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Fonte: Jornal Voz Operária (RJ), 23 de março de 1957.
Transcrição: Leonardo Faria Lima
HTML: Fernando Araújo.
Aproxima-se o dia em que o Partido Comunista do Brasil completará mais um aniversário. A 25 de março de 1922 surgia no país o partido político da classe operária que, desde então, como força independente, desfralda a bandeira da libertação nacional e social do povo brasileiro, da luta pela liquidação da exploração do homem pelo homem, a bandeira do socialismo.
A fundação do Partido Comunista do Brasil foi uma necessidade histórica, exigência do desenvolvimento da classe operária e do aguçamento da luta de classe do proletariado. O surto industrial que se verificou no país na segunda década deste século conduziu a um impetuoso crescimento do operariado, que em grandes greves nos maiores centros fabris começou a tomar consciência de sua força. Tornava-se imperiosa a necessidade de criar a organização política do proletariado, de unir num partido monolítico e combativo, com ideologia própria, os elementos de vanguarda da classe operária, os trabalhadores conscientes da cidade e do campo e os intelectuais mais ligados ao povo. Estavam maduras na sociedade brasileira as condições para o surgimento do partido independente da classe operária.
Mas isto só foi possível devido à vitória do proletariado russo a 7 de novembro de 1917, quando derrubou o poder da burguesia e abriu uma nova era na vida da humanidade. Ao realizar a maior revolução na história dos povos – a Revolução de Outubro – os operários e camponeses da antiga Rússia, chefiados por Lenin e o Partido bolchevique, despertaram também para a luta por sua emancipação social a classe operária do Brasil. Sob a influência direta do Grande Outubro, grupos de operários e intelectuais revolucionários há 35 anos fundavam o Partido Comunista.
Desde que surgiu, apesar de viver quase sempre na ilegalidade, perseguido e combatido pelas forças da reação, o PCB esteve sempre a serviço das massas trabalhadoras. Não há exemplo na história do Brasil de uma organização política que se mantivesse tão fiel ao povo como o partido dos comunistas. Contam-se aos milhares os membros do PCB que sofreram a prisão e o exílio, que foram torturados ou assassinados pela polícia ao lutar pelas reinvindicações populares, em defesa dos interesses da pátria. A bravura e o espírito honram as melhores tradições revolucionárias do povo brasileiro.
Em 1935, dirige os patriotas e democratas que, de armas na mão, se levantaram contra a dominação imperialista e o fascismo. Nos anos do Estado Novo, sob feroz perseguição policial, luta pelas liberdades, pela anistia, contra o terror fascista. Durante a II Guerra Mundial está à frente de nosso povo no movimento patriótico pelo envio de uma força expedicionária para combater o nazismo. É a força impulsionadora da democratização do país que se sucederam ao término da guerra. Conquistando a legalidade, tornando-se um poderoso partido de massas, realiza com pleno êxito memoráveis campanhas, como por uma Assembléia Constituinte e pela expulsão dos soldados norte-americanos das bases do nordeste. Nos últimos anos, ergueu com firmeza a bandeira das reinvindicações populares, encabeçou vitoriosamente a luta contra o envio de tropas brasileiras à Coréia, é o defensor mais consequente da paz, da democracia e da independência nacional.
Por tudo isso, o PCB é um partido verdadeiramente patriótico, diferente das forças políticas, dedicado servidor do povo. É a grande esperança dos que sofrem a exploração e a opressão, de todos os humilhados e ofendidos pelo iníquo regime econômico, social e político que impera no país.
Pelo mesmo motivo, contra o PCB se voltam os piores inimigos do povo brasileiro – os imperialistas norte-americanos e a pequena minoria de latifundiários e grandes capitalistas a eles ligada. Atacam-no por todos os meios. Prendem e processam seus militantes e dirigentes. Usam a calúnia e a mentira, tudo fazendo para desacreditá-lo perante a opinião pública. Procuram levar a confusão e a desagregação a suas fileiras. Esforçam-se por afastá-lo dos demais partidos comunistas e operários, para privá-lo da solidariedade internacional dos trabalhadores. Tentam, enfim, liquidá-lo. Mas são baldados estes infames esforços da reação. O PCB cresce e se fortalece, aumenta seu prestígio diante das massas que nele encontram um guia esclarecido.
No entanto, em sua trajetória de 35 anos de duras e difíceis lutas, o PCB tem enfrentado grandes dificuldades, sofreu pesadas derrotas e cometeu graves erros. Em certos casos não esteve à altura de sua missão histórica. Sua direção não domina ainda como é necessário a doutrina revolucionária do proletariado, o marxismo-leninismo, nem conhece suficientemente a realidade brasileira. Durante um longo tempo predominaram métodos falsos de trabalho e foram violados os princípios leninistas de organização do Partido. Neste seu aniversário, todo o Partido, da direção às bases, empenha-se na luta por estabelecer métodos justos de trabalho, tanto nas relações da direção com as organizações inferiores e o conjunto dos militantes, como também nas relações dos comunistas com as massas. Está em curso o combate pela plena aplicação dos princípios da democracia interna, da direção coletiva e do centralismo democrático.
A data do 35º aniversário da fundação do Partido desperta os comunistas para a necessidade de estudar a rica experiência positiva e negativa da sua atividade, tanto na esfera da ação política como no domínio da assimilação da teoria e da construção do Partido. Tal estudo ajudará a eliminar os erros, a avançar na aprendizagem do marxismo-leninismo e na realização das tarefas práticas.
Nas atuais circunstâncias, mais do que nunca, é preciso cuidar cotidianamente do Partido. Desenvolvê-lo e fortalecê-lo é uma tarefa decisiva. Todo militante comunista tem o dever de se manter vigilante em defesa do seu partido, de combater tudo que possa debilitá-lo, de pugnar sem desfalecimento por sua ligação crescente com as massas, sem as quais o Partido pouco representa.
Quando a reação imperialista se volta com furor contra os partidos comunistas do mundo inteiro e, em nosso país, o Partido Comunista é alvo dos mais soezes ataques que visam enfraquecê-lo e desagregá-lo, é dever dos comunistas reforçar a unidade do Partido em torno do seu Comitê Central, a cuja frente está o camarada Prestes. Para enfrentar a ofensiva ideológica dos inimigos, é preciso que cada comunista lute pela unidade e coesão do Partido, não permita que em suas fileiras penetrem as ideias estranhas ao proletariado, surjam grupos ou frações.
Apesar de se encontrar na ilegalidade, o PCB vive e atua, está em toda parte, é respeitado e amado pelas massas trabalhadoras. A data de seu aniversário é um dia de festas para a classe operária e o povo. Sob o signo da unidade do Partido, intensificando a luta pela realização das tarefas atuais, pela anulação do acordo que entregou a ilha de Fernando de Noronha aos militaristas norte-americanos, os comunistas comemoram o aniversário do PCB, convictos de sua invencibilidade, certos da vitória da causa que ele heroicamente defende.