Marxismo e Revisionismo

Abraham Guillén

1965


Observação: Capítulo I do livro Teoría de la Violencia: Guerra y Lucha de Clases. Buenos Aires: Editorial Jamcana, 1965.

Fonte: Instituto de Estudos Libertários - https://ielibertarios.wordpress.com/2020/12/31/marxismo-e-revisionismo-por-abraham-guillen/

Tradução: Inaê Diana Ashokasundari Shravya

HTML: Fernando Araújo.


Muito se escreve sobre materialismo dialético (sobre dialética sem materialismo), mas, pouco ou nada sobre materialismo histórico. Os revisionistas do marxismo preferem interpretar a Natureza mais que a sociedade, para evitar a teoria do perecimento do Estado no mundo soviético, cheio de contradições e de cisões. O marxismo revisado e mumificado se transformou numa ideologia de Estado (URSS) ou num humanismo neoburguês (para os social-democratas do “mundo livre”). Tanto num caso como no outro, o marxismo revisado é uma mistura de ideologias burguesas, para justificar o capitalismo de Estado (URSS) ou o neocapitalismo, no Ocidente. O pensamento vivo de Marx, Engels e Lênin foi sacrificado às conveniências da política nacional  internacional, da URSS, para se entender com o imperialismo anglo-saxão, em detrimento do internacionalismo proletário, da revolução socialista mundial, e, particularmente, da China comunista. Os revisionistas soviéticos escolheram desta forma o caminho da especulação ideológica e do desenvolvimento econômico nacional, renunciando a ação revolucionária internacional.

“A ação” – diz Henri Lefebvre – “é inseparável da teoria. Pois a teoria só é viva se é submetida permanentemente à crítica, se as hipóteses e suas conclusões são constantemente verificadas, postas em dúvida, readaptadas às novas condições do mundo em evolução rápida. Se ela se fecha em suas próprias ideias, cheias de dogmas, a teoria se transforma, no melhor dos casos numa escolástica inútil e, no pior, numa mitologia servil”. (Henri Lefebvre Ideologie et Verité, Paris, 1962).

A paralisia e a impotência do comunismo de tendência soviética obedece a uma petrificação do marxismo. Os filósofos, economistas, políticos, sábios e militares soviéticos caíram numa filosofia voluntarista que assume os desejos como realidades. O marxismo ao gosto soviético foi oficializado e institucionalizado como política de classe (domínio da burocracia sobre os operários e camponeses)e como ideologia de Estado (teoria do desenvolvimento econômico), ao modo da tecnocracia que orienta as empresas estatais, sem o concurso das classes trabalhadoras.

Ao se constituir em ideologia oficial da sociedade soviética, o marxismo russo se separou da dialética (mundo contraditório em perpétua luta e transformação) para cair no dogmatismo (culto de Estado sem possível devir) e, portanto, petrificação das estruturas de classe, na sociedade soviética. Nesta ordem de ideias,  neomarxismo soviético é inferior racionalmente ao positivismo, ao pragmatismo e ao realismo, pois nega o devir do mundo mais que estas doutrinas. Sob o oportunismo de direita do Kremlin (que representa a tecnocracia e a burocracia da sociedade soviética) o logos e a práxis de Marx, Engels e Lênin, estão ausentes na política e na filosofia de Moscou. Os filósofos e ideólogos soviéticos caíram numa atitude especulativa, unilateral, nacionalista sem confrontação da filosofia com a práxis, tanto em seu mundo como no Ocidente. Ao negar o papel da violência na história, os revisionistas soviéticos negam que eles estão no Poder pela ação revolucionária de 1917.

A filosofia dialética deve antecipar o devir revolucionário do mundo, não sua contemplação, mas sua transformação. Na verdade, a filosofia não é tudo: sem a ação, para nada serve a filosofia. O método dialético de Marx une o pensamento e a ação: não separa estas duas potências. A filosofia marxista nutre de energia revolucionária as massas, as convidando a superar a alienação do ser humano: sem capitalismo, por meio da ação revolucionária do proletariado, das classes oprimidas.

MATERIALISMO E REVOLUÇÃO

O neomarxismo soviético, dedicado à análise da dialética da Natureza não submete à crítica a sociedade capitalista nem a sociedade soviética. Falar apenas de materialismo dialético – corpúsculo, células, ondas de luz, embriões -, é se distanciar da práxis revolucionária, dos problemas da alienação, das contradições sociais, para justificar a inação diante do mundo capitalista. O materialismo histórico é incompatível com a coexistência pacífica, mas o materialismo dialético (como filosofia da Natureza mais que da Sociedade) a justifica. O que importa, em nosso mundo revolucionário e contraditório, não é a vida dum corpúsculo, mas a ação das massas trabalhadoras contra o capitalismo, para instaurar a sociedade socialista, que supere a alienação do ser pela coisa (mercadoria).

Fala-se muito de materialismo dialético mas muito pouco de materialismo histórico: o primeiro constitui a concepção do Universo, o segundo, da Sociedade; um é próprio das ciências positivas; outro, da sociologia científica; ambos, em conjunto, dão à doutrina marxista uma base filosófica, científica, sociológica, política, econômica e histórica que, por sua coerência, humanismo e saber, é muito superior ao cristianismo, ao individualismo burguês.

Está na moda, entre  os intelectuais pseudomarxistas, um materialismo dialético mecanicista separado da prática (do trabalho, da vida cotidiana) justamente porque seus cultuadores são “socialistas de cátedra”- em suas diversas variantes. Raciocinando, desde um ponto de vista da divisão do trabalho intelectual e manual, os filósofos ignoram a prática diária como categoria do conhecimento humano – a mais importante de todas as categorias- já que, permanentemente com a ação combinada da técnica e do trabalho, esta corrige os erros da teoria. A teoria, no fim das contas, não é mais que uma prática disciplinada, sujeita a determinadas normas, regras e leis para desperdiçar a menor quantidade de tempo de trabalho socialmente necessário, para a criação dum produto que necessita a economia humana. A sociedade, antes de pensar, necessita trabalhar para seguir existindo; logo, pensa porque trabalha.

De nada serve um materialismo mecanicista-dialético mas não histórico – já que não explica a mecânica das classes, a infraestrutura e a superestrutura social, as leis da economia capitalista suas contradições e a solução dessas contradições, o capitalismo como categoria histórica, enfim, os problemas da vida cotidiana, tão rica e tão mutável, em razão do devir dialético de nossa sociedade contraditória – antagônica-, de signo revolucionário.

O marxismo parte, filosoficamente, dos princípios da dialética elaborados, doutrinariamente, a partir da práxis (unidade de pensamento e ação), na qual a ciência e a prática, o pensamento e o ato, o cérebro e a mão, o trabalho e a técnica, a economia e a filosofia marcham compassada, rítmica e paralelamente.

Alguns sábios e filósofos têm desprezo absoluto pela prática, precisamente porque não se dão conta de que as suas ideias são fruto duma determinada divisão do trabalho, própria duma transitória divisão da sociedade em classes antagônicas. Por isso, a teoria burguesa é o contrário da prática (trabalho): a filosofia se apresenta, assim, como uma alienação, isto é, como uma deformação da vida social, como um poder espiritual de classe: exatamente como a religião, a moral e a política das classes dominantes.

O marxismo é talvez, atualmente, a doutrina mais comentada, mas, cientificamente, a menos conhecida ou, para sermos mais exatos, a mais deformada pelas variantes burguesas e pequeno-burguesas o socialismo parlamentário, ou pelo revisionismo soviético, que fizeram do marxismo um desfile de retratos de Marx, Engels e Lênin: veneram desta forma as imagens, mas corrompem as doutrinas que elas representam, como algumas seitas ou igrejas, na doutrina cristã.

A RAZÃO DIALÉTICA

Em boa doutrina marxista, de nada serve explicar a lei da quantidade que transforma a qualidade aplicando-a, unicamente, aos fenômenos químicos, físicos ou biológicos. Por exemplo, fazendo abstração dos fenômenos da sociedade. Indicar, de acordo com essa lei, que os pontos de fusão em metalografia ou as mudanças químicas, explicam as qualidades determinadas por quantidades, é dizer muito, mas não é dizer tudo, já que isso não revelará os fenômenos que se produzem na sociedade como devir: história da humanidade.

Se demonstramos que a água é líquida a determinados graus, sólida quando abaixo de zero grau e gasosa acima de 100 graus, estamos explicando, cientificamente, que cada mudança qualitativa da água está em função de maiores ou menores quantidades de graus de calor. Com esta dialética marxista – exclusivamente limitada aos fenômenos da natureza- podemos raciocinar e conversar até com o presidente dum “trust” norteamericano, o Papa e o Dalai-Lama, sem que “democraticamente”, nos separem profundas divergências de opinião ou de doutrina. Nesta ordem de ideias, o materialismo dialético (concepção do Universo) sem o materialismo histórico (concepção da Sociedade), é como se a um corpo lhe faltasse um braço ou uma perna.

O materialismo dialético unicamente prova que os fenômenos, que se sucedem ou se produzem na Natureza, se regem pelas mesmas leis dialéticas que os fenômenos que se manifestam, necessariamente, na Sociedade.

Consequentemente, se tudo tem um devir (nascer, crescer e perecer) na Natureza, esse mesmo devir se produz também na sociedade: as classes, as civilizações, as nacionalidades (incluindo a URSS), os modos de produção (incluindo o capitalismo) e as religiões (sem excluir o cristianismo) são categorias históricas. Nesta ordem de ideias, o materialismo histórico é uma doutrina revolucionária que não se pode discutir com o presidente dum “trust” norteamericano ou com o Papa, com a mesma tranquilidade de espírito que numa digressão intelectual de materialismo dialético, na qual se provem, dialeticamente, as mudanças qualitativas da água. Nem o Papa nem o presidente dum “trust” ianque querem ouvir falar que o capitalismo ou o cristianismo são categorias históricas; pois eles aspiram à eternidade como posição de classe, derivada duma forma determinada da divisão do trabalho social, segundo a qual o não-produtor se apropria dos frutos do trabalho alheio, porque é proprietário dos meios de produção.

O materialismo dialético, como interpretação do mundo físico, constitui uma filosofia da ciência; mas a dialética marxista ficaria incompleta, se o materialismo histórico, como concepção da sociedade, não explicasse, dialeticamente, o devir dos regimes sociais que passaram pela história da humanidade:o comunismo primitivo,  escravismo, o feudalismo, o capitalismo e o inevitável passo para o socialismo.

Está demonstrado que toda mudança, na natureza e na sociedade, se realiza violentamente: a Terra experimentou violentas mudanças climáticas em seus períodos geológicos, que modificaram sua flora e sua fauna. Igualmente sangrentas revoluções sociais marcaram o passo do comunismo primitivo ao escravismo, deste ao feudalismo deste ao capitalismo e deste ao comunismo. A lei da quantidade que transforma a qualidade prova, na Natureza e na História humana que, a partir dum ponto crítico, a evolução se transforma em revolução: o período terciário em período quaternário, devido a um aumento da quantidade de frio ou de calor que muda a qualidade dos animais e das plantas.

Igualmente, o capitalismo surge vitorioso do aumento do capital dinheiro, das mercadorias, do trabalho assalariado e de categorias como a renda, o interesse, a mais-valia, etc., que se mostram como  quantidade, que ao rebaixar certo limite, mudaram a qualidade política, econômica e social dum regime: o feudalismo, transformado necessariamente em capitalismo.

A lei da quantidade que transforma a qualidade se opõe, dialeticamente, à coexistência pacífica entre o novo e o velho, entre o capitalismo e o comunismo, entre o imperialismo e os países subdesenvolvidos, entre a burguesia e o proletariado e entre os países imperialistas que disputam entre si o domínio do mundo. Consequentemente, a doutrina soviética da coexistência pacífica não é marxista, isto é, não é científica, pois não é dialética.

Um processo histórico tem continuidade de existência ou de perduração até um certo limite em que a quantidade muda, violentamente, a qualidade. Se acrescentamos ou subtraímos quantidades de capital, de energia mecânica, de massas operárias, de mais-valia, de burocracia, etc., o capitalismo tenderá para mudanças qualitativas adicionais. Mas estas não serão radicais (revolucionárias), até que o processo não possa ir ou mais adiante ou mais atrás, em cujo caso, dialeticamente, a contradição presente, terá que se resolver por uma inevitável revolução social: Inglaterra, em 1848; França, em 1789-93; Rússia, em 1917; China, em 1927-49; Espanha, em 1936-39; Cuba, 1954-57, etc.

Nas entranhas de qualidade velha (sociedade decadente) se gera, dialeticamente, a qualidade nova (sociedade ascendente). A nova sociedade não contém a velha sociedade, mas a supera em suas contradições estruturais; mas se retrocede até limites inferiores, que a empurram para o passado, pode mudar qualitativamente em sentido regressivo. Por exemplo, a burocracia soviética, se chegasse a deter, com seus privilégios, o passo ao socialismo, poderia congelar o avanço ao comunismo, impondo um capitalismo de Estado que, a curto prazo, envolveria antagonismos tão violentos, entre burocracia soviética e operários soviéticos, como entre burguesia e proletariado, na Rússia de 1917.

Em todo regime de transição  do capitalismo ao socialismo há um perigo de retorno ao antigo regime, se o avanço econômico, social e político não conduz -como na China- da propriedade privada à propriedade cooperativa e da propriedade cooperativa à propriedade comunalista. Aqui, a mudança qualitativa vai se aproximando aos limites superiores de ascensão ao comunismo, enquanto que, por exemplo, na Polônia e na Iugoslávia, o regime econômico, social e político foi retrocedendo até os limites inferiores, que se aproximam ao capitalismo: um capitalismo sem capitalistas; mas usufruído por uma frondosa burocracia que absorve uma enorme massa de mais-valia, subtraída do investimento social, que se investir utilmente conduziria rapidamente aos limites superiores qualitativos: o socialismo, o comunismo, a supressão do Estado.

Ao não aplicar a dialética ao regime soviético e às repúblicas populares -como o faz Mao Tsetung, reconhecendo as contradições presentes, na etapa inicial do socialismo-, se nega o marxismo; posto que não se  aplica a lógica do devir ao perecimento do Estado soviético e a destruição das classes antagônicas. Tal marxismo é puramente formalista, antidialético, burocrático, incapaz de transformar o capitalismo em socialismo, na medida em que a burocracia, enquanto casta, não é capaz de abolir o Estado, superar a Nação e o culto  do indivíduo, que são categorias burguesas que se opõem à instauração do socialismo e o advento do comunismo em todo o mundo: (sem fronteiras, classes, religiões, raças privilegiadas, alienações e contradições, derivadas duma sociedade antagônica, tribal, dividida em classes ou em castas).

Como o materialismo histórico é menos conhecido que o materialismo dialético – já que é mais difícil aplicar as leis do pensamento dialético à Sociedade que à Natureza-, consideramos de suma importância filosófica e econômica, dar uma síntese do método de interpretação da história, segundo a doutrina marxista.

O REVISIONISMO SOVIÉTICO

A dialética marxista foi desvirtuada pelos revisionistas  soviéticos e seus seguidores ocidentais (partidos comunistas pró-russos) que aceitam o mito da infalibilidade, encarnado pelo dirigente da vez no Kremlin. O marxismo revisado na URSS constitui um conjunto dogmas que tendem a justificar a sociedade soviética , como expressão da perfeição suprema. Desconhecendo o papel da contradição como motor da história, os revisionistas soviéticos caem em alienações e contradições da sociedade burguesa. Veem o papel da contradição no capitalismo privado, mas não no capitalismo de Estado, ao qual identificam como socialismo, deixando assim se alienar pela política como outros se alienam pela religião.

O culto do líder supremo (como ser infalível), o Estado soviético (sem devir nem perecer) e o Partido (como espécie de Igreja) sacralizam a política como substituta da religião. Alienar-se pela religião ou pela política é próprio de mentalidades não-marxistas, de filósofos e ideólogos que gostam de viver da mais-valia, tanto sob o capitalismo privado como do capitalismo de Estado, onde rege o fetichismo da mercadoria, como na economia de livre mercado.

O revisionismo soviético tem uma visão reduzida do mundo (preso ainda à escala pan-eslavista) próprio duma filosofia abstrata, separada da vida social. A ideologia soviética é alienante pelo fato de que impõe, prescindindo da análise dialética do mundo contemporâneo, a ilusão da coexistência pacífica: (uma alienação política que tende a justificar o nacionalismo pan-eslavista ou o caminho ao socialismo num só país, como se se tratasse do caminho do mundo). A alienação política e filosófica na coexistência pacífica, é evidente porque – sem provas históricas, econômicas e políticas- esta impõe sua visão do mundo, como desejo mais que como realidade, mas ela é desmentida pela prática social e pela política internacional.

Ao tentar fazer com que os trabalhadores do mundo renunciem a luta de classes, em holocausto do socialismo na União Soviética, se aliena o ser humano, como faz a religião prometendo o paraíso. No caso da URSS, o paraíso estará em 1980, quando esta ganhar o primeiro posto como potencial mundial dos Estados Unidos. Tal ilusão é menos séria que o paraíso prometido pela religião. Isto evidencia que a alienação política é um sucedâneo da alienação religiosa, para aqueles que se dizem não crentes, formalmente ateus. Divinizar uma ideia ou uma doutrina é  o mesmo que divinizar um deus com figura humana: a religião é tão mais efetiva quando mais incorpórea seja a coisa divinizada: (moral, ideologia, polêmica).

A mistificação da realidade do nosso mundo por meio da coexistência pacífica, é um insulto às massas trabalhadoras. É pedido a estas que renunciem à luta de classes, para justificar a coexistência com o imperialismo capitalista. A coexistência pacífica é a ideologia do interesse nacional da União Soviética. Isto, por melhor Política que fosse, nunca estaria em interesse das massas dos países afroasiáticos e latinoamericanos, que não podem suportar mais tempo, passivamente, a exploração e opressão do imperialismo.

Os ideólogos soviéticos pedem às massas dos países subdesenvolvidos resignação frente ao imperialismo para salvar a coexistência pacífica: (política nacional da URSS). Ao imolar as massas dos países capitalistas e dos países semicoloniais ao interesse soviético, mediante a não-ação revolucionária contra o imperialismo, se cai num nacionalismo exasperado, contrário ao internacionalismo proletário e à revolução socialista internacional. O mito do socialismo num só país não resiste mais, nem na URSS, nem em parte alguma. O socialismo e o capitalismo querem ser mundiais: a categoria de mundialidade é excludente, não coexistente, porque isso não está na dialética da história do nosso mundo a escala planetária (não nacionalistas), total.

A dialética é a lei da Natureza e da Sociedade: as contradições mudam de signo, não desaparecem, pois seria tanto como petrificar o mundo. Tudo deve perecer no devir para se elevar a planos de mais perfeição: o Estado, as classes e as nações perecem, (incluindo o Estado: “as classes amigas” (Khrushchov) e as nações do mundo soviético). Como disse Hegel, “a identidade não é mais que a determinação do que é simplesmente imediato, do ser morto, enquanto que a contradição é a fonte de todo movimento, a raiz de toda vida”.(1)


Notas de rodapé:

(1) Hegel, Ciência da Lógica, cap. IV. (retornar ao texto)

Inclusão: 21/01/2022