cultura comum e o objetivo conjunto de libertar-se dessa opressão e exploração. As condições e interesses em comum estimulam os elementos revolucionários e progressistas de todos esses países a desenvolver consultas, colaborar e coordenar suas ações, que se contrapõem às dos inimigos que os oprimem.

Vista a partir de posições marxista-leninistas, a situação dos povos que se encontram sob domínio neocolonialista coloca para todos os verdadeiros revolucionários a tarefa de apoiar e sustentar sem reservas a luta revolucionária de libertação desses povos, para que ela avance constantemente, para que a revolução ascenda sempre mais, até sua completa vitória.


Inclusão 03/11/2005
Última atualização 10/05/2016